“Sombra do Vento.” Ouviu o sussurro no meio da noite e despertou. Altria estava debaixo dos lençóis, se assustou com o chamado e se embrenhou no mesmo, ficando a mercê do que quer que aquilo fosse por longos minutos. Nada aconteceu, porém, a garota se frustrou. Eram quatro horas da madrugada quando isso ocorreu, o sol já estava nascente nos desertos, e isso fez a mulher perder o sono. Bufou, jogou os lençóis no chão e foi a caminho do banheiro, olhou-se no espelho e viu um rosto que não era seu, em destaque, os olhos. Mas foi repentino, um segundo somente, e desapareceu. Altria piscou duas vezes, bem rápido, e notou que os orbes esmeraldas estavam de volta, e não o rubro que vira momentos atrás. “Estou ficando louca.” Murmurou para si mesmo, entrando no banheiro e tomando uma ducha gélida para acordar de fato.

Passado alguns minutos, a loira saiu do banho, apenas com a toalha enrolada no corpo, cobrindo até os seios fartos. Novamente, voltou ao espelho, fitou-se e dessa vez não aconteceu a alucinação de antes, o que a aliviou de imediato. O relógio tocou, eram cinco da manhã e a loira já estava trajada em suas vestes usuais, mas sem a armadura negra que cobria seu belo corpo. Não havia nada nas ruas de Sunagakure ou em seu percurso, afinal, ainda era cedo, mas alguns rostos familiares podiam ser vistos direcionando-se para iniciar a jornada matutina de trabalho. Com um sorriso estampado no rosto, seguiu adiante, até o gabinete, onde faria o seu trabalho.

[...]

“Há tanta papelada hoje…” Murmurou, enfiando o rosto na pilha à sua frente, sofrendo por isto. Zorojuro estava em missão, assim como Musashi; a loira estava só no gabinete, e apesar da liberdade, não tinha ninguém para ajudá-la no trabalho, e apesar de querer jogar tudo para o alto e pular pela janela para ir treinar, não o podia fazer. Ainda sim, levantou-se, fitou Sunagakure pela grande janela e preparou um café para si mesma; tinha de lidar com as burocracias do vilarejo. Quando acabou com a xícara que fez para si, espreguiçou-se, puxou a cadeira encostada na mesa e voltou ao trabalho. Eram seis horas da manhã.

Altria-sama. Ouviu, acordando de supetão; havia pego no sono enquanto assinava alguns papéis sobre os ninjas de sua vila. —— Oi, sim, pois não? —— Indagou, limpando a baba do canto da boca com o dorso da destra. Está na hora do almoço, Altria-sama. Vim lhe avisar. Falou, e curvou-se, saindo em seguida. Altria o agradeceu e levantou-se para ir embora do gabinete, e enquanto descia o lance de escadas, sentiu uma súbita tontura, encostando na parede para não cair. “Mas o que…” O corpo cedeu, e tudo tornou-se negro. Altria havia desmaiado.

[...]

“Onde é que eu estou.” Pensou, tentando se livrar, mas não conseguindo. Seu corpo estava amarrado por correntes, preso, incapaz de se mover. “Merda. O que está acontecendo.” Murmurou, tentando se livrar das amarras, mas era em vão. Repentinamente, uma voz conhecida soprou no ouvido de Altria novamente, era a mesma voz que a havia chamado no meio da madrugada, a que a acordou.

Nidaime Kazekage. Murmurou, em seu ouvido, novamente.

Altria instintivamente virou para o lado, mas não viu nada além da parede.

Fufufufu. Ouviu, desta vez, no ouvido esquerdo. Novamente, Altria instintivamente virou-se para a esquerda, e novamente nada viu.

“...”

Estou aqui, princesa. E apareceu, subitamente, à frente da loira, há exatos cinco metros desta. Os orbes vermelhos brilhavam em sua face, e dessa vez, era possível ver o rosto completo por detrás do grande chapéu.

—— Você…Izõ! —— Bradou, irritada. Altria havia matado-o uma vez, mas lembrou-se que o corpo deste havia sumido quando encontraram-na. Talvez, ele não pudesse morrer, ou fosse a encarnação da morte, não sabia dizer. A única coisa que sabia era que precisava se soltar para lidar com o homem, do contrário, Sunagakure poderia pagar o preço. —— O que você quer depois de tantos anos? —— Questionou, agitando seu chakra, mas foi em vão, isso sequer teve impacto no homem.

