Assim que saiu do consultório da analista, o jovem hikari com a mente leve e o coração aliviado, decide retorna para sua casa, porém pegando o caminho mais longo, com o intuito de caminhar e conhecer um pouco mais a região em que reside, apenas teve contato com as pessoas próximas de sua residência, através destas soube sobre o bairro periférica que se encontra a poucas quadras atrás de sua casa.

Os hikaris são um clã rico, todos em sua terra não passam por necessidades essências, muito pelo contrário, todos esbanjo riquezas e saúde, os conselheiros alegam o motivo dessa dadiva, é a misericórdia de Deus, que os abençoaram com a santidade solar. A pobreza é apenas uma teoria deste clã, apesar de apenas os guerreiros que partem para os devidos serviços presenciam apenas esta situação da sociedade externa, mas evitam trazer estes problemas e pecados para a terra santa.

Takeshi foi um destes que guerreiros que presenciou a pobreza, a primeira vez assim que chegou em konoha, quando ainda era uma criança, estranhou um grupo de crianças da mesma idade que ele e até mais velhas, lhe pedindo ajuda, ficou assustado e com medo, mas seus princípios o guiaram para fazer a boa ação em ajuda-los como podia.

A falta de acesso a serviços essenciais, tais como saneamento básico, saúde, educação, energia elétrica, entre outros; bens de consumo, sobretudo alimentos, e bens materiais necessários para a manutenção da vida em condições básicas, infelizmente afetavam o mundo shinobi e em Konoha não seria diferente, apesar de ser uma vila prospera, não se compara a terra santa dos Hikaris, porque? A resposta é complexa, mas o jovem jonin acredita que o pecado consumiu este mundo externo, não que não os tenham, mas pelo fato de se permitirem serem confundidos com estas falhas carnais, como se estivessem em uma ilusão constante, que diferente de um genjutsu que muitos desejam evitar, estes impuros almejam sucumbir.

O loiro aguardava de certa forma o que encontrar em um bairro periférico, mas seus olhos se fixaram e seu corpo permaneceu estático assim que chegou no local. Permaneceu parado sobre um monte, sentia seus olhos lacrimejar e em seguida as lagrimas escorrer sobre suas bochechas, acompanhando de um misto de sentimentos negativos, brevemente conseguindo se recompor. Enxugou seus olhos com a manga de sua camisa, continuando sua caminhada.


O bairro possui conjuntos de barracões de madeira e papelão, que ocupa de maneira desordenada e densa, difícil distinguir onde é estrada ou calçada, pois tudo é preenchido por barro e lama, o odor podre do rio e a fumaça que tampava o céu, tornava um ambiente cinza, sem cor e quase sem vida. Era visível o quanto era prejudicial para os moradores aquela situação, pois poucos se encontram fora de suas casas, o som de tosse e agonia se tornava comum a medida que permanece ali por alguns minutos. Takeshi era centro das atenções naquele lugar, um garoto loiro, esbanjando saúde e com roupas limpas e alinhadas, era alvo fácil, mas sua bandana servia como um escudo, uma espécie de sinal, para afastar os arruaceiros locais.

— Ei tio, ocê tem alguma coisa pra eu cumer?! - dizia uma garotinha de aproximadamente seis anos de idade, magra e pálida, com uma longa camiseta que arrastava no chão, sendo difícil distinguir a core devido a sujeira e remendos multicoloridos.

— Opa, tenho sim, mas não possuo no comigo aqui... tem algum lugar que possa comprar por aqui? - o hikari compadece com a pequena e começa a observar ao redor em busca de alguma mercearia ou algo do tipo, mesmo que pareça ser algo difícil.

— Não, só tem aquela lojinha lá no final do bairro, mas tem uns ninjas que não nos deixar passar - ela dizia com um tom de voz melancólico, quase chorosa e um tanto quanto fraca.

— Eu posso dar um jeito, faz o seguinte, me acompanhe e te levarei até o outro lado

— Mas eu não possu sinhor, minha mamãe e meu papai estão dodói, se eu fizer isso, pode ser que não volte, ai num vai ter inguém pa cuida deles - ela parecia querer choras, mas a pequena continha.

— Me leva até o seus pais, eu sou um jonin aqui na vila e seu usar iryioninjutsu, creio que possa ajuda-los.

Aquelas palavras do jovem iluminado aqueceram coloriu e aqueceu o coração cinzento e frio da garotinha, que pegou na mão direita do rapaz para conduzi-lo, neste momento o hikari pode sentir a mão pequena e gelada da garoto, também notando a pele pálida dela, assim ele fez questão de pega-la e pediu que a mesma a orientasse o caminho.

Chegam em um barraco de papelão de aproximadamente 5m², não tinha porta, apenas um pequeno vão no qual era preciso que o hikari se agachasse para poder entrar. Takeshi conversa com os pais da pequena e após explicar o recente ocorrido, eles aceitam a ajuda, o cavaleiro então começa por realizar o tratamento com a mulher, a pedido do marido dela. A moça demonstra sinais de recuperação, mas o mesmo não ocorreu com o rapaz, o jovem hikari não conseguia identificar a causa, foi ai então que propôs:

— O que vocês acham de irem morar lá em casa, sei que é estranho receber um convite assim de uma pessoa que acabaram de conhecer, mas ... é que eu moro sozinho, tenho três quartos vagos e uma enorme casa que por mais que eu decore, parece sem vida. - o jonin faz uma breve pausa melancólica — Sem falar que mal fico no lugar, seria ótimo ter pessoas que cuidam da casa, não irei cobrar nada, fiquem em paz quanto a isso, não quero prender e nem obrigar ninguém também, é apenas uma proposta. Assim ficaria mais fácil acesso ao hospital e a cuidados apropriados, aqui não me parece adequado para vocês, na verdade, tudo isso me é estranho e novo, de onde venho não existe pobreza.

Eles se espantam com o convite e com as falas do visitante, mas seus sentimentos não eram de medo e sim daqueles que um dia perderam a esperança e simplesmente receberam-na de volta, eles viam como se um anjo estivesse aparecido para salva-los.

— Porque você faz isso? Quais seus interesses? É estranho ver pessoas assim querendo ajudar sem motivos, tudo nessa vida tem um preço, você esta querendo ... - o homem foi interrompido pelo hikari.

— Porque as pessoas merecem ter esperança, saber que Deus não as abandonou, mesmo que os homens tenham a abandonados, eu sou Takeshi Hikari, um guerreiro do Sol e um nobre cavaleiro da Ordem dos Iluminados Cavaleiros do Sol e do Templo de Oroborosu, meu papel como homem santo é proteger os indefesos e levar a palavra do Santíssimo aos aflitos, pecadores e desesperados! - disse com convicção.

Depois das palavras do jovem hikari, a pequena Sofia corre para abraço e começa a chorar, enquanto o agradece, em seguida dizendo para seus pais confiarem, que de alguma forma sentia uma alma boa em Takeshi.

— Mas o senhor nem nos conhece, por acaso sabe o porque estamos nesta condições? - disse o homem com certa dificuldade devido sua saúde precária.

— Pouco me importa. O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas hoje é uma dádiva... por isso chama-se presente.

O casal - Josep e Marth - se emocionam, era estranho para eles e para qualquer um daquele lugar, presenciar ações e pessoas como o garoto hikari, que apesar de tão novo, tinha um coração imenso e uma alma que transcende a bondade humana. Eles aceitaram o convite do jonin, que ajudou o casal a pegarem seus pertences e assim partirem junto dele até a residência do hikari.