Uma pequena brecha na janela era a responsável pela passagem da luz solar. Sua intensidade não era tão quente, e a luminosidade produzida por ela não era o bastante para incomodar. Devido a isso demorei alguns minutos até perceber que o dia havia se erguido em meio a folha. —‌ Será que se eu pedir uma folga, eles me dão? ‌—‌ Os olhos tinham certa dificuldade para se abrirem, e a preguiça era predominante naquele momento. Só queria ficar deitado na cama não fazendo nada.

Assim fiquei, rolando de um lado para o outro sobre o colchão até ouvir as batidas em minha porta. —‌ Acho que não vai ser hoje que vou poder descansar mais. ‌—‌ Tinha quase toda a certeza de que o responsável pelo barulho era algum mensageiro esperando para me entregar uma missão. Todos os anos apagado tiraram o costume de receber mensagens. —‌ Já vou! ‌—‌ Preferi falar algo para não pensarem que eu não estava.

—‌ Bom dia. ‌—‌ Como eu tinha imaginado, ali estava uma pequena mensagem para mim. —‌ Obrigado. ‌—‌ Fechei a porta logo depois de pegar o pergaminho. —‌ Estão me chamando no Hospital, pelo que parece é urgente. ‌—‌ Em meu rosto ainda estava o resultado de uma noite de sono um tanto conturbada. Por estar sonolento precisei tomar um banho gelado antes de reunir as minhas coisas e sair de casa.

O clima estava mesmo muito agradável, com leves rajadas de vento frescas que tocavam a pele do rosto. Deixei a brisa me beijar por alguns instantes, antes de pular sobre uma das casas. Analisei bem o caminho pensando na trajetória que deveria seguir, e então comecei a correria.

De telhado em telhado avistei o hospital, parando logo depois de saltar de cima de uma das casas. —‌ Agora vamos ver o que é. ‌—‌ Em passos apressados, adentrei no local e segui diretamente a uma das enfermeiras do local, já explicando o que eu fazia ali. Ela me entregou uma pequena bolsa junto de um mapa, já me dando mais informações do que deveria ser feito. —‌ Está ótimo. ‌—‌

Dei uma olhada no mapa enquanto seguia até a saída, vendo que a grande distância me obrigava a seguir com rapidez. O problema é que se fosse por cima das casas novamente eu poderia quebrar o frasco de remédio por saltar de mais, e se fosse pelas ruas principais eu corria o risco de esbarrar em alguém. —‌ Hum, acho que é melhor desse jeito. ‌—‌ Enrolei o mapa e o coloquei na bolsa junto das armas que eu tinha levado, e então comecei.

O ritmo começou mediano, sendo o bastante para desviar de algumas poucas pessoas que apareciam na frente. Claro, naquela hora de manhã o movimento não era tão grande quanto na parte da tarde, mas já era o bastante para atrapalhar a minha locomoção mais rápida. Com isso peguei as ruas paralelas às principais, aumentando levemente a velocidade por não ter tantas pessoas. Precisava apenas manter a atenção para desviar das que do nada apareciam na frente, o que era um pouco frequente por não perceberem que eu estava chegando.

Tomava todo o cuidado com a bolsa com o remédio quando me esquivava das pessoas, ainda mais quando precisava saltar sobre alguma pequena banca ou fruta que caía no chão. Como não estava muito acostumado a correr tanto, comecei a sentir o suor escorrer pelo rosto. Parte da blusa já estava suada, e os músculos se dilatando. Pareciam que estourariam, mas era apenas o esforço que estava fazendo.

Foi um alívio chegar no portão. Na minha frente havia agora apenas a floresta. —‌ Está certo, cuidado. ‌—‌ Voltei a correr, tendo a noção de que deveria tomar cuidado para não tropeçar em alguma raiz ou galho grande enquanto corria. Precisava desviar de algumas árvores algumas vezes, mas por conhecer parte daquele lugar não era algo tão complicado assim.

Considerações:

Passar pelas árvores não foi tão difícil quanto imaginei no início da missão. Para mim, ter que ficar desviando delas e de suas raízes seria algo prejudicial, mas no final foi apenas pequenos obstáculos. —‌ Nada é tão fácil. ‌—‌ Falei isso ao ser obrigado a parar, devido a um grande buraco que se encontrava a frente. —‌ Isso não estava aqui, estava? ‌—‌ Um questionamento o qual não teria muito tempo para saber a resposta.

