A convocação veio subitamente, e antes que se desse conta a garota estava no meio de uma perseguição. Conforme lhe fora rapidamente instruído, o alvo era um fugitivo que tentava escapar de Iwagakure e caberia a ela pará-lo.

É inútil tentar alcançá-lo, ela sabia disso. Shinzo podia ser uma kunoichi, mas seu condicionamento físico era lamentável, para dizer o mínimo. E, se precisasse ser sincera, diria que a ideia de correr atrás do fugitivo pela floresta sequer passou pela sua cabeça. Afinal, quão fácil seria cair em uma armadilha ou ser atacada de surpresa mantendo uma distância curta em relação a pessoa que se está perseguindo?
Não, ela não era uma policial, que se via na obrigação de correr atrás dos bandidos aleatoriamente, deixando que estes guiem seu rumo. Seu estilo era mais sutil, até mesmo elegante.

Por conta disso, durante a perseguição, no instante em que constatou a diferença de velocidade de deslocamento de ambos, a jovem Chinoike acalmou os passos, optando por, ao invés de tentar acelerar seu movimento, manter um ritmo constante e controlado. Com um leve suspiro de consternação, a genin ativaria seu Ketsuryūgan, visando dois objetivos distintos.

O primeiro deles era ajudar a clarear sua visão, já que ela, a partir desse momento, dependeria de conseguir rastrear sua presa através da floresta. Seus olhos buscariam por sinais claros de ações humanas na paisagem, coisas que não deveriam estar ali, como folhas amassadas, galhos que pareciam ter sido movimentados e/ou partidos a pouco tempo (algo que pode ocorrer durante a execução do Ki Nobori no Shugyō), e, é claro, a movimentação dos pássaros no céu. Uma vez que as aves fazem seus ninhos em galhos altos, um passarinho voando em círculos sobre uma copa indicaria que alguma coisa passou por ali, enquanto bandos debandando para determinada direção era um sinal de fuga para a direção contrária a qual o organismo invasor se dirigiu. Buscaria até mesmo por sinais não-naturais, como pedaços de tecido que podem se desprender ao raspar em galhos, manchas de lama no formato de sapatos nos trancos, etc.

A segunda funcionalidade de seu doujutsu era estar preparada para uma possível emboscada; uma vez que não fora capaz de manter o alvo em seu campo de vista, ele, assim que notasse que ela ainda estava em sua busca, muito possivelmente poderia tentar eliminá-la antes de prosseguir. Assim, quem viesse depois apenas encontraria o que sobrasse de seu corpo, sem qualquer pista de para onde o criminoso fugiu.
Pelo menos, era isso que alguém como ela faria.

Inteligente, como parte de sua tática de abordagem defensiva Shinzo mantinha seus olhos também em busca de possíveis sinais de armadilhas pelo caminho. Dentre os primatas há o instinto primordial de se manter longe do chão; não atoa, os ancestrais da humanidade viviam em galhos e terrenos altos: a terra-firma era território dos predadores. Essa noção, muitas vezes esquecida, se mantinha viva na mente da garota, quem nem sequer por um momento se atreveria a encostar os pés no solo, principalmente em situações onde não conseguisse enxergar a terra (como em caso de estar coberto por folhagens). Ao invés disso, através de uma técnica básica, o Ki Nobori no Shugyō, ela se manteria grudada nos galhos e troncos, ainda que em posições tridimensionais, e evitaria encostar em possíveis gatilhos.

Caso fosse atacada de surpresa, sua primeira reação seria contra-atacar o adversário com o Doton: Iwadeppō no Jutsu, mirando os disparos no objeto e/ou técnica que estivesse vindo em sua direção, ao mesmo tempo em que tentaria sair da rota de colisão. Em seguida arremessaria uma Hikaridama (protegendo os próprios olhos em seguida) contra o alvo, usando do intenso flashbang para criar uma janela de oportunidade que ela aproveitaria para se esconder entre as folhagens.

Se, por outro lado, encontrasse o alvo antes que ele a encontrasse (na condição descrita), ela vasculharia os arredores e tentaria usar de sua inteligência para reconhecer uma armadilha que estivesse em seu caminho, e assim conseguir evitá-la. Em seguida, se posicionando a uma distância de dez metros do alvo, ficando escondida em seu ponto cego, ela tentaria se mover de maneira a ficar oculta, enquanto buscava se posicionar diretamente acima do sujeito e, uma vez ali, realizar um disparo de Vita roxo.

Considerações: