A burning riot
T I M E S K I P
Alguns anos se passaram numa rotina confortável. Ran ainda vivia com os pais, mesmo agora que sabiam sobre o sharingan, aproveitando uma paz muito bem-vinda por não tocarem mais no assunto. As coisas se encaixaram num ritmo confortável e mesmo seu pai parecia um pouco menos rígido. Ele certamente sabia do contato do garoto com o irmão mais velho, mas não fez nada pra impedir isso, nem sequer mencionava.
Esse ritmo se quebrou aos 15 anos. Havia recebido um comunicado de que tinha uma nova missão, nada fora da rotina, mas durante o café junto com os pais e da irmã que fazia uma visita surpresa ele ouviu um comentário surpreendente dela:
- Eu ouvi dizer que essa missão é especial, tampinha. – Amaya claramente sabia mais do que deixava transparecer, e obviamente se divertia com isso.
- O... o que? – Ran entrou em estado de alerta imediatamente. Se ela se deu ao trabalho de dizer algo, certamente não era brincadeira, por mais que ela estivesse extraindo diversão do olhar de pânico na cara dele.
- Um passarinho me contou que... – Continuou a irmã, antes de ser interrompida pelo pai dos dois.
- Isso não é relevante. Vá e faça um trabalho exemplar, como é esperado. Não há motivo para ser diferente hoje.
“A interferência dele é ainda mais suspeita, alguma coisa não está certa.”Sem poder ficar pra discutir o assunto, agora que o pai o havia encerrado forçadamente, não teve outra alternativa exceto seguir com seu dia, saindo de casa para receber sua missão. O processo como um todo foi completamente normal, e não teria suspeitado de nada não fosse o estranho aviso de sua irmã. Em retrospecto, a visita pro café da manhã provavelmente foi justamente pra ter o prazer de falar aquilo e lhe deixar nervoso.
Sua missão era aparentemente simples. Um dignitário havia sido sequestrado por um grupo de bandidos enquanto viajava pelo país do fogo. Eles aparentemente ainda não sabem da importância de seus reféns. Sua missão era extraí-lo de lá antes que eles percebessem a figura importante que têm em mãos e a situação saísse de controle. Aparentemente, ele havia sido chamado porquê esses bandidos têm um histórico de contato com populações da região, e uma grande movimentação de shinobi poderia ser percebida e denunciada, agravando a situação.
Ran partiu assim que terminou suas preparações. A região em que seu alvo tinha sido abduzido era fácil de se encontrar, e a partir de lá tentaria encontrar o esconderijo. O lugar não lhe era estranho, lembrava-se de ter passado por lá repetidas vezes anos atrás, na caravana com o irmão. Naquela região diferentes estradas se conectavam e pôde estabelecer alguns contatos com moradores locais. Tinha pouca confiança de que sua antiga estratégia de se misturar às crianças locais fosse funcionar agora. Além disso, normalmente esse processo era um pouco demorado, e não tinha tempo a perder.
Pelo que sabia, esses bandidos atuavam na região a algum tempo, e isso era o tipo de situação inviável a não ser que tivessem contatos entre os locais. Isso significava que Ran tinha que ser rápido antes que sua presença na região fosse notada e informada. A necessidade de velocidade por sua vez significava que ele não podia apenas procurar às cegas. Investigação não era o seu forte, precisava de um plano.
Pra sua sorte quanto mais se aproximava da região mais lembrava de suas passagens por lá. Havia conhecido alguns moradores, muitos dos quais seu irmão havia ajudado. Os dois até chegaram a ajudar a terminar uma pequena represa num rio próximo.
“Me pergunto se ainda está de pé. Se eu tivesse tempo iria por lá dar uma olhada.” Ainda que alguns anos tivessem se passado desde então, ainda tinha alguns conhecidos aos quais poderia recorrer num momento de necessidade como esse.
Tendo chegado a primeira vila ele tentou se mover discretamente, mas rapidez ainda era sua prioridade. Conversas curtas com alguns moradores específicos em quem mais confiava dominaram a próxima meia hora. Seguia apressando a conversa, cortando cumprimentos e cortesias de pessoas que não se viam a anos para ir direto ao assunto, se desculpando pela pressa, mas insistindo na necessidade de conversarem rapidamente. Mais de uma vez obteve respostas depois de uma promessa de retornar quando tivesse mais tempo. Outros pareciam ressentir a natureza utilitarista daquele retorno, e não podia culpa-los. Ao fim do processo sentiu que havia danificado suas relações com alguns dos moradores, se não todos, mas havia também sido direcionado, através de sussurros e insinuações, para uma montanha próxima à estrada em que a caravana havia sido atacada.
Encontrar o esconderijo depois daquela dica não foi nada complicado. Os sequestradores pareciam ter estabelecido a sua base em algum lugar dentro da montanha. No entanto, nem tudo seria tão simples. Com o auxílio do sharingan ele pôde encontrar as armadilhas e evita-las. Já entrar, não seria tão fácil. Embora tivesse encontrado o esconderijo e pudesse sentir o fluxo de chakra de várias pessoas dentro dele, o dito esconderijo era dentro de uma montanha. Havia circulado o lugar várias vezes e simplesmente não havia nenhuma caverna por lá que desse acesso ao lugar. Não podia exatamente cavar pra chegar onde queria, não sem alertar a todos no local.
Sem ter certeza de como se infiltrar Ran apenas observou o lugar por várias horas, tentando entender como entravam, até que uma figura se aproximou da montanha. Estava se escondendo, mas seu foco era certificar-se de que não estava sendo seguido, não que alguém à sua frente no caminho pudesse lhe estar observando. Mais uma vez com o sharingan ativo o rapaz passou a observar o que a nova figura fazia. Este, por sua vez, dirigiu-se até a encosta da montanha, realizando uma série de selos. A técnica parecia ser uma espécie de chave para a entrada. Em instantes, a terra a sua frente tomou a forma de uma lenta cachoeira de lama, que se dividiu dando passagem por um túnel montanha adentro. Logo depois que o homem havia passado a lama pareceu correr na direção oposta, reassentar-se em seu lugar e tomar o aspecto que tinha antes.
Agora sim sua entrada estava garantida. Havia tomado cuidado para memorizar os selos e o fluxo de chakra necessários para ativar a técnica. Por sua vez, a abertura se fazia de forma silenciosa, provavelmente para não alertar um inimigo caso este estivesse procurando o esconderijo, o que também lhe servia. Agora que sabia como entrar, era tudo uma questão de planejar com cuidado sua infiltração, possivelmente solicitando reforços antes de entrar e resgatar os reféns. Esse era o plano... até o grito.
Um grito de dor que foi capaz de atravessar pedras chegou aos seus ouvidos. Claramente, alguém no esconderijo na montanha estava sofrendo. Não tinha a menor ideia se era o alvo prioritário ou não, então não podia só esperar
“Não é como se infiltrações desesperadas em covis cheios de inimigos não fossem o meu forte.” Pensou amargamente, lembrando-se do fim da guerra. No entanto, agora não tinha os kages ou a sannin ao seu lado. Ainda assim, não tinha escolha.
Repetindo os movimentos e o fluxo que havia memorizado ele reabriu o túnel, entrando por ele enquanto a cachoeira ainda estava se separando. O lugar era escuro e frio, mas a escuridão não era um problema pra que se guiasse. Prosseguiu pela curta passagem até chegar a uma área mais aberta. A sua frente havia uma pequena rampa de madeira e logo abaixo os restos do que parecia ser uma antiga mina. Sua entrada original ficava à esquerda, soterrada por um deslizamento de terra. Agora, selada pela montanha, constituía o esconderijo daquele grupo. O espaço era aberto, utilitário. Uma mina não era feita para privacidade e, portanto, não havia salas nem mesmo paredes divisórias, apenas um grande espaço inóspito. Abaixando-se numa tentativa de não ser detectado Ran dedicou um instante a entender o layout. Uma mulher, uma das reféns, estava amarrada numa cadeira cercada pelos sequestradores. Ela apresentava sinais de tortura. Por sua vez, os demais reféns, incluindo seu alvo principal, estavam presos em gaiolas improvisadas no outro extremo do esconderijo. Seus sequestradores estavam ao seu redor. Seis figuras, cinco homens e uma mulher, todos vestindo mantos pretos rasgados em diversos pontos. Entre os rasgos era possível ver que eles ocultavam armas por baixo dos mantos, guardadas em bolsas de armas como as de ninjas tradicionais, o que sugeria que eles poderiam ter recebido treinamento formal antes de se dedicarem a uma vida criminosa.
*O homem que havia chegado logo antes da entrada de Ran parecia enfurecido, e ele atacava a mulher enquanto esbravejava.
- QUEM?! – gritou a pergunta enquanto golpeava-a –
QUEM ESTÁ VINDO? QUAL DOS SEUS PARENTES IMUNDOS ABRIU O BICO? QUEM SABE SOBRE O ESCONDERIJONum instante as peças se encaixaram. Aquela mulher era alguém do vilarejo. Ela estava sendo interrogada por seu captor porque ele sabia, não fazia ideia de como, que alguém de lá havia falado. Esse interrogatório era pra encontrar Ran, e cada segundo de sofrimento dela era em seu benefício e por sua culpa.
“Não é possível que ele tenha capturado ela no tempo que eu demorei pra chegar aqui, então ela já estava presa antes...” Percebeu então que havia mais pessoas nas gaiolas do que tinha sido informado que havia na caravana. Aparentemente, eles também sequestraram moradores locais para garantir uma parcela de controle sobre a população.
Não podia deixa-la ali, mas ela também não era sua missão. Dado o espaço aberto, assim que fizesse um movimento em direção a ela ou aos demais reféns o grupo perceberia e reagiria.
“Eu não tenho a menor escolha aqui. Se eu quiser tirar todos desse lugar não vai ser discretamente.”Sua missão era extrair apenas um deles, um jovem rapaz preso em uma das gaiolas cuja identidade e importância nem mesmo a ele tinham sido reveladas. Tudo que seu pai tentara colocar na sua cabeça por anos e anos o dizia pra completar sua missão e esquecer os demais. Se muito, poderia atacar a mulher a distância pra lhe conceder uma morte rápida ao invés de sofrer nas mãos daquelas pessoas.
No entanto, não havia mais nele apenas a sombra do pai. Ryushi havia se rebelado contra Edun, forjado seu próprio caminho e lhe mostrado que ser como o velho Senju não era sua única escolha. Havia visto seu irmão ser paciente, compreensivo, manso e prudente, tendo misericórdia de todos que encontrava e se compadecendo de seu sofrimento. Naquele instante, na encruzilhada em que se encontrava, Ran fez a mais segura decisão sobre que tipo de homem queria ser. Entendia agora pela primeira vez que sua natureza não era algo que precisava descobrir, se era um reflexo de sua criação ou de seu sangue. Sua natureza era a soma de suas escolhas, e em nenhum momento elas se mostraram tão claras quanto agora.
Quando decidiu quem seria, qual caminho seguiria, quando decidiu abandonar a sombra do pai e parar de tentar desesperadamente agrada-lo, Ran se livrou da barreira que a tempos impedia-o de seguir em frente. Em resposta, seus olhos mais uma vez alcançaram um novo patamar. Agora a clareza com a qual podia ver os movimentos dos outros havia aumentado. Não estava nem um pouco mais rápido, mas sua capacidade de reagir aos ataques dos inimigos estava em um novo nível.
Encorajado pelo avanço que havia tido dada sua nova determinação, sua decisão quanto ao que fazer foi reforçada. Talvez fosse um plano suicida, talvez colocasse tudo a perder, mas a pessoa que queria ser era alguém que não deixaria de tentar.
Do ponto de vantagem que estava sacou uma bomba de luz. Cerrou os olhos e a disparou na direção dos sequestradores. Ela explodiu em luz, cegando quase todos os presentes. Com um selo ele criou um clone, sua técnica de suporte favorita. O clone utilizou o Tajuu Doryuuheki para separar aquela mina em duas partes, separando o Ran original, a mulher e os sequestradores do restante dos reféns. Já o original se dirigiu até onde a mulher estava amarrada, ouvindo as paredes de pedra se erguerem atrás de si mesmo. De modo similar, ele realizou os mesmos selos, erguendo uma série de paredes entre aquela refém indefesa e o resto do mundo. O teto era baixo suficiente para que os muros erguidos conectassem o lugar de cima a baixo, sendo intransponíveis a não ser que fossem destruídas.
Ran adoraria que a luz tivesse distraído seus inimigos por mais tempo, mas não tivera tanta sorte. Mal pôde ativar o Domu antes que voltassem a reagir. Agora que eles não mais podiam atacar nenhum dos reféns, uma isolada pela barreira e os demais sendo evacuados do local por seu clone, já havia se livrado de uma desvantagem. Restava agora o fato de que estavam em maior número. Que seu nível de habilidade lhe era desconhecido. E que se quebrassem alguma das paredes tudo sairia de controle muito rápido. Além disso, o espaço já era limitado ali e Ran havia diminuído ele pela metade, então teria que lidar com todos os inimigos com muito pouco espaço pra manobrar.
“Numa hora dessas eu queria ter dedicado mais tempo ao taijutsu...”Seus cabelos cresceram um pouco, subindo contra a gravidade e ondulando mesmo na ausência de vento antes de disparar fios como se fossem agulhas azuladas na direção dos inimigos. Usou o ataque mais rápido que possuía naquela situação para espalha-los enquanto pensava no que fazer.
“Seis agressores, a garota tem uma espada, o mais velho parece ser o líder.” Mais importante, todos eles pareciam ter uma estranha marca em seus corpos. Embora todas seguissem um padrão elas eram diferentes em seu formato. Notou que um deles, o mais novo do grupo tinha reagido mais devagar e havia sido atingido pelo ataque quase completamente.
“Só um deles pareceu se preocupar com ele estar em perigo. O líder parece mais irritado que preocupado.” Pela postura, aquele que se preocupou com o ferido era o segundo em comando do grupo. Sua preocupação parecia instintiva e genuína. Isso, combinado com a semelhança entre eles, parecia sugerir laços de sangue.
^Aproveitando-se dessa oportunidade e da abertura Ran sacou uma kunai com a mão esquerda e com a direita criou um Rasengan, disparando em direção ao rapaz ferido.
“Previsível.” Enquanto os demais tentavam se recompor para tomar a iniciativa naquela luta e suprimir seu atacante surpresa com a força dos números, o ataque focado de Ran forçou um deles a ignorar isso e correr na direção de seu familiar para protege-lo. O chunin contava com aquele instinto para tira-lo de posição. Desfazendo o Rasengan imediatamente, ele ao invés disso direcionou o Kanashibari contra aquele que tentava interromper seu ataque. Ele estava em movimento, havia se afastado dos aliados e não teve tempo de reagir antes que Ran usasse da paralisia para cortar sua garganta com a kunai que havia sacado. A cada movimento da batalha sua percepção melhorada o permitia analisar a reação dos inimigos.
“Agora estão mais preocupados. O caçula parece completamente irado, isso deve gerar uma abertura. Já o líder está mais focado do que nunca, ele é um problema.”Enquanto pensava em como aproveitar essa abertura para fazer o próximo movimento algo estranho aconteceu. A estranha tatuagem do mais novo se espalhou por seu corpo e no processo agitou seu chakra de uma forma que o garoto nunca tinha visto. Seu inimigo parecia preparar um jutsu de fogo para disparar contra ele. Suspeitando da aparição das estranhas marcas e do efeito que elas tiveram no fluxo de chakra do inimigo, Ran escolheu chutar o corpo do último ainda caindo ao chão na direção dele, tentando interromper os selos. A ideia funcionou e o sequestrador pegou o que parecia ser seu irmão morto em seus braços ao invés de terminar a técnica. No entanto, a garota com a espada havia aproveitado o tempo para diminuir a distância que os separava e desferiu um corte contra ele. A pele de pedra o protegeu e danificou a lâmina, sua surpresa quanto a isso sendo abertura suficiente para que Ran tentasse mais uma vez feri-la com o Kebari Senbon. Ela recuou para desviar das agulhas enquanto seu líder e os outros dois integrantes avançaram para ataca-lo, o líder saltando por cima enquanto tentava acertar um chute e os outros dois pelos lados tentando fechar suas rotas de fuga.
“Merda, gente demais.” Ran não conseguia controlar uma luta com tanta gente atacando ao mesmo tempo. Se continuasse um passo atrás eventualmente seria pego por algo mais ameaçador que uma espada sem chakra imbuído. Para tentar reiniciar o ritmo do combate ele usou o Haijingakure no jutsu, cuspindo pó e cinzas por todo o local até uma altura de 3 metros. Correu para frente e para a direita, saindo de onde estava sem entrar na trajetória dos ataques que já vinham em sua direção. Em seguida, pulou até o teto, fixando-se nele e usando o Goka Messhitsu para atacar todos ao nível do chão, tomando apenas cuidado para direcionar o fluxo das chamas para longe das paredes de fogo que havia erguido, já que sabia que elas provavelmente não resistiriam ao ataque.
“Pelo visto eu sou mais rápido que eles individualmente, mas eles trabalham bem o suficiente juntos pra me encurralarem nesse espaço minúsculo se eu vacilar em algum momento.”Quando a poeira e o fogo baixaram dois de seus atacantes estavam mortos, carbonizados pelas chamas. O líder do grupo havia protegido o mais novo e a si mesmo numa cúpula de pedra, enquanto a garota com a katana havia se jogado na direção da parede que protegia a refém, assumindo corretamente que Ran não ousaria atacar naquela direção. Não só isso, os três agora tinham padrões diferentes das mesmas estranhas marcas pelo corpo, seu fluxo de chakra muito mais intenso do que antes. Os três partiram para o ataque assim que as chamas acabaram.
“A velocidade deles aumentou, a intensidade das suas técnicas também.” O garoto analisava o fenômeno enquanto permanecia na defensiva, esquivando-se pelo espaço restrito. Agora que a força dos três havia aumentado eles eram suficientemente fortes para não deixar muitas aberturas a Ran. Não só isso, seus ataques agora pareciam ser capazes de perfurar suas defesas, ainda que superficialmente.
“Se eu me concentrar na defesa eu consigo passar algum tempo sem ser acertado, mas eles não dão brecha. Eu não posso apostar apenas que eles vão cometer algum erro, e se eu esperar todo mundo se cansar podem chegar reforços pra eles e colocar tudo a perder.”Com o cérebro a mil ele refletia sobre como partir para a ofensiva enquanto era atacado por três inimigos quando percebeu que a coisa que mais dificultava sua defesa poderia servir como arma. O espaço era pequeno e confinado. Entre o deslizamento de terra que fechou a entrada principal e as paredes que havia erguido, era muito provável que aquele lugar todo estivesse agora hermeticamente selado. Formulando um plano, ele passou a usar todo seu arsenal de jutsus katon para manter os inimigos a distância. Havia desenvolvido uma boa resistência corporal, mas nem mesmo ele teria energia para manter aquele fluxo de técnicas por muito mais tempo e, embora tivesse colocado eles na defensiva, forçando-os a desviar e se afastar, não estavam se machucando.
Para a surpresa deles, pareciam estar se cansando, mesmo tendo passado apenas alguns segundos de luta desde que o garoto os tinha colocado na defensiva. Ran respirou profundamente antes de lançar a técnica que planejava que fosse sua última nesse combate. Ele utilizou o Onidoro para criar fantasmas incandescentes. Elas atacaram de forma rápida e obvia, forçando-os a se movimentarem o mais rápido possível para desviar, mas a obviedade do ataque tornava improvável que eles fossem acertados. No entanto, mal eles terminaram de desviar do ataque e já sentiram a visão falhar. Com um som agonizante eles perceberam que embora estivessem respirando, ainda assim pareciam sufocar.
Aquele espaço limitado tinha um suprimento igualmente limitado de oxigênio. O fogo que o garoto Uchiha fez tão displicentemente o consumia num ritmo alarmante, enquanto ele mesmo controlava a respiração para diminuir o cansaço e tomou um último fôlego antes de extinguir o ar que restava. Agora, precisava apenas esperar enquanto asfixiavam.
Os inimigos logo foram ao chão. No entanto, por sua própria segurança, Ran só ousou se aproximar deles depois de se certificar que seus corações já não mais batiam. Passando por cima deles com seu fôlego já chegando ao fim ele criou uma versão maior do Rasengan e o utilizou contra a parede que dividia a antiga mina em duas partes. Um grande pedaço da parede quebrou e ele recebeu com um alívio o ar puro que fluía da outra parte até onde estava. Pôde ver que os outros reféns haviam sido resgatados por seu clone e já estavam fora dali. Recuperou o fôlego e então quebrou de forma semelhante a parede que selava a última refém. Seu estado era ligeiramente preocupante devido aos ferimentos, mas deveria sobreviver. Além disso, por ter sido fechada entre paredes seu próprio suprimento de ar não havia sido consumido pelo fogo.
