Em mais uma tarefa em que fora enviado diretamente pelos superiores do vilarejo e pelo Mizukage, Noboru seguia de barco até o país da geada, rumo a Shimogakure no Sato, o próximo lugar que Kirigakure gostaria de colonizar. Como era de costume, o médico seguia com Cubellios enrolada ao redor de seu pescoço, enquanto o mesmo se recostava na borda da pequena embarcação e observava o céu azul da manhã. Entre seus lábios um cigarro aceso era aproveitado por ele como forma de matar o tempo de viagem; dessa vez ele não iria descer e seguir por terra firma como quando fora para Takigakure, ao invés disso o barco iria deixar o rapaz em um cais a oeste do país, onde aquele senhor aguardaria pacientemente o retorno do shinobi. — Como acha que vai ser dessa vez? — Cubellios cortou o silêncio, fazendo o homem dar de ombros pois não estava criando muitas teorias sobre isso. — Sinceramente: provável que não seja tão simples quanto Takigakure, mas também quero ter esperanças que o líder não será corrupto como o de Yukigakure. Veremos como vai ser. — ele respondeu e fechou os olhos, aproveitando o resto da viagem.

Quando eles chegaram em terra firme, o sol estava alto no céu e o médico torcia para que, ao entrar no vilarejo, acreditassem que estava indo em missão de paz para tratar daquela colonização. Antes de mais nada, tratou de ajeitar o sobretudo que tinha sobre o corpo enquanto Cubellios logo se moveu de modo a ficar oculta sob ele, ficando escondida da vista comum das pessoas para que então o moreno pudesse dar início ao trajeto, seguindo por uma trilha sutil que levava ao vilarejo. Enquanto caminhava, volta e meia o rapaz notava alguns homens indo em direção ao cais, homens estes que aparentavam serem mercadores e que mal olhavam para o médico, parecendo receosos do que poderia lhes acontecer se o fizessem, o que arrancou um suspiro do mais velho. — Talvez eu esteja errado e tenha algo ruim acontecendo no vilarejo. — ele disse baixo para Cubellios em um momento que estavam sozinhos. De qualquer modo, ele iria chegar até o vilarejo vizinho e testemunhar com seus próprios olhos.

Shimogakure não era muito diferente dos outros pequenos vilarejos que havia visitado, tirando o fato de, logo de cara, ele aparentar estar em uma situação tão precária quanto Yukigakure estava quando Noboru apareceu. Em sua entrada pode avistar dois guardas que estavam de vigia e não notaram o médico a princípio, dando a Noboru a vantagem do elemento surpresa. Silenciosamente ele usou o Kirigakure no Jutsu, gerando uma névoa que lentamente cobriu a área próxima, o que fez os guardas ficarem mais alertas; não era o bastante. Noboru fora ágil e silencioso em seus movimentos, acertando os dois com bastante de sua força bruta, o que os induziu ao desmaio. Com eles desacordados, o médico os amarrou em uma árvore, usando os cipós dela como cordas. Agora tinha o caminho livre para explorar a vila e… não gostou muito do que viu logo após adentrar.

Noboru havia seguido pelo alto das casas e tentou se manter fora da vista dos outros shinobis. De lá, ele viu três deles batendo às portas das famílias que viviam no centro do vilarejo, exigindo os tributos do dia. Dentre as ameaças que eles faziam, a principal estava no fato de que, aqueles que não cumprissem com as obrigações, seriam levados aos troncos no centro da vila, onde seriam amarrados e açoitados, fossem as mulheres ou seus maridos. "Às vezes é tão difícil fazer as coisas de forma pacífica…" ponderou em um suspiro, pegando o pergaminho que carregava e o abrindo. Com uma rápida sequência de selos, o homem fora capaz de trazer o arco que estava selado dentro dele e, se movendo discretamente até estar posicionado de forma a conseguir ver pelo menos dois dos canalhas, sacou duas flechas e mirou, usando seu conhecimento sobre anatomia para saber onde acertar no centro dos corpos, mas de forma não letal. Ele embebeu as flechas em chakra raiton e disparou, atravessando o tronco dos alvos de modo a paralisar os mesmos e retirar deles os movimentos do corpo.

O último se alarmou quando viu os dois parceiros caírem e foi socorrer os mesmos, baixando a guarda e permitindo que o médico saltasse de onde estava e conseguisse dar um mata leão nele, o prendendo até que perdesse a consciência. Os moradores que não haviam se escondido, assistiam incrédulos a toda aquela situação e Noboru teve de começar a falar; do pouco que ele havia visto do vilarejo e na situação em que ele se encontrava, era claro que precisavam de uma liderança melhor, e assim ele conseguiu criar uma comoção dos moradores em apoio a colonização de Kiri. Alguns relataram que o que ele havia visto naquele dia era o mínimo e que muitos moradores já haviam morrido, fosse de fome ou pelas punições deles. Em apoio ao Inaba, os moradores o ajudaram a amarrar aqueles shinobis que haviam sido imobilizados, deixando com ele o problema de ter que lidar com o líder daquele lugar que não ficaria de acordo com a colonização, principalmente levando em conta que perderia o poder de tratar os moradores da vila com aquele desdém.

Ele nem mesmo precisou sair para procurar pelo homem, visto que ele deu as caras por si só, junto de mais dois shinobis. Os dois pareciam mais fortes que os cinco primeiros e apenas aguardaram a ordem do chefe — um homem baixinho de meia idade, coberto de objetos que ostentavam sua riqueza — que apontou na direção de Noboru. — Eu quero ele morto… ele e todos esses traidores. Quem eles pensam que são para se voltarem contra seu líder?! — disse, fazendo o moreno torcer o nariz pelo modo como aquele homem tratava o seu povo. Quando os dois guardas avançaram, em uma velocidade ligeiramente superior à do médico, ele se alarmou e pôs a mão sobre o livro escondido em sua roupa, ativando seus efeitos ao pôr chakra no mesmo e, consequentemente, diminuindo a velocidade daqueles homens de modo a se igualarem a sua. Em seguida, esperou que eles se aproximassem para lhe atingir fisicamente e usou o Karamatsu no Mai, expelindo ossos do corpo que bloquearam os golpes; Cubellios deslizou para fora do sobretudo assim que notou o que o mestre faria, não sendo atingida pelos ossos que rasgavam as roupas do médico.

A dupla ia recuar, mas Noboru agiu outra vez, energizando as palmas com o Ranshinshou e acertando o tronco dos dois, cortando os sinais elétricos de seu corpo e assim arrancando os movimentos dele. O líder do vilarejo se surpreendeu e pareceu ficar receoso, começando a recuar. — Sabe, o povo se revolta quando o seu líder não os trata bem. E pelo que eu ouvi, você os trata como lixo, o que os leva a já estarem de acordo a receberem uma nova liderança… — murmurou, fazendo o homem se irritar ainda mais e ranger os dentes. — Isso é um ultraje! — ele ia dizer mais alguma coisa, mas ao reparar bem, viu que os moradores começavam a cercar o mesmo, revoltados e finalmente tendo coragem de enfrentar o tirano. O médico sustentou um sorriso de canto quando viu o homem se render e meneou com a cabeça. — Kirigakure trará a prosperidade! Logo um grupo chegará aqui e começará as melhorias, mas desde já, agradeço a vocês pela colaboração! — disse aos moradores após prenderem o antigo líder. Iria voltar para Kiri e passar o relatório e iniciar a colonização.

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