Missão:

Considerações:

A brisa leve da primavera passa pela janela do quarto de Noa. O menino finalizava sua preparação, amarrando a bandana no pescoço e checando a bolsa de armas mais uma última vez. Para nenhuma surpresa do garoto, houve outra briga antes de sair de casa. Seus pais haviam começado a aceitar seus esforços do seu jeito e tentado pegar um pouco leve no sentido de tentar se intrometer demais na sua vida após sair da academia, mas é claro que com pouco tempo já iria começar tudo de novo. Mas mesmo isso não iria derrubar o seu ânimo, era um dia bom, o dia em que finalmente começaria seus trabalhos como ninja. O menino pensava em tudo isso enquanto, na porta, calçava sua sandália para sair.

Conseguindo os detalhes da missão, Noa andava pela área comercial da cidade enquanto pensava sobre como realizá-la. Os vendedores, vendo o menino mais calado, estranharam sua concentração, já que geralmente quando passava por ali ele era bem mais tagarela e brincalhão. Uma hora, perdido nos pensamentos, foi chamado por um vendedor, e num sorriso surpreso por sair do estado distraído foi conversar com ele rapidamente.

Chegada a noite, muitas pessoas saíam da zona comercial para começar a dar voltas pela cidade em rumo a suas casas. Noa sabia que era a hora marcada dos assaltos, a calada da noite, mas não fazia ideia de exatamente quando ou como começariam os ataques, e nem se teriam aquela noite, o ninja faminto poderia ter roubado comida o suficiente pra cansar. Pensava em tudo isso sentado na marquise de um restaurante fechado, brincando de girar sua kunai nas mãos enquanto se perdia nos seus pensamentos. Aquela era sua primeira missão, e, pelo visto, já poderia requerer algum combate, ainda por cima com um ninja. Será que era capaz de enfrentá-lo se chegasse a isso? O menino se via cada vez mais dominado pela sua insegurança novamente, pensando em parar e fugir dali, fechando seus olhos e agarrando a kunai com força. Até que ele ouviu o barulho.

O garoto por poucos segundos pensou que pudesse ser impressão sua, até que veio outra barulho mais alto. Um barulho que parecia um prato caindo, vindo do próprio restaurante que Noa se sentava na marquise. O menino tratou de descer dali em um pulo, respirar fundo pra se acalmar de sua insegurança e tentar abrir a porta do restaurante. Trancada, claro. Já estava na hora de fechar os restaurantes e ninguém seria idiota de deixar a porta da frente aberta. Parou um pouco pra pensar e decidiu ver se haviam outras saídas ou aberturas. A porta dos fundos e as janelas da frente e atrás pareciam ok. Isso era estranho, pois não havia nenhuma outra porta no estabelecimento e as janelas do lado também pareciam normais. Foi quando Noa começou a andar de volta para a entrada que ouviu outro barulho.

Dessa vez era um pouco mais alto, não o suficiente para ser percebido de longe, mas ainda alto, vindo da porta de trás. Se assustando, o menino puxou a kunai e ficou em uma posição de guarda, com o braço direito com a kunai na frente. Quando tudo parecia acalmar, outro baque, agora mais alto. A porta parecia começar a ceder e quase abrir. Foi no terceiro empurrão que a porta finalmente abriu. A pessoa vindo de lá de dentro deu uma ofegada rápida, mas havia ficado em uma posição que não conseguia ver Noa e parecia puxar algo para fora do restaurante. Um saco. Cheio de comida.

- Ei! Eu até te falaria pra pegar uma senha e entrar na fila, mas... O restaurante já fechou. - Noa disse enquanto ria, guardando a kunai e fazendo uma pose para chamar o adversário.

A outra pessoa se virou num susto, agora dando para ver mais de suas feições por ela se aproximar mais da luz. Era um ninja jovem, também um Gennin como Noa, talvez até estivessem na mesma turma da academia em certo ponto. Seus olhos eram de um marrom muito claro, seu cabelo bem curto, quase raspado. Trajava uma roupa solta com um cachecol, talvez para esconder um pouco da comida ali mesmo, com um porte físico ideal pra altura, o que era esquisito para quem estava roubando aquela quantidade de comida.

-A-ah! Não achei que fossem me descobrir tão rápido assim, mas que merda! - O ninja disse, enquanto sacava três shurikens. - Mas não vou deixar você me parar agora que já tenho o almoço pra amanhã! - O ninja, então, jogou suas armas.

Noa parecia estar pronto. Colocando sua perna pra frente enquanto o inimigo falava, já esperava seu ataque. Mas, no momento em que o inimigo jogou as shurikens, sua insegurança o atacou novamente. No último momento, felizmente, conseguiu juntar forças para desviar em um salto pra trás. Apesar de não ter sido acertado por elas, o menino caiu junto com elas, um misto de sua insegurança com um movimento mal calculado. Enquanto levantava seu corpo do chão, percebeu que tremia. Achou que tivesse conseguido se livrar de sua insegurança no geral quando decidiu trilhar seu próprio caminho separado da decisão dos outros, mas tinha apenas adiado o problema com um remédio momentâneo. Em um susto, percebeu que mais shurikens viam em sua direção, em uma distância já perigosa.

O que poderia ser um momento de fracasso na verdade o ajudou a ter uma realização. As shurikens viam em uma velocidade de arremesso até rápida, mas o garoto era mais rápido que isso. Se aproveitando da sua agilidade aguçada, rapidamente sacou sua própria kunai novamente e usou para defletir as shurikens. Quando levantou o rosto, estava sorrindo, pois percebeu que, apesar de sua insegurança, ainda era bom em algo. A reação rápida fez o inimigo se chocar, e, dessa vez, Noa resolveu se aproveitar disso para realizar o seu ataque.

Se aproveitando de sua velocidade maior que o inimigo, chegou perto dele até que bem rápido. Jogou seu braço direito para trás, antecipando um soco, para novamente voltar com tudo na direção do inimigo. O outro ninja fez uma pose de guarda para bloquear o soco, mas este era justamente o plano de Noa. Nos últimos segundos, fez de seu soco uma finta, descendo o braço para usar como apoio no chão para jogar seu corpo para baixo e a perna para frente, em uma rasteira de esquerda. O inimigo só teve tempo para levar um susto enquanto caía e batia de cabeça no piso de madeira do restaurante atrás, sendo nocauteado.

Mais tarde, o ninja comilão acordava amarrado no próprio saco com os alimentos, a prova do crime, sendo arrastado com dificuldade por Noa até o escritório da Tsuchikage. Vendo que o inimigo acordou, Noa vira para ele perguntando o porque de roubar a comida do restaurante. O garoto, já derrotado, fala com um tom triste na voz:

- Eu na verdade nunca quis ser um ninja. Meu sonho era ser um grande cozinheiro, como meu pai. Mas ele queria que eu vivesse minha vida como um shinobi de verdade e me forçou a me ingressar na academia. Eu já planejava ser descoberto, como disse, eu não quero ser um ninja mesmo. Mas decidi fazer isso nos restaurantes dele e de parceiros como forma de me revoltar.

Noa deu uma leve risada, um tanto sincera por se identificar.

- Sei que sou engraçadinho, mas não leva como piada dessa vez. Por grande parte da minha vida, eu fui forçado pelos meus pais a seguir o sonho deles e só por agora estou me encontrando e correndo atrás do que quero. Não quero me meter na sua vida, e sei que não gosta de trabalhar como shinobi, mas você demonstrou sua força ao arrombar aquela porta, e também conseguiu entrar no restaurante bem escondido. Não pensa em se tornar um ninja cozinheiro? Seguiria seu sonho e ainda ajudaria bastante gente que precisa de suprimentos na batalha.

O menino reagiu com positividade, dizendo que nunca tinha pensado nessa possibilidade. Poucos momentos depois, ainda pensando sobre a conversa, Noa se lembrou e resolveu tirar aquela dúvida logo, pois estava o consumindo.

- Afinal, eu olhei todas as entradas do restaurante e não vi nada aberto. Como você conseguiu entrar no restaurante em si?

- Pela chaminé, é claro. Como a maioria das pessoas só usa a lareira no inverno, elas deixam a chaminé largada, é um ótimo lugar para se entrar! - O ninja disse com um tom sério.

Noa não conseguiu se aguentar e caiu na gargalhada pelo resto do caminho, entregando o ninja no escritório da Tsuchikage e voltando para casa para ter seu descanso merecido.

Missão:

Considerações:

O sucesso na primeira missão havia dado ao menos um pouco de segurança para o menino, apesar de ainda se torturar um pouco por seu cérebro quase falhar seu corpo nos primeiros momentos. De todo modo, não era hora de pensar nisso. Havia conseguido sua segunda missão, e se sentia culpado de estar feliz por não ser uma focada em batalha. Tinha o dilema interno de querer se provar ao mesmo tempo que era flagelado pelo próprio cérebro na sua autoestima. Pensava em tudo isso ao abrir a porta da biblioteca, e que senhora biblioteca. A quantidade imensurável de informação talvez até tenha trazido seu prazer pelo aprender de volta rapidamente, e Noa não conseguiu esconder o sorriso misturado com a expressão de choque ao assimilar tudo aquilo. Depois de girar o corpo 3 vezes observando o local, foi lentamente de encontro ao gabinete da frente, sendo logo questionado seu propósito pelo funcionário em seu posto, rapidamente explicando, em meio a brincadeiras, o contexto da missão. Foi pedido para esperar um pouco, então ficou de costas pro balcão, observando a tonelada de livros e pergaminhos ali, em um desejo enorme de largar o trabalho e começar a ler tudo ali. Em pouco tempo lhe foi entregue uma vassoura, panos, esfregão e um balde, com a ordem de apressar o trabalho por falta de tempo.

Noa se sentia uma criança que explorava pela primeira vez a vila, sempre levantando a cabeça em meio a seu trabalho para olhar os livros, mesmo que fosse apenas o título. O garoto trabalhava até rápido, apesar das distrações, pois, vivendo 15 anos com uma família que cobra demais, fazia a faxina da casa sempre em seu tempo livre dos estudos, visto que o pai e a mãe sempre estavam ocupados dividindo suas tarefas na fazenda e o irmão Takai estava sempre em missões e mais missões distante de casa. A cada limpada, sempre se preocupava em tanto varrer o chão como limpar todas as prateleiras possíveis, removendo os pergaminhos e livros para limpá-los individualmente também. Seria uma tarefa bem demorada se o garoto já não estivesse acostumado, além do exercício físico que já realizava só para se manter em forma como ninja.

Em pouco tempo, já chegara na área de conhecimentos gerais sobre jutsus elementais, e foi ali que ficou mais distraído. Perdido em pensamentos, pensou em quando enfrentou o ladrão comilão, e como poderia resolver a situação fácil com novas técnicas além das que aprendeu na academia. Em meio a treinamentos já tinha conhecimento sobre sua natureza tender para o Suiton, será que treinando isso alcançaria algum ponto mais alto como shinobi?

Em meio a distração, acabou perdendo rapidamente a noção de espaço e escorregou no balde que estava utilizando para a limpeza. Em um susto, se apoiou numa prateleira, mas o impacto foi o suficiente para alguns livros caírem no chão. Rapidamente se recompondo, começou a limpar sua bagunça, com pressa para ninguém chegar a ver. Por sorte, era uma área mais afastada, então não atraiu atenção pelo barulho. Aproveitando o momento, foi olhando o título dos livros, e a pouca informação apenas aumentou sua curiosidade, agora estava decidido a aprender um novo jutsu. Em pouco tempo arrumou a bagunça que fez sem ser notado, voltando e acelerando rapidamente o resto da limpeza.

O resto do dia da missão foi simples. Limpou tudo que era possível, se distraindo de vez em quando mas já focado o suficiente para não acabar causando algum desastre novamente, e tudo ocorreu bem até a hora de ir embora. Apesar de não ser uma missão de combate, aquilo acabou o cansando pela empolgação mental e o trabalho braçal gasto. Entregando os itens de limpeza no gabinete na entrada, saiu lentamente da biblioteca, caminhando lentamente enquanto observava o pôr do sol no fim de tarde calmo de Iwa, conversando com os habitantes que conhecia ali perto. Com o relatório da missão reportado, voltou pra casa ainda calmamente enquanto sua cabeça se enchia de ideias novas sobre o que poderia aprender.

@Ocean, aprovados!
Só tente deixar o testo justificado, para ficar esteticamente mais atrativo.