O Primeiro encontro

O assassino refém

Ryoma mergulhou em uma longa investigação, onde foi atrás de pistas que o levassem até Mahina. O Jounin sabia que a viúva estava no país do Relampago, mas também sabia que Mahina nunca ficava muito tempo no mesmo lugar.

Com o andar das investigações, Ryoma percebeu um padrão nos movimentos da mulher, e notou que alguns locais eram visitados com frequência. Mahina estava planejando algo, e recrutando aliados, pois frequentemente visitava ambientes frequentados por nukenins.

Ryoma descobriu estes lugares e colocou um selo Hiraishin em cada um deles. E graças às informações adquiridas, o jovem conseguiu intercepta-la em uma hospedaria de baixo nível. Ele esperou Mahina escolher um quarto e hospedou-se no quarto ao lado, e então no meio da noite Ryoma a atacou.

O combate foi bastante diferente do esperado, pois Ryoma imaginou que a dama optaria pela fuga, mas não... havia algo diferente naquela mulher, algo que Shishio não havia lhe contado. Ódio. Mahina tinha se tornado uma mulher amarga e agressiva, e não fugiria de um combate. Suas habilidades eram fora do comum, utilizando o Hiraishin com uma maestria que fazia Ryoma envergonhar-se de sua técnica.

Por fim, o duelo desenrolou após Mahina transporta-los para uma Dimensão paralela. Um mundo escuro e repleto de dor. Ryoma tentou resistir, mas fora pego por uma série de correntes negras que travaram seus movimentos e o tornou refém da viúva de Tobirama Uchiha. Atado à uma cadeira velha, Ryoma estava à sua mercê.

Naquela situação, Mahina o torturou por várias horas, no intuito de descobrir quem seria o mandante do assassinato, mas Ryoma não estava disposto a falar.

Por sorte, Mahina tinha outros afazeres, e resolveu deixa-lo amarrado enquanto cumpriria seus objetivos no mundo material. Ela deu o seu salto dimensional e Ryoma por ali ficou, esperando o seu retorno para finalmente ter o seu fim. Mahina deixou claro que o mataria ao retornar.

Preso naquelas correntes, o jovem não conseguia por algum motivo usar chakra de forma eficiente, impedindo-o de escapar com o Hiraishin ou outra técnica. Mas estranhamente Ryoma ainda conseguia manipular a temperatura do ambiente... aquela forma pura de manipulação de chakra ainda era possível, mas sem fazer selos ele mal conseguia manipular o gelo para ter algum efeito sobre as correntes.

O tempo era curto, e Ryoma precisava dar um jeito de escapar.

As tentativas eram diversas, mas o ambiente era quente e seco demais para conseguir uma quantidade de gelo suficiente. Além disso, o pouco hyouton que ele criava não tinha a força necessária para liberta-lo.

O Primeiro encontro

O assassino refém

A situação começou a ficar desesperadora quando Ryoma percebeu que as correntes não só atrapalhava a sua circulação de Chakra, mas também o sugava pouco a pouco. Encurralado, o jovem precisava rompe-las a qualquer custo.

Inicialmente, Ryoma começou a usar o chakra de forma explosiva, imaginando que um alto fluxo seria suficiente para criar um gelo mais poderoso capaz de destrui-las, mas logo frustrou-se ao perceber que não se tratava de grandes quantidades de chakra.

“Eu me lembro de algo... algo que Shishio um dia me falou.” Pensou

Ryoma recordou-se de uma conversa que teve com seu mestre anos atrás, onde Shishio o contou sobre sua batalha contra Tobirama.

Foi dito que Tobirama enfrentou sozinho um exercito de homens poderosos durante a guerra, levando os seus dons naturais ao limite. Mesmo sem o Sharingan, Tobirama conseguiu derrota-los com sua maestria no elemento vento. Derrotou inclusive Shishio, que experenciou sua técnica Fūton que quase destroçou o seu corpo.

“Lembro-me que questionei a força de Tobirama com um elemento básico de chakra... me senti superior por eu possuir o domínio de um elemento mais poderoso. Shishio riu disso e me repreendeu por minha soberba, e disse que qualquer elemento básico bem treinado venceria o poderoso Hyouton se eu não alcançasse o seu ápice. Meu mestre disse que Tobirama conseguia criar furacões inteiros sem o uso de selos, apenas alimentando o ambiente com seu chakra Fūton... me pergunto se eu conseguiria fazer algo tão grandioso com o meu gelo.”[/i] Refletiu.

O Hyouton era a sua única chance naquela situação, e agora mais do que nunca Ryoma precisaria usa-lo em outro patamar.

“Se o fluxo de chakra não aumenta sua força... e controlar o chakra de forma precisa parece impossível com essas correntes... então talvez o Hyouton dependa de outro fator para se fortalecer.”

Ryoma recebeu memórias da sua infância, onde por diversas noites congelou o seu dormitório após adormecer em sono profundo. Tal fato era algo notório que marcou os seus anos iniciais, uma vez que Shishio o adotou após Ryoma congelar a sua casa com a sua própria família dentro, ainda quando era um pequeno bebê. Desde recém nascido, as noites do bebê Ryoma significavam um inverno impiedoso para sua família... sempre ao dormir a temperatura despencava, e a cada noite aquilo piorava... até que um dia o problema mostrou-se fatal.

“É isso... quando eu dormía, o gelo se tornava mais forte. Então certamente seu poder reage às minhas emoções... mas como? Como vou alcançar aquela força se a maior parte da minha vida foi aprendendo a ignorar minhas emoções?”

Ryoma estava em um dilema. Ele tinha a solução, mas não sabia como chegar até ela.

O Primeiro encontro

O assassino refém

O Jounin fechou os olhos e tentou recordar a sua infância, buscando na escuridão o sentimento que o levava a elevar seu chakra a tal ponto, mas não sentia nada, apenas um vazio assustador. O tempo passava rápido e cada vez mais Ryoma sentia de perto a derrota. Falharia com Shishio pela primeira vez?

Ryoma não admitia falhar com o seu mestre, aquele que lhe deu abrigo e o criou. Sentir-se inútil era o seu verdadeiro pesadelo.

Aquela difícil situação o permitiu acessar um sentimento profundo, fazendo com que a temperatura esfriasse ainda mais, mas ainda não era o suficiente. As correntes ainda permaneciam firmes e inquebráveis. O Rapaz fechou os olhos se entregando, sem nada a fazer, e em sua mente ele recordou cada passo que deu naquele caminho tortuoso. Por fim, Ryoma sentiu algo que para ele não fazia tanto sentido... um alívio.

Tal sensação confrontou com tudo o que ele pensava. Como podia estar aliviado por morrer? Se para ele servir ao mestre significava tudo? Não foi lhe ensinado que sua única glória estava em cumprir suas missões? Não... aquilo era o que lhe foi implantado à força... aquilo era o que Shishio queria que Ryoma pensasse. Mas sua devoção era tão forte que Ryoma sequer podia pensar em tal possibilidade, e por isso não se questionou, seguia cego em sua lealdade, mas ainda assim não podia deixar de sentir aquele alívio.

A controversa paz mental de alguma forma lhe permitiu alcançar uma temperatura tão baixa que uma das correntes começou a trincar. Seria este o segredo?

Ryoma fechou os olhos mais uma vez e pensou em Feljord, sua dimensão particular, onde pudera vislumbrar o inverno mais lindo que já viu. Um deserto gelado e repleto de neve, sem vida, sem companhia... um local que esvaziava a sua mente à medida em que a nevasca alterava a paisagem. Em Feljord Ryoma sentia-se parte daquela natureza hostil, como uma força que compunha todo o meio. Sentia-se não só um filho de Shishio... mas também um filho do gelo.

Foi então que Ryoma conseguiu o impossível... lembrou-se exatamente sobre o que sonhava durante o sono naquela primeira infância. Lembrou-se dos sonhos que lhe ocorreram quando congelou a casa com sua família dentro. O sonho era branco e vazio, onde apenas existia uma brisa gelada entre flocos de neve que desciam dos céus. Não sentia seu corpo e não se via como indivíduo... ele era apenas um observador amorfo, uma consciência vagando livre pela nevasca.

- Paz de espírito... – ele sussurou.

Ryoma incorporou firmemente aquela lembrança, praticamente revivendo-a internamente. Aquele mergulho interno foi tão profundo, que mesmo acordado o Jounin conseguiu retornar para o mesmo estado mental de tantos anos atrás... assim como um bebê, não se viu mais como humano, pois um recém nascido não conhece tal conceito. Assim como naquele dia, esqueceu-se sobre conceitos limitantes, humanos, e permitiu-se ser parte de uma natureza branca. Alí estava o segredo.

Ryoma sentiu-se o próprio gelo, a própria nevasca, e aquilo trouxe para fora um frio tão intenso que logo as correntes se cobriram de um frio manto esbranquiçado. O gelo invadia cada elo da corrente de forma tão natural que Ryoma não mais duvidou que pudesse rompe-las. E então, com apenas um pequeno esforço, abriu os braços simultaneamente e viu as correntes se quebrarem em milhares de pequenos blocos de gelo. Ele estava livre.

Mesmo exausto, Ryoma sentiu uma euforia nunca antes sentida... sentiu como parte de algo, uno com a sua natureza elemental. O Jounin então congelou todo aquele ambiente, como se estivesse testando o seu novo nível de poder. O inferno escuro de Mahina tornou-se branco e uma mensagem foi esculpida em uma parede de gelo.

“Eu voltarei para te pegar.”

Por fim, Ryoma usou o Hiraishin no Jutsu para dar o fora daquele lugar.