Eu havia por fim me tornado um Nukenin, um fugitivo - Escória de Kumogakure. Mas eles não perdem por esperar. Não, não..Todos, cada um daqueles vermes pagará por isso. Por tudo o que fizeram a mim todo esse tempo sem eu nem mesmo perceber. Andando diante as grandes árvores que se prestavam diante de minha presença, percebi que, mesmo após um único dia ter se passado, a sensação de estar sendo observado simplesmente não saía de meus pensamentos. Não conseguia dar um passo sem sentir um calafrio percorrendo por toda a minha espinha, e isso estava a ficar extremamente estranho para mim. Não demorou muito até movimentos estranhos viessem das árvores, meus olhos fitaram os locais por imediato e meu corpo instintivamente entrara em posição de combate. Fechei meus punhos e aguardei por uma prova de que ali se escondia um inimigo, e a resposta não demorou muito até chegar na forma de kunais, que voavam na direção de meu rosto. Em movimentos rápidos e precisos, desviei-as de meu caminho com um toque e demonstrei superioridade ao subir pelas árvores e chegar na posição do inimigo em poucos segundos, utilizando-me de um chute giratório que fora capaz de partir um tronco ao meio de tamanha força de impacto. Mesmo assim, o alvo havia conseguido escapar de meu golpe com sucesso ao mesmo tempo que também chamou aliados como reforço, vendo que seria incapaz de vencer tal luta por conta própria. Aquilo seria difícil. Não eram dois nem três, e sim cinco deles, todos com a bandana de Kumogakure no Sato. Meus punhos se encheram de ódio, os olhos começaram a enbranquecer ao ver que meus antigos compatriotas me caçavam "Por bem" da vila. Não, aquilo eu não permitiria. Se é assim que Kumogakure quer resolver as coisas, então também não deverão gritar quando toda minha fúria cair sobre essa vila imunda e todos aqueles que meus olhos puderem enxergar. As pernas e braços se enrijeceram, e como um flash, impulsionei-me do tronco em que estava, quebrando-o em pedaços para enfim desferir um golpe frontal certeiro contra o oponente inicial que estava em minha frente, com uma intenção assassina que exalava até mesmo o cheiro da morte. O Golpe era rápido e preciso, contra o queixo do indivíduo na intenção de mandá-lo para o outro mundo de maneira rápida e eficaz. Enfim....O impacto se aproximava, e o sorriso em meu rosto não era de felicidade: Muito pelo contrário, era um sorriso amargo misturado à própria intenção de cometer um crime contra meus próprios irmãos de vila.

Mesmo assim, não havia sido rápido o suficiente para fazê-lo recuar. O Golpe passou de raspão por baixo da perna direita do mesmo, uma vez que tenha pulado para conseguir desviar-se de meu ataque. Que droga! Será que eu fiquei mais lento, ou seria apenas uma impressão minha? Enfim, eu não poderia simplesmente ceder e desistir àquela altura. Eu tinha muito mais o que fazer, afinal de contas. Era uma batalha como as outras: Amigos passados, por mim não importa, matarei cada um deles como se não passassem de formigas. Após o golpe ter sido finalizado com fracasso ao ar, o quinteto espalhou-se numa tentativa de me atingir por um ponto cego o qual eu não estivesse atento no momento do pós-impacto. Um deles havia sido precipitado e decidiu avançar contra minhas costas sem mais nem menos, pensando que poderia terminar com tudo naquele mesmo momento sem ter que dar dores de cabeça ao restante do time, mas mal o tolo sabia com o que estava se metendo. Concentrando minha força na perna direita, virei-me de uma só ve para o agressor, utilizando-me de um chute giratório rápido contra o queixo com o chakra impulsionando o golpe ao mesmo tempo que aumentava sua força. O nome deste golpe era Goriki Senpu, um de meus favoritos, por acaso. O chute fora preciso e rápido, a ponto de ser capaz de destruir por completo a caixa torácica do invidíduo, mandando-o para vários metros de distância enquanto ele agonizava e vomitava grandes quantidades de sangue, estando em seus momentos finais de vida. Ao mesmo tempo, os cabelos de minha pessoa começaram a tomar uma tonalidade dourada enquanto gritos eram emitidos. Após poucos segundos, abrindo os dois primeiros Hachimon, virei-me para o restante do grupo enquanto me aproximava do corpo caído do idiota que tentara me enfrentar. Apontei o dedo para o mais próximo.

- "Oh, então é isso que vocês conseguem fazer? Devo dizer...Estou profundamente decepcionado com o quão fracos são. Esperava muito mais de um esquadrão especializado na caça de fugitivos..." - Proferi, em um tom irônico com expressão debochada.

Aparentemente eles haviam se enfurecido com aquilo. Terminei o serviço ao esmagar o pescoço do aflito caído com meu pé esquerdo, afundando sua carne e quebrando as vértebras, causando uma morte imediata e extremamente dolorosa a qual seu corpo permaneceria desfigurado. Um enterro a caixão fechado, para variar....Ao menos, se encontrassem os corpos. Aqueles homens estavam desacreditados do que havia acabado de acontecer. Um companheiro havia sido brutalmente assassinado por aquele que antes poderiam chamar de amigo ou até mesmo irmão, agora, tendo virado as costas contra o próprio vilarejo. Eu me sentia liberto das correntes malditas que me prendiam àquela vila nojenta. Aguardei pacientemente, até que dois deles aparentemente perderam a paciência e vieram para cima de mim, com punhos cerrados e intenção assassina. Sim, enfim...A luta de verdade estava para começar. Seria este, o ápice de minha loucura...Ou o início do despertar do meu verdadeiro eu?

A troca de golpes havia se iniciado e de começo eu não achei que seria muito complicado manter a velocidade e poder de igual para igual com tal indivíduo. Ao contrário do que pensei, os golpes sucessivos realizados por ele eram tão rápidos quanto os meus, mesmo que não tivessem a mesma força de impacto. Como em uma batalha fictícia, pulávamos dentre as árvores trocando golpes e destruindo árvores atrás de árvores com nossas forças. O segundo também iniciou uma série de golpes, enquanto os outros dois que permaneciam dormentes ao fundo do campo de batalha realizavam selos de mão e conjuravam técnicas shinobis de alto nível que viajavam até meu corpo, com intenção de me debilitar para facilitar que os aliados pudessem atingir-me. Uma das técnicas chegou a me atingir, o que permitiu com que o primeiro daqueles homens conseguisse atingir um cruzado de esquerda direto contra minha mandíbula. Por um momento pensei que ela tivesse se deslocado, nunca havia levado um golpe tão forte antes...Nem mesmo um tigre ou leão conseguiam fazer tanta pressão como o golpe deste homem havia feito. Deduzi que poderia também se tratar de um especialista em taijutsu, e sem pensar duas vezes, afastei-me do combate o máximo que fosse possível e cruzei os braços, concentrando um grande poder latente que já havia dominado há algum tempo. Eu havia cansado de brincar àquela altura. Lentamente, minha massa muscular crescia de maneira exarcebada e os olhos perdiam a cor. Os cabelos cresciam e espetavam-se ainda mais, tomando uma coloração esverdeada enquanto uma enorme aura de chakra de mesma cor era emitida de meu corpo, rompendo o solo abaixo de meus pés e ao meu redor. Então, finalmente, libertei todo o poder que os Seis Portões que continha no momento poderia oferecer, berrando em direção ao céu, com fúria. Os homens à distância se assustavam com a tamanha quantidade de poder que aquele simples Chuunin tinha para mostrar. Será que aquilo era mesmo um humano?


Sem mais volta, eu havia perdido completamente a consciência naquele momento. Entreguei-me ao ódio e poder, sem hesitação alguma. Todo aquele poder havia sido finalmente libertado de uma só vez, para que todos fossem esmagados sem chance de defesa. O primeiro movimento havia sido atacar diretamente àquele que conseguira atingir meu torso com a técnica ninja do estilo vento, avançando com uma velocidade tão grande que nenhum deles havia conseguido sequer notado quando deixei o local inicial, desferindo um golpe martelo contra o crânio do shinobi de Kumogakure, mandando-o para o outro mundo com apenas um único golpe. O corpo sem vida e com a cabeça aberta e jorrando sangue caiu e despencou das árvores, desaparecendo dentre as folhas no chão. Os outros dois shinobis especializados em taijutsu tentaram por mais uma vez avançar contra mim, com poder total libertado. Eu não dizia nada, apenas mantinha um sorriso macabro em meu rosto. Exalando uma aura assassina, não tive dificuldades em quebrar o pescoço de ambos de uma só vez, em um único instante, com um único golpe. A velocidade era impossível de ser acompanhada, e os corpos por mais uma vez rolaram ladeira abaixo. O último shinobi do grupo, no entanto, não parecia preocupado. Ele retirou a bandana de Kumogakure do braço e jogou-a para longe. O que ele estava pensando, afinal? Me mantive próximo e fechei os punhos por mais uma vez, fazendo com que as veias se tornassem proeminentes em minha pele enquanto a aura de chakra demonstrava o verdadeiro poder de um mebro do Clã Lee.

Avancei por mais uma vez sem pensar duas vezes, estava completamente fora de mim mesmo. Tudo o que eu vi a frente era destruição e morte, meus punhos almejavam pelo terror, e meu corpo movia-se de maneira involuntária para saciar o desejo de espalhar o caos. Apesar de tudo, aquele homem parecia estar muito confiante mesmo após tendo presenciado o despertar de quase todo o poder de Kressel Exylarius, agora consumido pelo caos latente em sua alma. O que eu queria além de socá-lo até a morte? Não sei, mas de fato...Ele não era comum. Desviou-se de minha saraivada contínua de golpes cruzados sem o menor esforço e inclusive utilizava-se de sua própria força para rebater meus chutes e socos, sem sequer demonstrar tensão em meio às defesas. Pulou para trás e se afastou, seu olhar era de desprezo e neutralidade, como se nada do que aconteceu até agora realmente tivesse importado para ele. Sem estratégia, continuei a tentar atacá-lo diretamente mas tudo o que eu obtia era um grande vazio. De repente, o homem também começara a contra-atacar com seus próprios golpes, e o embate entre pulos iniciava-se. Por mais estranho que isso possa parecer, mesmo com seis portões abertos...Eu ainda era mais fraco que aquele cara...Não...Que aquela coisa. Ele conseguiu contra-atacar de maneira tão perfeita que seus golpes conseguiam me atingir profundamente sem nem mesmo tocar meu corpo, como se fosse uma ondade impacto. Minhas energias estavam lentamente se esgotando e meu corpo tremia, e finalizando a sequência de golpes, pulou por cima de meu braço direito e com a mão aberta desferiu um golpe certeiro contra um local pouco abaixo da nuca, com tamanha força que fora capaz de me mandar voando através das árvores. Então, meus olhos começaram a se ofuscar...Tudo estava...Girando, e mal ficar de pé eu conseguia. Tossindo sangue, finalmente dei-me conta do que estava acontecendo. Eu havia perdido? Talvez sim ,talvez não...Mas se tem duas coisas que aprendi na vida, é que uma pessoa só perde quando está morta e que o ódio pode fazer milagres em situações críticas. Eu não havia pensado nisso, apenas sentia uma raiva incontrolável por ter sido derrubado de maneira tão humilhante. O homem então pulou das árvores, aproximando-se de minha pessoa com passos lentos.

- "Onde está toda aquela sua confiança de antes, grandão? Você não disse que esperava mais de nós? Pois é...Eu também pensei que você fosse ser um oponente digno, mas agora vejo que não passa de mais um corpo que deverei atirar à sarjeta. Apenas fique quieto e morra como lixo que você sempre foi." - Ele proferiu.

Aquele foi o estopim. Ouvindo aquelas palavras, meu coração começou a disparar meus olhos se encheram de sangue de tal maneira que ficaram completamente vermelhos por alguns instantes, mas depois, toda aquela raiva e energia acumulada explodiram de uma maneira inexplicável. A aura de chakra ao meu redor começou a se tornar cada vez mais intensa, e me levantando lentamente, contraí os músculos de todo o meu corpo e gritei, fazendo com que todo o meu sistema circulatório de chakra fosse ao completo descontrole. Explodindo em ódio, a aura tornou-se completamente azul e se expandiu, destruindo o solo abaixo de meus pés e fazendo com que meus cabelos crescessem ainda mais, agora tomando uma coloração azul. A camisa que antes vestia explodiu com a massa muscular crescente, e agora, finalmente, retomava a minha consciência.  O homem antes confiante da vitória agora se via em apuros, sua expressão repentinamente havia sido mudada para um medo inexplicável. Minha aura finalmente afinou-se, os cabelos voavam ao ar e quando a aura foi totalmente suprimida, todo o meu poder havia sido completamente libertado. O Sétimo Portão...Despertado.

- "É melhor você já ir começando a rezar." - Fora a única frase que proferi, antes de partir para o final de tudo.

Mesmo naquela forma majestosa em que me encontrava, aquele homem ainda queria se pagar de durão. Tentou encobrir a expressão de medo e raiva que sentia no momento por um sorriso torto e forçado, como se não estivesse levando a sério a situação em que se encontrava. Baixei a guarda e comecei a andejar lentamente na direção do mesmo enquanto meus grandes cabelos azulados pairavam ao ar. O indivíduo percebeu a atitude serena que eu havia decidido tomar e aparentemente enfureceu-se. Talvez ele estivesse pensando que eu agora já não mais me importava com a força que ele possuía. De fato, minha mente agora encontrava-se em perfeito equilíbrio, eu havia enfim entendido o verdadeiro conceito por trás do poder inerte da formação dos Oito Portões Internos. Não era apenas questão de força bruta ou espírito, afinal de contas. Avançou contra mim com um chute giratório aéreo, que fiz questão de bloquear com apenas o braço esquerdo e sem sequer virar a cabeça. Impressionado com o que havia acabado de acontecer, continuou a tentar desferir uma sequência de golpes, que defendi com pouco esforço, sem nem ao menos precisar dar muitos passos para trás ou mesmo piscar os olhos. Quando dei a brincadeira como irritante, o veredito final havia sido morte. Segurei as mãos daquele homem de uma só vez e apertei com uma força tremenda, dobrando-as ao contrário e estraçalhando completamente seus dedos e punhos. Indefeso e agonizando em dor, o homem caiu no chão coberto pelo sangue que escorria dos rombos em sua pele enquanto eu me afastava com um pulo. Girando em meu próprio eixo com a perna direita levantada, ventos começaram a se formar ao redor de meu corpo e em seguida um enorme dragão formara-se, sendo uma das técnicas lendárias do Taijutsu. Com força, velocidade e impactos elevados ao seu máximo, desferi o golpe supremo que pude desenvolver contra o crânio do indivíduo. O impacto fora potente e forte o suficiente para não só decepar como fazer da cabeça do nina em pedaços desfigurados de carne, também causando um leve terremoto por todo o local. Toda a terra ao redor tremeu e o chão partiu-se, criando uma cratera mediante tamanha força do jutsu. Os corpos mortos voaram ao ar e as folhas se fizeram como um redemoinho. Árvores dobravam, e enfim, o combate se encerrava com minha vitória. Sentia que o corpo começava a se enfraquecer gradualmente por conta da abertura daquele portão. Não era como os outros: Desta vez, eu estava em sério risco. Sem muitas opções restantes, corri para a distância com o restante das forças que ainda me sobravam e quando finalmente as pernas me traíram, atirei-me ao chão e permaneci inerte, fechando os portões de uma vez. Os cabelos voltaram ao comum preto, e enfim, eu poderia descansar. Teria valido a pena, toda aquela fúria e sangue derramado? Talvez...Quem sabe, afinal?