O sol brilhava no céu de Konoha em um céu sem nuvens, anunciando que a mudança de estação tinha chegado por definitivo. O clima quente não era o preferido de Aoi de forma alguma, mas o garoto aproveitava a chegada da estação para gastar parte do seu dinheiro com sorvetes e picolés para matar dois problemas de uma vez: a vontade de um docinho e se refrescar ao mesmo tempo. Como esperado, caminhava pelas ruas de Konoha com um picolé na mão, indo em direção ao lugar que iria cumprir sua primeira missão, cantarolando alguma melodia qualquer.

A pessoa responsável pela floricultura precisaria se ausentar para cumprir seus compromissos como ninja médica, portanto era dever do gennin cuidar do lugar durante sua ausência. Descartou o palito que restou em sua mão antes abrir a porta do lugar, momento este que descobriu que existiam mais flores do que ele imaginava. Um mar de cores e fragrâncias causou um estímulo nos sentidos do Chinoike que ele não estava preparado, tanto que precisou de alguns segundos para admirar algumas daquelas flores antes de pensar em fazer qualquer coisa relacionada à sua missão. Quando finalmente deu por si, identificou um avental dobrado sob o balcão e um bloco de notas com anotações.

"Olá, obrigada por ter vindo. É o seguinte, hoje não tem tanta coisa pra fazer, mas o que precisa ser feito necessita de muita atenção. Se algo acontecer com minhas rosas, eu sei onde te encontrar. Bom trabalho!" abaixo do texto cursivo, uma lista de processos descrevia o que devia ser feito para cada seção da floricultura. — Isso foi uma ameaça? — Aoi engoliu seco, tentando imaginar o tom em que o recado foi escrito, agora preocupado de que talvez a missão não ia ser tão fácil como imaginou. Ele vestiu o avental, colocou um pirulito na boca e começou o trabalho.

O primeiro trabalho era identificar as flores que não estavam com uma aparência boa. Aoi procurou, como instruído, pelas flores que pareciam ressecadas e perdendo a cor e separou-as do restante. As que estavam boas, ele apenas realizou uma manutenção simples, regando a terra onde as plantas estavam acomodadas e removendo eventuais partes que pareciam mais frágeis e poderiam, segundo a dona da floricultura, prejudicar a planta. O clima quente naquele ambiente abafado fazia com que até essas tarefas simples se tornassem cansativas naquela manhã, mas o ninja persistiu, visto que ainda tinha mais trabalho pela frente.

Ele continuou seguindo as instruções escritas. Pegou as que precisavam de uma restauração e levou até a parte detrás da loja. Precisou desplantar as rosas e, com uma lâmina afiada que dispunha da caixa de equipamentos da oficina, fez um corte diagonal no fim do caule da planta, repetindo o processo para todas as outras com o máximo de cuidado possível, afinal, não queria irritar a proprietária da loja. Por fim, colocou-as em um jarro com uma solução líquida que foi descrita como "capaz de hidratar novamente das flores murchas".

Aquele último processo era o fim de seus deveres. Limpou toda a sujeira de terra que fez antes de tirar o avental e colocá-lo no mesmo lugar do balcão. Um pouco de suor persistia em sua testa, precisava se refrescar de novo — Hm... Sorvetinho? — pensou alto enquanto saía da floricultura, lembrando do anúncio do sundae que viu mais cedo na sorveteria. No caminho para reportar o fim da missão, passou por lá para buscar um para si, impulsionado pelo calor que persistia naquela manhã.

Enquanto reportava o resultado da sua primeira missão, um outro pergaminho foi entregue em suas mãos. Ao abrir, constatou que era uma outra missão, dessa vez na biblioteca. O espaço precisava de limpeza e ele estava sendo designado para auxiliar a bibliotecária. Ele suspirou fundo, tentando esconder o desânimo que aquele volume de compromissos em meio ao verão causava. Se refrescou com alguns goles de água antes de partir novamente pelas ruas da Vila até chegar ao prédio destino.

Como esperado, a biblioteca era um lugar silencioso, visto que o único som que ouviu ao abrir a porta foi o barulho das dobradiças anunciando sua chegada. E parece que a mulher responsável também era detentora de uma audição sobre-humana, visto que foi o suficiente para ela desviar o olhar do que estava fazendo na direção que o ninja vinha. Devido ao horário, não havia ninguém consultando os pergaminhos da coletânea, portanto parecia o horário perfeito para uma faxina.

— Bem, imagino que pelo horário você deva ser quem vai fazer a limpeza, certo? — ela perguntou em um tom direto, sem muitas formalidades — Aparentemente só eu estou aqui, né — o menino respondeu com um sorriso brincalhão, se aproximando da prateleira em que ela estava arrumando. A mulher respirou fundo, lembrando que a pessoa a sua frente se tratava de uma criança — Muito bem, já que está tão animado, preciso que retire o pó daquelas prateleiras e depois reorganize os exemplares que estão na mesa afrente — a bibliotecária falava enquanto observava o rosto do ninja, procurando por confirmação de que ele estava prestando atenção. Percebendo isso, Aoi confirmou com a cabeça, assinalando para que ela continuasse — Também separei alguns pergaminhos que deixaram misturados no dia anterior, preciso que separe eles para mim. Por fim, é só passar uma vassoura no chão. — terminada as ordens, ela voltou a organizar uma das prateleiras como estava anteriormente. Aoi respirou fundo, abriu um de seus pirulitos, e pegou o espanador que estava na mesa à sua frente.

Começou tirando uma camada grossa de pó que aparentemente acumulou devido o pouco interesse pelos escritos que aquela estante guardava. Felizmente a biblioteca estava vazia, pois os barulhos dos espirros de Aoi se tornaria um problema para quem buscasse silêncio. Após feito isso, acomodou os pergaminhos novamente nas prateleiras como foi ordenado. Feito isso, se movimentou para outra mesa onde tinha uma outra pequena pilha de pergaminhos o esperando.

Passando o olho pelos escritos, percebeu que realmente era uma mistura nada convencional que tinha ali. Alguns relatavam momentos históricos do mundo, outros contavam contos locais e falava de pessoas importantes de Konoha. Passando o olho também encontrou receitas de comidas típicas de feriados anuais e até coisas que não conseguia entender, como se estivesse em outra língua. Meio confuso com o que fazer com aquilo, mas receoso de irritar a bibliotecária com perguntas depois de tanto tempo, separou os rolos em pequenas pilhas que minimamente faziam sentido estar juntos. Durante essa etapa, entediado, abriu outro pirulito para manter o foco naquele processo.

A bibliotecária se aproximou depois de um tempo e, observando o que o Chinoike estava fazendo, disse — Pode deixar que eu assumo daqui, termine a limpeza — sem pensar duas vezes ele saltou da cadeira, não aguentava mais um momento naquela tarefa maçante. Pegou a vassoura e começou a varrer o chão da biblioteca. A essa altura, tudo o que queria era terminar aquilo logo e curtir o resto do dia fazendo nada, então terminou a tarefa em poucos minutos. Neste momento, enquanto descansava de todo esforço, uma pessoa adentrou o espaço do lugar procurando pela bibliotecária. Aparentemente aquilo indicava que sua missão havia terminado, pois era hora de abrir a biblioteca. Despediu-se da responsável pela biblioteca, que respondeu com um breve aceno, e partiu para reportar o fim da missão.

Considerações: