▸Uchiha Eileen.

Há quanto tempo já se fazia noite? Dias? Semanas? - A Noção de tempo já não mais estava presente, e observar os raios vermelhos através da densa neblina que cobria o vilarejo se tornava cada vez mais assombroso. Porém, mesmo jogado sob as circunstância que por muitos poderia ser considerada um mau presságio ou símbolo do próprio fim, preferi me manter recluso nas fronteiras de Kirigakure por mais uma vez, como há tanto tempo em meu passado. Sem a prótese do braço esquerdo, me aproximei lentamente da beira dos oceanos, que agora refletiam o luar carmesim e se tornavam tão vermelhos quanto o sangue. Mesmo assim, estava determinado a dominar as violentas ondas do oceano.

Há tanto tempo recebo tal chamado, e agora, me tornando um shinobi, percebia que era o tempo de atendê-lo. Não era uma conexão comum - Eu havia me diferenciado de meus parentes, optando pelo caminho da pureza e da clareza, para que pudesse ser banhado em águas límpidas que fossem capazes de lavar-me de meus próprios pecados e pesares. Mas agora, consumida pelas trevas, ela não poderia ser usada para nada além da carnificina. Eu desprezava tal pensamento, mas eu não tinha escolha. Não caso eu quisesse manter minha promessa a Amelia.

Concentrando o chakra pelo meu corpo, suspirava fundo antes de colocar meus pés sobre a água rasa, pouco antes do local onde as ondas se quebravam de maneira caótica, uma após a outra. Meu objetivo era simples - Controlar o elemento, e fazê-lo parte de mim. Mesmo que tomasse horas ou me levasse ao limite, me sentia obrigado a fazê-lo. Era uma tarefa essencial, e assim deveria manter-se em linha com meus ideais. Com os passos leves, afundei no oceano até a altura dos tornozelos, em mantendo de pé sobre um par de pedras, em uma única posição, com olhares fixos para a frente e a mão destra próxima do peito.

As ondas que se chocavam com as pedras caíam sobre mim - Litros após litros de água me banhavam, e mesmo assim, eu buscava manter o meu sistema de chakra em harmonia. Sendo capaz de fazê-lo, partiria para o passo seguinte: Libertar o que havia de oculto a minha pessoa. Com o chakra equilibrado, lentamente coloquei o braço direito a frente, para que recebesse o impacto das ondas quando se quebrassem. A partir do palmo, chakra vazava, e entrava em contato direto com as águas do oceano.

Onda após onda - Movimento após movimentos. Queda após queda - Cada falha me deixava mais próximo do limite. Porém, não tinha o direito de desistir. Quanto tempo havia se passado? Uma ou duas horas? Não tinha certeza, e sequer importava àquela altura. Apenas quando fechei os olhos e limpei a mente, com nada além da calmaria, que pude perceber a verdade. Ouvi pingos distantes de água, únicos - Que lentamente se transformavam em uma goteira, e em seguida, em um fluxo. Naquele instante, algo dentro de mim havia explodido. Meu chakra antes convencional que rejeitava o fogo tomava uma propriedade azulada, e com um grito único, colidi o palmo destro com uma das ondas, fazendo com que a mesma se dividisse em duas e passasse reto por mim, não permitindo que sequer uma única gota caísse sobre meu kimono.

Ao olhar para a mão novamente, percebia que o chakra se transformava continuamente em gotas que saltavam e se acumulavam na palma da mão, para então escorrerem como uma goteira, assim como vi em minha mente. Não havia sido uma conexão com o mar - Eu havia entendido como controlar aquela natureza a partir do mais simples conceito de persistência. Eu precisava de uma resposta, e enfim havia encontrado. Não importasse quantas ondas viessem até mim, eu poderia respondê-las. Afastando-as com o palmo, ou criando fluxos simples de água capazes de perfurá-las para abalar a estrutura fundamental dos fenômenos naturais.

Em meio ao oceano carmesim, meus jatos d'água ainda persistiam azuis. Um símbolo da esperança, em meio à tanta desgraça.
Dei as costas. Seria a última vez em que ousaria cruzar meus olhares com o oceano...Até que ele se purificasse desta lua sangrenta. Retornaria para casa, para continuar treinando. Eu não poderia me dar como vencedor somente por ter desperto a natureza elemental. Eu precisava dominá-la - Não por mim. Mas por Amelia. Essa foi a minha promessa. Usar tudo o que eu tenho para proteger quem amo.

Considerações: