Fugaz por crescimento pessoal, aquele determinado dia era um dia religioso para o órfão renegado. Todos os dias da semana, naquele mesmo dia, uma bateria de treinamento era dada início desde as cinco horas da madrugada, horário em que o gongo do dojo era soado pelo velho mestre Sho. Tendo vivido esta rotina por alguns anos de sua vida, Meiko poderia até mesmo escutar a voz de seu mestre ecoando na memória vaga do passado: "Acordem seus preguiçosos! Vamos começar o intensivo da semana!".

Em um total de cinco etapas, a primeira consistia no treinamento mental dos órfãos, por meio da meditação, para atingirem algum nível de concentração interior. A sala de estar de Meiko, que cheirava ao incenso que acendera previamente ao início da meditação, parecia o lugar mais calmo do mundo, de modo que se houvesse uma borboleta no ambiente, seria possível ouvir o bater das asas dela, ou de qualquer movimentação que existisse no recinto.

Após ter atingido por algumas horas um estado de concentração máximo, cujo nível poderia ser atingido somente após anos de treinamento em meditação, a porta é tocada, e de alguma maneira, o rapaz sabia que se tratava de uma convocação para uma tarefa ninja. A julgar pelo horário, aparentava ser uma emergência, e seu senso de dever acionou, saltando em um segundo na direção da porta. Para nenhuma surpresa, um mensageiro o convocava para uma missão, embora o teor desta fosse completamente incomum.

— Carregar peso, né? — Sussurrou para si mesmo enquanto lia a carta.

Meiko dobrou-a e tratou de vestir roupas que facilitassem a mobilidade de seu corpo, recolheu um saco de balas de goma de um de seus armários, roubando uma delas para mascar no caminho, e dirigiu-se à localização marcada para encontrar-se com Ryou, o responsável por sua missão.

Considerações:

Combater as ameaças ao vilarejo significava para Meiko o bem estar de seus irmãos do dojo. Por possuir consciência de seu poder, tinha noção de que não seria capaz de lidar com as adversidades que já assolaram e assolariam Konoha, mas faria de tudo para tornar-se poderoso a ponto de defender a vila sozinho; não por uma boa índole como guerreiro, nem por gostar da Folha. Queria mesmo é ver seus entes queridos sãos e salvos, ainda que sua jornada para adquirir poder tenha tido como consequência o ódio daqueles que mais ama.

O aparente comandante da missão tinha uma presença marcante, e as ordens que dava aos peões condenava a posição dele na empreitada. Meiko aproximou-se observando a região destruída, contemplando de maneira quieta os estragos causados pela última invasão. Ele só pensava que aquilo poderia ter acontecido no dojo; só de imaginar, o coração disparava e a cabeça doía. Meiko tinha certeza de que não poderia falhar em sua missão de vida.

— Certo. — Acatou a ordem do líder.

Embora não tivesse talento com o manuseio de cargas como aquela, a missão deveria ser realizada. Com um suspiro que mais o preparou psicologicamente do que auxiliou na respiração, recolheu os braços para dentro de sua veste, que caiu pelos lados do corpo, exibindo seu torso por completo. Não se importou muito com o que achariam de seu físico pouco atlético, nada robusto, porém bem definido e ágil, propondo-se no início a auxiliar os demais genin a moverem os escombros com as próprias mãos.

Naquela hora, a falta de jutsus no repertório do rapaz o fazia repensar na possibilidade de aprender mais técnicas, porém uma vez que não o tinha, as mãos seriam sua maior técnica. Para isso, tinha traçado mentalmente uma estratégia que poderia dar certo no fim das contas para todos ali, mas primeiro resolveu aplicar para si mesmo, de modo que adaptasse o corpo ao peso carregado. A hipótese de Meiko era a de que se começasse com os menores escombros e fizesse um escalonamento dos tamanhos, poderia facilmente carregá-los sem dificuldade ao longo do período de trabalho.

Sendo assim, analisou por alguns segundos a área de trabalho e começou a mover os menores escombros que encontrava em seu campo de visão. Aos poucos, o tamanho aumentava de maneira gradativa, junto com o cansaço e o dispêndio de esforço para atingir o objetivo final. Com muito suor e dedicação, os músculos começavam a gritar de dor, mas Meiko era implacável.

Considerações:

Entre pedras carregadas e descansos intermitentes, logo o ambiente parecia mais limpo com o trabalho árduo dos genin. O suor que escorria pela testa e pelo corpo cobriam toda a superfície da pele de Meiko; também molhara os cabelos a ponto de desatar o coque costumeiro, deixando com que seus longos cabelos brancos tremulassem por algum tempo até grudarem nas costas pelo próprio suor. Conforme o monte de escombros para o descarte aumentava, o cansaço assumia o controle, e era nesse momento em que encontrava forças dentro de si mesmo para continuar subindo o tamanho de cada uma das peças a serem carregadas.

Todavia, mesmo com o trabalho chegando a seu fim, as consequências da invasão recém ocorrida só haviam começado a se desencadear. Uma pequena comoção chamara a atenção de Meiko, que se locomovera imediatamente em direção oposta aos que fugiam, como se agisse por instinto, completamente atento ao que poderia acontecer em seguida. Foi neste rumo que a senhora tropeçou bem diante dos olhos do guerreiro, e o motivo de tanta euforia finalmente se erguia em suas duas patas traseiras, exibindo uma arcada dentária ameaçadora.

Quando a fera iniciou um movimento de corrida contra a idosa, a mão de Meiko involuntariamente moveu-se à empunhadura da espada, e o shinobi disparou da imobilidade para o percurso completo em velocidade máxima até a senhora, buscando cortes profundos nas pernas e nos braços do urso, de modo que pudesse impossibilitar a mobilidade da besta.

Considerações: