[Capítulo • Solo] Maldição

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[Capítulo • Solo] Maldição
[Capítulo • Solo] Maldição

Nero.

Jōnin

Ter 29 Set 2020 - 14:30

A luz invadia por entre os muros de ardósia que pintavam o céu de branco e o calor não chegava ao vilarejo. Ainda não chovia, mas o cheiro era carregado pelos ventos resfriados que dançavam por entre os cidadãos que ignoravam o clima para erguer suas tendas e buscar o sustento. Passou os olhos rapidamente por uma senhora que montava sua tenda e o olhar torto que trocaram lhe arrancou um sorriso.
　　É uma sensação estranhamente boa, ele quase podia sentir o medo através daqueles olhos destemidos.
　　Seguiu seu caminho até o gabinete de tarefas do Redemoinho e recebeu um pergaminho roxo enrolado, sem nenhuma letra marcada. Rompeu o lacre, ignorando completamente o homem que estava atrás do balcão. Seus olhos correram por cada katakana que grafava a mensagem.
　　— Achamos que esta tarefa seria mais apropriada a alguém como você, Warui-san. — disse o homem que ele havia ignorado, com sua voz que parecia escapar por entre lábios sorridentes e venenosos.
　　Enrolou o pergaminho e o guardou em sua bolsa, olhando dentro dos olhos castanhos e tão comuns daquele homem que parecia debochar de sua existência.
　　— “Apropriada para alguém como eu”, você quis dizer que tem grandes chances de eu não voltar vivo, não é?
　　Os dois sorriram.
　　O outro, em seu silêncio, dizia: que bom que entendeu.
　　A tempestade respondia: não me vou sem antes leva-lo.

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Nero.

Jōnin

Qua 30 Set 2020 - 10:56

II.

　　Singrava as relvas que abraçam a vila com demasiada pressa. Sua tarefa era simples por uma certa perspectiva: infiltrar em um laboratório com suspeita de atividade de nukenins e eliminar as ameaças se achar necessário. Esses malditos sabem exatamente como eu penso, um sorriso sombrio se delineou em seus lábios que se alinhavam perfeitamente com o olhar afiado como a lâmina de sua espada.
　　Escondeu-se dentro do tronco de uma árvore oca, usando as sombras como refúgio e observando a toda a movimentação do lugar marcado no mapa como a entrada do laboratório. Uma rocha coberta de musgo e que deveria ter pouco mais que a altura de um adulto era constantemente contornada por animais que por ali andavam, um ato natural das criaturas que encontram algo no caminho, mas algo ele estranhou.
　　Os pássaros não pousam ali, semicerrou os olhos borgonha e caminhou nas sombras que o sol fazia ao defrontar as altas e vastas copas de folhas verdes para se aproximar sem ser notado. Seu controle de chakra refinado o permitiu emergir de uma de suas técnicas já emendando em outra para permanecer oculto, desta vez usando a luz e não as sombras para apagar sua imagem, respiração e cheiro.
　　Sacou de sua bolsa de equipamentos uma kibaku fuuda e a colou na grama próxima ao mineral, afastou-se o suficiente para estar seguro e deixou sua energia reagir com o pequeno papel explosivo. Kai e o estrondo deu início ao avanço.

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Jōnin

Qua 30 Set 2020 - 16:06

III.

　　Aguardou alguns instantes até que enfim tivesse movimento. De dentro da rocha saiu um grupo formado por três shinobis com vestimentas bastante diferentes das que estava habituado a ver pelo Redemoinho. Mantos negros os cobriam da cabeça aos pés, capuzes sobre as cabeças de rostos ocultos por máscaras sobre a boca e nariz e óculos grossos sobre os olhos. Realmente parece ter saído de um laboratório.
　　Os viu vasculhar a área, aguardando o momento em que se separassem para ampliar o raio de busca. Seguiu aquela que julgou ser a presa mais frágil até o momento em que decidiu olhar dentro do toco oco onde fora seu primeiro refúgio. Um sensor? Não, do contrário ele já saberia da minha presença. Talvez meu cheiro ainda esteja ali. Rápido e traiçoeiro como uma cobra, amarrou sua vítima usando fios invisíveis de chakra para impedir que se movesse e girou o pescoço do outro com força antes que pudesse ter tempo de reagir, caindo desfalecido antes de Warui roubar seus trajes e se tornar um deles
　　Rastejou para fora como uma serpente triunfante a passos calmos, sem se preocupar em ocultar o corpo morto. Foi apenas o primeiro de todos eles, sorriu por baixo da máscara enquanto se aproximava dos outros que se reuniam em frente a rocha. Balançou a cabeça negativamente, num diálogo silencioso antes de os três avançarem pela porta de entrada, onde seus olhos vislumbraram corredores escuros e mal iluminados por tochas suspensas em arandelas, com portas de aço dos lados esquerdo e direito abafando gritos lamurientos que penetravam a alma e arrepiavam a espinha.

