Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.
O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.
E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
Akeido#1291
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Havilliard
Havilliard#3423
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ㅤㅤOs céus constelados de Sarón eram um reflexo contrastante a cidade, agora erma e desabitada. Quase oitenta porcento de sua população havia partido com Kenshin, naquilo que ficou conhecimento como o Arrebatamento. O mundo desconhecia o paradeiro daquelas almas, se tinham sido salvas ou estavam em tormento, se retornariam ou não. Será que retornarão...?
ㅤㅤ– Faz alguma ideia do que aconteceu, sacerdote? – estavam na sacada da catedral jashinista, agora em ruínas, parte pela rebelião insurgente, que à assolara momentos antes do Arrebatamento, parte pela falta de manutenção ocasionada pela ausência de pedreiros e construtores, agora evadidos pelas mãos do Pastor. ㅤㅤ– Não sei ainda, jovem predestinado... – as palavras de Hakkasha eram lamentos ressentidos e dúvidas pairadas. Ele, que uma vez foi o mais devoto servo de Jashin, agora era uma caricatura triste e desbotada de si mesmo; sem seus Pontífices, sem seus fieis e sua cidade, e sem seu deus... tudo o que lhe restara era Eru. – Acredito que eu tenha sido amaldiçoado a permanecer nesta terra, relegado por Jashin-sama. Fui abandonado pelo meu deus. O que me resta...? – lastimou em tom profundamente reflexivo, sua mente estava longe. Eru hesitou mais de uma vez em lhe dar uma resposta, não queria titubear ou ser leviano. ㅤㅤ– Talvez porque você ainda tenha um propósito a realizar. – o Pontífice inclinou o pescoço e o encarou com uma triste admiração, não esperava que aquela sensibilidade lhe fosse própria. Não havia nenhum cunho religioso na frase de Eru entretanto. – O que te resta, é descobri-lo. – viu-o fitar o horizonte em meditação, repensando. ㅤㅤ– Teria Jashin me dado uma tarefa...? – ele vislumbrou Kaguya Eru em mais um relance, e talvez sua resposta estivesse nele. Hakkasha havia sido o primeiro dos Pontifícios a enxergar grandeza no garoto dos ossos; preferiu-o em detrimento dos seus, viu-o como a reencarnação de seu deus, como um salvador, mas agora o via como um... – Filho. Os Filhos do Sacrifício. Preciso saber quantos ainda restam. – eram seus seguidores mais leais. ㅤㅤ– E os Soldados da Fé? – indagou ao sacerdote. ㅤㅤ– Iriel contou cinquenta e seis, e creio que o número de Filhos seja ainda menor. Porém se partiremos, quero ir com todos, não deixarei nenhum dos meus para trás. – o peso da responsabilidade era manifesto às suas costas, seria o líder de Sarón até o fim. ㅤㅤ– Partiremos? Existe algum outro lugar que comporte todos os sobreviventes senão aqui? – pareceu incomodado. ㅤㅤ– Falcões chegaram de Sunagakure há dois dias, alertando de uma escassez de alimentos em todo território do Vento. Sarón sobrevivia com o comércio de grãos com Asakusa, e com o povoado de Ueno, mas principalmente por estar localizada numa rota bastante movimentada por mercadores e peregrinos, que agora temem em enfrentar o deserto. – começou a expor a delicada situação em que estavam. – Nossas reservas vão minguar nas próximas semanas, porque o número de carregamentos de sacas de grãos e outras especiarias teve uma queda brusca. Pedi para que Iriel fizesse uma incursão até Asakusa, para averiguar a situação de perto, ele deve retornar em dois dias. – Eru não conhecia os lugares citados, mas tinha um certo tato político aquela altura, e entendia a gravidade do que Hakkasha lhe conferenciava.
ㅤㅤ– Então se Iriel retornar com más notícias... ㅤㅤ– Teríamos que partir. – ditou, mas claramente contrariado, não queria deixar a cidadela. – Sarón fica afastada demais de Sunagakure ou de outras grandes cidades, estamos isolados de certa forma. Penso que seria adequado que seguíssemos a leste, próximo a Chori no Sato. – Imediatamente recordou-se do lugar. A colônia que Altria Pendragon havia citado, pertencente a Nuvem... – Lá, existem cidades menores, povoados e diversas cavernas subterrâneas, capazes de comportar os nossos. – mesmo com os verossímeis argumentos de Hakkasha, o Kaguya ainda não via a ideia como executável, mas não tinha base para opor-se. ㅤㅤ– Posso tentar ir até Sunagakure, contar de nós, e acordar com a Kazekage para que envie alimentos para Sarón. – lembrou-se de Altria, de seus cabelos loiros e sua postura arrogante. Tentarei convence-la. ㅤㅤ– Depois dos eventos em Amegakure, temo que nossa religião não seja mais tão bem vista, jovem predestinado. A menina do Vento não moverá um dedo para nos ajudar. ㅤㅤ– Não irei pedir por nada, irei barganhar, oferecer algo em troca. Ela irá aceitar, creio. – disse em convicção. ㅤㅤ– Seria de imensa ajuda, Eru-sama. Poderíamos reconstruir a cidadela, e vê-la florescer novamente. – o tom do sacerdote elevou-se em contentamento. ㅤㅤ– Você veria. Só quero ajuda-lo a estabiliza-la, após isso partirei. – a repentina felicidade desfaleceu do rosto de Hakkasha. ㅤㅤ– Para onde, jovem eleito? Devo permanecer ao seu lado, ajudando-o, aconselhando-o. Fique em Sarón, imploro. – a estrela de oito pontos cintilou num rápido vislumbre mental, lembrando-lhe de seu lugar. Tenho algo a fazer... ㅤㅤ– Temo que não seja possível, sacerdote. Meus objetivos me espreitam, não posso mais fugir deles. – os olhos alcançavam o mais profundo horizonte que podia enxergar. Pensou em ouvir seus antepassados o chamando, os Kaguyas de outrora, sussurrando em seu ouvido promessas de esplendor. ㅤㅤ– Irei com você, jovem escolhido. – Eru defrontou-o incrédulo. ㅤㅤ– Loucura. Sua cidade precisa de você, Hakkasha, não pode deixar seus fieis e irmãos. ㅤㅤ– Minha cidade precisa de um líder, jovem Eru, pode ser eu ou um outro, igualmente capaz e preparado, mas você precisa de mim. – o ar místico que o sacerdote implantara na fala, fez-o parecer necessário, essencial. E prepotente. Mas admitia que ter Hakkasha ao seu lado seria de grande auxílio. ㅤㅤ– E quem deixaria em seu lugar? Iriel? ㅤㅤ– Iriel é temente e leal, e liderou os Soldados da Fé com bravura, quero-o comigo. Conosco. – Pretende traze-lo também? – Dê-me um tempo para organizar tudo, falar com os Filhos e com os fieis remanescente, e encontrarei alguém adequado para me substituir. Se tiver sucesso na sua tratativa com Altria, melhor ainda. Sarón se erguerá novamente, tem que. – tinham muito o que fazer. ㅤㅤ– Sendo assim, irei até Sunagakure pela manhã. – E talvez encontre Izuku... Já não via seu amigo abobado e musculoso a um tempo considerável. ㅤㅤ– Sim... é o que faremos. – terminou de forma retórica.
KABALA
ㅤㅤSonhou com a quimera, a derradeira, blasfemando destruição com suas dez cabeças, cada cabeça com uma máscara distinta. Atrás dela, brilhando espiralada; a estrela de oito pontos, resplandecendo negro. A monstruosidade ficava maior a cada sonho que tinha, mas ele já não a temia, ao contrário de tudo o que vivia e respirava. Viu então a fera rugir com suas dez cabeças, e as nuvens se dispersaram, os mares secaram, as montanhas ruíram, os desertos desapareceram e as florestas queimaram. Nada podia contra ela.
ㅤㅤNum corte abrupto, enxergou-se encouraçado por sua armadura, feita de ossos negros como carvões. Tal como a quimera, o temiam. Entretanto, oposto a ele, em luz, o infame cavaleiro albino mantinha-se em igual postura, mas em diferente lado. A resplandecência que emanava dele, só encontrava fim na escuridão infinita das escamas da armadura de Eru. Estavam fadados.
ㅤㅤDespertou às onze da manhã, com olhos vermelhos, havia chorado pouco antes de dormir, por ela novamente. Akemi... Mal conseguia lembrar de seu rosto, que ficava mais difuso a cada lembrança, menos nítido a cada devaneio. Temia pelo dia em que ela desvaneceria de suas memórias para sempre. O que era o medo da morte se comparado ao medo de perde-la eternamente? Mas Eru já tinha a perdido, só relutava em aceitar.
ㅤㅤSua última conversa com Hakkasha havia sido há mais de três meses, e Sarón se reerguia em seu próprio tempo. O sacerdote havia até mesmo alegado ter encontrado um substituto para o posto de Pontífice. Esforçou-se para isso... Estar com Eru e ajuda-lo em seu fadário parecia ser o objetivo primordial do homem.
ㅤㅤO lugar em que estava naquele momento era uma estalagem, num povoado próximo a cidade de Hokkaido. Na janela à esquerda, tinha o vilarejo inteiro à sua vista, de tão pequeno que era, e mais ao longe o Monte da Ventania. Porém, muito perto, tinha o O Cabala, envolvendo-o com seus ensinamentos. Aquela altura já havia uma forte crença de que seus sonhos, de alguma forma, tinham ligação com os dizeres do manuscrito. Só não sei como isso de dá...
ㅤㅤOutro fato observado por ele, era que Kala já não tinha mais tanta influência sobre sua mente, e a isso atribuía as doutrinas da Cabala. De alguma forma esse livro mitiga os poderes da entidade sobre mim. O enfraquecimento do espirito de Kala'ham era uma verdade aparente, mas em breve Eru descobriria que o corpo de Kala, representado por seu secto, estava à espreita.
ㅤㅤNão demorou mais do que dois meses para que o encontrassem novamente, e na oportunidade tinha sua localização próxima a Ishigakure no Sato, mais uma das quatro colônias de Kumogakure, que outrora haviam sido debatidas na reunião que teve com Altria. Neste lugar específico, estava investigando Senki Youjumaru, o nukenin que amigara-se com Izuku a tempos atrás. Irumi, sua informante e confidente, havia sido amalgamada pelo Arrebatamento, e não mais podia servi-lo. Foi neste enquadro que a abordagem aconteceu, nas ruas de pedra arenosa do lugarejo.
ㅤㅤTrês deles o cercaram na calada da noite. Quando os analisou em célere vislumbre, não teve dúvidas de onde vinham. Kala... Meio ano desde seu último encontro com a seita, e ainda tinha calafrios ao rememorar quem eram. Malditos. A madrugada foi o palco para o duelo, com os três cultistas investindo com furor em sua direção. A alegação era a mesma; Eru era o único capaz de servir de receptáculo para que Kala pudesse ser trazido a vida.
ㅤㅤNeste momento de tensão, o demônio encontrou forças para emergir.
ㅤㅤ– Àquela coisa não vai protege-lo de mim para sempre... – era ao O Cabala que se referia, também havia percebido que a filosofia do manuscrito estava negando-o, enfraquecendo sua presença. ㅤㅤ– E continuarei a lê-lo, seu verme... se ele puder te matar, então eu o farei! ㅤㅤ– Este corpo é meu! – Eru o sentia bramindo, intentando contra sua alma como uma fera, cada vez mais ensandecida e desesperada. Por pouco não o temeu novamente.
ㅤㅤ– Forças maiores do que nós se aproximam, Kaguya Eru, teu corpo foi requisitado pelo Priorado a preço de uma colônia. Aceite teu destino, receptáculo da besta! – a voz suave da cultista insidiava o conteúdo maldito de sua fala.
ㅤㅤO garoto dos ossos já contava com pelo menos cinco hemorragias espalhadas pelo corpo, sendo duas delas proveniente de facas envenenadas e encravadas em seu romboide. Sua shikotsumyaku havia sido enganada pelos movimentos ágeis e ensaiados dos três inimigos, que não faziam sequer uma movimentação em vão. Desgraçados... ofegava, enquanto pensava numa forma de lidar com o trio.
ㅤㅤUma hora de batalha, e ambos os lados encontravam-se esgotados, ele porém continuava sendo apenas um. Aceite-me... a entidade lhe tentava, Aceite-me... Fez de seu úmero uma espada, e ela seria sua arma física, para proteger seu corpo, e para protege-lo de Kala, manteve o octagrama da Cabala a mente, tentando afugentar o demônio.
ㅤㅤMesmo com o osso em riste, não avançou, ao invés disso aguardou pela movimentação dos inimigos, que igualmente exaustos, hesitaram.
ㅤㅤ– Venha conosco, Ilúvatar! VENHA! – este respirava descompassado, em claro sinal de cansaço. Tinha no rosto uma máscara de madeira branca, com duas cavidades profundas na região das pupilas. ㅤㅤ– Ilúvatar, tu será tão santificado quando completarmos o ritual... para nós é um martírio vê-lo sofrer, acredite. Venha de bom grado, suplicamos. – ele não os respondeu. Não os munirei com nada, nem com as minhas palavras.
ㅤㅤOlhou para os lados buscando uma rota de fuga. Havia uma, entre duas residencias feitas de arenito, uma fenda levaria-o para o Deserto do Vento. Se alcançar o deserto talvez eu consiga correr. Na primeira brecha que encontrou, ativou seu Shichi Tenkohō e largou em retirada. Deu passadas tão velozes, que se colidisse com alguma coisa morreria ou mataria-a.
ㅤㅤO trio de cultista bem tentou persegui-lo, mas não teve vigor para manter a cadência da corrida, e o Kaguya os despistou. Seu sangue manchou a areia, e a insuficiência dele em seu corpo o fez cambalear a ela. Droga, isso de novo... Novamente o Deserto do Vento era o cenário de sua queda. Na vez anterior Hakkasha estava por perto, e seus Soldados o socorreram, mas Sarón estava há dezenas de quilômetros agora...
ㅤㅤAs pálpebras tonaram-se pesadas como chumbo, o corpo fraco como um enfermo. Não. Não. A Cabala... A estrela... A estrela... Tentava negar a desesperança com todas as forças que lhe restavam. Num último ato para se manter acordado, fez com que o metacarpo de seu indicador direito se expusesse, como uma pinça afiada. A estrela... Apertou o osso pontiagudo contra o pulso, e começou a talhar na pele fina, o octagrama. Um risco, um rasgo e um risco de novo, e o símbolo ganhava forma. Ao completar o oitavo ponto, desmaiou, mas a estrela estava lá, completa.
ILÚVATAR.
ㅤㅤFantasmas do passado vieram para lhe cobrar redenção, vingança.
ㅤㅤJá havia sonhado com eles antes, mas dessa vez seus rostos eram excepcionalmente nítidos. Cada símbolo de nobreza, cada penteado característico, cada osso saído de seus corpos; cada Kaguya era uma versão completa de si, quase palpável. Ossadas e esqueletos ornavam o caminho feito para ele.
ㅤㅤ–Atravesse.– usavam de sua própria voz para a elocução. – Atravesse.
ㅤㅤNão tinha certeza se era o que queria, mas seus observadores esperavam por isso.
ㅤㅤDeu o primeiro passo, e quando apoiou-se por completo a ponta acuminada de um dos ossos lhe fendeu o pé. Guinchou em silêncio, e ouviu os murmúrios à sua volta.
ㅤㅤ– Atravesse.– insistiam. –Atravesse. – em uníssono.
ㅤㅤPôs-se a dar mais passos, e sentiu mais uma fisgada. Os olhos encheram de lágrima, como uma criança assustada. Teve medo.
ㅤㅤ– Atravesse. – era a voz do irmão morto, sobressalente naquela miríade de outras vozes. – Atravesse.– repetiu.
ㅤㅤEm sofrimento, ele continuou, passando, pisando nos ossos, sendo cortado e perfurado por eles. Por favor... acorda. Implorou para si em desespero. Não podia parar agora, estava longe do inicio e ainda mais do final, não havia escolha senão prosseguir.
ㅤㅤ– A estrela.– suas testemunhas chamaram sua atenção, e lá estava, no final do trajeto de ossos; a estrela da Cabala, a mesma que havia marcado em seu pulso, resplandecendo negro, maior do que tudo e todos.
ㅤㅤMesmo parecendo inalcançável aquela distância, ele manteve os passos. Não tenho escolha... A pele pálida tornava ainda mais evidente seu choro, os olhos vermelhos e marejados eram seus únicos meios de não se perder. Cada passo um corte, cada corte uma dor, mas a estrela se aproximava. Em dado momento a dor nem mais era sentida, seu objetivo final ficara tão indubitável à sua frente, que correu.
ㅤㅤ–Rápido. – exaltaram o tom. – Mais rápido. – e ele acelerou veloz, a ponto de tornar os antes agudos entoamentos dos observadores em meros ruídos. Agora tinha apenas a estrela consigo, ninguém podia impedi-lo de toca-la. É minha!
ㅤㅤApanhou-a, segurando-a tão forte que a despedaçou, num estrondo como se o ventre do mundo se rechaçasse. Seus pedaços estilhaçados o transportaram para outro lugar.
ㅤㅤ– Chegou em tempo de ver. – era Kaguya Eru, mas não o que sonhava, um outro. Sua voz era uma espada cortante, e sua autoridade incontendível. Às suas costas, nove sombras o ladeavam, circundando-o em reverência. Atrás dele e dos Aspectos, uma sombra colossal pairava silenciosa. A quimera. Soube, mas ela estava estática. Só quando o Eru mascarado fez sinal é que as demais sombras menearam, e em cônsonos assentiram. ㅤㅤ– Sim, Ilúvatar. – e então o monstro acordou, com suas dez cabeças a blasfemar.