Prrrrrrr! Berrava no criado mudo, ao lado da minha cama o meu despertador. Sem muita pressa desenterrava o meu rosto de dentro do travesseiro. Tinha ficado até tarde ontem ajudando o Jiji no restaurante, quase me esquecera que havia recebido uma missão para o dia de hoje. Ainda meio sonolenta me arrastava até o final do corredor para tomar uma ducha antes de sair e acordar de vez.

Depois, retornava ao quarto e vestia as minhas roupas “de trabalho” por assim dizer, agora já com meu Hitai-Ate devidamente costurado sobre o lado esquerdo do meu casaco, finalmente demonstrando que mesmo com um pouco de atraso eu era uma Kunoichi de Uzo. Descia e como de costume já encontrava o Haruto-Jiji fazendo algumas coisa na cozinha.

- Bom diaaa!!! – Abraçava o meu velhinho bem apertado e lhe dava um beijinho na bochecha como de costume.

- Bom dia! – Ele me retribuía com o beijo em minha testa enquanto me entregava um prato com Omerice, com uma carinha sorridente desenhada. - Coma bem, hoje é sua primeira missão, vai precisar de energia! – Ele me dizia.

Desde que comecei a morar com o Haruto-ojisan, ele sempre tinha o hábito de cuidar de mim como se realmente uma neta de sangue dele, mesmo sem fazer muitas perguntas sobre o meu passado, sempre procurou a me ajudar, a me tornar uma melhor cozinheira, uma melhor ninja e mesmo sem dominar a entender mais sobre o Youton. Por isso que eu o amava tanto, ele era o mais próximo de família que eu tinha hoje.

Depois de um café bem reforçado, escovava os meus dentes e pegava os meus equipamentos. - Estou saindo vovô! – Berrava da porta da loja.

- Ok! Se cuide Tae! – Ele me respondia da cozinha do restaurante, provavelmente terminando de limpar o que sobrara da louça de ontem ou inventando mais algum doce louco dele.

Caminhava com calma até a floricultura com calma, e quando se deparava com a fachada da loja, ficava maravilhada com a quantidade de flores lindas que a loja possuía. - Uaaaaaa... – Ficava babando em volta dos arranjos, quando ouço uma voz vindo da minha direita.

- Pensando num presenta para o seu namorado jovenzinha? – A voz feminina me indagava, e quando me virava ela era tão bela quanto a sua voz e as flores que cultivava. Pelas suas vestimentas ficava claro que a moça trabalhava ali.

- Não! Na verdade eu vim trabalhar! – Apontava para o meu Hitai-Ate no casaco, como se fosse uma coisa extremamente importante, pois para mim era, depois de muito treinamento eu tinha conquistado a chance de ser uma Ninja e proteger e ajudar a minha vila. Porém a moça não ficou tão impressionada, apenas sorriu meio sem jeito com a minha apresentação e me respondeu.

- Hã... Claro... Então, como você sabe, vou precisar coletar algumas ervas e preciso que você fique de olho na loja para mim! – Ela começava a me explicar as minhas funções, enquanto entrava no estabelecimento e eu a acompanhava. - A maioria dos arranjos já estão prontos, só preciso que ajude os clientes a escolher e depois cobrar... –

- Sim! Pode deixar! – Dizia com o sinal de positivo em ambas as mãos, cortando um pouco a fala dela, não podia negar, estava um pouco empolgada.

-Ok, então vou deixar a loja em suas mãos... Devo estar de volta ao final da tarde... – Dizia ela, enquanto retirava o seu avental e vestia em mim, depois coletava algumas mochilas e prendia a sua cintura e nas costas. - Bom, vou indo... – Ela parava na porta e me encarava atrás do balcão, meio que imaginando se era o certo me deixar ali cuidando da sua loja, mas por fim, decidi apostar em mim e vai para a sua caçada de ervas.

Por mais que eu gostasse de flores, não era muito familiarizada com todos as espécies, então sacava um bloquinho e caneta, do lado da registradora, e ia andando em meio aos arranjos anotando os nomes e tentando entender qual era o uso ideal delas. Quando sinto que a minha cabeça começava a dar uma travada, rapidamente sacava um pirulito da minha bolsa de itens e botava na boca, açúcar sempre me ajuda a pensar melhor. As primeiras horas realmente foram bem paradas, apenas no fim da manhã, algumas alunas da academia passaram em frente da loja após a aula e começaram a fazer perguntas sobre as plantas que estavam expostas do lado de fora da loja. Eu meio que enrolei elas com o pouco que sabia e consegui vender pelo menos uma para cada uma delas.

Apenas na pausa para almoço que notei que tinha esquecido completamente de preparar algo para comer, então rapidamente corri até uma máquina de snacks na esquina e voltei com um sanduíche natural e um refri de laranja (só para balancear um poucos as coisas... Hehe!). Quando retornava, notava uma Jounin olhando pela vitrine para dentro da loja, meio que conferindo se havia alguém lá dentro.

- Olá! Senpai! – O cumprimentava e por incrível que pareça o pegava de surpresa, até me deixando com uma pulga atrás da orelha sobre as suas capacidades Ninja, mas enfim, quem era eu para julgar ele? - Precisa de um buquê para a sua namorada? – Me lembrava da maneira que a dona tinha me recepcionado hoje mais cedo e usava isso ao meu favor para abordar um possível cliente. Mas, por algum motivo ele fica todo sem jeito e apenas disse que estava “apenas olhando” e sai o mais rápido possível, suspeito, mas estava mais interessada no meu almoço do que em entender o Senpai esquisito.

Após o almoço, seguia as instruções da dona e enchia o regador com água e começava ir vaso por vaso alimentando as plantinhas com água para que não morressem de sede. Algumas tinham o cheiro bem interessante, outras chamavam a atenção pelas cores, deve ser bem maneiro conseguir entender tudo sobre elas, quem sabe um dia que estivesse mais livre, não passasse aqui e pedisse algumas dicas sobre flores com a dona.

A tarde se desenrolou bem devagar, atendi apenas um casal de jovens, talvez um ou dois anos mais velhos do que eu, que estavam comemorando seu aniversário de namoro, dei um pirulito para cada um, além de lhes ajudar a escolher o buquê como meu presente. Eu já estava pensando em regar novamente as plantinhas quando noto o mesmo Senpai entrando na loja novamente. Quando seu olhar cruzava com o meu, novamente ele ficava sem jeito.

- D-Desculpe por hoje mais cedo... É que estou criando coragem para me declarar, então queria algo especial... – Ahhhh... Gente, foi tão fofo a maneira que ele explicou que realmente senti meu coração se derreter com o jeitão tímido dele, que tomei mais vontade do que nunca em ajudar ele a impressionar a sua amada e assim passamos quase uma hora, ele me contando sobre ela, enquanto decidíamos qual seria a melhor escolha para ela. Quando finalmente, ele encontra algo que representava bem os sentimentos e que com sorte ela gostaria.

No final da tarde, a dona retornava, com as suas mochilas cheias, provavelmente com as ervas que foi buscar, ela me fazia perguntas sobre o dia, se tinha sido difícil, se vieram muito clientes, enquanto eu a ajudava a ajeitar as mochilas dela em um canto da loja. Fim um resumo bem básico, enquanto entregava uma caderneta onde eu anotei tudo o que tinha vendido naquele dia. No geral ela não teve nenhuma observação, eu só notei que ela ficou um pouco desconfortável e até um pouco corada quando contei a história do Jounin tímido. Talvez ela o conhecesse, e estava torcendo na sua declaração. Acho que era isso, mas enfim, após receber o meu pagamento, voltei para casa, queria tomar um banho e com sorte pegar o jantar com o Jiji.

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