Ainda ligeiramente ofegante ele a colocou nos braços e se dirigiu até a saída. Mal se movera, no entanto, quando um enorme estrondo o levou a um estado de alerta. Olhando para trás pode ver a enorme quantidade de terra do deslizamento se mover para dar passagem a um homem. Ele caminhava displicentemente, observando os corpos no chão. Ele vestia o mesmo manto preto que o resto do grupo, porém o seu se mantinha imaculado, sem nenhum sinal de desgaste pela vida dura como as dos demais. Tinha cabelos loiros num corte curto e desordenado e em seu rosto havia uma máscara vermelha cobrindo os olhos. No centro da máscara um terceiro olho falso entre seus dois olhos reais. Era menor e situado um pouco acima da linha dos olhos.
Ele viu aqueles que Ran supunha que fossem seus companheiros mortos pelo chão e nada passou por sua feição exceto desprezo e um leve divertimento. Já ao ver Ran ele pareceu demonstrar curiosidade, abrindo um sorriso que deu calafrios ao garoto. Não tinha mais nem de longe tanta força pra lutar e aquele parecia ser bem mais perigoso que os outros. Ainda assim não havia muito que pudesse fazer, então delicadamente pôs a mulher no chão para que tivesse as mãos livres.
- Eles eram incompetentes, mas não inúteis, sabia? – Perguntou o estranho como se aquilo fosse uma conversa casual. Ran não respondeu, mas isso não pareceu desencoraja-lo.
- Eu tinha planos pra eles, ainda tinham funções a cumprir antes de acabarem assim. – Continuou enquanto se aproximava vagarosamente. Havia em seu olhar uma segurança de quem tinha absoluto controle da situação, como quem não se prevenia de nada que o chunin de Konoha a sua frente pudesse fazer porque qualquer coisa que fizesse seria em vão.
- Mas você... bravo! Não só você se livrou dos meus brinquedinhos, como fez isso enquanto tirava todo mundo daqui em segurança. Parabéns, aposto que a maioria morreu sem nem saber o que os atingiu. – O sadismo em seus elogios parecia pingar de seus lábios como veneno. Cada passo, cada palavra, fazia com que Ran temesse ainda mais pela segurança de todos.
- Normalmente eu não toleraria esse tipo de interrupção, mesmo num plano tão inconsequente, mas eu diria que você mereceu. Ao invés dos resultados dessa pequena jogada eu ganhei um brinquedo novo. Espero que não me decepcione, ou vai acabar um brinquedo quebrado assim como esses.Quando terminou de dizer isso, pela primeira vez fixou o olhar em Ran. Até o olho que parecia falso agora o estava encarando. A apreensão que sentia evoluiu instantaneamente para pânico debaixo daquele olhar, paralisando-o. A cabeça do recém chegado pareceu se deformar lentamente, até que o garoto notou que não era a cabeça que se deformava, e sim seu pescoço que estava se esticando. O aumento do pescoço passou de ligeiro a vertiginosamente rápido, se esticando por toda a distância que o separava de Ran.
A cabeça que avançava em sua direção parecia querer morde-lo. Paralisado ali ele estava incapaz de se defender. Todo seu esforço para sair daquela situação o permitiu apenas erguer o braço no último segundo. A mordida que parecia destinada a algum lugar no seu corpo foi parada pelo braço, os dentes afiados de seu agressor sendo cravados no seu pulso direito.
Tão logo a mordida acabou, o pescoço diminuiu rapidamente, com a cabeça voltando ao lugar. Já no pulso do jovem Uchiha havia agora uma marca similar às presentes no corpo dos sequestradores.
- Pode ficar com os reféns, pense nisso como um bônus por assinar o contrato. – Disse, numa explicação que pouco fez sentido enquanto se virava para se retirar por onde tinha entrado. –
Eu espero que se divirta com meu outro presentinho. Se souber controla-lo ele pode ser bem útil. Eu entrarei em contato quando for hora do próximo passo. - Com essas palavras enigmáticas ele começou a se retirar. No entanto, antes de atravessar novamente a passagem que havia criado para entrar ele parou por um instante, parecendo se lembrar de algo. Virou-se novamente na direção de sua nova cobaia e disse –
Você pode querer guardar segredo sobre essa marca aí. Eu duvido que você seja capaz de lidar com a reação da sua vila se ela for descoberta. Pelo menos não sem a minha ajuda.Uma dor lancinante emanava daquele ferimento em seu pulso. Não bastasse o cansaço e a pressão psicológica daquela aparição, agora ainda havia o impacto debilitante daquela marca que tornava cada um de seus passos um sofrimento. Com a dor do ataque contra o corpo original, o clone se desfez. Com ele veio a informação de que os reféns já haviam sido retirados do local. Estava já a meio caminho do vilarejo mais próximo quando o clone desapareceu.
Reunindo o restante de suas forças ele mais uma vez colocou a refém ferida em seus braços e saiu pela passagem, ainda com medo de pegar o caminho da entrada principal e mais uma vez dar de cara com aquele estranho assustador. O caminho foi árduo, requerendo toda sua determinação para dar os últimos passos antes de colapsar já no vilarejo.
Ele acordou horas depois, com a marca em seu corpo já não mais lhe torturando. Estava em uma cama, na casa de um dos moradores do local. Levou algum tempo antes de se localizar, só então inquirindo sobre o paradeiro dos reféns. Para seu alívio todos estavam bem, inclusive a mulher que trouxera, embora sua recuperação total ainda fosse demorar.
Enviou uma mensagem para a vila, requisitando transporte para os membros da caravana e aguardou fazendo a proteção desses até que seu transporte chegasse. Só então se despediu de todos e seguiu de volta para a vila, agora portando uma faixa no pulso, que quando perguntado diria ser apenas para tratar de um ferimento. Não sabia exatamente o que era aquilo ou como isso se ligaria ao misterioso homem que a colocou ali, mas preferia não revelar isso em publico enquanto não a entendesse melhor.
Quando retornou à vila foi surpreendido com o resultado da missão, embora em retrospecto sua irmã tenha tentado avisar que algo grande estava em curso. Fora informado que havia, até então sem saber, realizado o resgate de um dos filhos do senhor feudal. Não só isso, a missão era um teste de sua aptidão e seu sucesso significava que havia sido promovido ao rank de Tokubetsu Jonin.
- CONSIDERAÇÕES:
Objetivos - Graduação Tokubetsu Jonin; Habilidade Secundária Juin; Sharingan nv 3.
Palavras:
Total - 4586
Graduação - 2049
Sharingan - 514
Juin - 2023
Acumulado - 7641
A parte relativa ao Sharingan nv 3 começa no parágrafo com o asterisco “*O homem que havia chegado logo antes” E dura oito parágrafos, terminando em “talvez colocasse tudo a perder, mas a pessoa que queria ser era alguém que não deixaria de tentar”. É nessa parte do texto que o personagem percebe sua culpa na situação da vítima, é confrontado com a escolha entre ajudar ou não e faz sua escolha, encerrando quando ele parte pra ação, o que volta a ser uma continuação da missão principal, já que o importante pro desenvolvimento emocional que leva ao doujutsu é a parte do dilema moral.
A parte relativa ao Juin (HS com vaga) começa no parágrafo com o acento circunflexo, “^Aproveitando-se dessa oportunidade e da abertura Ran sacou uma kunai” se estendendo até o ponto em que ele chega no vilarejo sob os efeitos da marca “requerendo toda sua determinação para dar os últimos passos antes de colapsar já no vilarejo.”. Essa parte começa com a decisão que leva à primeira ativação da marca, passa pela luta contra pessoas usando-a, o recebimento do juin e segue até que ele colapsa pelo efeito de recebe-lo.
O restante do post, quebrado antes e depois desses eventos é o que se refere à graduação em si. Receber a missão/teste, reunir informações, lidar inicialmente com os inimigos (Até o Juin ser envolvido) e depois completa-la.
-Falas
"Pensamentos"