Kaden sabia que algo estranho rondava a sua casa, alguém que o seguia para todos os lugares que ele fosse. Podia ser um inimigo, um espião, não podia afirmar com categoria. No momento em que descobriu quem estava ao seu redor, o ex-Hokage decidiu que resolveria aquilo longe da sua família. Ele disse para a esposa que iria visitar o seu mestre, o mesmo homem que lhe ensinou o Hiraishin, e saiu de casa. Caminhou alguns minutos até chegar numa praça vazia, olhando para a Lua e sentando num banco. Acabou acendendo um cigarro e começou a fumar, algo que não fazia a alguns dias. Não era um vício, entretanto, apenas um prazer que não poderia negar a si mesmo. A Samehada ficava em suas costas, para o caso de precisar dela. Enquanto olhava a Lua no céu, o Sarutobi começou a falar algo.

- Você não é muito boa de se esconder, sabia, moça? Ser Hokage durante mais de dez anos tem as suas vantagens. Uma delas é que todos os ninjas tratam você com respeito, e lhe fazem favores. Passei duas noites esperando você realizar o seu movimento, e sei bem que você teve chances de fazer isso, mas ao invés disso, você decidiu ficar só me espiando. Por que não sai de cima da árvore e vem conversar comigo? - questionou, até que viu uma garota pular da árvore, sentando-se no banco ao lado dele, olhando para a Lua também. - Muito bem. Você não parece possuir intenções hostis. Pode me dizer o que está fazendo aqui? - quis saber. A garota acabou indo direto ao assunto.

- Meu nome é Sarutobi Katsumi, da Vila da Chuva. Minha mãe se chamava Yamanaka Kimiko, ela era uma kunoichi de Amegakure, assim como a sua mãe foi no passado, antes de casar-se com o seu pai. Ela me disse que você foi passar um tempo em Amegakure e então vocês dois acabaram se conhecendo. Resumidamente, eu sou a sua filha. - avisou, puxando um envelope para ele. Kaden rapidamente puxou-o, vendo fotos de Kaden e Kimiko juntos, e os resultados do exame de DNA. Ao olhar para a jovem, o Sarutobi conseguiu ver diversas semelhanças físicas entre os dois. - Eu não tinha intenção de vir até você, pois segundo minha mãe, você sempre foi um capacho imperialista, que defende uma bandeira até a morte. Mas aí você virou Hokage, e se tornou o próprio opressor. - disse a garota.

- Pelo visto, sua mãe andou enchendo a sua cabeça com os mesmos pensamentos pseudo-revolucionários que ela tinha. Parecia que ela queria, mais do que tudo, ver o mundo queimar. - sussurrou. Ainda que estivesse surpreso por ter uma filha, não demonstrava quaiquer reações. A forma como Katsumi falava lembrava muito Kimiko. - O que fez você vir até mim então? - questionou o homem.

- Coisas ruins aconteceram comigo e o meu grupo em Ame, e disseram que seria uma boa ideia vir até Konoha para ver se conseguia nos ajudar com isso, mas você tinha maior serventia como Hokage. - resmungou, demonstrando a mesma sincerdiade que a mãe. - O mundo está correndo um grande perigo. A Legião Jashinista está recrutando pessoas por todo o mundo, espalhando a palavra deles e cometendo genocídios. As Grandes Nações acabaram fechando os olhos para isso por um bom tempo, e talvez seja tarde demais para impedi-los de entrarem nas suas vilas. - respondeu.

- Como assim? - Kaden fitou a garota.

- Você não sabe? Eles já estão aqui. A doutrina está sendo espalhada por todo o mundo. Quando estava vindo para cá, fui seguida por três deles. Logo, eles serão um exército numeroso e sanguinário. - avisou, demonstrando um certo nervosismo com tudo aquilo.

- Entendo... Bom, vamos continuar essa conversa em minha casa. Você parece que não come a dias. - Kaden se levantou, tentando assimilar toda aquela gama de revelações.

- Em Amegakure e até mesmo em outras vilas, existem crianças que não comem a muito mais tempo do que eu. Não se preocupe com isso, senhor Sarutobi, eu sei o que é passar fome, ao contrário das pessoas dessa vila, que desperdiçam suas farturas. - ela disse com os braços cruzados, levantando-se. - Mas irei com você, apenas para relatar as coisas que eu sei. - ela o acompanhou, e assim eles caminharam para fora da praça. - Mais um aviso: eu não tenho nenhuma intenção de fazer parte da sua família perfeita e feliz. Quando tudo isso terminar, eu voltarei para a minha vila, e cortarei qualquer comunicação com você. - ela pegou um cigarro do bolso e o acendeu.

- Bom, eu não posso obrigá-la a ficar. - foi o que disse. Não sabia muito bem o que sentir, pois não tinha nenhum sentimento por ela. Acabara de conhecê-la, não podia prever o que aconteceria.

A única coisa que podia prever era a reação de sua família quando descobrisse sobre Katsumi.