Tive que olhar para todos os lados à procura de um novo caminho, obtendo assim três opções. Uma delas era vagar por um caminho que parecia ser mais curto, mas que se fechava com árvores. A outra seria pegar um caminho aparentemente mais longo, mas sem muitas vegetações. Já a terceira, seria tentar ultrapassar o buraco de alguma forma. Essa, não era uma boa alternativa. —‌ Preciso ir o mais rápido possível, então vou por ali. ‌—‌

Minha decisão tinha sido tomada com os fatos obtidos até então. Não tive problema em passar pelo meio das árvores, e por isso escolhi o caminho mais curto com a vegetação habitual. Como a passagem tinha muitas árvores, teria que tomar cuidado redobrado para não acabar quebrando o recipiente. Não teria como seguir com a mesma velocidade, já que uma esbarrão em alguma daquelas árvores poderia ser fatal.

Como o caminho estaria repleto de raízes, teria que saltar sobre eles quando fosse necessário. Além disso, teria que desviar dos diversos galhos que apareceriam pela frente. Claro, me esforçaria para fazer tal coisa, já que não queria perder o remédio que carregava comigo. Se aquilo seria o bastante? Esperava que sim, e por isso continuei na tentativa de alcançar o outro lado da passagem.

Somente quando chegasse no acampamento que me sentiria mais aliviado. Seguiria diretamente a um dos ninjas para explicar a situação e falar sobre o remédio que estava levando para eles. Me apresentaria, e mostraria o frasco de remédio para eles.

Considerações:

Passaram alguns minutos e nada de chegar no acampamento. Percebi ali que tinha me perdido no meio da densa floresta. —‌ Ok, acho melhor subir. ‌—‌ Olhei para cima enquanto canalizava uma parte de chamar em meus pés, segurando firmemente a bolsa em minha cintura.

Minha ânsia era alcançar o topo da árvore, para de lá de cima conseguir observar a região. Usaria o mapa para me localizar, e achar novamente o caminho para o acampamento. Somente quando conseguisse seguiria rumo a ela, mas dessa vez indo pelas árvores para conseguir me achar novamente caso me perdesse.

Esperava que dessa vez conseguisse alcançar o acampamento, pois não queria mais tempo do que já tinha perdido até aquele momento. Minha atenção se encontrava redobrada, para que não desviasse do caminho correto sem querer. Apenas chegando por lá, sairia de cima das árvores para dialogar com os ninjas daquele local.

Estava alí para uma única coisa: levar o remédio que me fora entregue. Primeiramente me apresentaria, deixando claro que era um ninja de Konoha e que estava ali em missão, depois explicaria o porquê de estar naquele lugar. Mostraria a eles o remédio que estava na bolsa, para confirmar o que eu estava falando. Aguardaria pela resposta deles, esperando que acreditassem em minha palavra.

Considerações:

A vista de cima daquela árvore não era das melhores, não me ajudava a encontrar o que eu queria porque não conseguia ver muita coisa. Precisava buscar mais, observar mais e apertar mais os olhos para enxergar o mínimo vestígio que me levasse ao objetivo. —‌ Achei! ‌—‌ Estava a metros de distância, e quase não consegui vê-lo de onde eu estava, mas de acordo com o mapa aquela era a torre do acampamento. —‌ Já demorei demais. ‌—‌ Dali mesmo avancei, impulsionando-me de árvore em árvore até alcançar enfim o ponto que precisava.

Explicações foram dadas assim que cheguei ao acampamento e fui parado por alguns ninjas que me questionaram sobre o porquê de estar ali. Quando souberam o motivo me levaram até o homem que tinha sido envenenado pelo que disseram, apresentando a mim o resultado de tal ato ardiloso. Era nítido que o homem deitado naquela cama não estava bem. Suas veias se encontravam enegrecidas e sua pele sem cor, como se aos poucos a vida tivesse escapando por suas mãos.

A situação mudou quando o remédio foi ministrado e dado ao ninja, deixando-o aparentemente melhor, mas ainda desacordado. —‌ Isso é estranho. ‌—‌ E muito, mas falei bem baixo para não ser escutado antes de falarem algo sobre o ocorrido. —‌ Há, de nada. Fico feliz que tenha conseguido salvá-lo. ‌—‌ Sua mão pousou sobre o meu ombro, e então precisei me atentar ao que ele tinha a dizer.

