Era uma tarde fresca em Kumo, quando um raio caiu sobre minha cabeça e eu, milagrosamente, decidi treinar. Poucos eram os minutos que levavam até que eu chegasse até a plataforma que levava consigo o nome de Campo de Treinamento do Vilarejo. Eu não planejava utilizar dos aparatos/equipamentos do local, apenas pensava que talvez fizesse sentido realizar os meus treinamentos por lá. Eu caminhava 'campo' à dentro até achar um local razoavelmente aberto para realizar o meu treinamento. A minha ideia era simples; afinal, eu queria pura e simplesmente treinar a minha capacidade em Ninjutsus numa tentativa de fortalecer a minha capacidade enquanto utilizando de minha principal arma; a Areia de Ferro.  E se o meu plano era fortalecer um aspecto tão intrínseco a energia de meu Chakra, talvez acalmar e treinar o meu próprio espírito fosse uma ideia válida. — Isso vai ser entediante... — Eu lamentava por antecipação, enquanto calmamente começava a me sentar sobre a rocha que constituía mais uma das gigantescas plataformas que 'baseavam' todo o vilarejo.

Uma vez sentado, eu projetei-me na posição de Lótus; com as pernas cruzadas, além de ambas as mãos juntas, embora apenas tocando as articulações de ambos os dedos indicadores. Enquanto eu fazia aquilo, eu fechei os meus olhos e comecei a respirar de forma lenta e pausada, na tentativa de meditar. Gradualmente, eu me livrava de pensamentos os quais não julgava necessários para o momento, fossem eles bons ou ruins. Ficar parado por natureza me deixava inquieto, mas controlar-me era apenas mais um desafio à trabalhar naquele treinamento. Cada vez mais eu entrava em um estado de quietude e inércia. Pouco a pouco, tudo que eu podia escutar era o som de minha respiração. E céus, como era irrit- QUIETUDE. Paz. Calma... Não eram poucas as vezes quais eu quase deixava-me levar. E quando eu atingi o ápice da minha plenitude, eu comecei a manipular o meu chakra; a energia de meu espírito. Eu tentava me 'conectar' com a Areia de Ferro e tentava, sem a necessidade de mover um único músculo, movê-la. Naturalmente, aquele processo era extremamente dificultoso e, tão lento, que não havia hipótese de utilizar-lo em um combate real. Porém, em meio aquele momento leve de treinamento, eu podia (bizonhamente) sentir-me conectado à massa de Areia de Ferro que eu manipulava ao meu redor. Ela era pequena, e tão disforme quanto uma nuvem, mas rotacionava ao meu redor com plenitude. Ao abrir novamente os meus olhos, aquela conexão se desfazia, e a pequena massa de Areia de Ferro que eu anteriormente controlava agora despencava sobre o chão.

Em um gesto simples de minha mão, eu rapidamente recolhia aquele pó de volta à minha cabaça. Havia sido um bom progresso para um único dia, oque me deixava de certa forma agradado com meu desempenho.

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Um pesadelo. Era tudo que passava pela minha cabeça: o mais puro e absoluto terror. Embora aquela parecesse uma tarde como qualquer outra para qualquer outro cidadão de Kumogakure, para mim, era uma das maiores provações pelas quais passei em minha vida como um shinobi (de um total de duas, contando essa). O ambiente de meu treinamento já não era mais aquela longa plataforma 'lisa' da qual consistia o Campo de Treinamento; na verdade, era um lugar especialmente apertado parando para pensar. Os equipamentos de musculação agora eram livros, e quem por lá transitava também parecia um pouco 'menor' que o habitual. Eu... estava na Biblioteca. EU SEI! Isto é tão chocante pra mim quanto pra você, mas era por um bom motivo. Acontece que, bem, eu não era a pessoa mais esperta de todas — muito menos a mais atenta de todas. Então, se eu quisesse sobreviver nesse meio shinobi com aquele jeitão desatento que eu trazia comigo, eu teria que aprender os básicos para não fracassar em minha primeira missão. E... bom, se eu estou atrás de aprender algo eu, na maioria das vezes, vou para a... Isso, você pegou!

Então eu superei a minha própria preguiça e indisposição, e pus-me a aprender. Eu cacei pelos mais diversos livros, desde os básicos para rastrear alguém, montar armadilhas. Ou até mesmo literais manuais shinobis que me introduzissem as dicas quais eu tanto buscava. Eu tinha que lutar contra mim mesmo para não pegar-me distraído olhando para a capa de alguns livros de fantasia, ou até mesmo brincando com minha areia de ferro. Mas quando eu era capaz de me superar nestes aspectos, eu era capaz de desenvolver não apenas meu intelecto, mas também a minha concentração. Dois dos mais importantes pilares para um shinobi, afinal, ter o conhecimento não basta. Mas ser centrado o suficiente para recorrer a eles em momentos de aperto é igualmente importante. Eu passei horas em minhas leituras, elas eram massantes, com certeza, e pareciam não passar. Manter-me focado era difícil, ainda mais em algo que não me interessava. Eu li sobre tudo que você pode imaginar; desde matemática, desvendando a velocidade na qual minha própria areia é capaz de alcançar através de cálculos e orientação visual. Até sobre psicologia, coisas como comportamentos básicos as quais uma pessoa demonstra quando está irritada. Tudo para aprimorar minhas estratégias, ou introduzir conhecimentos que me levassem a criar novas. Era um dia proveitoso, para dizer o mínimo; e eu estava destruído daquilo.

Arrastando-me, eu comecei a recolher a montanha de livros que havia acumulado e, lentamente, pus-me a colocar-los de volta em seus lugares. E com tudo organizado era hora de, enfim, ir embora do recinto. Eu com certeza não sentiria falta do lugar, é fato, mas não negava a importância que o mesmo teria daqui para frente. Eu havia aprendido muitas coisas naquele dia.

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Após aperfeiçoar o meu Ninjutsu e afiar a minha Inteligência, era hora do teste final. A provação derradeira — e talvez, a mais irritante. Selos. Nada me irritava mais do que Selos. Selos era a minha Matemática, a minha Química; o meu nêmesis. Afinal, a que me serviam os Selos? Quero dizer; minha marca registrada era a Areia de Ferro, a qual jamais necessitei de selos para manipular-la em sua plena capacidade. Mas, se eu queria expandir o meu arsenal para algo mais vasto que aquilo, eu sabia que não haveria mais escapatória. Então eu decidi me adiantar, e aqui estou eu. Algum dia de algum mês do Outono, enfurnado em minha casa com um livro acadêmico em minha frente. Ele encontrava-se sobre o chão, em minha frente; eu, por minha vez, estava sentado encarando-o. 'Eu preciso mesmo fazer isso?' Eu me perguntava. Abrindo o Livro, eu me deparei com uma cena de terror; trocentas mãos surgiam e, todas elas, em uma posição mais complicada. Eram dezenas de selos que me davam uma certa ânsia por fechar aquele livro e voltar a dormir. Mas lá estava eu, disposto a aprender-los um a um.

O primeiro deles era o selo de Cobra. Ele era o mais simples, em disparada; afinal, consistia de basicamente unir ambas as palmas de minhas mãos. O de Dragão, por sua vez, era um dos mais complexos; em especial a posição de ambos os polegares um pouco acima de minhas mãos, enquanto que reclinados. Era estranho. O de Coelho enganava, por um pouco parecia-se com o selo de Cobra, mas replicar-lo era um desafio e tanto. Era uma posição nem um pouco usual, além de que a imagem base por trás deste escondia boa parte de uma das mãos. O de Cavalo, em compensação, era plenamente visual; oque facilitava um tanto em sua execução. E assim eu passava a minha tarde; um selo de cada vez, eu estudava e os masterizava. Uma vez que a parte teórica estivesse completa, era hora da mão na massa. Eu fechava o meu livro e, mentalmente, começava a recitar aleatoriamente o nome dos selos que acabava de ter visto. Sem sequer abrir meus olhos eu os executava; e eu passava um bom tempo naquilo. Aquele exercício me ajudava a construir memória muscular e, por consequência, ajudaria-me a executar-los com maior rapidez e precisão em momentos de tensão. Passavam-se bons trinta minutos até que eu, enfim, estivesse satisfeito com o resultado. Eu podia ser preguiçoso, mas eu tinha algum critério, afinal, se eu infelizmente tinha de me de me esforçar em algo, eu o faria direito. Não para ter algum padrão de qualidade ou algo assim, mas para não precisar repetir novamente. Assim, eu enfim concluia o meu treino, guardava meu livro e voltava a dormir.

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