Senko acompanhou Hayato enquanto observava a estrutura do Coliseu de Kumo. Realmente era uma construção muito bem feita e o garoto imaginava o tamanho do orgulho que Akira tinha pelo local. Era belíssimo, Senko até teve vontade de fazer um igual, mas achou que aquilo combinava mais com a paisagem de Kumogakure. Quando se deparou com a realidade, já estavam numa sala especial, com uma vista panorâmica do centro da arena.

— Vocês estão de parabéns, esse Coliseu é muito bom. — Dirigiu-se ao assistente, elogiando o local. O Mizukage sentou-se na poltrona, pegou um petisco que dizia, numa placa abaixo, “Queijo da Serra do Relâmpago” e comeu. O cubo de queijo era realmente muito bom, talvez Uzushio deveria importar aquele bem alimentício. Senko então começou a assistir os genins que iam se posicionando para realizarem a prova teórica.

— Estou confiante. Eles podem ter alguns atritos, mas sei que, ao final da prova, tornar-se-ão bons aliados. Como foi a sua carreira ninja, Hayato? — Senko ouviria com atenção e respeito o que o Jōnin teria a dizer e, logo em seguida, perguntaria sobre Akira. — E, se me permite a pergunta, o Raikage demorará muito para chegar? Na nossa última reunião, ele foi o último a chegar aos estação ferroviária, temo que ele chegará atrasado para assistir ao fim da primeira fase.

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Enquanto assistia à prova teórica e comia os aperitivos oferecidos pela vila da Nuvem, Senko torcia para que o teste escrito fosse o mais demorado possível. Já se havia passado algum tempo e nada de Akira. Sendo assim, ouviu atentamente a história da carreira ninja de Hayato. Era uma história curta, mas Senko capitou algumas semelhanças entre a sua história e a dele: viajar de país em país. Bem, a grande diferença é que o assistente do Raikage viajava por sua própria vontade e profissão, já o Mizukage... era por pura obra do cruel destino.

— Sim, tenho a certeza de que ele está fazendo o melhor. Se tudo der certo, vai chegar antes do término da prova... — O menino não tinha certeza sobre isso, mas esperava pelo melhor. Enquanto dizia isso, a câmera que estava monitorando os genins ficou preta, alguma fumaça tomou conta do local. Depois de alguns minutos, aquilo se dissipou e a instrutora deu um fim a prova. A segunda fase ia começar em breve. — Bom... acho que acabou. Ao menos ele chegará antes dos combates, não?

Senko continuava comendo, a culinária de Kumo era realmente interessante. Mas não podia ignorar um dos reais motivos pelo qual ele havia sugerido um exame chūnin entre as vilas. — Hayato, falando sobre a relação entre as nossas vilas... creio que Akira vê essa proximidade com bons olhos. Estou certo? Tenho bons planos e boas intenções para com Kumo. — A pergunta podia ser um pouco idiota, afinal, Kumo recebeu os ninjas de Uzushio calorosamente, mas Senko queria ouvir a opinião do assistente. — E você, como enxerga tudo isso?

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— Não se preocupe, não precisa se desculpar, eu me entendo com Akira depois. — respondeu a Hayato que estava claramente incomodado com a ausência do Raikage. Mas não havia nenhum problema, Senko esperaria o quanto fosse necessário, só ficava com pena de Akira por perder os combates.

— Com certeza teremos um ótimo futuro juntos, as vilas só terão benefícios com uma possível... aliança, não é? — Senko tinha objetivos claros. Restava saber, por melhor que Akira e o Uchiha pudessem se dar, se o Raikage tinha a mesma intenção.

As lutas começavam. Senko estava ansioso para avaliar de perto o desempenho dos seus ninjas. O campo estava dividido em dois. As pessoas faziam suas apostas e comiam pipoca para acompanhar os ninjas que se digladiavam. Do lado esquerdo do campo, Akachi e Zoro. Dois espadachins. Do outro, Uzumaki Baldur e... Uchiha Obanai. Senko queria conhecer aquele garoto que tinha o mesmo sobrenome que o seu.

Quando olhou para o lado direito pra acompanhar o início daquela luta, do lado esquerdo já tinha terminado. Akachi era formidável, mas seu temperamento era questionável. De lá, gritou para o Mizukage, pedindo permissão para matar seu oponente. Senko abanou a cabeça em negação e fez um sinal de calma com as mãos. — Calma, Akachi, calma... — sorriu meio sem jeito, olhando com o canto dos olhos para Hayato. Ele era meio explosivo, tinha que consertar isso, mas Senko estava muito orgulhoso pelo resultado.

