Era madrugada de um dia aleatório em Kumogakure. Usando um longo roupão negro de cetim, Kazuha Uzumaki acorda com uma voz o chamando dentro de seu castelo. Ao se levantar, nota que sua esposa ainda está dormindo. Atualmente haviam se passado pouco mais de sete meses de gestação, então o tamanho da barriga já incomodava e tornava o sono de Harumi extremamente leve, era melhor não acordar a esposa. Enquanto fazia tal constatação, o Jounnin ouve mais uma vez seu nome ser chamado, numa voz alta mas ao mesmo tempo abafado, como quem tenta sussurrar de longe. Os sons pareciam vir do enorme jardim. Saindo com cautela para não fazer barulho com as pesadas portas de madeira que separavam os cômodos da moradia, o albino segue lentamente e ainda sonolento até o lado externo de seu castelo. Não se lembra, porém, de pegar armas ninja ou qualquer coisa do tipo antes de sair - por estar numa área teoricamente segura e ser um dos mais respeitados shinobi da nuvem, não acreditava que alguém teria a audácia de atacá-lo ali. Chegando lá, se sentou em frente à bela fonte, que possuía na estrutura o busto de uma bela mulher, deusa do amor de acordo com a cultura local. Lentamente uma figura toda vestida de preto, encapuzada e esquisita começou a se aproximar lentamente. O alerta já estava aceso para Kazuha, que apesar de não acreditar num combate em potencial, estava ligado na situação. Após alguns segundos a figura, que pelo timbre da voz se revelou uma moça, começou a falar com o ninja.

Suas palavras não eram de fácil compreensão e representaram um choque para o homem que as acabara de ouvir. Não apenas um choque, como a possível ruptura de toda uma realidade que ele acreditava existir, e acreditou por toda uma vida. A moça, com belos olhos vermelhos escarlate que se destacavam absurdamente em meio ao breu da noite sem lua, dizia ser uma ANBU de Kumogakure, de um departamento secreto que ninguém senão os mais importantes podiam saber que existia, por esse motivo ela não revelaria o departamento em si. Disse, naquele momento, que uma esquisita agulha havia sido plantada na cabeça do jovem, de uma maneira que o fez perder todas as memórias de seu passado. Isso teria sido feito pois algumas memórias do papel de seu pai na antiga grande guerra não podiam ser lembradas por qualquer um, uma vez que nas mãos inimigas podiam ser perigosas e desequilibrar toda a estabilidade política do relâmpago. Kazuha a questiona, quase que imediatamente, sobre os motivos de tal revelação em tal momento da vida do Jounnin, noivo e aguardando o nascimento de seu primeiro filho. Não é como se ele acreditasse cem por cento na história de uma louca de pedra que invade seu jardim de madrugada, mas as suas palavras eram extremamente convincentes e isso corrobora com as alegações de fazer parte do governo da vila. Ela responde então, suavemente, que o Uzumaki seria crucial para o futuro próximo do vilarejo, e precisaria de suas lembranças de volta para poder cumprir todos os objetivos de seu destino com maestria. O Uzumaki ainda não entendia totalmente o assunto, mas estava disposto a pagar para ver. Com pouca hesitação, ele oferece a nuca e pede, numa frase seca, as suas memórias de volta. Ela, como se tirasse a espinha de um salmão, junta os polegares e indicador direitos na altura do jovem e, como um beliscão, puxa. Tudo fica preto, e o branco apaga.

Assustado, ele acorda, e os raios de sol já invadem o seu quarto pelas frestas mal fechadas da cortina. Espera, no seu quarto? Mas ele não havia apagado no jardim? Seu grito, de susto, ao acordar, havia acordado também sua mulher. Ainda grogue, ela pergunta ao noivo se está tudo bem, que responde de imediato que está, sim, tudo bem. Olhando o relógio central do cômodo, o relógio marcava dez e um, o café da manhã já estava servido. Ele auxilia Harumi a se levantar, e conduz a moça até a mesa principal de refeições, para tomar a mais importante do dia. A cabeça do Jounnin, porém, explodia como se duzentas kibaku fuuda tivessem sido enfiadas em seu ouvido e ele martelasse uma bigorna com a própria testa. Muitas lembranças de sua história vão surgindo, aos poucos, na sua mente. Ele havia sido criado, sim, pelos pais. Sua vida havia sido feliz, fatos esses que eram um grande branco na mente do albino. Mas quem teve o interesse em esconder tudo isso? Quem era o grande filho da puta que proporcionou a Kazuha uma vida de mentiras? Era a resposta que ele iria atrás agora.

considerações: