Por mais que a velocidade que sua principal arma fosse a velocidade, os inimigos de Izuku Lee o temeriam por todas as vias possíveis, seja por sua extrema velocidade intocável, ou por sua força e habilidades no combate corpo-a-corpo, que desde a academia estava acima do comum, mas com o tempo foi se tornando algo que havia deixado brevemente de lado. Por isso estava no campo de treinamentos, frente a frente com o boneco alvo. Ele então concentrou seus pensamentos nos pés buscando alternar entre chutes na altura do peitoral do boneco de madeira, os primeiros golpes atingiram o alvo do treinamento e se quer fizeram ele se mexer, demonstrando a falta de força do ataque, e isso o irritou ainda mais, o poder que ele buscava estava tão distante de si, quanto de sua missão de destruir todos os líderes mundiais que ainda ousavam vestir seus títulos. Aqueles bonecos fediam Kirigakure no Sato e seu Mizukage, eram os alvos adequados para extravasar a ânsia de destruir a vida do mesmo. Sentia como se toda a aldeia fosse dependente daquela figura central, e a fraqueza dele um dia os derrubaria, e ser fraco era algo que ele não aceitava, poder era tudo, se você não o tivesse teria tudo roubado de si, como um dia ele também teve seus parentes roubados por assassinos, eles eram fracos, ele era fraco, e não aceitaria mais isso em sua vida.

Rodopiou novamente, dessa vez procurando acertar a cabeça do manequim, mas foi sua perna que saiu dolorida depois do forte impacto, era uma luxação do golpe dado, mas ele não parou apesar da dor tremenda que sentia com cada impacto, na realidade ele estava sentindo raiva e a raiva era um bom anestesiador da dor, inclinou seu corpo buscando espancar aquele boneco, encheu seu punho e o fechou acertando mais alguns golpes, imaginando que aquele era o próprio Mizukage, os golpes faziam com que aquele pequeno boneco tremesse violentamente a medida que também eram manchados com o sangue do punho da adolescente, aquilo estava longe de ser perfeito, mas uma coisa era real, a dor, não a que sentia em seus punhos, mas sim o que sentia em seu coração, a raiva que fazia se sentir vivo, uma raiva que se acumulava e destruía ele por dentro, não estava satisfeita, e buscou acertar ainda mais golpes, irritadiça com o fato daquela coisa se quer ter mexido, precisava de mais poder, queria acima de tudo adquirir a força necessária para destruir todos os líderes que existiam naquele mundo, arrancar as cabeças de seus inimigos com os próprios punhos e se possível beber do sangue deles em seus crânios. Por fim se descansou seus braços estavam doloridos e seus punhos sangravam e respingavam sobre a terra batida do campo de treinamentos.

Observava a terra, descansando o corpo ao se sentar nela enquanto seus dedos desenhavam levemente um rosto infeliz. A dor que estava percorrendo seus músculos eram o combustível para manter-se atento e vivo. Izuku respirou tão forte que os músculos de seu peito latejaram com a dor, mas aquilo apenas serviu de gatilho para o garoto deitar seu corpo e estender os braços para frente, deixando-os alinhados. Em posição de prancha, aquele era um dos exercícios mais básicos e iniciais para se fazer, apenas da grande resistência física que seria exigida do jovem. O ato da flexão consiste em abaixar o corpo de forma uniforme até que o peito fique a uma mão do solo, sem tocar e lentamente retornar para a posição inicial do exercício. Podia sentir, na primeira repetição do ato, os músculos do peito e do tríceps gritarem de dor, ardência, com as micro-lesões deixando cada repetição ainda mais dolorida, ainda mais motivadora de ser feita. Os braços de Izuku já não estava mais conseguindo suportar seu próprio peso, tanto que em sua última repetição ocorria a falha do treino e seu peito tocava o solo, deixando a fúria tomar conta do garoto. Seus olhos refletiam o quanto estava odiando não conseguir se sentir poderoso, socava o chão mesmo com as dores do último treino. Forçando-se ao máximo, deitou suas costas na terra e flexionou levemente os joelhos, mirando os olhos em um alvo fixo. Com as mãos ao lado da cabeça, elevou apenas o abdome e voltou-o quase completamente, evitando deitar-se por completo. Aquilo queimava a região treinada ainda mais forte que as flexões que estava fazendo, repetia o processo tantas vezes que seu corpo estremecia e pingava em suor, manchando o chão com o fluido. Quando a falha acontecia novamente, o Genin deixou seu corpo encontrar o solo para descansar. Olhava as nuvens se movendo com velocidade nos céus, ouvia os próprios batimentos como sinos que anunciavam todo o esforço que estava fazendo. Quem o assistisse de longe, provavelmente pensaria que era um rapaz dedicado, que estava treinando para o bem. Mal podiam imaginar que cada dor em seus músculos era com o objetivo de aniquilar todos aqueles que entrassem em seu caminho, e iria fazer isso da forma mais maldosa possível. Levantou o olhar, batendo de frente com um conjunto de pesos a poucos metros. Levantou e os pegou, sentindo o braço esticar com o peso que o puxava para baixo. Flexionou para cima, sentindo o bíceps tremer e arder, mas não poupou-se da sensação queimante, apenas repetiu e repetiu aquele movimento, deixando seu corpo ser destruído em pequenos pedaços que iriam se regenerar ainda mais forte nas próximas vezes. Largou o peso e por fim se sentiu exausto, finalizado. Voltaria para seu apartamento na parte ruim da vila, mas não antes de conseguir um excelente e grande pedaço de carne para devorar.

HP: 250/250 | CH: 250/250 | ST: 00/04