O jovem explorador foi salvo. E a aventura já tinha sido suficiente para deixar Meiko satisfeito com sua performance como um ninja na primeira missão que realizara oficialmente pela Folha. Apesar de ter de trazer Heki nas costas pelo caminho inverso que fizeram à ida, este se demonstrava um trajeto menos complicado, já que precisavam somente refazê-lo, e tendo memorizado a composição da trilha, em algumas horas estavam de volta aos grandes portões de Konoha. Sem despedidas calorosas, Meiko recebeu a recompensa por parte do loiro, e começou a adentrar o vilarejo, cumprimentando os guardas e caminhando lentamente enquanto apreciava a paisagem e o doce cheiro primaveril daquela época.

Também não foi nada calorosa a recepção de Meiko por parte dos vigias. Imediatamente após ter colocado os pés dentro do vilarejo, o rapaz foi intimado por uma dupla, que o direcionou imediatamente ao gabinete onde os assistentes da líder da vila trabalhavam na gestão.

— Tá bem, tá bem. — Respondeu andando até o gabinete, com as mãos erguidas em rendição. — Mas vejam se não me enrolam quando eu tiver de sair de novo.

Entrando no gabinete, que não era mais longe do que vinte minutos caminhando apressadamente da forma como o rapaz transpôs o caminho, deparou-se com uma mulher sentada atrás de uma mesa recheada de papeis com finalidades que Meiko jamais poderia imaginar. Ele observou o modo como a mulher trabalhava antes que fosse notado, e assim que foi percebido, ergueu uma das sobrancelhas, dando inicio ao discurso inicial para que pudesse saber do que se tratava da missão.

— Jutsu de fogo... — Balbuciou coçando a cabeça entre o coque e sua mecha que pendia à esquerda. — Certo, eu vou olhar.

Apesar de cansado, algo motivava o rapaz a continuar na missão, e mesmo tendo acabado de retornar da escolta a Heki, Meiko partiu para a região onde os incêndios foram avistados, rumo a uma nova aventura.

Considerações:

Por entre as florestas onde cresceu, a beleza natural sempre fora estonteante no país do fogo. Sho fazia questão de mostrar o equilíbrio que a natureza tinha em todos os meios, sem nenhum tipo de restrição para com os seres que nela vivem e viverão. O velho mestre tratava tudo como um ciclo que se renovava todos os dias com mortes e nascimentos dentro da natureza, expondo aos órfãos de seu dojo a importância de se deixar um ambiente se guiar por si próprio. Embora Meiko o enxergasse como um maluco naturalista, havia sentido nas palavras do espadachim moribundo, que agora ecoava em sua mente, e tornava a missão mais uma questão pessoal, ainda que tivesse deixado para trás sua vida como guerreiro do dojo.

No caminho, procurou todo o tipo de indícios de que o incêndio tivesse começado por causas naturais, fosse um trovão que tenha atingido uma das árvores e iniciou uma queimada que se alastrou por outras árvores, ou então qualquer outro tipo de causa natural que tornasse a combustão das árvores destruidora da forma como fora descrita na explicação da missão. O fato é que se elas estavam sendo queimadas, algum motivo deveria ter: ação humana ou não, deveria haver uma resposta plausível para isso.

A área queimada tinha um cheiro forte de carvão, causando um enjôo momentâneo a Meiko, que segurou a respiração inicialmente. Com um pedaço de pano, tapou o nariz e fez uma espécie de máscara que ao menos amenizaria os efeitos do cheiro nauseabundo, permitindo também que o genin fosse capaz de se aproximar do ponto zero da ignição do incêndio, desviando-se dos cadáveres torrados e de tocos de árvores completamente negros. A sensação era de estar em uma zona morta, coberta por uma neve completamente negra. O ninja da Folha se colocou a examinar os rastros, e mesmo sem muito sucesso, observava o impacto do que acontecera ali.

Uma revoada de pássaros chamou a atenção do rapaz, logo após de um grupo de cervos fugirem a partir do caminho de origem do ninja. Meiko se levantou e cerrou o punho, fitando as cinzas negras que recobriam completamente o chão florestal.

— Isso aqui não pode ser natural... — Comentou deixando as cinzas escorrerem, lembrando-se das palavras da assistente. — "Volte que enviaremos um chunin ou jonin...". Eu não posso falhar na minha missão.

Como num salto, o rapaz se colocou a movimentar para o foco do suposto novo incêndio, na esperança de que encontrasse novos rastros, assumindo também que desta vez trataria-se de um incêndio criminoso, descartando a possibilidade de ser algo natural, considerando a reincidência tão próxima. Suas esperanças foram concretizadas quando observou o ser encapuzado que observava o foco de incêndio como uma obra de arte a ser apreciada.

— Oi! Que merda é essa que você está fazendo?! — Exclamou sacando uma kunai de sua bolsa ninja.

Considerações:

Cada crepitar das chamas criava calafrios na espinha de Meiko, que observava sem poder tomar ação alguma, as árvores queimando e tornando-se um revoado de cinzas aos poucos. O desespero instaura-se na fauna, e a flora que outrora parecia vívida como um ser humano, começava a tomar uma feição mórbida conforme o calor deixava a visão do genin turva. Meiko mordeu os lábios, e a risada do criminoso só o deixava mais irritadiço com a situação em que foi colocado.

— Droga. Merda. — Praguejou com os dentes cerrados, e o punho fechado com força.

Praguejou, pois lembrara da recomendação da assistente que lhe confiara a missão, e na qualidade de um mero genin que sequer conseguiria enfrentar um domador do fogo sozinho, escolheu a pior decisão. Meiko bateu em retirada, mas não antes de observar o símbolo peculiar que a figura estranha carregava consigo. Franziu o cenho, forçou os olhos e buscou memorizar aquilo, mas partiu em seguida, com seu rumo destinado à vila da Folha, especificamente no quartel general.

— Eu encontrei! — Exclamou adentrando o ambiente de maneira afobada. — Eu encontrei o criminoso dos incêndios! — Exclamava esbaforido.

Meiko tomou para si um papel e uma caneta, desenhando o símbolo que vira na bandana do indivíduo, embora não fosse completamente preciso, seria uma forma de identificar ao menos a origem do criminoso.

— Eu não consegui impedir ele, mas... aqui. — Disse entregando o papel à encarregada. — Ele tinha uma bandana com esse símbolo. Parece familiar? — Indagou deixando o papel sobre a mesa. — Você disse que se eu não desse conta, poderia chamar um Chunin, não é? Bom... ele tem uma técnica de se camuflar dentro do próprio fogo para fugir. Se quiser mandar reforços, essa é a hora, mas eu faço questão de ir junto.

Determinado a capturar o bandido, Meiko esperava ao menos apoio da inteligência do vilarejo. Era seu nome que estava em jogo, sua reputação e sua honra, as únicas coisas que tinha, e que jamais poderia viver sem.

Considerações: