Ainda era manhã quando Yuji foi pego. Ele não sabia o porquê daquilo, sequer sabia o que estava acontecendo na verdade. O garoto apenas se viu amarrado, diante de um homem com um capuz estranho e marcas no braço, similar a um triângulo de cabeça para baixo com um círculo ao redor. O garoto não sabia o porquê, ou na verdade, sabia. Tudo começou há cerca de quatro dias, quando Yuji, após sua graduação e recuperação, foi convocado para fazer uma missão de reconhecimento nos arredores do vilarejo da névoa, onde um suposto grupo foi avistado cometendo assassinato. A missão de Yuji era simples: fazer uma ronda e manter a equipe policial informada, mas não foi bem isso que aconteceu. Os dois primeiros dias de missão foram tranquilos, o terceiro, porém, um tanto mais complicado; um corpo apareceu, e apesar do recente chunin avisar a seus superiores sobre o ocorrido, acharam que foi algum tipo de infarto ou coisa do gênero, mas Yuji sabia que havia algo errado com o cadáver após examiná-lo: notou que os ferimentos deste eram internos, e que morreu devido a uma hemorragia. Era como se o falecido tivesse rasgado os próprios órgãos antes de morrer, mas de uma forma interna, o que levantava suspeitas acerca daquilo. Yuji decidiu por averiguar, apesar das ordens de seu superior serem contrárias a esta.

Não demorou muito para o garoto fazer sua busca e encontrar coisas suspeitas, sobre uma tal Kala. Não sabia se era mulher ou homem, infanto ou adulto, só sabia seu nome. As vielas escuras da grande Kirigakure escondem muitos segredos, e alguns – como este – eram necessários ser revelados pelo bem maior. Yuji começou a fazer perguntas, e as perguntas chamaram a atenção, porém, a atenção de um inimigo que ele não sabia. Kala não era uma pessoa, mas sim uma seita religiosa, e essa seita era composta pelos bandidos citados na missão que o garoto recebera. Enquanto fazia sua ronda, Yuji foi cercado por cinco inimigos, e apesar de lidar com dois destes, foi acertado e nocauteado, e agora estava preso, amordaçado, diante de seus captores.

Soube que está perguntando por nós. O que você quer? falou um dos encapuzados.
—— .... —— murmurou Yuji, incrédulo com a pergunta do homem.
Ah, mas é claro, mil perdões. Pronto, pronto, pode falar agora. O homem retirou a mordaça do garoto, que cuspiu no chão em resposta.
—— Levá-los à justiça, bando de assassinos. —— respondeu, enraivecido.

Yuji estava com as mãos e pernas amarradas, e estas estavam presas com força, ao ponto de machucar sua pele. O garoto fitava os antagonistas com raiva no olhar, apesar de estar completamente vulnerável naquela situação. Não havia muito a se fazer a não ser aguardar algum tipo de ajuda, o que seria difícil de acontecer. Itadori suspirou, olhando ao seu redor: notou uma construção antiga e abandonada, com barras de ferro que serviam de janela e deixavam a luz do luar e o ar gélido da vila da névoa passarem. Não soube identificar onde estava, talvez no subsolo, mas não podia afirmar com certeza, e por causa disso, permaneceu calado, quieto, aprendendo sobre o seu ao redor.

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Apesar de ter ficado por horas observando o local, o jovem chunin não soube onde estava, e não fazia nem ideia se estava próximo do vilarejo. Talvez ele estivesse no país da água, numa das ilhas remotas do mesmo, igual àquela que ele havia ido para se graduar. Era difícil saber, e pra melhorar, ele não era bom em geografia. É claro, não possuía um péssimo senso de direção, mas também não possuía um tão bom assim, era meio termo. O garoto de cabelo rosado permaneceu inerte, até que os olhos pesaram, e por um instante, ele dormiu. Dormiu cercado de inimigos, raptado, mas dormiu, não tinha o que fazer no local além disso; reclamar não o libertaria, tentar escapar só iria piorar a situação, então, dormiu.

[...]

Ei garoto, como vai? O som de uma voz desconhecida despertou Yuji do sono. O rapaz ergueu a cabeça, fitando a figura que estava à sua frente. Era um homem de aparência comum, igual aqueles que se veem todo dia, o diferencial deste era a cicatriz no olho direito, e nada mais. Yuji olhou para os lados, e voltou os olhos ao rapaz. Irmão? Deus? pensou mentalmente, ainda fitando o homem. Yuji piscou duas vezes rapidamente, e mordeu o lábio inferior, deixando um filete de sangue escorrer do mesmo. Não, ele não estava dormindo, então aquilo não era um sonho. Suspirou, e fitou o homem, sério.

—— Eu não sou seu irmão, e Deus não existe, então não, não sou religioso. Acredito unicamente no poder que eu possuo, e nada mais. —— respondeu, seco, ainda com os olhos na cara do rapaz. O sangue escorria de seu lábio, mas suas mãos estavam atadas, ponderou se com o pé conseguiria realizar uma invocação, mas sabia que era impossível. Deu de ombros, recostando-se na cadeira, ainda fitando o homem. —— Agradeço o elogio, mas vem cá, vocês vão ser presos. Vou bater em todos vocês se for necessário, mas vocês irão ser presos. —— finalizou, fitando o homem. Yuji permaneceu um minuto em silêncio, e olhou para um dos homens que estava próximo de si, chamando-o. —— Ei, você, vem aqui. Pega um chiclete que está no meu bolso e me dê, tô precisando. —— concluiu, chamando o homem com as mãos amarradas nas costas. Não havia nada mais para fazer a não ser aguardar o resgate, isto é, se o resgate viesse. Yuji poderia tentar se safar, mas como ele o faria? Talvez se conseguisse alcançar a hip-pouch em suas costas… mas era difícil, estava cercado, e agora, a única coisa que ele precisava era de seu remédio.

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Yuji ouviu as falas do homem, que, por um instante, tentou se impor, mas não deu muito certo para com o garoto. A sobrancelha de Yuji levemente se arqueou, e ele olhou para os lados; ninguém se movia, estavam inertes, e então Yuji sentiu sua mente rachar por um instante; era a falta de seu chiclete. O garoto começou a se contorcer nas cordas, tentando rasgá-las a todo custo, ou quem sabe, simplesmente fugir, mas não obteve sucesso, a princípio. Yuji olhou para o suposto líder da seita com sangue nos olhos, o garoto estava sério, e concentrado. Era notável que sua boca deixava escapar saliva, que pingava no chão, tamanha a concentração do rapaz. Com um movimento súbito, o infante começou a balançar a cadeira para frente e para trás, e após repetir o processo três vezes, jogou todo o peso para trás, tentando cair e quebrar a cadeira, livrando-se de suas amarras. —— Ah… Isso é bom. Finalmente livre. —— falou, levando os olhos para o homem à sua frente enquanto a destra tateava o bolso da calça em busca do chiclete para saciar o vício.

—— Eu já possuo algo pelo quê lutar. Valhalla é o nome, uma organização criada por mim e meu melhor amigo; seremos os líderes do mundo, estaremos no topo deste, e seremos os vilões também. O que a sua seita tem a me oferecer que eu não possa conseguir por mim mesmo? —— Indagou, erguendo ambos os punhos e adotando uma posição de combate. —— Me mostre sua determinação, “irmão”. —— finalizou, cortando os poucos metros – oito – que o separavam do homem, visando um soco em seu rosto. Yuji sabia que contra tantos inimigos talvez não tivesse chance, mas se fosse apenas aquele homem… Valeria a pena tentar. Um soco no rosto foi o primeiro movimento do garoto, seguido de um agacho súbito, visando um chute na canela do homem com sua perna direita que se encaixado com sucesso, seria seguido de um mortal para trás onde a perna esquerda iria ao encontro do queixo do antagonista, visando apagá-lo no ato. Yuji estava há dez metros do mesmo, fitando-o com um semblante sério. —— Qual é o seu propósito no mundo? Qual o significado você tem para mim? Dê-me os motivos para eu adentrar à sua seita e eu lhe darei a resposta, do contrário, sentirá a ira de meus punhos, você e sua corja. —— concluiu, sério.

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A fala do homem deixou Yuji um tanto perplexo. A cicatriz no rosto do homem, suas mãos calejadas, sua convicção nesse Deus Jashin… Tudo aquilo dava-lhe um ar de um homem maluco, esquizofrênico ou sabe-se lá o que, mas não de alguém lúcido tal qual era o Chunin. O que seria essa permanência qual ele repetiu duas vezes com tanto ênfase, sinceramente, Yuji estava louco para descobrir do que se tratava aquilo, e se de fato não fosse nada e apenas um loucura daquele homem… ele quebraria seu pescoço em prol da humanidade. —— Me mostre. —— ordenou, ríspido. Yuji precisava ver, algo em seu âmago dizia para ele averiguar tal situação; talvez, se o resgate já estivesse vindo, ele poderia dar cabo do homem junto de sua organização, então arrecadar tempo era o melhor a se fazer, além de descobrir se tudo aquilo que o homem pregava era uma verdade absoluta ou apenas loucura de uma mente arrasada. —— Qual é o seu nome? Não me disse desde que chegou aqui, apenas ficou falando sobre Deus, isso e aquilo. —— Indagou, fitando o homem e seus comparsas ao redor do local. Ita possuía uma ótima inteligência, sendo considerado um gênio por outros, o garoto ponderou do que se tratava aquela permanência de que o homem havia falado duas vezes, incluindo-se nesta.

“... Todos nós viraremos pó quando partirmos, quer dizer, nem todos... Eu não virarei. Nós não viraremos..”

Os poucos segundos que o garoto usou para analisar aquela frase a fundo deixaram-no incrédulo. Não podia se tratar daquilo, era impossível, não havia tamanho poder nesse mundo para tal. A destra de Yuji foi ao encontro da lâmina embainhada na sua cintura, num singular saque, ele visou atravessá-la no peito do homem. —— Você quase me pegou, não existia tamanha coisa como imortalidade. Agora é o seu fim, e de seus companheiros. —— finalizou, sério. Se a lâmina penetrasse a carne do antagonista, Yuji empurraria-a mais fundo, tentando atravessar o corpo do mesmo, observando as feições deste enquanto o fazia. Se de fato a imortalidade existisse, aquele homem seria o primeiro a provar para o garoto, do contrário, seria só mais um lunático que usa disso para cometer crimes.

O vento sibilou, e com ele, a névoa fora das barras metálicas dissipou-se, agraciando o local onde o chunin estava com o luar. Yuji olhou para fora, para a lua, e pensou em como o mundo estava errado, como as pessoas podiam ser tão más umas com as outras, mas nos segundos seguintes ele soube que a resposta era mais complexa do que se podia imaginar. O garoto suspirou, imaginando um futuro melhor.

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E de súbito o corpo do homem pendeu, para simplesmente retornar ao estado anterior, dando um pequeno susto em Yuji, que arregalava os olhos enquanto fitava o imortal. —— Então realmente a imortalidade existe. —— falou, retirando a lâmina do peito do homem, retirando o sangue da mesma ao brandi-la no nada, retomando-a a bainha. —— Sinister, né? Me mostre mais desse Deus Jashin, você conseguiu minha atenção. —— finalizou, caminhando ao lado deste no grande corredor. Os archotes presos à parede tornavam o local macabro, e Yuji observava, capturando cada mínimo detalhe que lhe fosse conveniente. Às vezes, observava alguns homens presos nas celas, perpassando as mãos nos vãos de metal, mas Sinister dizia para o garoto que aqueles que estavam ali eram pessoas ruins que cometiam crimes hediondos. Yuji, apesar da desconfiança, acreditou no que o homem dissera, afinal, até o momento tudo que disse se provou real, então aquilo também poderia ser. Deu de ombros, apesar de não ter gostado nem um pouco de ver as pessoas em cativeiro.

—— O que vão fazer com eles? Matá-los? —— Indagou, ainda caminhando ao lado do líder da seita. Yuji não obteve uma resposta a princípio, e arqueou a sobrancelha, observando o homem com o canto dos olhos. O Chunin não tinha muito a fazer senão continuar a caminhada rumo ao desconhecido, mas ainda sim, algo em seu âmago dizia para ele tomar cuidado; mas com o quê, exatamente? Com Sinister? Ou com algo que estava para acontecer aonde quer que eles estivessem indo? Droga… Ita murmurou baixinho para ninguém ouvi-lo, chateado com seus próprios pensamentos. —— Ainda falta muito para chegarmos lá? Estou ficando com fome, e sinceramente, esse local me dá arrepios. Sinister, né? Me conte mais sobre você, como adquiriu essa imortalidade? Aonde encontrou esse Deus Jashin que tanto fala. Preciso de informações. —— falou, levando um chiclete a boca, saciando seu vício.

O homem não respondeu de imediato, pelo contrário, levou a canhota ao queixo e se mostrou pensativo, como se estivesse imaginando em como falar sobre o início de sua história para com seu Deus. Se o homem não tivesse provado sobre sua imortalidade, Yuji definitivamente acharia que este era louco e nada mais, e talvez tentasse dar cabo deste, mas não foi bem assim; inclusive, o chunin pôde notar que a ferida do rapaz estava cicatrizando, ainda que lentamente. Que habilidade… se eu conseguir possuí-la… pensou, fitando o machucado se fechando.

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Yuji e Sinister seguiram adiante em silêncio por um tempo, até que, o homem decidiu falar, e falou mais uma vez de Jashin, e como este funcionava. Yuji prestou atenção a cada detalhe, cada pequena frase, e entendeu-as, as absorveu, por assim dizer. O garoto possuía tamanha inteligência, mas às vezes era muito inocente; qual seria o preço para pagar a imortalidade? Em seu subconsciente o garoto tinha a resposta, mas torceu para que não fosse de fato o que estava a imaginar; empurrou a idéia pro canto mais escuro da mente, e adentrou a sala com o homem. O cheiro impregnou seu nariz, e os rangidos da madeira açoitaram-lhe sua paz; sentiu um calafrio, sentiu medo, sim, medo, mas ainda sim, se sentou quando o homem pediu, fitando-o com seus olhos penetrantes.

—— E qual seria esse preço, Sinister? Não gosto de joguinhos… Quem irá chegar? Conte-me tudo, do contrário, eu irei partir e levarei sua cabeça comigo. —— finalizou, e seu tom era sério, mais do que o normal. Yuji estava inquieto, os dedos das mãos tamborilava na mesa de madeira e seus olhos não desgrudavam o de seu companheiro. O local era fétido, e por algum motivo, trazia bastante desconforto ao Chunin da névoa. Alguns minutos se passaram, e Yuji finalmente rompeu o silêncio.

—— Falta quanto mais tempo, Sinister? —— Indagou. Yuji olhou para trás e não viu nada além da parede de madeira e o altar, e os homens ao seu redor, também inquietos. O rapaz à frente do jovem Itadori não parecia ficar de forma alguma estranho com aquela situação, na realidade, já estava acostumado, acostumado até demais para o gosto do menino de cabelos róseos. —— É sangue não é? O pequeno “preço” que você dissera. —— Concluiu, irritado. Yuji sabia que deveria permanecer mais um tempo naquela sala e desvendar tudo, do contrário, teria de matar o homem que prometeu-lhe a imortalidade; mas na realidade, como mataria um imortal? Um desafio para ele, se chegasse a esse ponto. O chunin suspirou, e recostou na cadeira que estava, mas mesmo assim a inquietude não passou. Yuji permaneceu fitando o homem, cada vez mais impaciente. Os batimentos cardíacos do chunin estavam acelerando, seu corpo começava a esquentar, e sua mente a trabalhar mais rápido; Yuji estava ansioso. O suor escorria por sua nuca, correndo por todas suas costas, suas mãos que outrora tamborilavam a madeira agora tremiam, deixando claro que o garoto estava nervoso. Sinister… Ita murmurou, por fim.

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Sangue de quem não presta ainda é sangue, mas… ele não está errado. Vermes mereciam a morte. Yuji pensou, deixando de tamborilar os dedos na mesa de madeira, fitando Sinister. O homem perguntou se ele tinha o que era preciso, e se ele estava disposto a tornar-se imortal em prol de Jashin, assim como matar por ele, o garoto ponderou por instantes, mas a resposta era óbvia, tão óbvia que a pergunta se tornava desnecessária. —— Sim. —— respondeu, seco, ainda fitando Sinister. Yuji permaneceu parado, inerte, aguardando “eles”, virando seu olhar para o altar dentro do local. —— É ali que irá acontecer a morte do homem? —— perguntou, indiferente. Não era do feitio de Yuji tratar a vida com descaso, isto é, desde que não fosse vidas relevantes tais quais a dos canibais em sua graduação. Este “bastardo” qual Sinister mencionou era tão insignificante aos olhos de Yuji quanto os canibais mortos anteriormente. O chunin relaxou os ombros, recostando na cadeira e aguardando.

[...]

E então a porta de madeira rangeu, despertando Yuji de seus pensamentos. O garoto viu um homem com um véu no rosto e boca tampada, sendo carregado por outros dois. Sinister fez um movimento com as mãos, e todos da sala saíram, com exceção dele mesmo e o próprio Itadori, que ficou fitando o prisioneiro por alguns segundos. Sinister dissera, e ainda sim, Yuji o ignorou, continuando com seu foco no homem aprisionado; o chunin notou, porém, que o homem que estava consigo começou a fazer um círculo um triângulo invertido dentro, o mesmo que o levou até este local de agora. O problema, é que este símbolo estava sendo feito com sangue. Yuji achou aquilo repulsivo, mas sabia que fazia parte do ritual deles e era necessário para sua imortalidade. O garoto respirou profundamente, e aceitou o punhal quando lhe foi entregue, e no instante segue, assim que Sinister se virou, a garganta do homem havia sido cortada, e seu sangue banhava o solo. —— Sinto muito. —— concluiu, segurando o corpo que se debatia no chão.

Segundos se passaram e Yuji se ergueu, com as mãos cobertas de sangue, fitando Sinister. —— Houve algum problema? —— Finalizou, limpando as mãos nas vestes, sujando-as com sangue. Yuji sentou no lugar de outrora, de cabeça baixa, pensativo. Havia assassinado alguém a sangue frio, ainda que em prol de um objetivo; talvez tornar-se o vilão não fosse algo tão fácil assim, carregar todo o ódio do mundo era algo que poucos conseguiriam. O garoto sorriu, e relaxou os ombros; se iria se tornar o mais forte do mundo, teria de estar disposto a aguentar tudo isso e mais.

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Os instantes de descanso se encerraram quando o homem dissera para o chunin mimicar seus movimentos de outrora, refazendo o círculo, porém, com um pouco de seu próprio sangue misturado ao do homem. Yuji arqueou a sobrancelha e levantou, indo até o corpo, cortando sua mão com o punhal e deixando o sangue escorrer pela mesma, misturando-se com o do homem. Nos momentos seguintes, o garoto refez o círculo usando dos pés para tal, iniciou com um círculo e terminou com o triângulo invertido, e quando concluiu, notou sua aparência mudando gradativamente como Sinister havia dito. O branco pálido de outrora deu lugar a listras negras por toda a extensão do corpo do infanto, deixando-o curioso do porque aquilo. Quando Yuji foi perguntar ao rapaz, este já havia partido, deixando-o só na sala. O garoto permaneceu assim por algum tempo, se olhando no espelho, até que de súbito, Sinister gritou, falando sobre um sacrifício.

—— Mas que m… —— disse Yuji, deixando para trás a sala e correndo em direção ao lado de fora. Quando chegou, porém, notou que um embate estava sendo travado; Sinister e seus capangas contra o que aparentava ser ninjas de kirigakure no sato. Yuji permaneceu inerte por um tempo, atônito com a situação. A ajuda havia chego, mas um pouco tarde, ainda sim, o garoto avançou com o máximo de sua velocidade, em direção aos capangas do homem que concedeu-lhe a imortalidade. A investida do garoto iniciou-se com um soco na altura do nariz do primeiro inimigo. Contra o segundo, que estava ao lado do primeiro, Yuji visou chutá-lo na altura do pescoço, trazendo o mesmo para o chão ao forçar seu pé no mesmo. Recuou, porém, cinco metros, e fitou Sinister. —— Mas que merda você tá fazendo? —— disse, sério. Não havia motivos para aquela batalha, Sinister estava em desvantagem numérica, e mesmo sendo imortal, ele não seria páreo para todos ali. —— Abaixe as armas, Sinister, não há necessidade de continuarmos com isso. —— finalizou, observando-o. Os punhos estavam erguidos, e Yuji se mantinha há dez metros do homem, e quinze dos shinobis da névoa. Era como se suas posições formassem um triângulo com cada um numa ponta.

—— Eu sou aquele que vocês tão procurando, apesar da aparência estranha eu estou bem. —— disse Yuji, observando-os. Os cabelos dourados do homem chamou a atenção de Yuji, assim como a Katana que este portava. Sua aparência era de alguém forte, e apesar do interesse de ver até onde ia sua nova habilidade, o jovem chunin decidiu por manter-se quieto, esperando que a confusão fosse resolvida apenas com palavras.

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E então toda a carnificina acabou. Os homens não precisavam mais morrer em vão, muito menos Sinister precisava continuar aquele banho de sangue que só resultaria em sua própria morte – se é que isso era possível. Yuji fitou o loiro, e meneou a cabeça em afirmação quando este indagou se conhecia o homem. As demais perguntas, porém, não foram respondidas da mesma forma. —— Ele não me fez de refém, e as marcas negras é a manifestação do Deus Jashin em meu corpo; aparentemente obtive um tipo de imortalidade, igualmente ele tem. —— finalizou, deixando o homem prender seu “irmão” enquanto os demais capangas destes eram deixados para trás uma vez que o loiro não possuía quaisquer provas quanto a estes.

—— Qual é o seu nome? Você disse que veio me resgatar, e agradeço por ter o feito. Apesar do que aconteceu, sinto que eu não poderia sair dali de forma fácil. Foi mal Sinister. —— finalizou Yuji, levando a destra ao bolso da calça e pegando um chiclete para saciar seu vício. A caminhada continuou em silêncio uma vez que o garoto esperou por respostas de seu superior, e enquanto aguardava, olhava para o céu, notando que o amanhecer estava chegando. O garoto espreguiçou-se, e continuou a trilhar o caminho junto dos homens.

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Yuji ponderou por alguns segundos sobre o que responder ao seu superior, mas sinceramente, não sabia como iria explicar para ele, teria de ser do início, e ele não tinha muita paciência para isso. Ainda sim, deu de ombros, continuando o trajeto. —— Não foi coerção, lavagem cerebral ou qualquer outra coisa. Jashin é um Deus que nos garante imortalidade, resumidamente. —— falou, mas não contou toda a verdade, e nem poderia: sacrifícios de sangue não seria bem visto pelo Jonin de nome Flashy. A caminhada continuou com mais perguntas e respostas de ambos, até que, o homem indagou o chunin sobre Sinister, que respondeu de imediato, sem titubear. —— Ele e eu não temos nada em comum além de Jashin e a imortalidade que nos foi garantida. Ele me presenteou com esse poder, mesmo sendo um criminoso. —— finalizou Yuji, fitando Sinister.

A viagem de volta para o vilarejo foi um tanto quanto demorada, mas foi tranquila. Yuji se dispôs a responder todas as perguntas feitas por Flashy que não as poupou. Quando ambos chegaram ao vilarejo, se separaram. Yuji foi para casa, e Flashy foi levar Sinister para a cadeia, onde realizaria interrogatórios e sabe-se lá mais o que iriam fazer com o outro imortal.

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