taichi pairava no meio do ar a 10 metros do chão. sentia o vento acariciar o seu rosto como uma mão delicada, o cabelo se movendo com a influência das correntes. de olhos fechados, ele se concentrava na distribuição correta de sua energia, infundindo seu chakra pelo corpo, mandando-o constantemente para a areia sob ele.

sentado em posição de lótus completa, os pés perfeitamente alocados sobre as coxas, as mãos juntas com os dedões encontrando um ao outro. taichi procurava relaxar enquanto lidava com o seu chakra sendo drenado constantemente para a manutenção da técnica. não que ele estivesse cansado -- aquele era um treino padrão

todos os dias, em um ritual matinal demasiado diligente, taichi usava sua técnica sabaku fuyū para aperfeiçoar o seu ninjutsu. a intenção era manter o fluxo de chakra em constante movimento, liberando-o apenas o suficiente para sustentar a areia de ferro condensada em um único ponto. era uma forma prática e fácil de refinar o seu controle, sem que isso provocasse um grande desgaste ao seu corpo, e o impedisse de desempenhar as suas funções como shinobi. de forma geral, a meta era sempre prolongar a meditação em suspensão por tempo superior à do dia anterior, acrescentando gradativamente 5 minutos a cada nova tentativa.

outrossim, embora não fizesse uma contagem rigorosa, taichi sabia mais ou menos há quantos minutos ele já estava naquela formação. no dia anterior, ele havia mantido a técnica por 60 minutos ininterruptos, um recorde que ele ainda não havia conseguido quebrar. contrariava-o ter que admitir isto para si mesmo, mas era um fato que semanas haviam se passado desde que ele chegara àquele limite.

em verdade, taichi se quer se lembrava do dia exato em que atingiu a marca de uma hora, mas desde então qualquer tentativa de superá-la inferia em um desgaste inaceitável para a sua constituição. claro, não era nada que o impossibilitava de seguir a agenda de maneira convencional, mas certamente era um gasto extra que ele não poderia se dar ao luxo de ter no meio de uma batalha real.

ali, no entanto, ele se mantinha alinhado e tranquilo, a postura curiosamente ereta e altiva. em seu corpo as consequências dos treinos intensos das últimas semanas ainda se faziam presentes, mas taichi não parecia se preocupar com essa condição. calmo, focado, disciplinado. quando a sua existência meditava e a sua mente ficava vazia, pouca coisa parecia realmente incomodá-lo.

portanto, foi com surpresa que taichi notou o mensageiro debaixo da sua sombra, tentando chamar a sua atenção. a areia, que até então servira de apoio para a técnica de movimento, serpentou em espiral até o desconhecido, e por ela o garoto deslizou como se estivesse descendo em um escorregador. com uma mesura ele agradeceu pelo serviço prestado, e esperou o homem desaparecer antes de conferir o conteúdo da carta. uma missão!

não havia muitos detalhes no pedaço de papel, mas taichi se animou mesmo assim. era a primeira vez que a sua presença se fez requisitada desde que ele iniciara seu novo treinamento, e por isso ele estava animado para testar a sua evolução. de repente, lembrou-se de averiguar as horas, e se admirou ao perceber que, sem que se desse conta, havia destravado o limite do seu treino. considerou aquele resultado um sinal de bom agouro, satisfeito por finalmente colher os frutos do seu esforço.

com ar de simpatia e gracejos, ele se dirigiu para o ponto de encontro.