Era uma manhã. Uma como qualquer outra. Acordei e inspirei fundo. Senti aquele cheiro de terra molhada. - Vai chover... - Pensei. Eu gostava bastante da natureza, de observá-la e admirá-lá sempre que pudesse. E foi o que fiz: o céu estava acinzentado, as nuvens estavam presentes aos montes por lá, impedindo que os raios de luz do sol atingissem o solo com força. A umidade do ar provavelmente estava alta, estava fresco; era um tempo bom para uma pipoca, um cochilo, talvez um brigadeiro não fosse ruim também. Olhei para o lado e vi Panda, meu companheiro primata, correspondendo o olhar. - O que você tá olhando? Vai ficar sem fazer nada o dia todo mesmo?! - Esquecendo o fato de que aquele macaco falava, ele me dera uma verdadeira bofetada na cara. Aquele animalzinho tava mais animado que eu? Era isso que nós veríamos. - Levanta então... Vamos treinar. - Expressando em sua face grande supresa, Panda demonstrava que realmente me conhecia, já que eu não era muito de pronunciar aquele conjunto de palavras. Mas eu não tinha falado aquilo da boca pra fora, eu precisava ficar mais forte e, para isso, teria que passar por alguns treinos. Sendo assim, levantamo-nos e nos dirigimos ao campo de treinos.

Ao atingirmos o local desejado, Panda me encarou, ele parecia com preguiça de falar e contava com minha interpretação de facetas que, por sinal, era boa; ele queria saber o que faríamos a seguir. - Vamos lutar... Preciso fortalecer meus músculos e melhorar meu Taijutsu. - Com aquele objetivo traçado, bastava apenas começar a trocação de socos, os famosos cinco (nesse caso um pouco mais) minutos sem perder a amizade. - Não pegue leve comigo, Panda. Venha com força total. - Completei. Se fosse analisar, eu era bem mais forte do que ele, mas não podia subestimá-lo, ele tinha suas cartas na manga e, ainda melhor, seus ataques tinham padrões diferentes de shinobis.

Com um avanço frontal, Panda veio diretamente, usando sua velocidade máxima. Ele não era tão rápido, mas permiti a aproximação para ver o que ele estava tramando. Assim que a distância entre nós foi encurtada em menos de um metro, ele alterou subitamente sua trajetória de movimento: um salto curto, com o único propósito de retirar os pés do chão, seguido de uma guinada com o corpo, colocando a palma da mão direita no chão. Naquela posição, ele colocava-se bastante vulnerável, mas, para minha surpresa, não acabava por ali. Ele ainda se permitiu girar o corpo, como um peão, por alguns segundos. - Ele está tentando esconder sua verdadeira intenção. Provavelmente será um chute frontal. - Deduzi. E o fiz corretamente. Ergui meu braço esquerdo na altura do ombro para bloqueá-ló com sucesso. Sua expressão não foi das melhores. - Como você soube, Oloril? - Eu não sabia o motivo exato. Previsibilidade do movimento? Talvez não. Intuição? Talvez sim. Poderia ser também nossa diferença de velocidade, eu já tinha me acostumado com aquele nível de rapidez. - Não se atente a isso. Agora é minha vez! - Finalizei.

Após minhas palavras, Panda tomou alguns metros de distância, mas em vão. Assim que ele se mostrou preparado para minha investida, encurtei aquela diferença em menos de um segundo, provocando uma faceta de susto no primata. Da mesma forma que Panda fez, eu o imitei. Guinei meu corpo e travei a palma da mão esquerda no chão, erguendo meu corpo de cabeça para baixo e provocando o giro. Enquanto executava aquele movimento, percebi que seu olhar estava fixamente nos meus pés, ele aguardava um chute como o dele. Contudo, ao notar aquilo, retirei minha mão de apoio, fazendo com que meu corpo pairasse no ar por alguns milésimos de segundos. Nesse intervalo, abusei da minha velocidade máxima para usar o mesmo braço para puxar as pernas de Panda. Obviamente, sem tempo de reação algum, a investida tinha funcionado, o primata caiu no chão, já que estava sem apoio, e me aproximei dele, estendendo-lhe a mão para que pudesse ajudá-lo a se levantar. - Obrigado... Acho que entendi, minha investida foi previsível e faltou-me velocidade. - Era aquilo, sim. Concordei com apenas um balançar de cabeça. - Agora, vamos pra copa das árvores. É sua zona de conforto. Vamos ver como a gente luta lá. -

Convidei-o para me seguir para a entrada de um pequeno bosque. De lá, subimos, cada um em sua árvore, e nos preparamos para o combate. O primeiro a se mover foi o Panda, ele começou a se balançar, aleatoriamente, de um lado para o outro, como se estivesse me chamando para atacá-lo. Eu podia compensar minha falta de “naturalidade” com o ambiente usando minha velocidade, minha movimentação não seria tão precisa, mas seria veloz o suficiente, caso eu não caísse, para desfazer esse defeito. Assim o fiz. Abusando de minha velocidade máxima, saltei, sempre da esquerda para a direita, de um galho para outro, encurtando, aos poucos, nossa distância. Quando estávamos o mais próximos que consegui, cerca de 20 metros, decidi que no momento exato em que ele saltasse pro próximo galho, eu iria com toda velocidade na direção dele. Com minha alta agilidade, eu poderia descontar toda aquela distância em pouco mais de um segundo. No instante em que a brecha chegou, coloquei toda a força nos membros inferiores e me impulsionei na direção do primata. Atingi-o em instantes e lá ele decidiu não se afastar, mas sim lutar em cima da árvore comigo. Soco. Bloqueio. Chute. Bloqueio. Trocamos golpes por longos segundos sem que um de nós conseguisse acertar diretamente o outro. Ele tentava usar o rabo para ganhar mais equilíbrio ali em cima, girando seu corpo nos galhos, mas eu fazia de tudo para não permitir, sempre encurtando nossa diferença de distância. - Vamos acabar logo com isso. - Pensei. Com uma rasteira desferida rapidamente, tirei o equilíbrio de Panda e completei com um soco, fraco, que estava mais para um empurrão, lançando-o um metro para longe. O primata entendeu o que eu queria dizer com aquilo, era a hora de parar.

Saímos do bosque e passamos pelo campo de treinamento, nos dirigindo para casa. - Deu pra suar, né?! Foi bom. - Panda confirmou com um aceno com a cabeça. - Fiquei surpreso quando me chamou pra treinar... Mas agora eu entendo. Queria ter essa determinação vez ou outra. - De fato eu estava determinado, mas não era uma característica própria minha. Eu fazia aquilo porque precisava e não por ansiar por isso. - Vamos logo, vai chover. Quero uma pipoca, e vai ficar por sua conta... - O cheiro de terra molhada ficava mais perceptível, a chuva estava chegando. Além disso, Panda concordou com o pedido,ele tinha “perdido” nas disputas do treino e por isso, estava me devendo uma.

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STATUS - OLORIL
• HP: 675/675 • CH: 675/675  • ST: 2/4 •