taichi jamais esperaia receber aquele tipo de missão. um garoto com nada mais do que 9 anos bem vividos não seria a melhor escolha para uma aula demonstrativa na academia da vila, ele pensava. quer dizer... taichi havia, literalmente, acabado de sair de lá. o genin não conseguia mentalizar que tipo de instrução ou ensinamento poderia compartilhar com outros garotos da sua idade, muitos deles dos quais, taichi acreditava, com experiências e maturidade para além das dele.

suspirou, contendo a frustração, e enrolou o pergaminho com as poucas instruções fornecidas pelo quartel general. faça uma demonstração, escreveram ali, e taichi não pôde deixar de pensar que queriam vê-lo fazer papel de bobo da corte para a criançada, um entretenimento fácil para que os professores conseguissem algumas horinhas de folga. decerto era isso, disse a si mesmo, pondo-se em direção da academia.

por sorte, taichi não estaria sozinho. nas informações fornecidas a ele, havia o aviso de que um segundo shinobi também participaria da... palestra? torceu o nariz para a palavra, sentindo o estômago revirar com a ideia de voltar para a sala de aula. preferiria enfrentar três bandidos com as mãos amarradas ao invés disso, ele concluiu. mas lá estava taichi, arrastando-se para o portal de entrada do edifício, a respiração acelerada como inferência de sua má vontade.

“olá. sou taichi miura. genin. me pediram para vir aqui hoje para dar... hãmmm... para conversar com os estudantes.” disse ele, tentando se apresentar da melhor forma possível. sua comunicabilidade deveria ser refinada, ele bem sabia, mas taichi só se dava conta disso quando já estava enredado em uma convenção social embaraçosa como aquela. a recepcionista sorriu para ele, mas taichi não entendeu por quê – ele não havia feito gracejo algum. talvez fosse algum tique, deduziu. “para onde devo ir?” perguntou, mas a moça indicou a ele um pequeno sofá ainda naquele mesmo cômodo. aparentemente, ele precisaria esperar o segundo convidado chegar.

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quando levantou os olhos, taichi se deparou com um rapaz, um tanto mais alto do que ele, se aproximar. esticou a mão para retribuir o aperto, pincelando um sorriso no rosto como mandava a boa etiqueta; apresentou-se, estendendo nome e sobrenome, mas torceu o nariz quando ouviu a pergunta do novo colega.

“para ser sincero... eu não sei se eu deveria estar aqui. a maior parte deles tem a minha idade, se não forem mais velhos...” respondeu, sincero, mesmo que soubesse que talvez jyu não estivesse de fato interessado no que ele tinha a dizer. não importava, no entanto, já que o desabafo havia escapulido por entre seus lábios de qualquer jeito.

ele se levantou, ajeitando o chapéu na cabeça, no momento exato em que a secretária os alertou de que estavam começando a ficar atrasados. aprumou-se da melhor forma que conseguiu, tentando disfarçar o nervosismo, e rumou para onde deveria ir. seus passos comedidos revelavam apreensão, mas ficou grato por jyu não parecer pressioná-lo.

entretanto, ao chegar na sala de aula, ficou evidente que a deixa ficaria por conta do mais novo. lá na frente, paralisado enquanto encarava os alunos da academia, ele olhou de relance para jyu, como se esperasse alguma instrução, mas recebeu de volta apenas silêncio e impessoalidade. decerto queria assistir ao genin e ver o que ele faria numa situação tão constrangedora como aquela, e por isso taichi precisou conter a vontade de correr para o mais longe que conseguisse dali.

em vez disso, respirou fundo e esticou o braço, concentrando chakra em uma das mãos; e, da ponta do seu dedo, um liquido negro, muito denso e viscoso, começou a gotejar no chão. taichi explicou que se tratava de uma técnica pessoal com a qual tinha nascido, e que ele não a dominava muito bem quando ainda estava na academia... mas, logo em seguida, para demonstrar sua evolução, ele permitiu que uma grande quantidade do material jorrasse de sua mão, simulando petróleo condensando, até formar uma grande poça à sua frente; dela, um homem com asas no lugar dos braços emergiu, crescendo até se tornar mais alto que ambos os shinobis, até finalmente ajoelhar ao lado de seu conjurador.

sua técnica permitia a taichi criar um guardião humanoide, capaz de movimentação tão precisa a ponto de causar impressão de possuir consciência própria; mas era ele nada mais que um boneco, um satélite pessoal do pequeno genin que o orbitava e o protegia sempre que era invocado. de repente, sem sequer mexer um único membro, o grande anjo se desintegrou em uma miríade de penas negras, antes de todo o yamiton desaparecer do local. taichi voltou a sua atenção para jyu, interessado em quais truques ele iria usar.

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as palavras fugiam da garganta de taichi à medida que jyu evoluía em sua apresentação. o pequeno genin expressou interesse ao ver as estrelas de vento circularem pela sala com precisão e desenvolvimento, demonstrações visuais para que os pequenos captassem com mais facilidade o discurso do mais velho. taichi estava acostumado a lidar com aquela percepção monocromática sobre o caminho militar, reduzindo shinobis à guerrilheiros racionais, embora não conseguisse dizer com certeza se partilhava da mesma opinião. taichi sabia que as suas próprias motivações para se tornar um ninja não eram necessariamente altruístas, mas isso de forma alguma o reduziria a uma mera máquina de matar.

foi com alegria que descobriu que o colega de missão parecia partilhar do seu pensamento. a névoa cercou completamente a sala de aula, e embora o jutsu tenha impressionado o pequeno, decerto fora o discurso de jyu que o deixou verdadeiramente admirado – o ideal de um shinobi como farol para os necessitados, capaz de trazer paz e alegria para o mundo, acendeu uma chama de satisfação em seu âmago. taichi puxou uma salva de palmas quando o chunin finalizara a sua apresentação, percebendo nos rostos dos estudantes a mesma inspiração que tocou seu coração, e ficou feliz por isso.

“você foi incrível lá dentro, jyu, falou taichi, sincero. um sorriso verdadeiro estava desenhado em seus lábios, como resultado do seu contentamento pela missão. “no começo, eu estava um pouco chateado por ter que fazer isso, mas tô feliz por ter vindo aqui hoje. acho que aprendi algo também.” comentou despreocupado e casualmente. se virou para o colega e esticou a mão, cordial.

“espero trabalhar com você outra vez.”

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