Compreendendo que as habilidades de um shinobi iam muito além da força de suas técnicas, resolvi me ater à detalhes muito mais minuciosos que por vezes deixava passar batido. Não era novidade que eu não possuía muita força física, fato esse que pretendia mudar em breve, mas até então era extremamente fraco e até mesmo atirar armas ninjas era uma tarefa complicada quando se tratava de longas distâncias.

Como então, infligir dano em oponentes sem utilizar de demasiada força bruta, eu me questionava. A resposta veio tão fácil quanto respirar, uma vez que minha mente rapidamente trouxe a solução até meus olhos. A técnica por detrás de um golpe contava muito mais do que a força propriamente dita; isto é, saber onde e como golpear poderia ser a diferença entre vida ou morte de alguém.

Um exemplo muito prático e infantil é: se você golpear com força equivalente um homem em dois pontos distintos de seu corpo, uma perfuração na parte interna da coxa e outra na canela, qual das dois ferimentos terá mais chances de levá-lo ao óbito? Na coxa, pela maior presença de vasos sanguíneos importantes.

Para estudar isso era que eu havia me dirigido ao hospital naquela noite, com o objetivo de entender toda a complexidade envolvida no corpo humano. Cada ponto vital, cada cavidade e cada músculo ou tendão que compunha o corpo de um homem. Essas informações seriam cruciais para, em batalha, tornar-me letal e, fora dela, tornar-me útil. Saber diferenciar um ferimento fatal de um ferimento menos urgente ganharia tempo em situações de crise.

Adentrei o hospital com a autoridade de um Chunin e direcionei-me para o necrotério. Em mãos, havia um livro de anatomia, com inúmeras páginas pesadas e uma capa dura. —— Vamos ao trabalho. —— Vasculhei as gavetas com os inúmeros cadáveres em busca de um corpo em perfeito estado, isso é, o mais próximo de uma morte natural que podia haver.

Quando achei, pus o corpo em uma mesa e removi seus lençóis. —— Perdoe-me o incômodo, mas é por uma nobre causa. —— Cá estava, desculpando-me com um morto. Depois de pedir "permissão" ao defunto, peguei as ferramentas necessárias e passei a dissecá-lo, fazendo isso junto com o livro ao lado que servia de material de apoio para identificar cada peça.

—— Entendo, acho que aprendi tudo. —— Com meu intelecto avançado, não era difícil memorizar todos aqueles nomes complicados e regiões. No entanto, demorou alguns horas para isso. As olheiras e o cansaço me acometiam com brutalidade, chegava a hora de ter meu merecido descanso, então costurei o defunto e o devolvi à gaveta com o máximo cuidado. "Acho que irei dormir agora" Saí do hospital com sensação de dever cumprido, embora houvesse acabado de profanar um cadáver.

Considerações:

Qualidades & Atributos:

Itens: