Noite Mais EscuraFalso Messias  

Após uma batalha épica entre o Pastor e o seu irmão Azrael, Kenshin desperta em um mundo dentro do seu consciente, onde se encontra com o deus que ele disse venerar por tanto tempo. Cara a cara com a divindade, a verdade se revela.



Falso MessiasKenshin acabou abrindo os seus olhos, lembrando-se somente da explosão de energia causada pelo seu irmão. Sentia-se fraco, diferente de algumas horas atrás, mas ele não estava mais em Amegakure no Sato: sua consciência havia sido transportada para o templo de Jashin, no meio do subconsciente do Pastor. O Pastor se levantou devagar, observando a criatura de 10 metros, aprisionada no centro do templo pelas pernas, pelos braços e pelo pescoço por correntes grossas.

- Você conseguiu me trazer para cá novamente, depois de tanto tempo... - sussurrou o Pastor, ficando a 10 metros de distância do deus, olhando-o com um sorriso de satisfação.
- Não fui eu quem trouxe você para cá, foram as suas escolhas. Ou você achou mesmo que não chegaria o momento em que teria que me olhar nos olhos novamente, Kenshin? - perguntou Jashin, virando sua cabeça para baixo.
- Infelizmente, agora tenho o desprazer de reencontrá-lo. - ele falou com desdém. - Mas eu admito que você me foi muito útil nesses últimos tempos. - Kenshin riu daquele ser.
- Esta prisão no qual você me colocou me fez refletir, que talvez fosse melhor deixar você morrer no deserto, implorando por água e comida. - o deus do caos disse com desprezo. Tais palavras fizeram o Pastor gargalhar.
- O tempo preso ao meu corpo fez você perder a memória, Jashin. Era VOCÊ quem estava no deserto, caído como um deus derrotado. Lembra-se da sua batalha contra os seus inimigos? Se lembra como você estava no deserto, semimorto, implorando por um receptáculo? - ele dizia entre risadas. - Pois eu lembro de tudo. Lembro da sua promessa, e lembro do meu pedido. Fizemos um pacto naquele dia, a séculos atrás, e você me deu o poder e o conhecimento que eu necessitava para eu concluir os meus planos. - avisou. - Você me ensinou tudo sobre as artes ninjas, e me deu o seu poder e o seu ensinamento, mas no fim, tudo o que queria era se alimentar da minha energia vital. - sussurrou.
- Eu posso ser um deus sombrio, mas não pode me dizer que sou injusto. Eu lhe dei poder e conhecimento, tudo isso sem lhe cobrar nada além de seu corpo como morada. Eu assisti você usar tudo aquilo que eu te ensinei para se vingar de todos aqueles que você julgava ter feito mal a você. Primeiro, você assassinou todos os moradores da sua vila, depois foi atrás da sua ex-esposa e do homem com quem ela resolveu construir uma nova vida, uma vida que ela nunca teria com um covarde como você.
- CALADO! - gritou Kenshin.
- Eu vi o homem que todos se recusam a ver. Aquele homem no deserto, fraco e chorão, culpando a todos pelos seus erros, culpando os deuses pela morte de sua filha, mas que era incapaz de perceber quem foi o único culpado pela sua vida miserável. - sussurrou. - Eu te ensinei o maior de todos os segredos: de usar o poder da própria mente para definir o seu destino. Lhe dei as chaves para sua autoconfiança, coragem, determinação e sabedoria, algo que nunca fiz por nenhum ser humano. Não porque achava que você era digno, mas por achar que, se em um momento de toda a minha existência maldita, eu fizesse uma única coisa boa, eu provaria a mim mesmo que estava errado sobre a humanidade. E então o que você fez? O QUE VOCÊ FEZ!? Você me aprisiona usando todo o conhecimento que te ensinei, e usa o meu nome e dos manuscritos sagrados para trazer o caos ao mundo! - falou em voz alta.
- Eu só segui as suas leis, as leis que você escreveu. - se justificou.
- VOCÊ PERVERTEU A LEI! - gritou Jashin. - Você construiu um mundo sob o meu nome, mas você sabia bem que o Caminho Jashinista era para poucos! Somente os poucos eleitos poderiam assumir o meu manto, MAS VOCÊ IMPREGNOU ESSA HUMANIDADE IMUNDA COM A MINHA MARCA! - bradou.
- CHEEEEEEEEEGA! - Kenshin gritou, esticando a mão direita e apertando as correntes em seu pescoço. Naquela construção mental, o Pastor era o mestre e Jashin, seu servo. - Você serviu muito bem ao meu propósito. Eu disse a você que criaria um mundo sem sofrimento e sem dor, e quando eu terminar de colher o poder necessário, eu te transformarei em meu cachorrinho. Você pode ser o deus deles, mas EU SOU O SEU DEUS! - ele materializou uma foice em sua mão. - Você julga a humanidade, mas é igual a eles: sempre reunindo os seus eleitos, julgando os que vivem fora da sua bolha maldita. Chega de viver em um mundo de privilégios, onde poucos controlam a vida de muitos. Quando eu terminar, haverá somente um povo, uma única religião, uma única nação! - ele bradou, quando sentiu um tremor ao seu redor. - O que é isso?
- Isso... Isso é a sua mente ruindo. - ele falou, dando gargalhadas. - Você está perdendo o controle dos seus poderes. O momento da verdade está chegando, Kenshin, e quando chegar... GYAHAHAHAHAHAHAHAH! - a risada medonha de Jashin assustou Kenshin.

[...] O Pastor acordou no centro de Amegakure, reparando que estava em uma grande cratera. Olhou para o céu, e viu que a Lua estava avermelhada. Ao virar o rosto para o lado, viu o corpo do seu irmão morto. Lentamente, Kenshin fechou os olhos de Ryoichi, vendo que sua armadura estava completamente destruída. Em questão de segundos, dezenas de shinobis se aproximaram.

- SENHOR, RELATÓRIO! - um deles se manifestou. - A população da vila está fugindo junto para o Oeste, onde navios estão esperando por eles. - disse.
- E por que não estão lá nesse momento!? - perguntou o Pastor, se levantando.
- Porque um grande exército se aproxima dos Portões Norte, senhor. Todas as nossas tropas foram para lá. - avisou o mensageiro.

Com uma grande ira, Kenshin pegou sua foice no chão e cortou o pescoço do Jashinista, pisando em sua cabeça diversas vezes, até deixá-lo desfigurado.

- Onde estão os ninjas invasores? - questionou o Pastor, demonstrando saber da presença deles.
- E-Essex C-Corp, senhor. - disse um segundo jashinista, se curvando com medo de ser morto.
- Hora de acabar com isso. - avisou, caminhando lentamente em direção ao local.