Finalmente o dia estava acabando em Konoha, eu já estava preparado desde o meio da tarde, revisando um pergaminhos de cinco linhas de informações e andando pelos comodos breves da casa esperando o tempo passar, minhas ordens eram claras e estavam todas anotadas de forma bem direta e no fundo não tinha mistério nenhum: Sair ao cair da noite, interceptar a rota de fuga do ladrão de restaurantes da região e leva-lo para delegacia. Sabíamso que era o meliante devido investigações anteriores e agora era colocar a mão na massa. Talvez literalmente.

▬ Cair da noite é tipo quando não tem mais sol? ▬ Perguntei retoricamente para meu pai que estava na cozinha enquanto eu encara o anoitecer um tanto entediado, ele pensou um pouco para responder, mas antes que conseguisse formular algo eu já teria decidido que estava na hora. Parti como um ninja de verdade, pulando entre os prédios mais próximos enquanto apertava minha bandana na testa e certificava que todas as minhas ferramentas estavam à mão.

Sabíamos que a rota de fuga rumava ao norte, caminho que passava pela floresta e era realmente uma excelente forma de despistar qualquer possível perseguição, mas também gerava uma excelente oportunidade de criar uma armadilha. Pensando rapidamente na engenharia e local para realizar uma arapuca, gastei meus 30 minutos de vantagem coletando gravetos, galhos e folhas mais densas, até me dar conta que não tinha nenhum tipo de corda dentro da minha bolsa de ferramentas e sair chutando todo o montinho de utensilios coletados ladeira a baixo. E alguém ouviu.

▬ Quem está ai?? ▬ Indagou a voz atrás de algumas árvores, estas que eu deveria estar vigiando.

▬ ... Yooooo ▬ respondi com a pose mais descompromissada e tosca que consegui pensar, nervoso pelo momento, pela possibilidade de ter estragado a missão ou por não ter pensado em uma resposta rápida o suficiente pra ter domínio da situação.


▬ Cai fora rapaz, eu to ocupado! ▬ A resposta foi rispida junto de uma falha tentativa de esconder uma cesta coberta com um pano que exalava um aroma fantástico de carne bem temperada. ▬ Tenho um compromisso urgente e preciso levar isso logo... ▬ Ele dava dois passos para a direita, tentando ainda seguir caminho sem passar muito perto de mim, talvez a pose tenha realmente intimidado.

Nos encaramos por uns três segundos em total silêncio sem saber quem era o pior mentiroso. Quebramos o momento comigo acocando ao solo enquanto fazia o selo de mão característico da minha técnica especial do clã Nara e com o meliante arremessando sua cesta para o ar em um movimento côncavo, formando uma chuva de pedaços de carnes e tralhas de cozinha e me distraindo levemente do processo de canalização de chakra, não apenas pelos pedaços voadores de comida, mas também pelas duas kunais que ele jogou em minha direção no meio a confusão criada.

Ali eu dominava, saquei a minha do bolso da perna, girei com o indicador e firmei na palma da mão fechada, tanto pela agilidade da minha prática quanto pela falta de refinamento das habilidades shinobi do criminoso, consegui refletir ambas, mas a preocupação excessiva com elas me fez esquecer da picanha mal passada que mirava meu rosto, acertando em cheio e deslizando da testa ao queixo. Três quilos inteiros que faziam meu nariz doer e uma série de especiarias deliciosas que faziam meus olhos arderem ▬ Passaram um pouco do ponto da pimenta... ▬

▬ Isso só pode ser piada... ▬ foram as últimas palavras que escutei dele, enquanto recuava um tanto eufórico, me dava as costas para fugir tateando o escuro desconhecido fora de sua rota de fuga. Eu, com a cara ensanguentada e devidamente temperada, tateei o chão pegando a primeira coisa sólida que encontrei, uma densa tábua de corte, e arremecei com força na direção do fugitivo, que acertado pela nuca caìa tonto no chão.

Não era uma vitória gloriosa, muito menos exemplar, mas talvez eu pudesse usar o sangue no rosto pra aumentar um pouco a história. Depois de garantir pro meu pai que não era meu. Amarrei o homem com uns cipós e nem 15 minutos depois uma patrulha que alcançava, levava o homem e me dava um leve esporro por deixar toda aquela comida ser desperdiçada. Eu concordava lambendo os lábios, estava realmente boa.