Um novo pergaminho foi entregue em minhas mãos, sendo este um tanto improvisado enquanto o outro shinobi continuou. —‌ Entendi senhor, pode deixar. Sendo assim, preciso de algumas informações. Onde ele foi encontrado, quem o encontrou e como ele foi encontrado? ‌—‌ Meu rosto expressava um olhar sério, como se eu não fosse tão jovem quanto aparentava. —‌ Gostaria de falar com todos os ninjas que estão no acampamento, todos juntos se for possível. ‌—‌ Assim que a pessoa que encontrou o ninja envenenado chegasse, se já não estivesse ali, eu pediria para irmos até o ponto onde o envenenado fora encontrado, e pediria para o outro ninja falar para todos os outros shinobis seguissem até o mesmo ponto para que eu pudesse falar com eles.

Considerações:

As primeiras respostas vieram rapidamente, em um tom um tanto bem humorado para o momento. —‌ Entendi. ‌—‌ O ocorrido fora pela manhã enquanto todos, ou quase, se encontravam em seu sono. ”Quase sem ninguém para ver o que aconteceu. Como fizeram isso com ele sem ninguém perceber? Essa seria uma ótima maneira de facilitar. Bem, talvez não tenha sido alguém, mas sim um animal venenoso. Vamos ver no que dá.” —‌ Obrigado pelas informações, vão me ajudar. ‌—‌

Todos juntos ao redor da fogueira, começamos a conversa. Observei bem atentamente cada rosto e cada reação, iniciando com uma pergunta simples e talvez bem óbvia. Alguém tinha visto algo diferente do normal? Os dois que faziam a guarda deixaram claro que não tinham visto nada, já que eles mesmo estavam de guarda naquela manhã. Mais ninguém dali tinha visto nada, e ainda disseram que o homem estava em sua tenda sozinho quando isso aconteceu. Não ouviram barulho, nem nada do tipo. Apenas agradeci a todos pelas informações, que me faziam pensar que talvez fosse um animal que tivesse feito aquilo.

Pedi ao ninja que me seguisse até a tenda do homem, para que me ajudasse caso fosse preciso. Chegando lá começaria a investigar, abaixando-me até os sacos de dormir para ver se tinha alguma criatura dentro dela, mas não os tirando do chão e os deixando na mesma posição em que estavam. Com os olhos afiados que eu tinha, junto da minha atenção veria centímetro por centímetro daquele saco.

Vendo o pequeno buraco nele eu veria se debaixo também teria um buraco. Percebendo o que estava no solo, chamaria o outro ninja. —‌ Hey, tem um pequeno buraco tanto no saco de dormir quanto no chão logo abaixo. É bem pequeno, como se algo pontiagudo tivesse perfurado os dois. Pode ser um animal, ou então outra coisa. O que me diz? ‌—‌ Mantive a atenção no outro homem para saber o que ele faria.

Considerações:

O outro ninja se aproximou do buraco e o cutucou com uma kunai, e dali saiu uma criatura que nunca tinha visto antes em minha vida. —‌ Mas que negócio é esse? ‌—‌ Era estranho, seu corpo era verde e seu rosto roxo. Uma combinação diferente de tudo o que já tinha visto. Ela se colocou em duas patas enquanto fazia um barulho estranho, voltando a adentrar no buraco como se estivesse fugindo da gente. —‌ Então foi isso que envenenou o homem? ‌—‌ Sussurrei para mim mesmo, vendo o mais velho sair por alguns instantes.

O homem voltou com outro ao seu lado, o qual explicou o que era aquela criatura. Não tinha noção de que algo como aquilo existia mesmo. —‌ Esse mundo está cheio de surpresas. ‌—‌ Novamente murmurei para mim mesmo, seguindo os outros ninjas até o lado de fora enquanto um deles me entregava uma caixa cheia de papéis bomba. —‌ Ah sim, pode deixar que farei isso. ‌—‌ Segui até o primeiro buraco e já coloquei um dos papéis em seu interior, e logo depois saí dali.

Percorri todo o acampamento, desde seu centro até as tendas, pedindo permissão para adentrar e analisar o seu interior. Os buracos que encontrasse eu colocaria os papéis, colocando bem fundo para não ter nenhum problema. Tomaria todo o cuidado para não ser mordido, prestando total atenção para me esquivar caso fosse preciso até então. Até mesmo nos arredores do acampamento fui procurar, tampando os que achasse com os papéis bomba tomando todo o cuidado. Somente quando encontrasse todos os buracos que eu retornaria até o ninja que me entregara a caixa, dizendo para ele que tinha terminado. Então esperaria sua ação e sua permissão para partir dali.

Considerações: