Seto Kaguya

Ladrões nos Arredores

O barulho da chuva tilintou sobre o chão com mais força, em um momento breve o bastante para quase não ser percebido. Respirei fundo e sorri, descansando o dorso sobre uma parede. O pergaminho lançado ao chão me indicava as informações necessárias para tal missão. "Um grupo de pilantras está a furtar e executar pequenos roubos nos arredores das pequenas vilas próximas. Sua missão é rastrear e dar cabo da situação." Poderia dizer, talvez, que eu estivesse surpreso com um Genin ser posto de forma solo para tal atividade. Bem verdade que, segundo os relatos, os bandidos eram meros adolescentes sem qualquer treinamento ninja. Mas isso não significava que não havia perigo. Porém imaginei que poderia ser difícil achar companheiros ideais, visto meu histórico acadêmico ou mesmo minha filiação. Ainda assim não era como se eu não gostasse disto, da tensão, do fulgor que invadia cada parte do meu âmago. Era simplesmente que parecia que ainda não me viam como um ninja e sim como um bastardo Kaguya, filho de um ninja patife de outra vila. E eu ainda pontuaria que eu mal me lembrava dele ou de qualquer outro lugar, que não fosse Amegakure. Entretanto, verdade em si, torcendo contra mim ou não, eu só pensava em uma coisa: sentir o forte desejo daquela batalha.

Caminhei durante algum tempo, espreitando os lugares donde eu tinha informações de furtos e ataques passados. Minha bandana permanecia encoberta, junto a jaqueta. Um sobretudo marrom dava visão aos que me viam, escondendo minhas vestimentas, enquanto eu me movimentava pela chuva, que hora ficava mais densa e hora aliviava sobre o solo. Durante tal ato, não me foi surpresa que os pequenos patifes surgiram ante mim. Três adolescentes não muito mais velhos que eu apareceram detrás de uma esquina, em um beco literalmente vazio. Sorri, esperando a ação.

— Pode passar o que tiver, guri, do contrário levará a maior surra que já viu. — bufou um deles, enquanto os outros dois se movimentaram e me cercaram, ao ponto que deixei.

— Então são vocês que andam trazendo problemas aos moradores locais. — era impossível disfarçar minha excitação no olhar. Eles pareciam realmente fortes em uma primeira vista. — Hora ou outra alguém chamaria ajuda, deveriam ter parado, enquanto estavam vencendo. Mas não vou mentir que fico extasiado de saber que foram imprudentes. — puxei o sobretudo, jogando ao chão, revelando minha bandana, presa no lado direito da minha jaqueta.

— Um shinobi?! — a feição de um dos maiores pareceu assustada ao ver o símbolo de Ame estampado em minha roupa, o que me fez desanimar um pouco. Preferia que viessem com tudo, sem qualquer hesitação.

— Me prometeram uma surra, eu a estou esperando. — sorri, irritando eles ao ponto que avançaram quase que simultaneamente.

Realmente eles não tinha nenhum treinamento de batalha. O primeiro lançou um soco que rasgou o vento, assim que eu dei um passo para trás. Quando os outros dois tentaram me agarrar lateralmente, apenas pulei alto o suficiente para eles se chocarem entre si. No chão novamente movimentei as mãos de forma rápida e executei três movimentos de soco ao primeiro adversário, atingindo seu rosto de forma precisa. Este apenas caiu, atordoado. Os outros dois voltaram a tomar iniciativa, lançando chutes laterais, porém desta vez eu apenas levantei os braços e deixei os ataques me atingirem. Foi frustante. Eu queria um desafio, queria sentir dor, queria me animar em batalha. Porém eles não eram adversários dignos. Isso me chateava, ao ponto que o primeiro voltava a lançar sua ofensiva, me esmurrando no rosto com toda sua força e me fazendo caminhar dois passos para trás com a força.

— Sentiu isso? — questionou, parecendo ganhar confiança.

— Vocês são fracos. — coloquei, limpando o sangue que escorria da minha boca. — É tudo que têm a fazer?

— Maldito! — exclamou outro, me jogando mais dois socos, que eu prontamente não defendi. Esperava sentir dor o suficiente para me fazer despertar meus instintos de batalhas mais insanos. Me ensandecer de adrenalina, enquanto eu poderia finalmente sentir o prazer de uma quase morte. Não aconteceu.

Perder tempo com aquelas crianças seria extremamente irritante. Por isto decidi acabar com aquilo mais rápido do que normalmente faria. Avancei em um salto, me colocando no meio dos três. Eu não me consideraria ultra-rápido, mas eles sequer conseguiram acompanhar meu movimento com os olhos, sendo surpreendidos assim que eu parei. Neste momento notei algo extremamente desalentador, percebia que eles estavam assustados. Por um momento chegou a ser palpável que eles não tinham culhões necessários para se manterem excitantes em combate. E isto me enfureceu um pouco.

Ao primeiro, desferi uma sequência de cinco golpes, alternando entre socos e chutes e o jogando no chão. A velocidade foi tanta que os dois restantes sequer tiveram reação, a não ser verem o companheiro cair derrotado. Um deles tentou fugir ao ver a cena, o que me fez puxá-lo pelo ombro, botá-lo com as costas ao chão e golpeá-lo com duas cotoveladas em seu rosto, fazendo-o desmaiar. O último assistiu aquilo tudo inerte, como se esperasse sua vez. Ele estava praticamente chorando e isso me frustou em uma escala que eu não poderia denotar

— Considerem isto como um aviso. — botei meu joelho sobre as costas do primeiro a tombar, que embora estivesse machucado, não estava desacordado. — Se voltarem a cometer estes crimes, não serei tão bondoso quanto hoje. — sorri, puxando o ombro direito do garoto, de forma tão forte e brusca que deslocou e o fez lançar um grito estridente.

— Não voltaremos... eu prometo! — o medo na voz do meliante era perceptível e geralmente era o sentimento mais forte dentro da esfera humana.

Parti de ali considerando a missão como concluída. Tinha a certeza que aqueles patifes não voltariam a cometer crimes, ao menos não tão cedo. Entretanto estava triste por não ter conseguido me deliciar em combate com nenhum deles. Havia sido um dia perdido no fim de tudo.

Missão:

Observações:

HP : 478|500
CH : 500|500
ST : 000|003

Palavras - 983