Dias se passaram desde que Nathaniel chegou a Silvermoon. Todas as suas buscas pelo seu passado foram em vão, pois não tinha nem mesmo sequer uma pista que pudesse levá-lo a algum lugar. Os dias tinham se tornado cada vez mais cansativos, e as desculpas para sair de casa estavam acabando. Finalmente, Nathaniel acabou se lembrando de que faltava um lugar em Silvermoon que ele deveria ir. Ele se arrumou de noite, colocando um sobretudo negro e rapidamente caminhando pelas ruas de Silvermoon, ignorando os Greys da Luz acima de todas as coisas. Em poucos minutos, ele chegou perto de um templo que parecia abandonado há muito tempo, mas que ainda era usado. Viu vários jovens lá com roupas pretas em grupos com suas orelhas pontudas, conversando e se divertindo, não se sentindo um estranho pela primeira vez. De repente, ouviu o seu nome sendo chamado, olhando para os lados, para ver quem o chamava.

── Nathaniel! Aqui! ── chamou a jovem Ravenna Grey, que logo se aproximou com um sorriso tímido no rosto, junto com alguns moradores da região. Nathaniel tinha conhecido a garota logo que tinha chegado em Silvermoon, e a garota logo demonstrou empatia por sua história. ── Você veio mesmo! Gente, esse é o rapaz de Konoha que eu falei. Ele é um de nós. ── sussurrou a garota, e as pessoas logo acenaram para ele, sem muitos sorrisos, como de costume dos Greys; ── É um prazer conhecer todos vocês. Bom, eu disse que viria depois que resolvesse tudo o que tinha para resolver. ── respondeu, mantendo uma certa desconfiança do local. ── E você conseguiu descobrir alguma coisa sobre o que me contou? ── perguntou Ravenna, e Nathaniel apenas respondeu que não com a cabeça. ── Eu sinto muito. Mas se quiser, podemos dar uma volta, e pode saber mais sobre esse templo maravilhoso. ── ela sugeriu, e assim Nathaniel acabou seguindo com ela para o local.

── Parece que esse lugar não sofre uma reforma há muito tempo. ── comentou Nate, olhando para as imagens na parede, ouvindo um grupo musical tocando algumas músicas melódicas com um estilo mais alternativo, voltado para o gótico. ── Esse era o antigo templo do povo da Luz, até que eles construiram um novo em frente ao nosso templo no Norte, e deixaram este abandonado. Eles tinham a intenção de reformá-la, mas os jovens das famílias das Trevas começaram a frequentar esse lugar como uma forma de provocar. Desde então, esse lugar se tornou nosso. ── Ravenna explicou, enquanto Nathaniel via que algumas pessoas começavam a dançar conforme o ritmo da música. ── Bom, eu apoio qualquer coisa que coloquem esses hipócritas em seus devidos lugares. ── comentou, algo que fez Ravenna e os amigos dela rirem. Por um momento, Nate estranhou, achando que estavam rindo dele. ── O garoto é um dos nossos mesmo, realmente. ── disse um dos amigos dela. Eles então sairam, e deixaram os dois sozinhos.

── Diz pra mim, você nunca frequentou um lugar como esse, não é? ── perguntou Ravenna, olhando para o rapaz. ── Na verdade, esse lugar aqui me lembra os bares e festas que eu frequentava em Konoha, antes de abandonar a carreira de artista e focar na minha carreira ninja. ── respondeu, até que Ravenna olhou de forma estranha para ele, ligando os pontos. ── Pera, você canta? Espera! Você é o garoto que cantou em Konoha? Uma prima minha disse que tinha um Grey que fez um show maravilhoso! Era você? ── questionou, até que Nathaniel respondeu que sim. ── Que incrível! Eu quero muito ouvir você cantando um dia! ── pediu toda empolgada, deixando o rapaz um pouco sem graça. ── Olha, naquele dia foi uma exceção. Eu fiz isso por um motivo maior, algo que não posso contar agora. Mas eu não sou mais um artista. ── disse, fazendo Ravenna dar um passo a frente e olhar nos seus olhos como se quisesse lhe revelar algo que estava oculto em sua mente.

── Nate... Eu posso te chamar assim? ── ela perguntou, e ele fez que sim com a cabeça. ── Me escuta com atenção: nós, os Greys, vivemos cercado por essa floresta durante anos. Por muito tempo, evitamos contato com o resto do mundo, e por mais tempo ainda fomos incapazes de mostrar os nossos verdadeiros eus. Cada pessoa nesse mundo tem um jeito de se expressar, você e todos nós que estão aqui temos a arte. Você nasceu com isso, e essa alma de artista nunca morrerá. ── avisou, Nathaniel e Ravenna ficaram se olhando por alguns segundos, quando uma música nova começou a tocar ao fundo, agitando todos os que estavam dentro do templo. Nate desviou o olhar ao reconhecer a música. ── Conhece essa? ── perguntou Ravenna, com um sorriso. ── Sim, conheço. ── respondeu, e então ela segurou na sua mão, o puxando. ── Então vamos. ── e assim, eles seguiram para perto da multidão.


Não precisou de muito para Nathaniel se soltar. Quando olhou para os lados, percebeu que não era o único que dançava e cantava conforme a música. Haviam muitos ali, com roupas de cores e estilos parecidos com ele, de estilo parecido com ele e até mesmo de aparência igual a ele, libertando as suas almas enquanto a música era tocada. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu algo que não sentia há muito tempo: o sentimento de estar perto dos seus, da sua verdadeira família. Não eram como os seus parentes adotivos, os Greys da Luz, que tentaram reprimi-lo a vida inteira e encaixá-lo num padrão que ele nunca conseguiria alcançar, mas daqueles que ficavam felizes de vê-lo revelar a sua verdadeira essência. Era por isso que ele cantava e dançava, girando no mesmo lugar, erguendo, balançando os braços e imitando as coreografias que todos faziam, sentindo uma euforia muito grande tomar conta do seu corpo.

As pessoas começavam a dançar umas com as outras em duplas, sem qualquer impedimento ou tabu. Quando percebeu, Ravenna se aproximou dele e os dois começaram a dançar juntos, naquele estilo melódico e gótico. Eles cantavam e dançavam como se estivessem se conhecido há muito tempo, olhando muitas vezes um no olho do outro, seguindo o ritmo da música. Para Nathaniel, era como se o tempo tivesse congelado naquele momento e todos os problemas e questões que tivesse em sua mente fossem apagadas. Não por causa de Ravenna, ou não só por causa dele, mas porque ali, ele podia ser o que realmente era: um Grey das Trevas.