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Nero.

Jōnin

Qua 30 Set 2020 - 17:41

IV.

　　Warui sentiu a presença pesada do lugar, tão intensa que era como carregar alguém de seu tamanho nos ombros. Caminharam os três até a última porta, ao fundo do corredor, sem que uma palavra fosse dita, só se ouvia os passos estalando no chão de pedra dura e as lamúrias de do lado de dentro das portas de aço. Sentia a raiva crescer dentro de si, alimentando a tempestade, cerrando os punhos e sobrepondo o terror.
　　A porta foi aberta por um dos dois que o acompanhavam, ele não sabia para onde estava sendo levado, mas o quarto era escuro e mal se enxergava um palmo adiante.
　　— Aqui está, mestre. — disse um dos que o acompanhavam.
　　Uma chama se acendeu na escuridão, dando forma a um sorriso macabro em um rosto enfaixado que se aproximou rápido. Quando pensou em seu mover, sentiu os braços sendo apertados e antes que pudesse blindar-se em seu escudo para se livrar, o sangue quente escorreu de seu pescoço, uma dor intensa o tomou e sentiu um poder obscuro sendo injetado em seu corpo junto com os dentes que lhe perfuravam a carne.
　　Trincou os dentes quando sentiu as forças se esvaírem e apoiou-se sobre um dos joelhos.
　　Não irei cair sem leva-los junto, e seu corpo foi abraçado pela armadura elétrica.

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Nero.

Jōnin

Qui 1 Out 2020 - 17:15

　　Os mascarados que o seguravam e aquele que o mordia tiveram seus corpos eletrocutados, com o raiton penetrando fundo em cada um dos músculos enquanto Warui sacava sua espada para dançar. Atacou na altura do pescoço do alvo à sua direita e depois girou o corpo para efetuar o mesmo golpe naquele à sua esquerda, manchando de sangue tanto sua arma quanto a grande capa preta roubada que vestia.
　　Avançou na direção daquele que o havia ferido, num pico de adrenalina intenso que o fez ignorar a dor quando moveu a espada de baixo para cima buscando a amplitude para atingir um alvo que não sabe a exata posição nem nenhum detalhe de seu corpo.
　　Pode sentir uma certa resistência no movimento da espada como se cortasse algo, um grito de dor sucedeu e um sorriso ameaçou se desenhar quando a risada macabra do outro o gelou até o fundo da alma.
　　— Você é realmente como eu esperava, Warui-san. — a voz rouca do outro ecoou.
　　Mais perto que nunca, a chama fraca que iluminava o fundo da sala dava forma às ataduras ensanguentadas e ao olhar diabólico carregado de veneno. Que merda é essa?!, pensou e nada disse. Sem saber responder a si mesmo o porquê, baixou sua espada e não atacou. À sua volta, tudo se redesenhou e ele se viu em casa, de frente para a cena que o aterroriza cada instante de sua vida.
　　— Você deseja mais poder, não é? — o outro dizia, traiçoeiro como uma serpente.
　　— Sim... — ele respondeu, sem hesitar, quase hipnotizado por aquela sensação de impotência que o tomava como fora naquele dia.
　　— Eu posso te dar mais poder, mas qual o preço que está disposto a pagar?
　　— O que for necessário.
　　A risada maléfica ressoou de novo, como se estivesse em todos os lugares. A escuridão engoliu o cenário de seu maior pesadelo e ele sentiu-se vazio. A dor no pescoço tornou-se mais e mais intensa, levando suas forças, deixando-o tonto e fazendo a visão embaçar. Mas não importa, é tudo breu, tonteou e abaixou-se numa vã tentativa de esperar o mundo não girar. Suas forças diminuíam a cada suspiro, demorou a notar que seu escudo elétrico não o adornava e que a espada estava guardada na bainha. Merda. Tudo foi ficando mais distante, era como ver a vida lhe escapando pelos dedos como se tentasse pegar areia.
　　E despertou.
　　Abriu os olhos, respirando ofegante, suando frio. Num brusco movimento, se levantou e olhou a sua volta, percebendo que estava a sós, no tronco oco da árvore em que havia se escondido e não mais vestia as estranhas vestes dos cientistas. Um sonho?, ele pensou e foi respondido quando a dor no pescoço voltou a perturbá-lo.
　　Do lado de fora, já era noite. A rocha ainda estava lá e Warui se aproximou, levando a mão até a superfície sólida. Nada aconteceu. Parece uma pedra comum, esquadrinhou mais uma vez o perímetro, sacou o pergaminho em sua bolsa e o abriu. Seus olhos arregalaram quando percebeu que o local indicado, agora, era completamente diferente do anterior e não havia katakanas com instruções, apenas o mapa e um ponto marcado por um círculo vermelho. A dor voltou a toma-lo, sentia suas forças se esgotando de novo e rumou de volta para o Redemoinho. Acho que preciso de um descanso, mas ele sabia que não estava louco.

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