Passava-se mais uma noite de serenidade em Kumogakure, com a brisa gélida e o clima úmido do Outono afetando a todos, enquanto a maioria dos habitantes deveriam estar mais preocupados com seus lares e família, Hisoka estava a procura de algo que lhe retirasse do tédio. De alguma forma, o mesmo acabava terminando dentro da Biblioteca do vilarejo, talvez seu inconsciente estivesse dando-lhe a pista de que precisava se distrair com alguma leitura. No entanto, ao mesmo tempo que gostaria de ser produtivo, Hisoka não sentia vontade alguma de reler as escrituras ninjas, chegando a conclusão de que deveria apenas treinar seu intelecto.

Avistava um livro em tons pastéis em cima da estante pública, aproximando-se o suficiente para agarra-lo e então analisa-lo mais de perto. "Shogi, Um Xadrez Oriental." seu título bordado e detalhado ao couro da capa ilustrava sua magnificência, além do conteúdo ser um tema ao qual Hisoka estaria realmente interessado. Durante seu tempo na Academia Ninja tinha aprendido a jogar xadrez com algum de seus colegas de classe, entretanto, como nenhum deles parecia gostar das regras extras do Shogi, quase nunca o jogavam e consequentemente mal lhe ensinaram sobre o jogo...

Começando sua leitura silenciosa, o primeiro tópico descrevia o que era o Shogi, que em breve resumo era uma variação do xadrez no oriente, e então prosseguia para os ensinamentos básicos de como joga-lo. "Um tabuleiro de nove colunas e nove fileiras em forma de matriz quadrada, com quarenta peças totais no jogo e vinte são para cada jogador, sendo cada peça reconhecida pelo kanji de identificação: um rei, nove peões, dois cavalos, uma torre, um bispo, dois lanceiros, dois generais de prata e dois generais de ouro. Seu objetivo é simples: capture o rei do adversário." De fato, era muito semelhante ao xadrez, exceto pela novas peças e a mecânica diferenciada de promoção e recolocação de peças capturadas, o que aumentava e muito o grau de complexidade e possiblidade se comparado ao modelo tradicional.

Com os fundamentos em mente, não demorava muito para Hisoka começar a jogar contra sua própria pessoa, ou melhor, formular estratégias com base no que estudava. Shogi, assim como o xadrez, simulava quase metaforicamente um campo de guerrilha, onde a estratégia e posição de suas peças eram as maiores armas de seu líder e o valor de cada uma delas poderia ser passada de inestimável para descartável em questão de poucas jogadas. E a maneira como tudo poderia ser diferente, onde cada evento poderia mudar o resultado do jogo, assim como era a vida, fascinava a androginia em todos os aspectos. Contudo, não poderia madrugar naquele novo entretenimento e por isso terminava sua onde de experimentos ali para então começar outra vez no dia seguinte.

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