Um pouco mais de um mês se passou após o Chūnin Shiken que ocorreu em Amegakure no Sato. Uzumaki Natsumi, como foi de conhecimento geral, falhou na missão de trazer a vitória para Kiri. Alguns dos aldeões não gostaram nada do que foi feito pela garota, a derrota trouxe a ela somente desprezo e solidão, além, é claro, do ódio dentro dela mesma por ter perdido de forma tão patética. A garota, por conta de sua personalidade e feitos dentro da Vila da Névoa, já era afastada de algumas atividades, a sua fama de ladra, trombadinha e encrenqueira era razoavelmente alta.

Depois do seu retorno à vila, começou a notar que não estavam mais mandando missões para ela, outrora recorrentes. Aquilo a deixou num período em que não conseguia mais lutar, somente treinar de vez em quando. Aos poucos um sentimento de ódio vinha ao seu coração, dia após dia. Ódio das pessoas que a desprezam, daqueles que a afastaram, daqueles que não a ajudaram.

Natsumi seguiu vivendo sua vida normalmente, porém o dinheiro mínimo de uma genin deixava tudo mais difícil. A comida terminava antes de receber o salário para repôr, então em alguns dias, a Uzumaki tinha que ficar sem comer, ou então ela roubava quem passava pelas ruas, relembrando a época em que morava nas ruas de sua vila.

A ruiva viveu assim por mais de seis dezenas de dias, até que, depois de voltar do mercado, um mensageiro de Kiri a estava esperando na porta da sua casa. — Natsumi? — perguntou a ela. — Sim, sou eu. — respondeu. — Foi convocada a comparecer ao quadro de missões da vila, estão a esperando lá agora mesmo.— informou. Antes mesmo dela pensar em alguma resposta, o oficial já tinha sumido num piscar de olhos. Natsumi rangiu os dentes com raiva, odiava quando isso acontecia, mas ela entrava em sua casa para guardar suas coisas para então partir aonde fora chamada.

Uma hora depois, a genin de Kirigakure estava diante de alguns ninjas que cuidavam das missões da vila, com a adição de um oficial do alto escalão da vila. — Nós sabemos o que aconteceu no Exame Chūnin… Na verdade, a vila inteira sabe. Aquilo não nos agradou, garota, praticamente nos envergonhou diante das outras vilas. — discursou o oficial. — Como punição, deixamos você afastada das missões por dois meses. Esse tempo finalmente acabou, então você pode voltar a realizar as tarefas que seu cargo demanda. — explicou, enquanto puxava um papel e entregava a ela, nele continha a foto de um homem com cabelos alaranjados e rosto fechado. — Uma missão para você, este homem vem dominando os arredores da vila através de pequenos vilarejos e nos trazendo problemas, aliás, ele é um problema para Kirigakure há anos, já realizou diversas operações de fuga de criminosos procurados aqui, por exemplo. — situou. — Recebemos informações que ele estará numa vilarejo próximo daqui em um dia, é o ponto mais perto da vila que ele ficou em quinze anos. A chance de capturá-lo é agora, por isso a chamei. — finalizou. A Uzumaki ouvia tudo, porém sua feição ainda continha um pouco do ódio que sentia por terem a afastado de tudo. — Entendido. — respondeu a garota e virou-se de costas para sair, mas antes, deixava uma observação. — Só quero deixar avisado que ele não chegará vivo aqui. — e assim saiu.

A ruiva saiu do local e foi direto para o portão da vila, onde recebera um mapa da pequena aldeia em questão. O que ela estava sentindo e acumulado por meses estava focado tudo naquela missão, matar aquele cara era o seu objetivo.

Não demorou muito para que a genin chegasse até o seu destino. Já no portão haviam dois guardas armados com lanças. Natsumi, um tanto quanto impaciente, simplesmente avançou e com um jutsu de raio conseguia derrubar os dois com uma velocidade incrível, a mesma técnica foi o suficiente para estourar o bloqueio e assim entrar no vilarejo. Mais guardas apareciam e a genin continuava a matá-los com extrema facilidade. Seus cabelos avermelhados eram armas, atacando tudo e todos. No fim do vilarejo havia uma casa bem mais ornamentada, visivelmente mais rica. De lá, saía o alvo que tanto procurava. — O que está acontecendo aqui?! — exclamou ele. — Senhor Karman, essa ninja de Kirigakure é uma máquina de matar! Ela está atacando sem dó! — respondeu um dos guardas. — Não é possível… — disse Karman. Ouvindo a voz dele, Natsumi virou seu rosto, encontrando com o dele e o reconhecendo. — FINALMENTE ACHEI VOCÊ! IREI TE EXPLODIR EM PEDAÇOS! — a Uzumaki estava em êxtase. O inimigo ignorou o aviso da genin, ficou observando o rosto dela. — Você… é igual a ela. — disse ele, surpreendentemente calmo. Natsumi estranhou a naturalidade dele, mas continuava a avançar em direção a ele, diminuindo a velocidade pouco a pouco, ficando a poucos metros dele. — Ela me disse que você tinha morrido no parto. — falou. — Do que está falando, filho da puta? — a ninja se irritava mais. — Você é minha… — Karman complementaria, porém uma kunai é fincada em sua barriga, era Natsumi, já tomada pelo ódio. O homem cuspiu sangue e deu uma risada fraca. — Realmente você é filha dela, uma Uzumaki de fato. — revelou e então caiu no chão. — Uzumaki? O que é Uzumaki? — Natsumi não entendia no momento. — Maldito, você já está morto, né? Você só falou merda atrás merda e não explicou nada. — exclamou para ele, o corpo de Karman já não continha mais vida.

A genin, ao perceber que o seu alvo já estava morto, simplesmente ignorava o resto dos guardas – que pouco faziam já que seu líder estava morto – e retornava para Kirigakure com as palavras daquele homem na mente. A origem de Natsumi era uma incognita para ela desde sempre, mas parecia que aquele quebra-cabeça estava começando a ser respondido.

Ao retornar para Kiri, ela deixava avisado para os guardas. — Como eu disse, ele está morto… e é um lunático. — relatava. A portaria então entregava a recompensa da missão para a ninja, que ia para a casa.

Daquele momento em diante, Natsumi pensava melhor no que o homem havia dito. — Uzumaki… seria isso um clã? — perguntou a si mesma dentro de casa. — A minha família pode se chamar Uzumaki… e ele… o que ele era meu? — novamente questionava-se.

Considerações: