Andando por Konoha, Megumi Fushiguro procurava um lugar para se sentar. Precisaria ser um lugar tranquilo, onde ele pudesse se sentar e ler. Ele lia alguns pergaminhos emprestados da biblioteca que envolviam ciência de forma geral. Não eram artigos acadêmicos, exatamente. Pareciam mais documentos de divulgação científica mais do que qualquer coisa. Isso é o que ele faz para se distrair quando lembra da sua família. Dias e dias se passam dessa forma, nesse mesmo local. Megumi lia e se distraia, até que um dia, um rapaz sobe no mesmo telhado que ele:
- “Hmmm hoho, aí gatinha, você está tão linda hoje. Heheheheeee.” – O homem adulto de 1.80m, com cabelos negros que chegavam até o final de seu pescoço, ele vestia uma blusa florida de botões. Aparentemente estava procurando um lugar privado para se divertir com a bela mulher loira que o acompanhava.
- “Ai, pare com isso, Fujimoto! Você é muito tarado. Hihihi... Ehhh? Ei, olha ali.” – A moça interrompeu o clima de paquera para apontar para Megumi, que estava virado para os dois com uma cara completamente antipática.
- “Ei, moleque! Que que cê tá fazendo aqui? Tá estragando meu dia! Xô, xô!” – Disse Fujimoto, movendo as duas mãos como se estivesse espantando um animal de uma lata de lixo.
- “Eu que pergunto. Esse tipo de safadeza em local público não é crime?” – Respondeu Megumi com a mesma expressão de antes, claramente julgando o casal com o olhar.
A moça, vendo as faíscas saírem dos olhos dos dois, começou a juntar suas coisas para ir embora. Ela arrumou seus saltos e pegou sua bolsa, saindo pela mesma porta que entrou.
- “Não, não, não! Nãaaooo. Amorzinho, volta aqui!” – Falava Fujimoto, quase derretendo no chão. – “Ele já vai sair.”
- “Não vou, não”. – Retrucou Fushiguro. – “Eu cheguei aqui primeiro. Além disso, vocês iriam cometer um crime, coisa que eu não devo permitir. Sabe... Eu sou um ninja.”
- “Sim, sim. Tô sabendo. Kage bunshin no jutsu.” – Disse o homem, enquanto ignorava Fushiguro e mandava seu clone atrás da mulher. Fushiguro ficou estático por um momento, notando que o pervertido na frente era capaz de utilizar uma técnica ninja e ainda por cima de Rank B, mas logo se recompõe e utiliza o próprio Kage bunshin para impedir que o pervertido vá perturbar a moça. Fujimoto segura o garoto pela gola da blusa e chacoalha o garoto de um lado para frente e para trás.
- “TÁ MALUCO MOLEQUE? Ela vai embora!” – O clone de Fushiguro pega um tronco de madeira e bate com ele na cabeça do clone de Fujimoto.
- “Bonk! Go to horny jail.” – Ele diz com um semblante sério, embora claramente seja uma brincadeira.
- “Aaaaaaahhh! Desgraçado.” – Fujimoto dá uma voadora no clone de Megumi, que desaparece. - “Eu ia me dar tão bem...” – O rapaz chora diante de sua frustração.
- “Que pena. Você não conseguiu. Agora vá embora.” – Fushiguro fala enquanto volta a ler o seu pergaminho. No entanto, Fujimoto pega o pergaminho das mãos de Megumi, que reclama:
- “Devolve, isso aqui seu sem-vergonha!” – Ele pula na direção do pergaminho, enquanto o pervertido segura sua cabeça com uma mão e lê o conteúdo do pergaminho com a outra. A atmosfera se torna menos cômica, enquanto Fujimoto nota o que está acontecendo.
- “Moleque... Tu tá lendo coisa de escola...”
- “E o que tem? Eu sou uma criança.” – Retruca Megumi
- “O que tem é que você é um ninja. Já tá na hora de crescer.”
A atitude séria do até então trapalhão tarado que estava diante de Megumi, acaba por fazê-lo escutar o que Fujimoto tem a dizer.
- “Qual sua intenção como ninja? Onde você quer chegar lendo isso aqui?” – Indaga o homem mais velho.
- “Eu queria ser um cientista. Tem muitas coisas que eu não consigo resolver só com ninjútsu. Mas eu não sei nem por onde começar.” – Responde o genin, ficando cabisbaixo diante de seu interlocutor.
O barulho de isqueiro, acompanhado de fumaça indica a Megumi que Fujimoto havia começado a fumar. O rapaz solta a fumaça, suspira e massageia o cenho.
- “Ahhh que pirralho chato... Toma. Teu pergaminho de volta. Vai pra biblioteca e pede por ‘Elementos da Anatomia Humana’, é do autor Ryorin Koma. Melhor que ficar lendo isso aqui. E se quiser aprender as coisas mais rápido, começa a usar os clones pra ler mais de uma coisa ao mesmo tempo. Quando eles sumirem tu vai acumular informação. Só cuidado pra não se cansar demais. Agora para de empatar o divertimento alheio, valeu?”
Fujimoto salta para os próximos prédios, sem dificuldade, deixando o genin para trás. Megumi não o persegue, apenas escuta ao fundo “Iolanda! Cadê você?”
Depois desse dia, Fujimoto começou a ir para a biblioteca pegar livros envolvendo anatomia humana, microbiologia, fisionomia. E utilizando a dica de Fujimoto, pegava mais de um livro de uma vez, lendo em algum lugar isolado do barulho das pessoas, mas ainda visível de forma que nenhum pervertido estaria presente para atrapalhar. Utilizando 5 clones de cada vez, Megumi lia os livros de 5 em 5. Pergaminhos sobre medicina estavam sempre presentes. Dia após dia, Megumi estudava. O problema estava em seu cansaço.
- “Sério que ele estuda assim? Que difícil.”
Megumi decidiu então ir até a área de treino para começar a praticar o uso de múltiplos bunshins. Utilizando os clones e expelindo chakra de seus tenketsus, a intenção era tratar suas reservas de chakra como um músculo, usando-as tanto quanto possível, a fim de atingir o efeito desejado. Mas treino excessivo também tem seus problemas. O resultado desse tipo de treinamento era exaustão que chegava a dificultar a leitura de seus textos. Fushiguro decidiu mudar a abordagem, sua forma de treinamento então passou a ser tentar emitir uma quantidade constante de chakra ao longo do dia. Inicialmente ele tentou fazer isso através de Chakra Nagashi em uma arma. Ele conseguia fazer isso durante 10 minutos inicialmente depois disso, Megumi estava esgotado pelo resto do dia. Ao longo de semanas, Megumi foi alterando sua rotina. Pela manhã, ele leria utilizando 2 clones das sombras com ele, após terminar sua leitura, ele almoçaria e passaria o dia realizando obrigações pertinentes e finalmente, pela noite, quando tudo estivesse calmo e ele tivesse certeza de que não poderia descansar depois, ele tentaria usar o fluxo de chakra durante 10 minutos. O tempo sempre seria igual, mas ele planejava usar cada vez mais chakra durante esse tempo, sem incorrer em risco de desmaiar ou morrer.
E assim foi feito durante um mês, até que uma bela noite:
- “Eu não acredito...” – Disse Megumi, suspirando.
- “Ahhhh, Iolanda. Finalmente achamos um lugar para nós dois. Huhuhu.” – Fujimoto mais uma vez dando em cima da loira, que fazia algum charme, mas sorria.
- “Obrigado pelas dicas.” – Megumi disse, interrompendo propositalmente o clima de azaração. – “Mas isso ainda é atentado violento ao pudor, sabe?”
- “Aaaaaah!”- Gritou Fujimoto tomando um susto. – “Cacete, moleque! De onde você veio?”
- “Eu tava aqui primeiro.” – Respondeu o garoto, com a mesma cara de julgamento de sempre.
- “P**a que pariu! Fujimoto! Esse moleque é teu filho? Ahrg. Saí do clima. Tchau!” – Disse Iolanda, mais uma vez saindo de cena.
- “NoooOOOOOO!” – Gritou Fujimoto, com os braços abertos, claramente fazendo uma referência ao episódio III de Ninjas nas Estrelas: A vingança dos Nukenin. – “Eu nunca vou conseguir me dar bem? Será possível? Você é o demônio e isso é o inferno?”
- “Você já pensou em fazer esse tipo de coisa em casa?” – Perguntou Megumi, ignorando completamente o protesto do homem desesperado que puxava os próprios cabelos.
- “Garoto... Ahrr! Beleza. E aí? Fez o que eu disse?” – Fujimoto falava isso olhando por entre as árvores, na esperança de ver Iolanda.
- “Fiz. Eu andei treinando para conseguir passar o dia estudando com 5 clones e aprender o máximo possível no mínimo de tempo.” – Megumi disse ficando animado a medida que avançava na frase.
- “Que? Não é assim que a banda toca guri. Tu é inteligente, mas tu é burro, hein.”
- “Bonk!” – Gritou Fushiguro dando uma paulada na cabeça de Fujimoto, irritado com o comentário do veterano. Mas muito de leve, apenas como uma forma de protesto. Os dois ficaram parados se encarando em um silêncio irritante por alguns momentos.
- “Não adianta estudar o dia inteiro se você fritar. A sua rotina de estudo tem que incluir descansos periodicamente, senão você não produz.”
- “É... Eu sei. Só não queria perder tempo sendo fraco.”
Um silêncio paira por um momento. A verdade é que Fujimoto é um professor frustrado com a profissão e que está de férias. Ele não consegue não simpatizar com Megumi por um momento, mas logo lembra que o garoto é muito ranzinza e estraga prazeres.
- “Complicado moleque. Mas se vira aí! Iolanda!” – O homem sai correndo atrás de Iolanda, deixando Megumi para trás, que contempla essa situação. Após alguns momentos ele voltou a praticar o esvaziamento controlado do chakra. No dia seguinte ele acorda e olha para a janela do quarto.
- “Se vira...” – Megumi pensa um pouco magoado, mas logo ele sorri com o canto de boca. – “He. Justo. Ela era bonitona mesmo. Hora de estudar! Kage Bunshin no Jutsu!”