Com o raiar do sol vinha o despertar de Giyuu. Sem delongas, levantava-se da cama com agilidade e se dirigia para a pia, onde iniciaria seu rito matinal. Lavou bem o rosto, dando uma boa olhada em seu reflexo no espelho, bem no fundo dos seus olhos. Era um mistério o que se passava em sua mente, mas todos os dias ele olhava fixamente no fundo dos próprios olhos.

Preparou um lanche e comeu devagar, saboreando a refeição. Depois, completou sua higiene escovando os dentes e vestiu seu uniforme — o colete e calças pretos por baixo de um manto metade vermelho e metade bordado com padrões verdes e amarelo, calçando sandálias de madeira.

Dirigiu-se para o quartel vagarosamente, no lado esquerdo do cinto sua bainha guardava a espada recém comprada  e sua mão repousava em cima do cabo. Chegando ao quartel, requisitou uma missão do nível mais baixo, apenas para começar o dia e fazer algum dinheiro. Lhe designaram para cuidar da floricultura da vila —— Certo. —— Sabia bem onde ficava, então dirigiu-se para lá depois de saudar seus superiores.

Quando chegou no destino, substituiu a menina que geralmente tomava conta da área para que ela tirasse uma folga. Sem dizer uma palavra, assentiu para ela e a viu indo embora. Procurou uma cadeira de balanço ou de madeira, removeu a bainha do cinto e sentou-se de frente para a flora com a bainha apoiada nos ombros.

Inspirou fundo, seu olhar parecia triste. Talvez fosse só impressão, afinal, era difícil ler as expressões de Giyuu, que nunca soube expressar seus sentimentos.

As horas se passaram, e a menina retornou. Seu trabalhou havia sido cumprido, sem problemas. Manteve-se acordado mesmo com o clima propenso para tirar uma soneca, e assim que a viu no horizonte levantou-se da cadeira e recolocou a bainha no cinto, saindo ao se despedir com um olhar para a garota.

No quartel, indicou o término da missão e recebeu sua recompensa, indo embora.

Não demorou muito para retornar ao quartel, Giyuu estava entediado e queria se sentir útil. Nada melhor do que pegar alguns missões para contribuir com o vilarejo que tanto gostava, não é? Com essa premissa, ele desenrolou seu caminhar até seu destino novamente e lá requisitou outra missão.

—— Quero outra missão. —— Anunciou aos balconistas, que olharam em seus arquivos e papeladas em busca por alguma missão que coubesse no nível do Genin. Entregaram-no com um "aqui!" e preencheram a papelada para que ele oficialmente ficasse a cargo dela. —— Obrigado —— Giyuu tomou em mãos o papel e deu as costas depois de uma breve reverência. Era educado, afinal.

Era uma missão de escolta, e os clientes estavam esperando com sua carroça nos portões da vila, então apressei o passo para encontrá-los. Ao me deparar com eles, assenti com a cabeça uma breve saudação e me apresentei —— Me chamo Giyu, escoltarei vocês até sua vila. —— Eram um grupo de três homens, um deles idoso. Eles saudaram Giyu de volta e logo iniciaram sua viagem, com Giyu subindo na traseira da carroça.

O shinobi ficou sentado na parte de trás de olho na retaguarda, removendo a bainha do cinto e a colocando apoiada nos ombros para não incomodá-lo. Assim esperou, sentindo a brisa no rosto e os ventos balançando seus cabelos pretos.

A viagem foi pacata até certo ponto, estávamos quase cruzando a fronteira quando um grito de alarde soou da parte da frente da carroça. "Alto!", ouviu Giyuu. Ele se levantou segurando a bainha com a mão esquerda e desceu da carroça, passando por sua lateral até enxergar o motivo da parada. —— O que querem? —— Era uma pergunta boba, Giyuu sabia disso.

Avistou um grupo de cinco homens armados com foices, machados e espadas. Eles riram de sua pergunta, e apontaram suas armas "Nos dê tudo que tem" proclamaram. —— Tsc. Yare, yare daze. —— Clicou a língua e suspirou, entediado. O que um bando de salteadores esperava conseguir ali, afinal? —— Se é o que querem, os darei.

Lentamente levou sua mão direita até o cabo da katana, ouviu o líder dos bandidos dar a ordem de ataque enquanto lentamente removia um pouco da lâmina da bainha. Todo o resto foi rápido demais para olhos desacostumados, como os dos clientes na carroça, ou dos próprios salteadores.

Um vulto muito rápido serpenteou entre os bandidos, um ruído metálico foi ouvido e depois dele somente o de carne sendo dilarecerada. Giyu havia sumido da sua posição anterior e agora estava frente a frente com o líder dos bandidos. Atrás dele, os corpos sem vida dos rapinantes tombavam no chão com retalhos enormes cravados na pele. Amendrotado, o líder dos bandidos tentou correr. Giyu não fez nada, deu as costas e parou em frente a um dos bandidos mortos, que possuía um machado.

Balançou sua espada para limpar o sangue e embainhou-a novamente. Abaixou-se brevemente e pegou o machado, girando seu corpo em um movimento único e veloz que atirou o machado como uma bala. A arma saiu rodopiando em uma direção retilínea por uma longa distância, cravando-se nas costas do salteador e dando fim à sua fuga bem como sua vida. —— Vamos. —— Nos olhos de Giyu não havia nenhum remorso, nem um pingo de empatia. Havia feito seu trabalho, apenas isso.

A viagem acabou rapidamente depois dali, e ele pôde retornar à sua vila para receber seu pagamento.

Outro dia se iniciava, e com ele Sano erguia-se vagarosamente de sua cama, com uma expressão de letargia. Ele esfregava os olhos, virando-se para olhar o relógio. —— Já é essa hora...? —— Se levantou colocando os pés em suas pantufas e seguiu para o banheiro, era primavera e o clima estava bem agradável do jeito que ele gostava — nem frio demais, nem quente demais, apenas agradável.

Lavou bem o rosto e voltou para comer algum lanche. Tomou um banho e escovou os dentes antes de trocar de roupas, colocando uma calça preta e uma camisa social branca com um casaco preto apenas por cima, preciso em seus ombros por broches, nos pés calçava sandálias comuns. Era um visual bem imponente, talvez até demais para um mero Genin, mas Sano não ligava para isso, conhecia seu próprio valor e faria com que reconhecessem isso também.

Mas ainda havia um longo percurso, e não poderia perder tempo. Dirigiu para o quartel de missões, com as mãos dentros dos bolsos e um andar despreocupado e postura relaxada, olhando para todos os comércios e transeuntes durante o caminho.

—— Ei, tem alguma missão pra mim aí? —— Indagou sem enrolações. O balconista vasculhou alguns papéis e o entregou um, com os detalhes da missão disponível. —— Hm, patrulhar... Parece bom, quero essa! —— Concluiu com um sorrisinho, entregando de volta o papel ao balconista que carimbou-o e lhe deu as instruções. Era de início imediato, então Sano colocou as mãos nos bolsos da calça e saiu pela porta da frente por onde entrou.

Seguiu para os arredores da vila, conversando com os porteiros e avisando que patrulharia a pedido dos superiores. Eles deixaram-no passar, e assim ele começou sua vigia. Não demorou muito para que se sentisse entediado, por estar sozinho e não ter o que fazer. —— Seria tão bom se algo acontecesse... —— Dizem que palavras tem poder, e realmente naquele caso tiveram. Um punhado de homens surgiu por detrás das pedras que cercavam Kumo, aparentavam ser salteadores pelas vestimentas bárbaras. Sano não conteve o sorriso de canto que abriu em seu lábio. Ei, pirralho! Deixe-nos passar e pouparemos sua vida. Estão mandando crianças para protegerem a vila, a Nuvem está em decadência mesmo! HAHAHA Os bandidos totalizavam cinco, e já iam se aproximando com confiança de que Sano não interviria.

—— Hmmm... deixa eu ver. Pedido recusado! —— Ele fingiu pensar por um momento, dando uma resposta bem humorada. Ei, fedelho, você sabe a situação em que está? Exclamou um dos bandidos, franzindo o cenho com visível irritação. —— Sei! —— Retrucou prontamente Sano, o que deixou-o ainda mais puto.

Chega, ataquem homens! Ordenou o rapinante, e quatro deles partiram para cima de Sano depois de cercá-lo. Vinham por todos os lados, aparentemente encurralando o Genin. Sano gostou do desafio, e sem sequer tirar as mãos do bolso avançou contra o primeiro dos bandidos que estava à sua direita, acoplando uma solada diretamente em seu estômago. Ele saltou por cima do homem o usando como escada e quando estava acima de sua cabeça, realizou uma cambalhota e simultaneamente acertou o calcanhar em sua cabeça, atirando-o de cara no chão.

Pousou alguns metros adiante e já não estava mais cercado, mas ainda tinha as mãos nos bolsos. —— Certo, derrotarei vocês sem tirar as mãos dos bolsos! Darei essa vantagem, ok? —— Os meliantes gritaram de fúria e partiram com espadas e machados em mãos, mas Sano agilmente zigue-zagueou entre eles atingindo joelhadas, pontapés e chutes rodados que os nocautearam rapidamente.

—— Só sobrou você? —— Sano olhou para os corpos caídos, apenas desacordados. —— Que decepção! —— O menino suspirou de tristeza, voltando a encarar seu oponente, agora sozinho. Ele parecia petrificado, seu corpo apenas tremia, então Sano encurtou lentamente a distância entre eles com passos meu vagorosos até ficar cara a cara com ele. A diferença de altura era grande, Sano era baixinho comparado ao brutamontes, então olhava-o de baixo. —— Eu não gosto de olhar ninguém de baixo, sabe? —— Nessa hora uma solada brutal atingiu o joelho do salteador, derrubando-o de joelhos. —— Ajoelhe-se. —— Agora, o encarava de cima, imponente.

Suas mãos ainda estavam nos bolsos, como prometera, mas nem isso salvou o homem. A ponta do pé de Sano encontrou sua têmpora e atingiu-a fortemente, conduzindo seu crânio até o chão quando o Genin fez um pequeno giro. —— Nunca mais apareçam aqui. —— A expressão do rapaz era assustadora ao proferir aquelas palavras, mas logo voltou a parecer apenas um menino gentil, dando de costas e saindo.

Os bandidos acordaram, recolheram seus amigos e se retiraram enquanto o Senju ficava sentado observando-os partir, com um sorriso no rosto. Todo o restante do tempo foi tranquilo, e quando deu sua troca de turno, Sano partiu em direção ao quartel e relatou o fim da missão. —— Tudo tranquilo, sem problemas! —— Recolheu seu pagamento e saiu feliz outra vez.