[FILLER DE RETORNO] Sumidão!

As pontas dos meus dedos pareciam congeladas, meu queixo batia involuntariamente, meu único refúgio era meu cachecol, que me proporcionava um mínimo conforto naquela fria madrugada de inverno em Konohagakure. Não entendi porque haviam me convocado no quartel general da vila tão tarde e tão repentinamente, pois a mensagem trazida por Takumi — um dos falcões mensageiros da Folha — fora sucinta, embora destacasse a urgência da convocação. Meio sonolento, mas entendendo que se tratava de algo importante, me dirigi ao local combinado.

Chegando no QG, me deparei com dos jounins me aguardando. Eles logo me puxaram para dentro, observando rapidamente o lado de fora antes de fechar a porta atrás de mim.
— O que é isso? O que houve? — perguntei.
— Shhh! — me repreendeu um deles. — Fale baixo! Apenas estava vendo se você não foi seguido até aqui.
Eu não sabia detalhe algum sobre o motivo daquela convocação, muito menos o porquê de tanto sigilo. Percebendo minha confusão, o segundo jounin tratou de me explicar a situação.
— É o seguinte: você foi convocado aqui na calada da noite porque receberá uma missão sigilosa, da qual ninguém além de nós três e o próprio Hokage possui detalhes. O que vamos tratar aqui não deve sair dessa sala, entendeu?
Quanto mais ele falava, mais confuso eu ficava. Talvez fosse apenas o fato de eu ainda estar desnorteado por conta do sono, mas de todo modo apenas resolvi sorrir e acenar, como se estivesse compreendendo tudo.

— Descobrimos recentemente que há um ninja, um chunin, infiltrado em nosso meio. Fontes indicam que se trata de um traidor que está vendendo informações sigilosas nossas para o País da Pedra. Não só isso, mas também descobrimos que ele têm roubado documantos que pertencem à Folha e os está vendendo para nukenins mercenários.
O primeiro jounin então sacou algo de sua bolsa e entregou em minhas mãos, era um pergaminho. Tentei ler o que havia escrito em seu exterior.
— Rashō... — mas logo fui interrompido pelo jounin que o havia me entregue.
— Pelo que descobrimos, este pergaminho é o próximo alvo desse tal traidor. Já tentamos criar armadilhas para pegá-lo em flagrante, mas ele sempre nos surpreende de alguma forma. Da última vez, ele criou uma explosão falsa apenas para distrair os guardas que protegiam o documanto que ele pretendia roubar.

O segundo jounin então prosseguiu:
— Sua missão será guardar este pergaminho consigo, guardá-lo com sua vida! Caso note alguma movimentação suspeita de alguém que tente pegá-lo, deve nos reportar imediatamente. Mas lembre-se, tudo isso em sigilo!
Cocei um pouco a cabeça, pois a situação era mais grave do que eu imaginava. Ainda assim, concordei.
— Tudo bem, eu posso fazer isso. Mas se o objetivo principal é manter o pergaminho longe das mãos desse infiltrado, não seria melhor então enviá-lo para longe de seu alcance? Eu poderia aceitar uma missão fictícia para a qual precisasse ficar fora da vila por alguns dias.
Os dois jounins se olharam e acenaram positivamente com a cabeça, um para o outro.
— Ok, você parte hoje de manhã então!
Dito isso, voltei para minha casa, dessa vez me atentando para ver se ninguém me perseguia. Ao chegar, não consegui mais dormir, conseguia apenas pensar na missão.

Antes do primeiro raiar do sol, eu já estava no portão da vila pronto para partir. Tudo aconteceu tão repentinamente, que a única coisa que pude deixar para os meus pais foi um bilhete dizendo que precisei sair em uma missão urgente e que ficaria fora por dias. E assim foi.
Viajei para quilômetros fora de Konoha, passando por diversas cidadelas do País do Fogo. Busquei manter-me sempre low profile, não chamando atenção e sequer esbanjando a minha bandana.

Sete dias se passaram e eu finalmente fui convocado para retornar à vila. Assim que cheguei, me dirigi novamente ao quartel general, sendo novamente recebido pelos dois jounins. Tratei de entregar-lhes o pergaminho que havia guardado com tanto afinco, mas a feição dos dois shinobis indicava que havia algo errado.
— O que houve? Descobriram nosso plano?
— Sim, mas o descobriram antes mesmo do que podíamos imaginar. — respondeu o jounin.
— Como assim? Não entendi.
O outro jounin então pegou o pergaminho de minha mão e o jogou no fogo de uma lareira próxima.
— Espera, o que você está fazendo?! — exclamei.
— Não se preocupe, esse pergaminho era falso.
— O quê?! Espera, como assim?!
— Mais uma vez o traidor foi mais esperto que nós. Parece que ele já estava ciente de que te daríamos a incumbência de guardar o pergaminho e antecipadamente o substituiu por uma réplica. Ele nos fez acreditar que estávamos em posse do pergaminho, quando na verdade ele já o havia roubado anteriormente.
— Sim, e com isso ele teve tempo suficiente para escapar da vila sem que ninguém percebesse. Quando notamos sua ausência e descobrimos seu plano, já havia sido tarde demais. Felizmente descobrimos quem era o tal infiltrado, em compensação perdemos um pergaminho que continha um jutsu secreto, que pelo que soube, foi deixado pelo próprio fundador da Folha.

Todas aquelas informações eram demais para serem digeridas, mas o sentimento de ter sido enganado certamente era o mais agravante.
— Enfim, você não falhou em sua missão, nós é quem falhamos primeiro. Pode ir para sua casa, mas pedimos que mantenha tudo isso em segredo. Até mais! — disse o jounin, antes de ambos sumirem numa cortina de fumaça.

Eu então retornei ao meu lar após sete longos dias de ausência. No caminho, refleti sobre o fato acontecido, pensando que todo meu esforço e afinco havia sido em vão, mas logo tratei de superar aquilo e seguir em frente. Tantos dias de ausência certamente teriam um custo que eu precisaria correr para compensar!