Saudações.

Bom, é assim que se deve começar algo como isso? Eu não tenho certeza. Foi uma recomendação da bibliotecária, uma amiga que a longo tempo vem me dando bons conselhos.

Decidi confiar nela dessa vez, e fazer o registro dos eventos recentes nesse caderno. Sabe-se quais serão as consequências ou benefícios de fazer como tal em um futuro distante.

Comecemos pelos ocorridos, pelo cenário.

Recentemente, voltei do Chunin Shiken, após sofrer uma derrota nas quartas de finais do exame. Quando acordei novamente, já havia sido trazida para Kumogakure novamente. Após alguns dias de recuperação, voltei a ativa, começando com algumas missões fáceis para que pudesse me reabilitar.

Agora, para os detalhes.

Parece que mesmo já a um bom tempo após aquela maldita guerra, Kumo ainda se encontra em um estado de descuido. Kagaya, o nosso Nidaime Raikage, parecia ter seu respeito dentro da vila derrubado drasticamente. Não poderia tentar defender o homem de qualquer maneira, pois das curtas interações e avistamentos que eu tive do Raikage durante as visitas ao gabinete e durante a guerra, apenas fui capaz de determinar que ele era um homem arrogante, cheio de sí, e que se vestia como um palhaço triste. Um palhaço triste poderoso, mas um palhaço de qualquer maneira.

Talvez eu deva apagar isso... Enfim.

Meu período de reabilitação foi simples, pela maior parte. O impacto da técnica usada pelo meu oponente – alguma espécie de explosão de ar – causou sangramento interno substancial, além de algumas costelas fissuradas, e uma terrível concussão, a qual a dor de cabeça só passou a alguns dias atrás.

Quando voltei a ativa, foram em missões de caráter clerical e administrativo. Quis evitar um esforço físico exagerado para não piorar minha condição física. A primeira que fiz foi relativamente simples, apenas ajudar com a papelada dentro do escritório do centro da vila. A maior parte organização e agir como office-girl, buscando e categorizando documentos para os outros funcionários. Após aquele breve período em que trabalhei sobre missão oficial, aprendi que o âmbito clerical era bem interessante (Mas intensamente monótono), e eu tinha muito que poderia aprender do local. Assim, me cadastrei para fazer o trabalho de forma salariada por alguns dias, até me recuperar completamente das minhas enfermidades.

Me pergunto se serei capaz de solicitar um aprendizado com a Assistente do Raikage, só para aprender como o sistema funciona em um nível alto... Será algo interessante de tentar.

A próxima missão também foi bem simples, apenas entregas aos arredores do vilarejo, para postos avançados e similares. A maioria das entregas eram apenas correspondências de baixa importância, a qual era mais seguro ter um ninja como entregador para garantir que cheguem em seu destino sem ser perdidas devido ao terreno traiçoeiro do pais dos trovões. A minha viagem me levou em alguns lugares interessantes, mas nada que eu nunca havia visto. Eu tive uma boa oportunidade de observar o interior do país do trovão. Você não apreciava o clima e terreno do país do trovão simplesmente por estar lá, por que em toda honestidade, não é um clima muito agradável a maior parte do tempo. É algo que você tem que procurar. Escondido bem a vista de todos.

E o que mais tive em todo esse tempo foi tempo para pensar.

Primeiro, pensei se a carreira de uma Kunoichi era realmente algo que eu queria seguir... Não vou mentir, eu fiquei com dúvidas. Após uma derrota tão devastadora, eu me pensei como uma inútil por alguns dias. Eu sempre fui fisicamente fraca – e depois que eu tive meu tempo como uma escrava e me alimentava uma vez a cada cinco dias? Ai tudo foi por água abaixo. Eu com doze anos pesava menos que uma criança de quatro. Foram tempos difíceis. Mas... então eu lembrei que eu os superei. Eu superei aquele tempo. Eu continuei em frente, eu fugi, e eu cheguei até aqui. Não era hora para desistir por que eu já tinha prova concreta de que eu conseguia ultrapassar meus obstáculos.

Por hora, desistir não está nos planos.

Depois que tive essa conclusão, comecei a pensar nos caminhos que eu deveria seguir para continuar a me desenvolver como uma Kunoichi. Agora, não seria mais... exemplar, pois meu histórico estava permanentemente manchado. Eu era uma Genin de 18 anos. Isso não era muito comum. Eu precisava ficar mais forte, mas não sabia como.

Horas passaram a fio tentando pensar em algo... E então eu lembrei que não precisava pensar em tudo sozinha. Eu tinha um Jonin Sensei experiente que poderia repassar seus conhecimentos para mim, apesar de eu já não ter visto ele a um bom tempo. Seria uma boa oportunidade para reconectar, e perguntar sobre o que realmente aconteceu na luta final da guerra. Afinal, eu não estava lá para ver o que aconteceu.

E, bom, foi isso o que aconteceu nesses últimos tempos. Eu fui derrotada, eu me levantei, eu quero continuar a frente... Eu tenho alguns planos, mas sinceramente, vou ter que realmente me reajustar se eu jamais quiser chegar a qualquer lugar.

A bibliotecária também falou que tudo o que eu escrevesse aqui deveria ser curto, apenas relembrando e refletindo os acontecidos... Consideramos que já escrevi três páginas, creio que uma pausa agora será bem-vinda. E, aliás, conversar com um livro é bem estranho.