Eu sou o Mugen! Hoje vou contar para vocês sobre o dia que me juntei com a Lucille. É, a minha espada se chama Lucille. Ela é uma matadora de Deuses, sabe? Uma daquelas lâminas de corte supremo capaz de atravessar qualquer coisa. É, qualquer coisa mesmo! Mas eu não sabia disso quando botei os meus olhos nela, pois à primeira vista parecia apenas uma velha espada enferrujada e sem valor. Então digamos que foi destino, ou sorte, mas Lucille e eu foi um desses encontros dignos de uma história de um filme da Seção da Tarde, ta ligado?!

Tudo começou quando eu descansava em cima de um telhado e avistei um velhinho forasteiro, ele trajava roupas esquisitas e empurrava um carrinho de mão com um grande baú de madeira barulhento. Esse velho deve ter passado por todas as nações antes de vir para ca, mas em Iwa o buraco é mais em baixo!

Aqui é tipo São Paulo, sacou? Tem as partes bonitas, com casas glamurosas, avenidas largas, gatinha pra la, gatinha pra ca, coroas estilo milf e japonesinhas parecendo princesas de dorama. Mas ai você anda algumas quadras e parece atravessar um portal dimensional, caindo nas profundezas de Osaco!  Em Osasco, meu amigo... as casas são feias, as ruas são sujas, as coroas parecem a Regina Cazé e as únicas japonesas são aquelas gordas te vendendo pendrive e pastel de flango. Osasco é o inferno, meu chapa! E em Iwa esse inferno está bem representado pelo gueto do vilarejo... bem onde eu moro, e bem onde o velhinho forasteiro estava se enfiando sem perceber.

Quando o coroa pisou na primeira calçada suja, eu logo suspirei e disse: - Atravessou o portal. – E segui aquele sujeito com os olhos ao mesmo tempo em que pude farejar o cheiro de pobre caminhando na sua espreita. Forcei as vistas mais um pouco e consegui enxergar os donos do cheiro, eram quatro no total, e com certeza se fosse em alguns anos atrás eu estaria liderando o grupo para roubar o velho. Mas hoje não, hoje eu sou um shinobi “respeitável”, e tenho obrigações para com a manutenção da justiça e segurança de Iwagakure... ou seja, possuo permissão para sentar a porrada em vagabundo.

Por isso eu esperei o primeiro bote, vi o pobre número um segurar o velho pelo pescoço enquanto o pobre numero dois procurava as chaves do baú em seu bolso e os outros dois faziam pose de bandidos da quebrada. - Perdedores... eu não demoraria metade do tempo para depenar o velhote e dar o fora... – Deu mole? Perdeu! Desci daquele telhado como em um daqueles filmes do Tarzan, batendo no peito, testosterona exalando e o punho cerrado que já mirava direto na testa do primeiro filho da puta.

O maluco nem viu o que o atingiu, os outros três largaram o velho de mão e vieram para cima vingar o parceiro. Poderia ter sido mais fácil, mas desde que cheguei perto daquele baú eu senti algumas coisas estranhas... eu meio que podia escutar os batimentos dos caras que eu estava lutando, e eram tão altos que me fazia querer perfurar o coração de cada um. Eu podia escutar o grampo que segurava o chinelo quebrado do pobre número três arrastando no chão, e o meu olfato parecia ainda melhor do que antes, conseguindo farejar até o cheiro de merda da cueca freada de um deles. Aquilo estava me deixando tonto, confuso, e por isso eu tomei uns bons golpes antes de me emputecer de vez e deixa-los em coma.

Sacudi a poeira, estiquei as costas e carreguei aquele velho e seu baú para longe dali.

O resto da história eu continuo no próximo post, cambada!

Após eu passar alguns minutos dando um belo de um sermão naquele velho, explicando tim tim por tim tim sobre como ele podia ter sido morto, roubado, estuprado ou até mesmo comido vivo em um bairro como aquele, eu finalmente fiz o que todo e qualquer sujeito decente faria em meu lugar: cobrei pelo serviço. Ta achando o que? Não existe almoço grátis!

O velho então abriu o seu baúzão, dizendo não ter dinheiro, e humildemente me pediu para escolher qualquer antiguidade como forma de pagamento. No começo fiquei puto, é claro, mas ao olhar mais de perto eu avistei algo que me chamou a atenção: era uma espada estranha, meio exótica, mas com uma beleza ímpar. Havia algo nela que eu não posso explicar, mesmo velha e enferrujada, ainda assim era como se fosse hipnótica, irresistível, capturando toda minha atenção, ta me entendendo?

Não! vocês não estão entendendo... não é tipo chamar a atenção quando você vê uma bunda passando... foi tipo chamar a atenção quando você vê uma ruiva de olhos verdes passando pela rua com uma bela de uma raba, é nesse nível!

Eu podia quase escutar a espada falando comigo, e quando eu a segurei todos os meus sentidos explodiram como fogos de artificio. A espada despertou algo em mim, um poder que mais tarde eu descobriria se tratar de uma Habilidade Única presente em meu DNA, mas não vou dar Spoiler... o fato é que o Chakra Incomum daquela espada reagiu ao meu, me atraiu, e a combinação de: Chakra do Mugen + Chakra da Lâmina, resultou nessa interação bizarra que acabou me afetando profundamente. É embaraçoso contar isso, mas... quando encostei a mão naquela arma, meus sentidos piraram tanto, que até a barraca ficou armada!

Não me lembro de muita coisa a partir daí, só me lembro do mundo girando enquanto eu sentia todos os cheiros, gostos e texturas, os sons de toda Iwagakure invadindo o meu cérebro e a repugnante imagem de um casal de moscas transando em pleno ar sob minha visão com zoom de 50x. É, deu tela azul e eu apaguei. Sei que o velho desgraçado não prestou nenhuma assistência, pegou o seu monte de lixo antigo e deu linha, me abandonando inconsciente em ambiente hostil.

Por sorte, Fuu e Jin foram avisados que eu estava caído em algum lugar, imaginaram que eu estava bêbado e se apressaram em me carregar até nossa casa.

Bom, vou tomar um café e volto para contar o desfecho dessa loucura.

Bom galera, deixe-me apresenta-los uma amiga minha... bem, esta é a Fuu. – Oi! Eu sou a Fuu! – ela não é muito certa da cabeça, mas como eu estava meio desnorteado aquele dia, eu vou deixar que ela conte o resto da história! Mande ver baixinha... – Haaaai! – .

Por onde eu começo? Ahm...  – Eles não tem o dia todo... –Tá Tá,  la vou eu!






Eu me lembro das pessoas comentando que viram o Mugen desacordado em um beco qualquer, abraçado à uma espada velha e balbuciando coisas nojentas enquanto dormia. Imaginei que era apenas mais um dia de bebedeira, e logo fui chamar o Jin para que pudéssemos carrega-lo ate nossa casa. Não é, Jin? – .... – He he, ele é meio calado assim mesmo. Voltandooo... achamos o Mugen na deplorável situação e juntos o levamos por algumas quadras ate chegarmos em casa.

Quando ele acordou, nos contou toda história e nos explicou sobre os seus sentidos estarem alterados desde que a tal espada surgiu em seu caminho. Até tentamos afasta-lo da arma, mas os sintomas persistiam mesmo assim, era como se ele já tivesse sido “afetado” pela lâmina e não fosse mais possível voltar atrás. A partir daí foi um inferno, pois o Mugen podia escutar tudo em níveis exagerados, sentia cheiros que nem mesmo faziam sentido, mal conseguia abrir os olhos na claridade e suas roupas o incomodavam ao ponto dele ter que ficar peladão por vários dias dentro de casa.

Eu e o Jin fomos procurar ajuda e acabamos por encontrar um Inuzuka que tinha uma certa experiência em controlar as altas capacidades olfativas que seu clã possuía. Tivemos que vender sofá, TV e até o nosso cachorro para pagar as consultas com aquele sujeito mercenário, mas felizmente ele foi de grande ajuda... passou semanas visitando o Mugen (que permanecia pelado) e ensinando os princípios básicos sobre como manter os sentidos sob controle. O Mugen pode ter todo defeito do mundo, mas tenho que admitir que sua força de vontade é assustadora. Ele se dedicou, se esforçou todos os dias para tornar aquela nova condição tolerável, e com o passar das semanas ele transformou aquilo tudo em um dom magnífico. Com os super-sentidos sobre controle, Mugen acabou se tornando um shinobi ainda melhor, quem sabe quase tão bom quando o Jin.

Ah! Falando no Jin... Ele fez sua parte e levou a espada em diversos especialistas em coisas antigas, onde acabou descobrindo que se tratava de uma Matadora de Deuses, uma arma muito, muito, mas MUITO rara e com propriedades para lá de especiais. A origem da espada seguiu sendo um mistério por algum tempo, e a razão dela ter causado tudo isso no Mugen vai permanecer um segredo até ele resolver contar para vocês, mas sim, é uma baita história para o futuro.

Tah... eu sou péssima em guardar segredos, então vou apenas resumir e vocês finjam que não sabiam de nada quando o Mugen vier contar essa história.

Gente... acontece que a Espada foi forjada por um sujeito do clã Hattori, e imaginem só que loucura... O Mugen é um Hattori! (Sim, ninguem, nem mesmo ele, fazia ideia disso!) Então o chakra daquela arma reagiu à ancestralidade que Mugen carrega consigo, o que acabamos por descobrir (longa história) que ele não só é um Hattori, mas também possui um certo... “pedigree”. É o que chamam de Prodígio Hattori, e somente aparece um Prodígio a cada século ou algo assim. Incrível não? Logo o Mugen!

Mas voltando... então o Jin devolveu a espada ao Mugen que a partir daí passou a viver um “caso de amor” com ela. Ele a restaurou (com o meu dinheiro), lustrou, afiou e a batizou de Lucille. Mugen passou a incluir a arma em seu modo de lutar, mas demorou a ser habilidoso com ela. Talvez seja por isso que ele ainda misture golpes de capoeira com seus golpes de espada, pois não se garante só com a lâmina, mas enfim... Agora que contei a história eu vou me retirar! Hora ou outra eu volto com mais histórias sobre o Mugen, algumas terão essa pegada, sabe, parecendo que o narrador usou algum tipo de droga e ficou misturando ficção e realidade, deixando vocês confusos sobre quem está narrando e tudo mais. Outras horas serão histórias feitas nas coxas, sabem como é. Mas espero que tenham gostado! Foi um prazer conversar com vocês!

Já acabou, baixinha? – Já!!!! – É isso aí, ela deu a letra.

Então tchau, gente boa, eu vou nessa! Até a próxima!!