Os meses pós guerra foram tempos calmos para Ryoma. O seu interesse pela profissão de Investigador se tornou constante, devorando livros e arquitetando métodos eficazes de coletar informações sobre diversos assuntos do interesse do seu mestre. Podemos dizer que o foco daqueles estudos ainda era Isirus Senju, pois Shishio sempre reforçou que o patamar da organização criminosa subiria quando o corpo do ninja lendário estivesse sob o seu domínio.

Para facilitar os seus acessos e também para ser discreto em suas investigações paralelas, Ryoma passou a realizar investigações também para a Vila de Kumogakure, se tornando uma espécie de agente duplo. Seu expediente se dividia entre coletar informações para a vila e coletar informações para o seu mestre. Contudo, a prioridade sempre foi seguir as ordens de Shishio, afinal, a vila sempre se tratou de um disfarce para a sua verdadeira natureza.

Em sua primeira missão, que durou meses, Shishio pediu para Ryoma que reunisse uma série de informações básicas, testemunhos e até mesmo boatos avulsos sobre o alvo. O seu objetivo era de ter dados suficientes para que um futuro plano perfeito fosse formulado... uma operação à prova de falhas em que Isirus pudesse ser capturado. Por vezes Ryoma testemunhou a comunicação de Shishio com Viktor, o cientista que lhe devolveu a vida em um novo corpo. Estava claro para ele que a captura do Senju era também de grande interesse para Viktor.

Devoto de seu mestre, Ryoma também se tornou um aficionado pelo Kyūseishu, pois tudo o que mais desejava era ser útil aos interesses daquele que o criou. No entanto, Ryoma reconhecia sua fraqueza diante de um alvo tão poderoso quanto Isirus, e sabia que o objetivo final exigiria tempo, além de exclusiva dedicação. Agora, sem o poder do Hyouton, deveria se limitar apenas a investiga-lo ao mesmo tempo em que desenvolve suas habilidades com o corpo Hyūga. Quando estivesse pronto... ai sim... seria Ryoma quem deveria traze-lo morto para seu mestre.

Por isso, Ryoma estudou, investigou e aprendeu mais sobre o herói de Konoha. Colheu depoimentos de testemunhas de seus feitos e reportou cada detalhe a Shishio.

Sua missão era simples. Tão simples como investigar lugares por onde Isirus passou, pessoas com quem ele falou e até mesmo indivíduos que o queriam morto. Tudo era anotado em um pequeno caderno, e fotos documentais eram anexadas em seu arquivo. Ryoma ainda dedicou uma parede inteira de seu quarto a recortes de jornal sobre os Kyūseishu e o lendário herói de Konoha... um trabalho constante que consumia boa parte do seu tempo. O mais chocante, foi que em sua empreitada Ryoma acabou por descobrir que Isirus não era apenas um herói... descobriu que aquele homem em diversos momentos não hesitou em matar seus adversários. Mesmo sendo ovacionado por muitos, no fundo, Isirus também era um homem perigoso.

Para cada informação coletada, Shishio o recompensava com sua gratidão. O pobre Ryoma não recebia nenhum prêmio, nenhuma moeda ou ouro, mas não se sentia triste por isso, pois apenas a felicidade do seu mestre já lhe era satisfatória. Como um ignorante cão treinado, Ryoma seguia as ordens daquele homem cegamente, e tratava os seus objetivos como se fossem realmente seus.

Isirus Senju se tornou um inimigo jurado pelo Jounin, mas não havia ódio ali... havia apenas o sonho de ser aquele quem cumprio a famigerada missão.

Para Kumogakure, no entanto, a natureza de suas missões era totalmente diferente. Ryoma foi mandado a investigar criminosos de fato, e muitos deles possuíam relações de negócios com Shishio e seus aliados. Como seria possível Ryoma trair a confiança do seu mestre e angariar provas contra ele? Isso Ryoma jamais faria.

Assim, Ryoma previamente convocou uma reunião com assassinos, traficantes e contrabandistas que faziam sociedade com seu mestre. Utilizou de diplomacia para explicar para cada um deles a sua nova profissão, seus novos deveres e obrigações... e com muita astúcia definiram normas que, no final das contas, beneficiariam a todos.

O plano era avisa-los com antecedência que haveria uma investigação, dando tempo para que aqueles bandidos pudessem limpar seus depósitos, desaparecer com testemunhas e tomar todo cuidado possível para não deixar nenhuma prova para a polícia de Kumogakure no Sato. Assim, Ryoma poderia prosseguir com suas missões e ainda servi-los com informações privilegiadas que certamente os manteria longe dos olhares da lei. Todos saíam ganhando.

Mesmo acompanhado e vigiado por outros investigadores,  Ryoma colocou seu plano para funcionar... seguiu suspeitos do tráfico de drogas e negociantes de armas, coletou pistas falsas com informantes pagos pelo crime, rastreou milicianos que já sabiam que estavam sendo seguidos, e lançou cada mão de protocolo corretamente... mas não prendeu nenhum bandido. A polícia de Kumo não entendia como aqueles fora da lei conseguiam se safar tão bem sem deixar nenhum rastro comprometedor para trás. Ninguém desconfiava que era Ryoma quem estava por trás de acoberta-los e guia-los para falsas provas.

As missões eram cumpridas a risca, mas nunca davam em lugar nenhum.

Aquela situação perdurou por algum tempo, até que Ryoma pediu uma dispensa temporária alegando sobrecarga em seus serviços. Por ser um investigador bem quisto, seu pedido fora atendido e então Ryoma aproveitou sua folga para investigar os próprios policiais de Kumo. Fazendo isso, Ryoma conseguia antecipar ainda melhor os movimentos dos militares e permitir que Shishio continuasse fora de suspeita para a polícia.

As drogas continuavam a ser entregues, bem como os sequestros e extorsões permaneciam a todo vapor, enchendo os cofres da organização criminosa. O agente duplo, Ryoma, acabou por se tornar o melhor informante para o mercado negro do Relâmpago, uma mão suja infiltrada dentro da lei.

Por fim, como um policial corrupto que se preze, Ryoma começou a cobrar por tais serviços, e essa decisão partiu do próprio mestre que o comandava. Shishio o instruiu muito bem, e logo os outros criminosos aliados passaram a fazer um pagamento semanal para o jounin continuar com o “bom trabalho”... isso encheu cada vez mais os cofres de Shishio, auxiliando no financiamento de suas atividades ilícitas.

Ao final daquele ciclo, Shishio chamou Ryoma para uma conversa reservada e falou:

- Você tem trabalhado muito, Ryoma-kun, meu filho mais precioso. Graças a você nossos associados tem crescido e nós crescemos mais ainda. O ópio vai bem, ar armas ainda melhor... nosso laboratório está repleto de corpos e diversos empresários estão nos pagando cada vez mais. Nossa organização está mais forte desde que você se tornou não só o nosso investigador, mas também um corrupto investigador de polícia da Nuvem. Isso é bom... muito bom... mas sabe, não foi para isso que te criei. Isso é só um caminho... uma fase... um momento oportuno, não é mesmo? Me diga... para o que eu te criei, Ryoma?. –

- Para matar, mestre. O senhor me criou para ser a arma perfeita. –

Shishio abriu um largo sorriso e afagou seus cabelos.

- Exatamente, Ryoma-kun. E está chegando a hora... a hora de você matar novamente. Prepare-se, evolua mais um pouco... e então... eu quero que mate Isirus Senju. –

- Sim, mestre. Eu o farei! –