Após receber uma convocação de última hora em sua casa, Eiji não demorou muito até poder se apresentar no Hall do prédio do quartel general da folha. Apesar da hora, já era possível ver um fluxo alto de civis e ninjas transitando por ali. Além disso, via também o início de um tumulto, onde dois homens estavam causando uma grande comoção por um desentendimento que tinham tido. Em um primeiro momento, ignorando boa parte das informações externas que poderiam estar passando diante dos seus olhos, o Chunin se contentou em tomar uma das cadeiras da recepção para que pudesse esperar alguém lhe explicar a situação.

Como não tinha muitas coisas assim para fazer enquanto esperava, Eiji se viu mais uma vez comtemplando a arquitetura do lugar, reparando principalmente no chão reluzente das acomodações. Mesmo que já tivesse estado ali outras vezes, ainda se surpreendia com cada novo detalhe que os seus olhos curiosos podiam captar, fato esse que sempre tinha a capacidade de lhe deixar pasmo. No entanto, não deixou, em momento algum, que a supressa transparecesse em sua face, já que não era essa a impressão que gostaria de causar em terceiros, principalmente se tratando de desconhecidos.

Os minutos pareciam correr mais devagar enquanto esperava, e a sua inquietação começava a seguir um caminho completamente diferente, crescendo gradativa e exponencialmente. Até chegava a se questionar sobre o motivo de toda aquela demora, mas julgando não ser capaz de deduzir algo tão incerto quanto os motivos de toda aquela enrolação, resolveu apenas ficar movimentando a sua perna direita incessantemente, demonstrando toda a sua ansiedade. Foi então que percebeu o final daquela discussão que tinha presenciado assim que chegou no local. Para sua surpresa, assim que esse fato aconteceu, um dos envolvidos se aproximou e, mantendo uma feição extasiada no rosto, começou a se apresentar. O sujeito devia estar na casa dos 50. Ele tinha longos cabelos brancos, atingindo a altura dos ombros, e que estava todo bagunçado. Usava um sobretudo todo cinza, que aparentava ter muito tempo de uso, levando em conta a sua aparência; e, além disso, usava também um terno branco de seda, que por sua vez parecia estar em ótimas condições, como se tivesse sido comprado recentemente.

Informações:

– Ufa... Achei que nunca fossemos chegar a um consenso – abriu um sorriso de orelha a orelha – Enfim, pelo menos não vou ter que trabalhar no próximo final de semana. A propósito, é melhor começarmos logo, pois já estamos muuuuito atrasados. E saiba que vou colocar esse atraso na sua conta – esbravejou – Aonde já se viu isso, ficar aí sentado enquanto era para estar trabalhando.

– Sei...! – Suspirou, contendo a raiva que sentia. Sem que mais nenhum tipo de diálogo acontecesse entre os dois, ambos saíram do prédio, sendo que o mais velho seguia indo na frente.

Muitos traços marcantes podiam ser observados naquela figura tão peculiar, alguns positivos e outros nem tanto, mas dentre todos eles era impossível não destacar a alta estima que ele tinha de si mesmo. Enquanto andava saltitante pelas ruas de Konoha, nem fazia questão de tentar esconder toda a sua imponência; era como observar um rei andando por entre os seus súditos, os seres que ele sabia que estavam abaixo dele. Isso não queria necessariamente dizer que ele mantinha um ar de superioridade perante todos, muito pelo contrário, toda vez que cumprimentava um conhecido sempre tinha na voz um tom sereno e amistoso, não fazendo distinção de pessoa para pessoa.

Era verdade que Eiji não fazia a menor ideia do que estava acontecendo, e também era verdade que não gostava nem um pouco da ideia de estar ali, mas, mesmo detestando aquela missão, preferiu não se ater tanto ao que sentia, apenas seguia na sombra do albino.

Informações:

Após chegarem em uma das regiões mais movimentadas da vila, mais especificamente no centro, ambos, de repente, vieram a cessar os seus passos. Olhando em volta era possível ver uma grande variedade de lojas, e uma fluxo ainda maior de pessoas, que iam e vinham. O lugar aonde tinham parado ficava justamente na frente de uma confeitaria de renome no vilarejo, sendo mais conhecida pelos seus bolos. Então, assim que o albino começou a se preparar para entrar no loja, Eiji, percebendo isso, pretendia seguir fielmente os seus passos, mesmo que ainda não entendesse o porquê de precisar estar ali. – Garoto, escuta aqui... nem pense em abrir essa sua boca enquanto estivermos lá dentro, só fica calado e aprende – Antes de ouvirem o soar do sino que ficava na porta, alertou.

Ao passarem por aquela porta de vidro, parecia que eles tinham sido teletransportados para um mundo de fantasia. O lugar todo, sem exceção, era cercado por cores fortes e vibrantes, sendo na sua maioria da cor rosa. Além disso, era possível observar que o local estava lotado, não restando uma única cadeira vazia. Como era de se esperar, o falatório ali dentro chegava a soar como um zumbido incomodo entrando pelas orelhas.

– Céus... Que bom que vocês chegaram! – assim que a dona do lugar viu os dois abrindo a porta, começou a gritar. Os Shinobis, por sua vez, se dirigiram até o balcão, onde cada um tratou de tomar uma cadeira, cadeiras essas que, coincidentemente, tinham acabado de vagar. – Investigador Mado, você não sabe o alívio que senti quando vi que tinham mandado você para cá – limpava as mãos cheias de trigo no seu avental – Mas então, gostaria de comer algo antes de começarmos? E pode ficar tranquilo que é por conta da casa.

– Eu também fico muito feliz por ter sido escalado para lidar com o seu caso – sorria. – E quanto a sua pergunta, você por acaso teria aquelas rosquinhas com recheio de morango?

– Pode deixar, já, já eu mando preparar algumas para o senhor. Mas e o garoto? Ele por acaso não vai querer alguma coisa?

– Não, ele acabou de me dizer que não estava com tanta fome assim – Antes que o Chunin tivesse a chance de responder, teve a fala cortada pelo investigador.

“Canalha...”, pensou, sem dizer uma única palavra, assim como tinha sido ordenado.

– Certo... Agora vamos ao que importa. Vocês podem me acompanhar até os fundos? Tenho que mostrar uma coisa para os dois – Quando ela disse isso, a sua expressão mudou, não conseguia mais esconder as suas verdadeiras emoções com aquele riso forçado.

Informações:

– É aqui... – Depois de percorrem alguns corredores, os três se viam agora em uma espécie de escritório. Nessa sala, bem no centro, tinha uma mesa de madeira com algumas pilhas de papel por toda a sua extensão, que se destacava mais do que qualquer outro móvel ali; algumas poltronas estavam dispostas em volta dela e bem no canto da sala – rente a parede – tinha um objeto retangular de metal. – Era aqui que o dinheiro ficava. Senhor Mado, não sei se te contaram todos os detalhes do que aconteceu ontem à noite, mas como podem ver: Alguém invadiu a minha loja e roubou todo o dinheiro que tínhamos guardado no cofre. É isso.

– E...? – Tirava um bloco de notas e uma caneta de um dos bolsos.

– Acho que não entendi a pergunta. O que o senhor não entendeu?

– Por que será que eu acho que você não está me contando tudo? – começava a encarrar de forma fixa a figura da mulher. – E então, o que você está tentando esconder da gente? Não me leve a mal, mas não tenho tanto tempo assim para você ficar desperdiçando-o – com passos lentos e cuidadosos, começou a percorrer toda a sala. Os seus olhos já não paravam quietos, ele vasculhava cada milímetro do cômodo em busca de algo que pudesse ajudá-lo, e até chutava alguns móveis para ver se encontrava algo oculto.

– Bem... Vamos dizer que o suposto “ladrão” não precisou se esforçar tanto assim para nos roubar, já que tanto a porta da frente quanto a do cofre estavam abertas – dizia, envergonhada.

– Entendo. Então quer dizer que a culpa disso tudo foi sua? – antes que pudesse ter a chance de obter uma resposta, começou a cheirar a lateral de uma das poltronas.

– Senhor Mado... – um riso tímido era direcionado ao investigador – Você continua perspicaz como sempre. E respondendo a sua pergunta, sim, a culpa foi minha.

– Acho que é isso – antes de voltar a guardar o seu caderninho no bolso, ainda tirou mais alguns segundos para fazer mais anotações.

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Depois de fazer mais algumas perguntas de rotina para a mulher, e após tomar nota de mais alguns detalhes para o seu relatório, o albino não permaneceu no lugar por muito mais tempo. Mas, antes que pudesse sair dali, fez questão de esperar as suas rosquinhas, que àquela altura já deviam estar quase prontas. Com uma caixa cheia de enfeites embaixo do braço, ele então pretendia enfim deixar o lugar, prometendo, veementemente, pegar quem tinha feito aquilo. Foi neste momento, enquanto fazias promessas e mais promessas, que o investigador pareceu se importar com o ocorrido, quase como se de fato se solidarizasse com a situação daquela pobre mulher. Eiji, por outro lado, permanecia em um completo silêncio, sem esboçar qualquer tipo de reação.

Durante o tempo em que Eiji estava acompanhando atentamente todos aqueles procedimentos burocráticos e interrogatórios, ele não poderia estar mais confuso, afinal de contas, desconhecia tudo que dissesse respeito a este tipo de abordagem. Felizmente, o Uchiha sabia muito bem no que era bom, e, justamente por isso, não conseguia ver um motivo plausível que justificasse a sua presença ali; naquele escritório, "investigando" uma cena de crime. Muitas dúvidas até podiam se fazer recorrentes em sua mente, mas nenhuma delas, não importando qual fosse, superava o maior questionamento de todos: “Como é que o Velho faria para solucionar aquele crime que não tinha uma pista sequer?”. Ainda dentro do escritório da confeitaria, o garoto até que tentava desprender um olhar mais crítico para os detalhes à sua volta, na esperança de poder encontrar A PISTA, mas os seus olhos não detinham o que era necessário para tal. No entanto, esse tal fenômeno parecia não acometer o seu superior, que por sua vez não parava de fazer pequenas anotações em seu caderninho. Naquele momento, Eiji começaria a se sentir, mais do que nunca, um peixe fora d’água.

Assim que a dupla voltou a pôr os pés nas ruas do vilarejo, sem demonstrar qualquer traço de hesitação, o investigador tomava a direção do seu próximo objetivo – pelo menos era isso que o Chunin conseguia deduzir ao ver os passos firmes e decididos do homem.

Informações:

Já fazia um tempo desde que tinham se distanciado da confeitaria, e também já fazia algum tempo desde que o Investigador Mado havia acabado de comer as suas rosquinhas, no entanto, o silêncio entre as partes parecia estar mais presente do que antes. Era verdade que Eiji carregava consigo muitas dúvidas e questionamentos que gostaria de verbalizar, contudo, ainda não tinha certeza de que isso era o melhor a se fazer, afinal ficar em silêncio parecia ser uma ótima ideia. Portanto, tentou seguir assim – em silêncio – por mais alguns minutos, enquanto se via ficando cada vez mais distante do centro do vilarejo. Sem receber qualquer tipo ordem ou instrução, a única coisa que podia fazer era continuar seguindo os passos do albino, e assim o fez.

– Será que o Senhor poderia me tirar uma dúvida? – Não aguentando mais viver naquele poço de ignorância no qual se encontrava, Eiji tomava em mãos a coragem necessária para questioná-lo

– “Senhor”? – por um segundo, pareceu confuso com o tratamento recebido. – Pode perguntar. E saiba que isso é só porque você me obedeceu, e ficou de boca fechada.

– Certo. Eu estou aqui para te ajudar a pegar este criminoso, certo? Você é o cérebro desta operação, e eu os músculos.

– O que te faz pensar isso?

– Bem... Está mais do que evidente que não possuo muitas habilidades que possam ser úteis nesta investigação. E levando em conta que estamos indo atrás de um bandido, entendo que seja esse o meu papel nessa missão, pelo menos foi o que consegui deduzir com as informações que obtive.

– Você ainda não me respondeu. O que te faz pensar que vamos atrás desse criminoso?

– Mas..., você mesmo não tinha dito que cuidaria desse bandido?!

– Ai ai... Sempre acabo me esquecendo que os novatos são assim. Muito bem, parece que vou ter que te explicar como fazemos as coisas por aqui.

Informações:

– Garoto, me responde uma coisa: Você acha que conseguimos solucionar 100% dos casos que pegamos?

– Claro que não, isto é impossível.

– Ótimo, você não é tão idiota quanto parece. Certo, agora me responde outra coisa: Você acha que o nosso departamento dispõe de tempo, pessoal e recursos o suficiente para ficarmos nos preocupando tanto com esses casos pequenos e individuais? Não sei se você sabe, mas, nem se quiséssemos, conseguiríamos resolver todo pequeno delito que acontece aqui na vila. Agora, vamos supor que resolvamos nos esforçar ao máximo para resolver cada droga de crime que aconteça na nossa jurisdição. Isso seria uma maravilha, não é? Na realidade, mesmo se conseguíssemos prender os responsáveis, eles não passariam muito tempo na cadeia, ou então nem conseguiríamos provas o suficiente para incriminá-los. Entende aonde quero chegar? No final de tudo, apenas arrumaríamos mais papeis para preencher.

– Apesar de não entender muito bem aonde você quer chegar com isso, acho que entendo o seu ponto. Mas, ainda assim, isso não responde a minha pergunta. Afinal, por que diabos eu fui convocado pra essa missão?

– Ah! – exclamou. – Isso é fácil de responder. É que, segundo as regras, eu, obrigatoriamente, preciso de um parceiro para me ajudar nessas investigações de campo. E como ninguém da minha divisão estava livre, mandei que chamassem o primeiro idiota que encontrassem.

– Estranho... – mesmo conseguindo a resposta que tanto queria, parecia que a verdade não era tão interessante e intrigante quanto achava que seria. – Um investigador que não pode trabalhar por conta própria... Sério que isso existe? – por fim, perguntou.

– Isso também é novidade pra mim. Desde de que eu me meti em algumas questões disciplinares, no ano passado, eles insistem em dizer que eu preciso de uma babá – Após essa última explicação, os dois apenas voltaram a andar em silêncio, um do lado do outro.

Informações:

O sol, provavelmente, naquele momento devia estar atingindo a sua expressão máxima nos céus. O calor, em condições normais, não deveria ser um problema para o garoto, que conseguia se adaptar muito bem ao clima, não importando qual fosse ele. No entanto, a situação na qual se encontrava não seria tão benevolente assim com a sua pessoa, de modo que ele não poderia mais desconsiderar esse fator tão importante. O calor que sentia era severo. Andando sobre aquele extenso gramado, sem qualquer tipo de cobertura sobre a cabeça, sentia na pele todos os efeitos negativos que o sol poderia lhe causar. Ainda não sabia para onde estava indo, e tampouco sentia vontade de perguntar; a única coisa que sabia era que já estava bem distante das áreas mais movimentadas do vilarejo. E mesmo julgando conhecer bem a sua vila, não tinha nem ideia do que poderia ter em um lugar tão afastado quanto aquele.

Enquanto andava com a cabeça baixa, concentrado nas deformações no gramado que os seus passos causavam, nem fora capaz de perceber a silhueta daquela mansão que tinha acabado de se projetar no horizonte. Quando finalmente pôde perceber esse detalhe nada pequeno, a sua surpresa não poderia ser maior. Incapaz de acreditar no que os seus olhos viam, até chegava a cogitar estar num sonho, porém também não acreditava que seria capaz de sonhar com algo tão belo como aquela casa. E mesmo estando a uma distância considerável do lugar, já podia entender as dimensões que aquele monumento tinha.

– Fala sério... – sem perceber, deixava que o seu espanto fosse verbalizado.

– É incrível o que se pode comprar com o dinheiro – dava continuidade a fala do mais novo.

Ainda com um olhar reluzente em seus olhos, os dois finalmente tinham conseguido chegar até o grande portão metálico que separava aquele sonho do mundo real. Após se identificarem para um dos vários guardas que patrulhavam a área, foram conduzidos para dentro da residência, aonde, segundo o guarda, já estavam sendo impacientemente aguardados.

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– Meu senhor, eles chegaram – assim que terminou de se curvar perante a presença do seu chefe, anunciou a chegada da dupla. Eles tinham sido conduzidos por uma infinidade de corredores, até que pudesse chegar em um dos vários cômodos da casa, aonde estavam sendo aguardados por um homem que estava sentando em frente a uma lareira. Naquela sala, objetos para serem admirados era o que não faltava; podiam observar ali algumas esculturas de pedra, bustos com rostos sérios e impiedosos, diversas obras de arte expostas por toda a sala e uma quantidade enorme de livros dispostos em uma meia dúzia de estantes de madeira.

– Já era hora... – uma tosse seca ecoou pelos corredores escuros da casa. – Francamente, isto é humilhante. Quem vocês acham que eu sou? Parece que ninguém mais trabalha direito nessa joça.

– Meu senhor... Será que não é melhor começar a explicar a situação para esses cavalheiros? Afinal de contas, o tempo é crucial neste tipo de caso – interveio, abafando por completo a fala do “Seu senhor”.

– Aí, eu não tô falando! Quantas vezes vou ter que te dizer para não me interromper enquanto estiver falando? – bradou.

– Certo – com as pernas tremulas, o serviçal se desculpava pela intromissão.

– Como eu estava dizendo: Na minha época esse tipo de barbárie não acontecia, eles sabiam como tratar as pessoas que eram especiais. Enfim... Eu quero que vocês recuperem aquilo pra mim – apontou para um quadro que ficava bem em cima da ladeira. A pintura não tinha nada de tão especial assim, pelo menos era isso que parecia, já que apenas retratava um jarro dourado do lado de um copo prateado, e também havia algumas frutas bem lá no fundo.

– Poderia nos dar mais alguns detalhes? – parecendo confuso com o pedido do velho, perguntou.

– Não é obvio?! Eu quero que vocês achem o meu jarro. Ora!... Será que vou ter que fazer o seu trabalho por você?

– Não é isso... – constrangido, gesticula negativamente com ambas as mãos. – Eu apenas gostaria que você nos desse mais alguns detalhes.

– Se eu soubesse de mais alguma coisa, não precisaria chamar os idiotas aqui – voltou a gritar.

– Certo... Certo, pode deixar conosco. Garanto que vamos achar quem fez isso e puni-lo – querendo sair dali o mais depressa possível, começou a puxar o Chunin pelo braço, ferozmente.

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Diferente de antes, os dois andavam o mais rápido que conseguiam. Agora, Eiji sabia apenas que o investigador Mado pretendia voltar para a Sede do quartel general; pelo menos foi isso que tinha entendido com a fala descompassada do mesmo. Era visível o quão consternado aquele homem estava com toda a situação. Ele até tentava disfarçar esse detalhe enquanto ainda estava dentro da propriedade, mas, assim que saiu, deixou todo o seu nervosismo transparecer, sem se importar com o que o mais novo poderia pensar. Pressionando o lábio com os dentes, parecia mais concentrado do que o normal, como se fosse à sua maneira de reagir a toda urgência demandada pelo caso. A sua concentração era tanta, que nem tinha sido capaz de perceber as gotas de sangue que escorriam no canto da boca.

Levando muito menos tempo do que antes, os dois Shinobis tinham enfim conseguido chegar no seu destino. O investigador então se dirigiu até a recepção do quartel general e ordenou que a convocassem todos os ninjas e investigadores disponíveis para a casa do velho. Ele também aproveitava para passar todas as informações que tinha para a kunoichi, que ficaria incumbida de passá-las para aqueles que se apresentassem. Feito isso, os seus ombros pareciam ter se livrado de toda a tensão que pudesse estar vindo a sentir. O seu rosto também parecia estar com uma expressão muito mais serena, assim como estava a algumas horas atrás. Percebendo isso, Eiji não compreendeu nada do que tinha acontecido. Apesar de julgar ter todas as peças do quebra-cabeça, ainda não era capaz de entender um comportamento tão estranho quanto aquele que havia acabado de presenciar, mesmo que estivesse dando tudo de si.

– Ei – se aproximou dele, confuso. – Você mesmo não tinha dito que esse tipo de caso nem valia o seu esforço? E por que tivemos que correr às pressas até aqui, sendo que isso não ajuda em nada na investigação? – perguntava.

– Bem... – tentava recuperar o fôlego. – Em condições normais, você até que poderia estar certo sobre isso, mas você realmente acha que este caso é pequeno e sem nenhuma importância? – ele então encostou as suas costas em uma das paredes da recepção, esperando uma resposta do Chunin.

– Acho que não entendi o que você tá querendo dizer. Afinal, o que torna esse caso tão único e especial assim? Pra mim, é a mesma coisa que aconteceu na confeitaria; um roubo pequeno e sem qualquer tipo de pista para seguirmos, ou seja, mais dor de cabeça.

– Olha... Parece que alguém prestou atenção no que eu falei – parecia contente com o fato do Uchiha ter se lembrado de uma das suas lições, esboçando um pequeno sorriso, logo em seguida. – Veja bem, você não está errado, mas também não quer dizer que esteja certo. Vejamos... como posso te explicar isso? Aqui vai um pequeno teste para você: Qual é a principal diferença que você notou entre um caso e outro?

– Os itens que foram roubados?

– Errado! De novo, o seu pensamento não está tão longe assim da realidade, mas te falta um pouco de atenção aos detalhes mais importantes. E a resposta certa é: A pessoa que foi roubada. Isso que torna os casos tão diferentes a sua maneira. Você por acaso reparou em como aquela casa era?

– E tinha como não reparar? – exclamou.

– Agora você entende? Sinceramente, eu não dou a mínima para este roubo em específico, mas devido à natureza delicada que cerca esse caso, não posso simplesmente ignorar tudo o que aconteceu. Então para o nosso bem, vou mandar meia dúzia de ninjas e investigadores para movimentarem os jardins daquele cara, e desse jeito vai parecer que estamos muito empenhados em resolver este incidente. Nesse tipo de situação, o mais importante é o barulho que fazemos, e não os resultados. E desse jeito ficamos fora do radar dos caras lá de cima.

– Basicamente, tudo isso é porque ele é rico, certo?

– Não só isso. Aposto que, devido a sua posição, ele dever ser um sujeitinho bem influente, ou seja, ele deve ter muitos contatos, incluindo o nosso chefe. Então... – fez uma pausa, tirando uma sujeira do seu terno. – Só precisamos mostrar um pouco de serviço, pressionar alguns receptadores e agradar o velho. Se tudo correr bem, na próxima semana o cara já nem vai ligar mais pra esse tal jarro. Agora você entende a diferença entre um caso e outro?

– Sim – respondeu, com a mesma falta de expressão no rosto. – Isso é tudo? Ou você ainda precisa de mim para mais alguma coisa?

– Não, por hoje é só.

– “Por hoje”? Vai ter um “amanhã”, por acaso?

– Ah! Já tinha até me esquecido. O idiota que eu pedi não era apenas por um dia, ele também passaria a me acompanhar sempre que precisasse, então ele meio que se tornaria parte da minha divisão, isto é, ele seria oficialmente um investigador a serviço da folha.

– Eu posso recusar essa proposta?

– Não! Quem disse que isso é um pedido? Isso é mais uma ordem. Meus parabéns – ria, quase como se debochasse dele.

– Que seja... – dava as costas para o investigador, indo em direção a porta. Depois desses últimos dias exaustivos, o Uchiha apenas queria ir para casa, e, como não foi impedido pelo seu superior, foi isso que ele fez.

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