Vim por esses olhos. Disse, aproximando a canhota do olho da loira, esticando a pálpebra deste. Você não sabe o quão precioso são esses olhos, Altria. São mais fortes que o meu, muito mais. Constatou, se afastando da mulher. Eu tenho algumas coisas para fazer, portanto, fique quietinha até eu retornar, entendeu? Do contrário, não pegarei leve com seu vilarejo. Disse, e desapareceu. Altria mordeu o lábio e tentou se soltar através da força bruta, mas foi em vão. E por conta disso, a força exercida no lábio foi tanta que fizera o mesmo cortar e deixar um filete de sangue escorrer. A loira suspirou, fechou os olhos e ativou seu dojutsu, visando vasculhar todo o ambiente – em vão, pois nada tinha. Estava, inclusive, longe de casa, não sabia onde exatamente, só sabia que estava longe. Suspirou, mas não se deixou abalar.

Ergueu-se com dificuldade, encostando-se na parede atrás de si. Izõ não sabia de suas habilidades, portanto, Altria tinha leve vantagem. Com a destra, a garota tocou na parede e moveu-se através do tempo-espaço, livrando-se das amarras que a prendiam. Com um chute, rompeu a porta do lugar onde estava, arremessando-na contra a parede do lado de fora da "masmorra''. Não havia inimigos presentes, nada, era apenas um lugar inóspito. Com agilidade e graças ao seu dojutsu, subiu até a saída com relativa facilidade. Quando parou do lado de fora, sentiu o ar quente soprar em sua face, e no instante seguinte, viu a figura atrás de si, pronto para atacá-la com as lâminas que portava. Altria agachou rapidamente, fazendo as lâminas passarem rente ao cabelo, e com um salto para trás, se afastou do homem, sacando sua própria lâmina e a banhando no chakra relâmpago. —— Isso não é do seu feitio, Izõ. Da última vez você me encarou de frente. O que mudou? Está com medo? —— Ironizou e avançou com velocidade, brandindo a lâmina num corte perpendicular contra o homem.

Izõ riu e usou das lâminas para defender do golpe da loira. O mesmo era superior a esta quanto ao uso das espadas, e por causa disso, repeli-la fora demasiadamente fácil para ele. Você perdeu o jeito, loira. Riu, e avançou contra a mulher, desferindo inúmeros golpes nesta.

Altria defendeu com dificuldade. Era versada com a lâmina, porém, Izõ era um melhor espadachim, e o fato deste usar duas espadas tornava a defesa ainda mais complicada ainda para ela. Seu corpo era ágil, de fato, mas ainda sim estava sendo ferida com cortes superficiais, enquanto o antagonista não. Izõ continuava a ofensiva, e Altria só se defendia. A loira saltou para trás, teceu selos e, num ínfimo instante, cuspiu uma névoa densa que tapava a visão de todos no embate, inclusive a própria. —— Veremos se você é bom, Izõ. —— Bradou, e retomou ao silêncio. Com velocidade, avançou pelas costas do inimigo, fazendo um corte neste, e recuou para a névoa. Graças ao Dojutsu de Altria, esta podia ver através da técnica que acabara de criar, e por ter acertado o golpe no inimigo, imaginou que este não tinha como. A loira teceu selos e criou uma cópia de si. A marcou nas costas com seu Jutsu-Shiki e a enviou para a batalha, enquanto o fazia, se preparava para atacar o inimigo, banhando a lâmina em raiton.

A cópia avançava, feroz, duelando contra Izõ no meio da névoa. O bunshin da sombra do vento era tão forte quanto a própria, e mesmo assim, ainda era difícil. Utilizar-se da ocultação feita pela névoa não já estava sendo tão frutífero assim pois Izõ já conseguia defender-se dos golpes da cópia da loira, e contra-atacar, apesar destes golpes não conectarem. Altria – original – já estava há alguns minutos canalizando sua habilidade, e, Izõ, nessa altura do campeonato, já não mais era acertado pela cópia. Ambos batalhavam no meio da névoa, e Izõ, quanto mais refletia os ataques, mais ria.

FUFUFUFUFU. VENHA ME ENCARAR, ALTRIA PENDRAGON. Gritou.
—— Estou indo. —— Ela respondeu.

Num súbito lampejo dourado a original apareceu ao lado da cópia, em posição de ataque. O movimento era feito de cima para baixo, no intuito de partir Izõ ao meio. O homem se surpreendeu com o movimento feito pela mulher, mas não se abalou: cortou a cópia num movimento rápido e preciso, e trouxe a segunda lâmina para defender-se do golpe de Altria – o que este não contava, porém, era com os trovões que se sucediam em seu movimento.

—— Musou no Hitotachi! —— Bradou, e cortou seu inimigo. Izõ caiu ao chão, rindo, e a visão da loira ficou turva. De seus olhos sangue esguichou, e ela soltou a lâmina negra, caindo de joelhos e levando ambas as mãos até o mesmo. Havia ficado cega.

Se eu não posso ter esses olhos, ninguém os terá, Altria. Falou.
—— Você é um desgraçado, Izõ. —— Respondeu, caindo no solo, ao lado do homem.

O sangue corria de ambos os lados. Izõ estava com a metade do corpo partida, sangrando, e praticamente morto, enquanto Altria estava cega, também sangrando, mas com forças o suficiente para se movimentar. A Sombra do Vento ficou estirada no solo por alguns minutos e, decidiu agir para não se prejudicar ainda mais. Ela agarrou o corpo do ninja, e com sua habilidade espaço-temporal, saltou para o vilarejo de Sunagakure, mais precisamente, os portões, onde sempre estava os guardas. —— Me levem ao hospital junto dele.. —— Falou, mas já sem forças. O uso da sua habilidade a esgotou completamente, agora, ela estava à mercê dos médicos do vento.

[...]

Altria-sama. Disse a mulher de cabelos róseos, a mesma que ensinou Altria à saltar pelo espaço-tempo; Musashi. A loira abriu os olhos, e fitou a mulher, sorrindo. —— Pelo visto estou viva, e recuperei a visão. O que aconteceu com Izõ? —— Ela questionou Musashi, que virou o rosto em resposta e abaixou a cabeça. Ele… fugiu, com seus olhos. Respondeu. Altria engoliu a seco, tocou a própria face e não entendeu a princípio. “Então como…” Pensou. Musashi entregou um espelho à líder de Suna que se viu rapidamente, e não entendeu muito bem. “Meus olhos estão… dourados?” Murmurou. Sim. São os olhos de Izõ. O hospital teve que trocar seu sangue pelo de Izõ, você havia perdido muito por causa da luta. E quanto a seus olhos… o hospital pegou os orbes vermelhos dele e os trocou pelos seus. Mas agora está dourado, então não sei bem o que aconteceu. Respondeu Musashi. Altria fitou o teto por um segundo e tentou ativar sua habilidade ocular, mas não conseguiu, foi em vão. Ela se recostou no travesseiro e fechou os olhos, deixando uma lágrima verter.

“Eu estou tão… fraca.” Sussurrou.

Musashia havia deixado o quarto, deixando a líder sozinha. Ela estava bem, mas precisaria de algum tempo para para melhorar, principalmente após a troca sanguínea que fizera com o inimigo. Um médico entrou, porém, e informou exatamente quanto tempo a loira teria que ficar de repouso – cerca de duas semanas sem qualquer tipo de esforço. Altria não aceitou muito bem a princípio, mas era necessário para se adequar aos novos olhos, e seu corpo ao novo sangue. Isso para ver se não teria problema com rejeição.Tudo estava complicado, e a loira, apesar das adversidades, tinha de seguir em frente, pelo vilarejo e por seu próprio bem.

—— Obrigada. Eu… quero ficar sozinha agora, se for possível. —— Disse. O médico se retirou e a deixou sozinha dentro do quarto. Altria fitou pela janela o sol se pondo, e sentiu o desespero apossar-se de seu âmago. Estava fraca, só, e não sabia como lidar com isso. Era a primeira vez que se sentia tão impotente em toda sua vida. Nem mesmo quando perdeu a primeira luta em Amegakure se sentiu assim, era como se sua força houvesse sido retirada de seu corpo, e por causa disso, estava fraca.

“Não. Eu preciso ficar mais forte.” Murmurou, fechando o punho em resposta. Apesar das lágrimas que escorria de seus olhos, a loira possuía um sorriso nos lábios. Estava em paz, pois sabia que seus novos olhos detinham um poder especial. E sabia que teria de dar tudo de si e mais para atingir o ápice do poder que estes detinham.

“Por mim, e por Sunagakure.” Concluiu, e deitou-se para descansar. Precisava de  longo descanso antes de voltar a ativa.

Considerações:

Qualidades & Atributos:

Técnicas ativas:

Habilidades ativas:

Itens: