Este pergaminho de missão chegou de uma forma diferente. O Chunnin que trouxe estava esbaforido. Era uma missão urgente. Ofegante, ele não conseguiu me explicar nada. E ele estava cheio de outros pergaminhos em mãos para serem entregues. Eu acenei com a cabeça e disse:

- Tudo bem, eu leio.

E com essas palavras o Chunnin se sentiu liberado para seus outros afazeres. Ao abrir o pergaminho havia escrito:


Eu já estava basicamente pronto. Só coloquei meu kimono e fui ao local indicado o mais rápido possível. Chegando lá, tinha um homem em seus trinta e alguma coisa com feição extremamente preocupada. Essa expressão se desfez levemente quando viu minha bandana pendurada no pescoço.

- Graças a Deus! Você precisa me ajudar!! – Disse o homem, esbaforido.

- Pois não? – é possível que minha calma irritasse qualquer um naquelas condições.

- Meu filho... Meu filho sumiu! Tem cinco horas que eu tô procurando ele!! Desde que ele entrou na academia ninja... Ele fica brincando de se esconder usando aqueles jutsus pra se disfarçar ou se transformar em algum objeto!

- Onde o senhor o viu pela última vez? – Respondi mantendo o semblante paciente.

- Aqui mesmo!! Ele insistiu que brincássemos de pique-esconde aqui nesse parque!

Sem nenhuma outra pergunta, acenei com a cabeça e comecei a observar o ambiente. O parque não era lá essas coisas de grande, então o tempo que eu gastaria procurando seria pouco. Como estratégia, decidi começar pelas latas de lixo ou qualquer coisa que pudesse conter uma criança. Nada. Resolvi investigar as arvores. Olhei ao redor delas e para cima, nos galhos. Nada novamente. Comecei a me questionar onde esse moleque poderia ter se escondido... Olhando ao redor, do outro lado da rua, eu vi que tinha um restaurante. Sobre ele, haviam dois exaustores. Um estava funcionando perfeitamente, soltando vapor e tudo o mais. O outro estava desativado e seu posicionamento era esquisito, era sobre a varanda do restaurante. Achei estranho e fui investigar. Saltei para cima do teto e fui observando as coisas com calma. Chegando mais perto eu vi que aquele exaustor era bem suspeito. Com a ponta do pé eu chutei o exaustor e logo irrompeu:

- AI!

- Sai daí, guri. – Falei displicente.

- Por que cê me acordou??

- Por que você tá dormindo em cima do restaurante? – me aproximei de forma abrupta e peguei na cabeça dele com pouca força, só o suficiente pra virar a cabeça dele – Aquele ali é seu pai?

O garoto confirmou com a cabeça quando viu o homem se descabelando de preocupação. Aquele homem precisava de ajuda psicológica, sério. Depois que o menino confirmou que aquele era seu pai eu assoviei e o pai olhou pra mim. Apontei pro menino e o pai mudou de preocupação pra ira.

- Parece que você tá enrolado – provoquei o menino.

Ele me fuzilou com os olhos e fez menção de fugir pro próximo telhado. Eu o segurei pela gola traseira da blusa e saltei do teto do restaurante pro chão. O garoto parou a alguns centímetros do chão, segurado por mim. O pai vinha em minha direção com a postura de quem ia matar alguém. Soltei o garoto no chão, dizendo pra ele não se mover, e fui em direção ao pai.

- Vai com calma. Ele dormiu porque você não conseguiu achar ele rápido. Não exagera.

- Certo. – disse o homem tentando se conter – Pode deixar que daqui em frente eu me viro.

- É mesmo? – questionei enquanto via o garoto se levantar e se preparar pra agir.

O homem afirmou com a cabeça. Antes que terminasse sua afirmação viu que seu filho estava terminando de se levantar e começando a se mover no sentido contrário a ele. Antes que eu pudesse perguntar qualquer outra coisa o cara saiu correndo em direção ao garoto, que fugia com tudo que podia. O homem simplesmente me esqueceu e foi correndo atrás do menino. Antes que dobrassem a esquina, o pai alcançou o filho com uma mãozada nas costas que, além de bater, segurou pela roupa. E ali começou o sermão. Foram andando em frente, dobrando a esquina onde os perdi de vista. E vendo tudo aquilo dei minha missão por cumprida. Já era hora de voltar pra casa.