Depois daquilo, algo inusitado pegou Senko de surpresa. — Hm... como assim? — disse, quando viu ainda da arquibancada Taichi acenando para ele e tentando deixar o coliseu. Felizmente, a Hozuki o parou e encaminhou o ninja para o camarote.

Quando Taichi chegou, já começou a se explicar. Senko franziu a testa, ainda muito confuso com aquela situação. Taichi tinha feito a melhor prova teórica do exame, era um ninja ainda bem pequeno, mas muito promissor. Senko estava tão orgulhoso dele, mas... ele queria desistir. — Hm... um homem? — Ele compreendeu o motivo do rapaz, mas tinha muita coisa em jogo. Pensou em tudo: a rejeição do público, a percepção degradada que Kumo e outras vilas teriam do poder militar de Uzushiogakure, o descontentamento dos outros participantes que esperavam um oponente para as fases de combate. Tudo. Pôs as mãos na cabeça e pensou por um instante, tentando digerir aquela informação.

Caminhou até o rapaz. O Uchiha era ligeiramente maior que o seu ninja e apenas um ano mais velho. Mesmo assim, agiu com empatia e a proteção que Senko sempre quis receber do falecido pai que nunca chegou a conhecer. O Mizukage abraçou Taichi. Depois de uns breves segundos, pegou em seus ombros e continuou a falar. — Pode ir. Consegue chegar até o fim do dia? Se não, vejo com o próprio Raikage essa situação. — O bem estar de Taichi era mais importante do que qualquer impressão negativa dos outros. — Não se perca. — Liberou o ninja.

Depois que ele saísse. Voltaria a comer. — Bom... vamos continuar? Obanai parece forte, mas o meu Baldur é resistente, viu?

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No momento em que Senko voltou ao camarote, a notícia da ausência do Raikage bateu de um jeito diferente no garoto. Quando Hayato disse que Akira teve que se ausentar por problemas médicos, o Mizukage não pôde deixar de lembrar do que o próprio assistente tinha dito no começo do dia. Ao mesmo tempo que isso acontecia, o clone de Senko era dissipado, trazendo as informações do departamento de inteligência da vila e, também, trazendo todo o estresse físico e psicológico, consequências do Kage Bunshin.

Franziu a testa e olhou para o Hatake com um semblante extremamente sério. — Como assim...? Você mesmo não havia dito que ele estava “apenas reforçando os últimos toques” deste exame? Sinceramente... Tem algo muito errado nessa história, Hayato. — Senko começava a se enervar. — Eu não quero insinuar nada, mas eu sinto que falta um pouco de transparência para o Raikage. — Não se referiu a ele como Akira, ficou pelo básico. O Uchiha estava se sentindo enganado. Aquilo não prejudicaria nem ele e nem seus ninjas, mas sim os próprios shinobi da Nuvem. — Esse é um momento singular na carreira ninja de cada um daqueles genins e o mínimo que se espera é a presença do seu Kage. Kumo não tem nenhum médico capacitado que possa cuidar dessa situação tão... repentina? Ou o problema de saúde dele é tão sério que nem os iryō-nins mais capacitados da sua vila não estão conseguindo resolver o problema? — No fim, Senko já estava de pé, bufando, e sentia algo diferente dentro de si. Ele exalava seu chakra de uma forma gigantesca e, inconscientemente, permitia que outro ser dentro de si também fizesse o mesmo, amedrontando Hayato.

— Hahahaahah, você realmente pensou que ele iria vir? — Pela voz aguda em sua mente, deduzia que era Saiken. — Se eu me lembro bem do dia em que fui selado em você, ele não parecia tão... adulto, e olha que ele com certeza é mais velho do que você. Você era o mais novinho de todos ali, não era? — falava num tom sarcástico, era uma pergunta retórica. — Enfim... eu não estava esperando muito, você é inteligente, já devia saber que isso ia acontecer.

O Mizukage sentia o seu corpo tremer. Já não sabia se aquilo era influência da maldição do seu clã ou se era Saiken tentando reger o clima da conversa. O Uchiha tentava se controlar, respirando fundo e tentando não causar uma inimizade desnecessária.

— Eu confio em você, mas não neles. Você realmente quer fazer uma aliança como esse povo? Aí aí...

— Cala a boca, Saiken... — disse, apenas no pensamento.

Então num movimento de extrema concentração, cerrou os punhos com toda a sua força e respirou de uma vez só e soltou o ar. Tentava por tudo controlar as suas emoções, lembrando dos seus momentos de meditação no Monte dos Corvos. Eles tinham a resposta: ele devia aceitar a sua natureza irada e aprender a conviver com ela. Controlá-la. Como tudo na natureza, ele também tinha “dois lados de uma mesma moeda”. Assim fez.

— Desculpa, Hayato... não quis ofender... — disse, depois de controlado. — Às vezes tenho esses acessos de raiva, mas não é por mal. — voltou a se sentar.

Olhando para os genins, e para toda a receptividade de Kumo, o Mizukage propôs. — Eu tenho alguns assuntos para resolver na vila depois do Chūnin Shiken, mas se for da vontade dos meus ninjas, podemos ficar uns dias. Seria bom também se pudéssemos ficar, já que... — então expressou o seu desejo de forma bem clara. — Pretendo formar uma aliança formal com Kumogakure no Sato. Preciso da presença de Akira para isso. Confio nele e quero o de melhor para nós dois. Depois do exame, poderíamos resolver isso ainda essa semana. — Mas logo lembrou de suas complicações. — Contudo, ser não for possível, eu volto aqui ou convido-o através de uma carta a ir até a minha vila para assinarmos os papéis... — fez uma pausa. — Se isso for da vontade dele.

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De fato, talvez todo o estresse que o Uchiha estava sentindo tinha uma mesma raiz: o acúmulo de atividades que ele teve em tão pouco tempo. Ao ouvir aquelas palavras de Hayato, Senko sentiu uma emoção muito forte em seu peito, fazendo com que ele quase chorasse na frente do assistente de Kumo. Era uma exaustão tremenda, quase explodindo em formato de lágrimas. Senko tentava fazer de tudo pela sua vila, mesmo na tenra idade de 10 anos, seus ninjas eram tudo para ele. Gostava de dar atenção a todos, ouvir os problemas, proteger, se preocupar verdadeiramente. Contudo, às vezes é um fardo grande demais para se carregar sozinho e o ninja esquecia sua própria vida pessoal para benefício dos outros.

Mas, de repente, aquele momento um pouco melancólico do rapaz depois do seu acesso de raiva tornou-se em preocupação. Hayato avistou alguém na arquibancada, algo suspeito e que não pertencia ao grupo de fãs de uma boa luta. Imediatamente, o Mizukage acenou para Renjiro prender o homem e trazê-lo para o camarote.


— Quem é você? — perguntou o Mizukage.

— Sou só um espectador. É preciso de tudo isso? Tirem essas amarras de mim, eu trabalho para pessoas importantes no País da Água, senhor Mizukage, eles não vão gostar de saber disso. — O homem dizia, tentando se soltar das amarras apertadas que o Desvirtuoso fez.

— Quem é você? — perguntou mais uma vez.

— Só falo na presença de um advogado.

— Senhor, eu o vi falando com Akachi... — disse Renjiro.

Senko puxou o homem para baixo e fez com que ele se sentasse numa cadeira, ficando os dois na mesma altura. O Mizukage fitou os olhos do empresário e piscou. — Eu serei seu advogado... — abriu, mostrando a formação de três tomoes do seu Sharingan. Neste momento, o homem quase se engasgou consigo mesmo e arregalou os olhos, indo para trás, mas já era tarde, ele já estava no Genjutsu do Sharingan. — Fale.

— A-as apostas e-estão altas, p-pedi para o Akachi perder a luta de propósito. — Ele ia confessando.

— Como assim?! E ele aceitou isso?! Desembucha! — Senko gritava com o homem, manipulando-o a dizer toda a verdade.

— Eu-eu fiz uma chantagem... — ele se esforçava para não dizer a verdade, mas o poder do Sharingan era demais para ele. — Tentei dinheiro e ele não quis... mas usei a família dele. Ele quer encontrar quem jogou ele naquele orfanato.


Senko expandiu uma pressão pela sala toda, quase querendo matar ele ali mesmo. Mexer com um ninja dele é pior do que mexer com ele mesmo. — Vai pra merda... — Fez com que o empresário desmaiasse e desativou o Sharingan. — Tirem ele daqui. Preciso falar com o Akachi.

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