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Em mais uma tarde na Vila da Folha, Senko se dirigia ao gabinete da Hokage para receber mais uma missão. Na noite anterior, felizmente conseguiu convencer seu irmão a ficar e encarar a obscura organização que assombrava a vida da família Matsuda.

Chegando no gabinete, subiu as conhecidas escadas e foi ao encontro da assistente Terumi. No corredor, viu de longe que um homem saía da sala da kunoichi. Senko apertou o passo, passou pelo indivíduo perfumado e, antes que Terumi fechasse a porta, pôs pé entre o batente e a porta. — Boa tarde, cheguei. — disse o chūnin

— Oh, Senko! Entre, entre! Como já sabe, tenho uma missão pra você. — Ela sentou-se e começou a revirar os papéis. — Hm… aqui. — Terumi pegou uma foto de um prédio antigo e abandonado e mostrou para o rapaz. — Quero que você investigue esse prédio para mim. Andam dizendo que ali está sendo feito algumas seitas para um “deus” dos shinobi, se é que me entende. Vá lá e descubra um pouco mais sobre quem está organizando esses eventos. — A voz dela tomava um tom mais sério. — Essa missão é muito importante… não seja reconhecido de maneira alguma. Ele está localizado na parte oeste da vila e os cultos provavelmente se realizarão por volta das 23:00.

— Ok. Pode contar comigo, Dona Terumi. — Ele curvou-se e saiu com rapidez do gabinete.

A primeira coisa que Senko procurou foi uma loja de roupas. Avistando a primeira que apareceu, compraria um sobretudo com capuz caso fosse preciso fazer uma infiltração.

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O jovem então caminhou rumo ao prédio abandonado onde estariam fazendo os cultos religiosos a favor do falso deus shinobi. Encontrou um pequeno e pobre bar que ficava próximo ao prédio, sentou-se numa das cadeiras e pediu um suco de laranja. O sol já estava se pondo e o dia tinha sido bem quente, o calor debaixo do sobretudo cozinhava o chūnin. Felizmente, a temperatura foi diminuindo e, por consequência, começou a chover.

Chegando perto das onze horas da noite, algumas pessoas com sobretudos marrom-escuro começaram a se aproximar do prédio. Conforme iam se organizando, formavam uma fila indiana na frente da entrada improvisada do edifício. Estranhamente, não tinha ninguém para receber aqueles que iam entrando, eles simplesmente entravam um atrás do outro. Enquanto observava, um dos indivíduos passou na frente do jovem Matsuda. Senko não pensou duas vezes: tirou sua bandana da testa, guardou-a no sobretudo e foi até o homem.

— Oi, tudo bem? Você sabe onde fica a residência dos Takedas? — inventou um nome na hora para se passar despercebido. Entretanto, o homem só continuou a andar, sem nem reagir ao que o garoto disse. Senko foi atrás dele. — Senhor, por favor, preciso ir até lá, estou perdido. — Nada, nenhuma resposta.

“Pode ser um genjutsu!” deduziu, dado aos seus conhecimentos da arte da ilusão. Ele colocou a mão nas costas do homem com uma mão e com a outra fez meio selo tigre. — Kai! — tentou regular o fluxo de chakra do homem.

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Assim que o garoto transmitiu um pouco do seu chakra para estabilizar o fluxo daquele homem, ouviu um grunhido de desespero. — AH! Onde eu estou?! — disse o homem desesperado. Ele tinha os olhos arregalados e parecia estar muito cansado, talvez não dormisse há algum tempo. Senko tentou tranquilizá-lo. — Calma, você estava sob um genjutsu, agora está livre. — respondeu Senko olhando para um artefato de ouro que o civil segurava na mão. — O que é isso? — apontou para o objeto. O homem olhou confuso e começou a analisá-lo pois nem mesmo ele tinha notada que estava segurando tal item. — E-eu... eu não sei! — respondeu confuso.

Senko virou os olhos para a fila indiana e pode notar que cada uma das pessoas que estavam se preparando para entrar no edifício carregava consigo um artefato de ouro na mão. Talvez fosse uma oferta que o culto exigia para receber os civis e, tratando-se de um genjutsu, poderiam ser objetos roubados contra a vontade daqueles que o portam.

— Senhor, eu vou levar isso comigo. — O chūnin tomou o objeto da mão do homem. — Volte para casa e descanse com a sua família.

O homem saiu sem dizer nada e foi correndo em direção à sua casa.

Ainda afastado do prédio, Senko decidiu se trajar como aquele homem que tinha libertado do genjutsu e fingir que fazia parte da manada que entrava no prédio. “Henge!”. Devido ao seu exímio controle de chakra, conseguiu realizar a transformação sem grandes problemas. A dificuldade não estava na forma física, mas no jeito. Além do tempo que já tinha observado os civis, ficou mais um tempo focado no estilo de caminhada e nos mínimos trejeitos para fazer uma mímica fidedigna.

Então foi, finalmente encarar aquela seita.

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Senko entrou na fila indiana que levava até à entrada do prédio. Ele mantinha uma distância de cerca de meio metro de quem estava à sua frente pois viu que esse era o padrão seguido por todos ali. Era impressionante o silêncio de todos aqueles indivíduos. Homens e mulheres, adultos e idosos, todos em fila pronto para deixar os itens de ouro num caixote escuro. O chūnin fez o mesmo. Quando chegou a sua fez, colocou o item exatamente da mesma forma que os outros haviam colocados e, tendo feito isso, a porta do edifício se abriu e ele pode entrar para investigar a situação.

O edifício por dentro era suspeito e muito macabro. Tinha um odor característico e quase que insuportável devido à mistura e acúmulo de diversos incensos que os cultistas estavam usando. As pessoas que entravam iam se organizando em fileiras em volta de um círculo marcado no chão. O prédio estava lotado de civis, todos com olhos arregalados e com a aparência cansada, assim como o homem que Senko abordou da última vez.



No centro desse círculo havia treze pessoas, ou melhor dizendo, treze sacerdotes. Em volta desses sacerdotes, mais oito indivíduos que tinham vestes semelhantes a esses, mas diferentes do resto dos civis. Dos treze, doze tinham máscaras de porcelana cobrindo a face e décimo terceiro último tinha uma coroa de ouro e uma máscara de prata. Diferentemente dos doze com máscara, os oito que estavam em volta não tinham máscara nenhuma, mas tinham um bracelete de ouro assim como todos os vinte e um homens que estavam naquele círculo.

As movimentações dentro daquele círculo cessaram e todos ficaram em formação.

— Que o ritual comece! — berrou o décimo terceiro sacerdote, abrindo os braços para uma pequena pirâmide que estava no centro do círculo. Ela tinha uma ponta de ouro que brilhava conforme todos os civis murmuravam kanjis sem sentido. Senko fez a mímica com a boca, mas não os repetiu. Parecia um filme de terror. Da pequena pirâmide, saiu uma grande fumaça que foi iluminada por um holofote que ficava no fundo da sala. — Saúdam o vosso rei, o vosso deus! E ele os concederá fama, glória e o mais alto poder entre os ninjas! — dizia o sacerdote — AJOELHEM-SE!

E nesse momento, todos se ajoelharam, incluindo o pequeno Matsuda ainda na forma adulta pelo Henge. Na fumaça foi projetada a imagem de um homem careca com uma cicatriz enorme no rosto. Em sua cabeça, ostentava uma coroa mil vezes mais adornada do que a que o sacerdote ostentava. Do fundo da sala, uma voz saiu.

— Povo de Konoha, escutem bem... Chamem mais, recrutem mais. Vamos acabar com a tirania do Daimyō do País do Fogo e derrubar a Hokage! — a multidão começou a bradar gritos de guerra. — E na próxima semana, tragam mais ouro! Caso contrário, conhecerão a minha ira, a ira do vosso deus Raiden!

“Raiden” o garoto tinha um nome, era mais do que suficiente. Depois do discurso, os civis foram saindo mais uma vez um por um e Senko seguiu a manada para sair do edifício. Quando se viu livre daquele ambiente, correu o mais rápido que pode até o gabinete, desfez o Henge e vestiu a sua bandana.

— Dona Terumi, abra a porta! — o garoto batia freneticamente à porta da assistente.

Ela correu e abriu a porta assustada. — Então?! Conseguiu alguma coisa?

— O culto... é um genjutsu. Mas eles são muitos, muitos MESMO. Eles estão tramando algo contra Konoha e seguem esse deus que você mencionou antes. O nome dele é Raiden.

Terumi sentou-se, olhando para o vazio tentando pensar em alguma coisa. — Pode ir, Senko... está tarde. Eu preciso ter alguma ideia relativamente a isso. Você está liberado, não se envolverá mais nesse caso.

— Não! Eu quero ajudar! Eu estive lá, eu sei como as coisas funcionam!

— Senko... você é uma criança. E, mesmo assim, é só um chūnin.

O garoto foi até ela e bateu as duas mãos contra mesa, olhando fixamente nos olhos da assistente. — Então me mande numa missão! Quero provar meu valor! Deixe um Tokubetsu Jōnin de folga que eu provarei que posso sim ajudar. Eu não vou abandonar essas pessoas, eu vou continuar investigando, e se eu tiver que provar que eu consigo por meio de uma missão designada para uma patente mais alta, é o que eu vou fazer! Eu vou pra essa missão, vou cumpri-la êxito e você TERÁ que reconhecer meu potencial!

No fim da falação o garoto respirou fundo, estava quase sem fôlego. Terumi olhou para baixo com certa hesitação.

— Se é isso que deseja...tudo bem, eu aceito. Vou te enviar para uma missão especial amanhã. — Senko sorriu e deu as costas. — Mas, garoto... por favor, pense bem. Eu não quero perder um ninja tão novo quanto você. Volta pra casa e reflita bastante. Se mesmo assim quiser... eu não vou te impedir.

Ele não parou de andar e respondeu ainda de costas. — Pode contar comigo, Dona Terumi.


Chegando em casa, foi ao encontro de Ichiro.

— Nii-san... você sabe algo sobre um tal de Raiden? Já ouviu esse nome em algum lugar?

Ichiro arregalou os olhos e respondeu. — Bem... é ele quem mantém Akemi presa.

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