62 DG - Início
Nascido e criado longe dos domínios do Clã Hyuuga, Fukato não conheceu seu pai - não se sabe a seu respeito -. Passou, então, a viver com sua mãe e seu tio - primo da mãe - nos arredores de Konohagakure. Sua mãe era da família principal e seu tio, da secundária, e ambos tinham um bom histórico shinobi. De certa forma, Fukato estava em boas mãos. O menino era apaixonado pelas melodias que sobrevoavam e circundavam o ambiente, provenientes da Lira, cuja mãe tocara ao entardecer do dia, bem como adorava ouvi-las antes de dormir também.

Aos 3 anos de idade, seu destino maternal fora marcado: sua mãe recebeu uma missão e não mais retornou. Passou a viver apenas com seu tio, tendo uma sobrecarga de sentimentos, já que toda noite aguardava a volta de sua mãe. Toda noite era o mesmo resultado: dissipação da esperança. Aprendeu a falar, aprendeu a ler com seu tio e vislumbrava os treinamentos do mesmo ao ar livre - sem perceber até tentava imitá-lo, provocando risos no homem mais velho, que fingia não notar -.

Aos 4 anos de idade, Fukato aprendeu a ter mais paciência e, com isso, a pescar, preparar uma fogueira e fazer seu próprio alimento. Ensinamentos práticos e de grande valia, mas o que mais praticou fora tocar a Lira de sua mãe. Seu tio tinha um pouco de noção no instrumento, o que facilitou; todavia a vontade de ''sentir'' a presença de sua mãe fez com que o menino desenvolvesse uma aptidão significativa. Aquilo tudo passou a ser algo sagrado, não podia ficar um dia sem tocar, geralmente no entardecer do dia.

Beirando seus 5 anos de idade, seu tio passou a imergir ainda mais nos conteúdos teóricos de shinobi, bem como a história de seu Clã, definindo o estilo de luta e afins. Naturalmente o menino fazia perguntas sobre a história de seus pais, mas nunca obtivera respostas para tal; como se seu tio esquivasse. Naquele período o garoto já usufruía do taijutsu em troncos de árvore, onde seu tio desenhava os alvos certeiros. Era curioso como o pequenino já era veloz e aparentava ter uma força interessante. Com o passar dos treinamentos, calejava seus dedos e desgastava as palmas das mãos, surpreendendo seu tio a cada dia de treinamento. Mesmo com um treinamento sobrecarregado, a vontade de aprender o deixava com fôlego para uma atividade mais leve; fato aquele que seu tio cessou com umas ''brincadeiras'' em tempos vagos: o famoso pega-pega. O seu tio despertava interesse do menino durante as brincadeiras, pois utilizava chakra nos pés para escalar árvores e/ou permanecer com os pés sobre a água.

Aos 5 anos de idade, Fukato aprendeu a controlar um pouco melhor seu chakra para poder se aventurar com seu tio nas brincadeiras e escalar as árvores e/ou correr por sobre as águas, além de passar a treinar com pesos leves, para desenvolver ainda mais sua velocidade, seja para movimento, como também para ataques e esquivas. Passou também a usar kunais e descobriu que era ''mais fã'' de senbons, por serem mais sutis.

Aos 6 anos de idade, seu tio o inscreveu na Academia de Konohagakure e lá o jovem conheceu outros da sua idade. Fukato era reservado, então, não puxava assunto e preferia o silêncio. Sofria com alguns ensinamentos, já que ainda não tinha desenvolvido ninjutsu, nem genjutsu. Sabia que seria questão de tempo, mas seu tio priorizava os ensinamentos do Clã, acreditando que o garoto aprenderia os demais com o tempo.

Dos 6 aos 8 anos de idade, o menino passou a maior parte do tempo na Academia e, quando voltava para o que ele chamava de morada, passou a treinar de forma mais complexa. Seu tio achava que ele estaria pronto para aprender as técnicas tão almejadas do Clã, então, criaram uma rotina: 3 dias com o menino atacando e 3 dias de pura defesa, o outro dia era de leitura, para que pudesse intensificar os ensinamentos.

Uma vida regrada e de muita melodia no final da tarde, afinal sua Lira era a melhor companhia. Aos 8 anos, com certas dificuldades, conseguiu a graduação. Fukato enxergava seu tio como o pai que não tivera e desejava manusear uma katana como seu tio. Seu tio, por outro lado, vivia com promessas de que o ensinaria tudo o que sabe, com a finalidade de fazer o menino ser ainda melhor que o próprio. Aquelas palavras eram motivadoras. Assim que voltou para sua morada, escondida perto de um rio e muitas árvores, deparou-se com seu tio cercado por 3 shinobis com bandanas que Fukato não reconhecia, já que viveu em um mundo restrito. Sem muito pensar, enfiou-se no meio para cobrir a retaguarda do tio.

- Saia daqui, garoto! Você aqui só irá me atrapalhar! Pegue a bolsa próximo do seu travesseiro e não volte! Vou arrumar tempo. - seu tio desembanhou a katana e a lançou, como se fosse uma distração, já que seu trunfo eram as mãos.

De olhos esbugalhados, Fukato acatou as ordens, com lágrimas incontroláveis esvaindo por sua face. Não sabia o que continha na bolsa, mas só saberia após perguntar ao tio. Ele tinha esperança de que voltaria mais tarde e seu tio explicasse tudo. Sua vida sempre fora abastecida com esperanças. Foram 8 anos sem sequer saber o nome dos pais e do tio, por mais que tivesse convivido com alguns deles; para eles era mais seguro. Eram tantas dúvidas. A felicidade de ser graduado não era a graduação propriamente dita, mas as palavras de seu tio, dizendo que iria explicar toda a história de seus pais, como presente pela graduação.

Ao sair da moradia, seu tio utilizava seu taijutsu digno do Clã, era praticamente uma bela arte de se paquerar, mas não tinha tempo.

- Fukato, pega-pega! Está comigo! - esboçou um sorriso, fitando os olhos cheios d'água do menino, que assentiu e correu.

[...]

Ao retornar no anoitecer, sangue na grama. O clima estava frio e silencioso, chegava a dar calafrios no menino. Mais próximo do rio, a katana de seu tio fincada no solo e sua bandana ao lado, também com sangue, mas nenhum corpo por perto. Fukato ajoelhou perante a bandana, socou o solo, enquanto gritava de raiva. Suas lágrimas limpavam a bandana ensanguentada. Engoliu o choro, sentiu a esperança deixá-lo, amarrou a bandana na katana e fez seu luto. Pôs em sua mente que seria reconhecido por todos, que vingaria seu tio, que descobriria a respeito de sua identidade familiar e que não pararia de treinar, claro, para se tornar o shinobi que seu tio imaginava. Além dos jutsus aprendidos, naquela bolsa havia um pergaminho com o cronograma de treinamentos e aperfeiçoamentos, onde provavelmente seu tio tinha esquematizado para desenvolver o jovem. O garoto, então, acreditou que aquilo fora o último ensinamento deixado por seu tio, embora em forma teórica. Manteve-se morando naquele local, melhorando o cenário para treinamentos, criando seus horários e buscando desenvolver tudo o que fora deixado.
Continua...