Nathaniel tinha passado o dia inteiro na central de cartas da vila, não entregando uma única carta, apenas conferindo alguns envelopes e encomendas que deveriam ser entregues para alguns moradores. Aquilo lhe causava uma grande frustração, afinal não queria estar fazendo tal coisa, e tinha combinado com Ryuuzaki que iria patrulhar a vila como carteiro. Quando estava quase no fim do seu expediente, um carteiro experiente rapidamente deixou um pergaminho em cima da sua mesa de trabalho, antes mesmo que ele pudesse bater o seu ponto.

── Aí, não deu pra cumprir minha meta hoje, preciso que entregue esse pergaminho. É uma ordem de missão para um ninja graduado da vila. Leva lá para mim. ── disse o homem de mais ou menos 25 anos, quase como uma ordem, claramente aproveitando-se da sua hierarquia para se sobressair. ── Eu já estou no meu horário de saída e estou cheio de coisa para fazer. ── argumentou Nate, afinal não queria ter que cobrir. ── A gente só termina na última carta, e eu tenho que sair com uma gatinha aí. Se você tivesse uma namorada, entenderia. Aliás, eu não tenho que dar explicações a você. Você vai fazer isso para mim porque sou seu superior, e você chegou agora. É bom que vai aprendendo o ofício. Não se esqueça de pegar a assinatura do cara, é importante saber que ele recebeu a carta. Ah, e não assina na parte do "Responsável pela entrega", porque essa parte é comigo, valeu? ── deu dois tapas em seu ombro, deixando a carta na mesa e andando em direção ao ponto, batendo ele. ── É tão bom quando a gente bate a meta do dia. ── o rapaz disse rindo, abrindo a porta da sala e saindo dali.

── Filho da puta. ── Nathaniel resmungou, pegando a carta, o papel assinado. e procurando primeiro pelo endereço, e o nome do remetente. Não ficava muito longe dali, então faria aquilo o mais rápido possível, pois precisava atualizar os caras sobre o seu dia, e de como havia falhado em descobrir algo sobre o que estavam investigando. Saindo dali, ainda com a roupa de carteiro, Nathaniel foi até a casa de Uzumaki Shizui, dando três murros na porta com a mão fechada, esperando pela aparição do ninja para lhe entregar a carta e um papel para ele assinar. ── Boa noite. Tenho uma ordem de missão para você. ── avisou, entregando o pergaminho para o mesmo com todos os detalhes da missão, esperando que ele lesse para lhe dar o papel para ele assinar atestando que recebeu a missão, para que assim pudesse ir embora.

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Assim que o shinobi chamado Uzumaki Shizui abriu a porta, Nathaniel ficou aliviado por ter alguém em casa (apesar de já ter visto a luz acesa pela fresta da porta), pois assim poderia entregar a carta e ir embora. Certamente assinaria a parte do entregador, afinal não iria facilitar para o carteiro babaca que achava que poderia usá-lo daquela forma, e caso fosse necessário usar a violência para impor o seu ponto de vista, bem... Nate seria capaz de dar conta do recado. Ao notar que o ninja ficava lendo o pergaminho, Nate ficou esperando pacientemente, apesar da paciência se esvair de segundo a segundo. Porém, qual foi a sua surpresa quando o shinobi decidira não só demorar para ler, como também convocá-lo para aquela missão.

── O que? Assim, do nada? Olha como estou vestido! ── esticou os braços, mostrando a roupa de carteiro. Por sorte, estava com o seu estojo de armas a vista, o que também não significava muita coisa. ── Tudo bem, que escolha eu tenho? ── disse de forma retórica. Antes de entrar numa discussão que não o levaria a nada, e que inclusive poderia levá-lo a sofrer uma punição, Nathaniel respirou fundo, passando a mão no rosto enquanto Shizui via o papel que deveria assinar, entregando para ele enquanto passava a mão pelo rosto. ── O Ryuuzaki vai ficar bem puto com isso, mas o que eu posso fazer? Ainda sou um shinobi da vila. ── pensou consigo. Assim que Shizui terminou de assinar o documento, ele convocou Nathaniel para partir em missão, uma que o rapaz não sabia qual era, afinal não tinha lido o conteúdo da carta.

