Como já era comum para a vida de Shino Saigo, muitos dias eram ditados pelas mensagens que recebia enquanto dormia, e essas se tornavam cada vez mais intensas desde o massacre e sua primeira morte, a garota pôs a mão na pequena cicatriz em seu peito enquanto rezava para Jashin em mais uma manhã enevoada e estagnada, nem um galho se movia, aquele prometia ser um dia abafado, e o nascer do sol parecia uma pintura no horizonte. Saigo quebrou o jejum com ovos cozidos e batatas assadas nas brasas da fogueira da noite anterior, sua mente só pensava no seu mais recente presságio, onde viu-se de costas para sua antiga família, morta no chão, e a sua frente via vultos, um em particular bem próximo e estranhamente familiar, sentiu-se compelida a ir à vila, algo lhe aguardava, e sabia a maneira ideal de iniciar esses processos misteriosos da vida.

Em sua canoa saiu da ilhota onde vivia nas firmes ruínas de pedra de um macabro monastério em direção de Kirigakure, atravessando o mar silencioso rezando baixinho, Sai ia trajada com vestes ninja tradicionais negras, bandagens cobriam seus pulsos e o colar para dentro de sua roupa, onde também ocultava em locais diversos suas armas. Sai embarcou no pequeno porto de seu costume e adentrou Kirigakure, as ruas estavam cheias de pessoas de toda sorte vivendo suas vidas, Saigo escolheu uma das mais largas ruas da vila, e nessa rua encontrou uma construção mais alta que as outras, era um pequeno prédio de uns 12 metros de altura, e como uma boa kunoichi escalou a estrutura, e lá de cima começou a espalhar a palavra:

- OUÇAM, POVO DE KIRI! Escutem enquanto há tempo, a morte anda ao vosso lado, e é preciso fazer as pazes com ela! - aquilo chamou a atenção de um ou outro, Sai sacou uma kunai de sua manga, expôs seu braço esquerdo e produziu um sério corte em seu antebraço, do cotovelo até a palma da mão, o sangue imediatamente jorrava abaixo de si, no parapeito onde estava, Sai abanou seu braço rubro, chovendo sangue sobre os que passavam, gargalhando em êxtase, e prosseguiu fanaticamente: - Jashin vem para todos! Aqueles que temem sua vinda devem se entregar agora! Eu mesma irei levá-los até ele!

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A reação dos cidadãos da Névoa se tornava cada vez mais interessante, o que a princípio eram estranhos olhares desconfiados e até temerosos se tornou um festival, lá em baixo na chuva de sangue o caos reinava, mulheres fechando os olhos de suas crianças, cidadãos comuns apertando o passo para não se sujar, outros que xingavam e até atiravam pedras contra a mulher, protestando futilmente contra aquela que tem a graça da morte, tudo aquilo levava Saigo a um êxtase espiritual, o objetivo de sua performance estava sendo um sucesso, aqueles que corriqueiramente não pensavam na morte agora sentiam seu sabor quando o rubro sangue escorria nos lábios dos desavisados, e Saigo gargalhava, seu riso descontrolado sendo sua mais fiel prece à Jashin, cujo símbolo desenhava em sua testa com seu sangue, a comoção dos fiéis e infiéis era generalizada, pouquíssimos eram aqueles que simplesmente passavam como se nada estivesse ocorrendo, era notável a presença de alguns Jonin nos arredores, como se estivessem cogitando parar a garota. Foi assim que Saigo sentiu seu cabelo ser puxado para trás, e esteve então cara-a-cara com um jovem de olhos avermelhados, como se estivesse acabado de acordar de um sono mal dormido, a gritaria parecia somente aumentar. Saigo ergueu sua mão ensanguentada e visou agarrar o pescoço do jovem, ainda rindo em êxtase.

- A igreja da morte é a vida! Todo e qualquer canto da Terra é meu púlpito, pois Jashin é quem dá a ordem final a todos os seres viventes, e você não é diferente, rapaz! Meu nome é Saigo, digo que reconheça Jashin antes que seja tarde demais, e você se cague quando chegar sua hora, que pode estar mais perto do que imagina! - finalizou com uma gargalhada, virada de costas contra o parapeito que dava para a plateia atenta e furiosa.

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