[...] Se fossem seguir diretamente o objetivo, Nathaniel e Shizui chegariam logo ao Distrito Uchiha, onde o Grey notava que o lugar não estava tão movimentado como deveria. Haviam símbolos do clã espalhados por todo o local, coisa que não atraia muito a atenção do Chuunin, que apenas olhava para os cantos. Ele permanecia em silêncio por uns segundos, com uma expressão pensativa no rosto. Sua mente se encontrava nos planos que tinha deixado para trás, tentando trazê-la de volta para a missão atual. Quando iria perguntar ao ninja ao seu lado qual era exatamente a missão, ele sentiu uma bola atingir a sua cabeça, quase perto da sua nuca, o fazendo olhar para trás imediatamente. ── Joga a bola ae, tio! ── uma das crianças pediu, enquanto os outros riam pelo ato anterior. Nate olhou para a bola no chão e usou a perna esquerda para dar um chute tão forte que a bola chegou a subir numa altura que as crianças não conseguiam calcular, correndo desesperadas atrás da bola, enquanto xingavam o Grey. ── O que é que a gente tem que fazer exatamente nesse distrito? ── Nathaniel perguntou para Shizui, não dando mais atenção para as crianças que corriam atrás da bola. Enquanto olhava o horizonte, podia notar o templo a uma certa distância, apontando para uma das janelas, onde quem passasse poderia ver a luz acesa. ── Eu não sei se o templo está abandonado ou não, mas parece que tem alguém lá. ── o garoto de orelhas pontudas apontou para a janela acesa.

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Assim que ouviu a resposta de Shizui acerca da missão, Nathaniel não poderia se importar menos. Não era como se ele fosse um mau shinobi, mas ele tinha problemas maiores do que templos vandalizados. Porém, ele precisava cumprir com o seu dever antes das suas necessidades pessoais. Quando o Grey apontou para a janela e o Uzumaki constatou o local iluminado, e então os dois partiram em direção ao Templo Uchiha, pegando uma kunai do bolso e colocando na sua mão esquerda, mantendo-se em silêncio. O local era sombrio e abandonado, uma velha lembrança de um templo que um dia foi glorioso. Nathaniel manteve-se atrás do Uzumaki, olhando para o céu escuro e depois para o Jounin.

── Você disse que estamos aqui para averiguar possíveis roubos e vandalismos, mas este lugar já está bastante vandalizado. E olhando para a estrutura desse templo, o que é que tem mais para roubar que já não tenha sido roubado? Na minha opinião, só deve ter cracudo e adolescente retardado aí dentro. - era um questionamento e uma opinião justa, afinal o lugar já estava bastante destruído. - Eu não quero ser chato, mas se tivesse algo importante lá dentro, os próprios membros do Clã Uchiha, ainda que não sejam tantos, teriam providenciado a segurança do local, ou teriam enviado pelo menos um esquadrão para cá. A não ser que tenha algo lá dentro que ninguém sabe o quão valoroso é. - pensou algo, não querendo guardar os seus pensamentos para si. - Ai, no caso, quem está correndo perigo é a gente. - coçou a nuca, não gostando muito daquela conclusão.

De qualquer forma, seguiria as ordens de Shizui, ficando atrás dele e avançando para dentro do templo, caso fosse necessário. Ficaria de olho na sua retaguarda, afinal poderiam ser atacados por trás a qualquer momento, o que era algo que ele preferia evitar. Aos poucos, a irritação por ter sido forçado a ir ao Templo Uchiha dava lugar a uma curiosidade misturada com uma pitada de paranoia, afinal aquilo tudo poderia não dar em nada ou então estariam entrando numa grande empreitada.

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Nathaniel fez ponderações pertinentes, e até mesmo Shizui, de patente superior, teve que concordar com elas. Por que um templo daquele porte precisaria de proteção extra? Talvez os próprios membros do clã tivessem desistido dela com o passar do tempo, pois tudo indicava que aquele lugar não tinha nada a oferecer, a não ser como abrigo para os adolescentes namoradeiros e todo tipo de sem-teto e drogado que pudesse existir em Konoha. Mesmo assim, um shinobi não deve se pautar em achismos, e sim seguir as ordens superiores, por isso quando Shizui ordenou que ele fosse para os andares inferiores, Nathaniel apenas assentiu com a cabeça, observando ele subir para o andar de cima, enquanto ele ficava ali sozinho.

O Grey caminhou em direção a escuridão, sabendo que seria quase impossível encontrar algo que pudesse tirar proveito. Porém, a escuridão ganhou forma, e de repente, ele se viu em um lugar completamente diferente daquele templo em ruínas. Estava nas ruas de Konoha, e Nathaniel poderia ouvir os agitos do local. Ele olhou para os lados e para trás, assustado. Procurou imediatamente por Shizui, mas não havia nenhuma sinal dele ali. Em poucos segundos, Nathaniel entendeu que estava em um Genjutsu, mas a mente era uma coisa curiosa: ela não conhece a noção de tempo, e muita das vezes não consegue separar o que é real e imaginação. ── HEY, NATE, VAMOS LOGO! ESTÃO TODOS AGLOMERADOS NA PRAÇA! ── gritou Goji, o seu melhor amigo, correndo em direção a praça, passando do seu lado. Os olhos de Nathaniel se arregalaram na hora.


── Goji...? ── chamou-o pelo nome, o assistindo se afastar e ir em direção a praça. Os passos de Nathaniel foram lentos, podendo ver que haviam muitas pessoas ensanguentadas e feridas pelas ruas, ouvindo os seus gritos e lamentos. O tempo simplemente parecia não existir ou seguir qualquer ordem lógica, não fazendo sentido nenhum. Podia ver o protesto se desenrolando nas ruas, de uma forma inexplicável, como se o tempo fluísse sobre ele, repartindo-se em pequenos lapsos. ── É tão bom ter você aqui comigo! ── dizia Goji, mantendo um sorriso por alguns segundos. Ouvia palavras de ordem, pedras voando em direção a delegacia, carroças queiamdas, e tudo isso lhe causava uma grande euforia. O instinto rebelde lhe cativou por um longo tempo, até que um policial acertou a cabeça do seu amigo, o levando a nocaaute.

Houve gritaria, houveram protestos, enquanto Nathaniel permanecia ali, parado, sem saber o que fazer. O policial nem ao menos fazia qualquer esforço para se justificar. Como o seu amigo poderia tombar daquele jeito? Foi então que Nate percebeu o óbvio... Seu amigo nunca mais voltaria, pois ele estava morto há muito tempo, e não havia nada que ele pudesse fazer para evitar tal coisa. ── Isso não é real, apenas uma maldita alucinação. Eu já prometi me vingar pela sua morte, meu amigo, e eu vou cumprir essa promessa. Mas até la... KAI! ── ele uniu as suas mãos e cortou o seu fluxo de chakra por alguns segundos,  tentando voltar para a sua realidade, para então entender tudo o que estava acontecendo, usando o máximo de chakra possível, mas sem gastar muito.

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Durante alguns segundos, uma visão horripilante de um passado que nunca existiu, e que nunca iria existir. De repente, o jovem de orelhas pontudas abriu os seus olhos mais uma vez no meio daquela casa abandonada, confirmando seus pensamentos de que tudo aquilo não passava de uma ilusão. Depois de uns três segundos, ele percebeu que aquele lugar escuro agora estava aceso. Mas quem tinha acendido as luzes? Aquele tipo de coisa lhe causou uma certa intriga. Sabia exatamente o que fazer naquele momento: procurar o seu colega de missão, Uzumaki Shizui. Nathaniel então deu as costas e seguiu para o andar superior, procurando pelo seu companheiro de missão, ficando completamente arrependido de ter enviado aquela carta para o Jounin. Na mesma hora, a imagem do carteiro que lhe deu tal incumbência lhe veio a mente. ── Esse filho da puta vai me pagar, ah, se vai. ── pensou, se preparando para subir as escadas do templo.

De repente, ele viu o guarda a uma distância considerável, segurando o cassetete. ── O que? Não é possível! ── disse para si mesmo. Como a imagem criada por sua própria mente poderia simplesmente se formar na sua frente? Ainda estaria dentro de uma ilusão? Parecia ser a resposta mais provável. Quando o guarda veio na sua direção para atacá-lo com o cassetete, Nathaniel usou de toda a velocidade que tinha para jogar o seu corpo para o lado esquerdo, desviando do golpe e tomando uma distância de 10 metros do oponente. ── Eu não sou especialista em ilusões, mas é difícil imaginar que o homem que eu nunca vi na minha vida poderia aparecer aqui. Esse templo... É uma armadilha do templo! Alguém vive ou viveu aqui, e deixou essa armadilha para quem quisesse tentar invadir, o que quer dizer... Que tem algo valioso aqui! ── deduziu, se preparando para lutar, caso fosse necessário. Mas antes, procurou evitar o combate desnecessário.

── Eu não sei quem você é, mas não somos inimigos! Eu estou aqui em missão, em nome de Konoha, para proteger o Templo Uchiha, não para depredá-lo. Meu colega de missão, Uzumaki Shizui, sabe mais sobre isso do que eu poderá confirmar tudo isso. ── afirmou com as duas mãos para cima, tentando convencer aquela figura de que estava ali com intenções pacíficas. Em todo o caso, ele conjuraria o Genjutsu no Kai novamente. Caso fosse necessário lutar contra aquele homem, usaria da sua velocidade e do seu conhecimento em Taijutsu para desarmá-lo, visando atingi-lo com golpes em suas pernas, braços e troncos, para que assim tomasse o seu cassetete.

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O círculo de ilusões parecia não ter fim, e quanto mais Nathaniel lutava, mais problemas surgiam. Ele buscou cancelar a técnica, e de repente, um grande clarão tomou conta do seu interior, o levando a fechar os olhos por causa da força da claridade, e assim o Grey acabou tonteando, caindo sentado no chão, logo percebendo que estava num ambiente bem diferente. Ele se levantou aos poucos, vendo que estava em um local que tinha uma casa não muito distante, mas também não muito perto. Shizui perguntava se Nate estava bem, e o mesmo apenas acenou positivamente. De repente, três shinobis foram se aproximando, ficando frente a frente com os dois ninjas designados para vistoriarem o local. Um deles dava uma desculpa, dizendo que estavam resolvendo coisas pessoais antes.

── Agora fazer meinha virou assunto pessoal... ── sussurrou não muito contente, afinal tinha caído em diversas ilusões completamente desconfortáveis, tudo por causa de uma missão em que não queria estar, para começo de conversa. O ninja do meio parecia mais fechado. mas Nathaniel nada disse, apenas deixando que Shizui falasse o que fosse necessário. Assim que descobrira o real motivo das ilusões, Nathaniel rolou os olhos, ficando irritado com todas aquelas coisas. Quando o Jounin anunciou que iriam se retirar, Nathaniel obedeceu prontamente, não querendo se estender mais naquele assunto.

Quando estavam saindo do local, Shizui perguntou o seu nome. ── Nathaniel Grey. Eu sei o seu nome, Shizui, pois estava escrito no rolo do pergaminho. Agora vou indo... Tenho umas contas para acertar. ── ele avisou, se afastando do Uzumaki e seguindo para a praça de Konoha, onde viu o carteiro que lhe colocou naquela situação toda com uma moça tomando sakê e comendo uns petiscos, acabando por se aproximar da mesa. Ao vê-lo, o carteiro colocou uma expressão soberba no rosto, tirando vantagem do seu posto. ── E aí, chapa, fez o serviço que eu mandei? ── perguntou, querendo fazer-se de importante. ── Sim, senhor, entreguei sim. Ah, ela pediu pra dizer que está com saudades de você e mal pode esperar para passar outra noite com você. Boa noite. ── se despediu, virando as costas e ouvindo a garota questionar o carteiro experiente, que tentou até dizer que era mentira, mas a moça não acreditou, e então começaram a brigar, até que a garota jogou o sakê no rosto do idiota, enquanto Nathaniel estava bem longe, seguindo para o Gabinete do Hokage, onde escreveu um relatório simples.

"Caro Hokage,

Fui designado para esta missão pelo seu Jounin, Uzumaki Shizui, que me fez ir com ele para o Templo Uchiha para investigar a aparente falta de segurança do local. Acontece é que o lugar está bem seguro, e a ilusão em que entramos parece ser para afastar qualquer pessoa que tente entrar no lugar. Também notei, junto com Shizui, que havia uma casa no meio do nada, e se havia uma casa lá, a conclusão que chego é que aquela casa é a morada de alguém, alguém que não quer se mostrar para o mundo, colocando seguranças e ilusões como empecilhos para encontrá-lo (ou encontrá-la).

Att,
Nathaniel Grey"