o preço da arte

Curiosamente não chovia em Amegakure no Sato no momento em que nossa protagonista Saori Koyamanara ouviu duas batidas em sua porta, seguidas de um envelope passando por debaixo dela. A propósito, ela já viu algo parecido antes, talvez já sabia do que se tratava. Abrindo-o, receberia o comunicado, simples e direto: “Compareça ao gabinete da Kyoukage com urgência. Sala 53, 3º Andar.”. Imediatamente, a garota terminou seus afazeres e direcionou-se para o local. Os relógios marcavam 12:00.

Chegou ao local assim que a conhecida chuva voltou a cair. O prédio era enorme e, possivelmente, o mais novo e bem cuidado da vila. Ao entrar pode perceber um movimento grande. Pessoas iam e vinham de todos os lados. Salas eram enfileiradas à sua direita e à sua esquerda. Seguindo reto, à sua frente, o começo do lance de escadas que leva aos outros andares. Esses eram exatamente iguais ao primeiro.  A sala que ela procurava era a terceira à esquerda. Preparou-se para bater na porta, mas antes do primeiro contato, ouviu uma voz convidando-a a entrar.

— Pode entrar, minha jovem. — A voz aparentava ser de uma pessoa de idade.

De fato. No centro da sala, em volta de uma escrivaninha de madeira, duas figuras. De frente para ela, um senhor de cabelos e barbas brancas, ambas bem grandes e bagunçadas. Trajava um quimono branco e, em seu pescoço, um pano com o símbolo do País do Fogo estampado. Já de costas para a garota, um homem de meia idade. Não conseguia ver direito o seu resto, mas dava perceber a barba falhada. Seu cabelo era loiro e um pouco abaixo da orelha. Vestia-se com um quimono e uma calça verdes, com um pano preto jogado sobre os ombros. Além do estranho boné, com listras brancas e verdes.

— Vamos direto ao ponto. — O senhor voltou a falar. — Este pergaminho aqui, contem duas missões. Infelizmente não temos outros shinobis disponíveis, então terei que enviá-la. Pode ser que você tenha que enfrentar um problema maior do que o seu nível atual a permita. Mas, vou torcer para que fique bem, se isso te consolar. — Entregou o pergaminho a ela, contendo as descrições das duas missões.  — Bem, primeiramente você terá que escoltar o senhor Tendou até a Vila ...

— Eai garota, pode me chamar de Tendou, sem sufixos. — Interrompei a fala do velho que aparentemente não gostou. Mas mostrou-se uma pessoa muito receptiva e de fácil conversa.

— Voltando... O destino dele é a Vila dos Artesãos. Digamos que, mesmo que possa não parecer, ele é uma pessoa importante para a vila e estava escondido aqui enquanto ela estava em guerra. Agora, ele precisa voltar. Contudo, o único caminho possível é passando por uma pequena aldeia a qual foi o principal campo de batalha desta guerra. Recebemos um relatório informando que um dos inimigos ainda ronda o local, então tome muito cuidado.  — Apontou para o artesão. — Não deixe esse homem morrer em hipótese alguma. Dúvidas? Se não, já podem ir. Tendou irá te guiar.

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Sem perder tempo, a dupla deixou Amegakure pelo portão leste da vila. A partir desse ponto seguiriam por uma estrada de terra que parecia infindável. Essa, era rodeada por árvores de todos os lados e, devido a chuva, tornava o ambiente tão húmido que a o chão parecia fofo de tanto que seus pés afundavam. Mesmo que isso não limitasse em nada seus movimentos. Tendou, assim que deixaram a vila, acendeu um cachimbo e tirou uma espécie de bengala que estava escondida nas suas vestes. Não que ele precisava se apoiar sobre ela.

— Tudo nesta vida tem um preço, S... Como era seu nome mesmo? — Tirou o cachimbo da boca e soprou a fumaça. — Uma ovelha filhote custa em média 1.000.000,00 RY. Uma espada confeccionada por um ferreiro de qualidade pode varias de 100.000,00 RY à 5.000.000,00 RY. O leite que tomamos. O pão que comemos. As roupas que vestimos. Tudo. E o preço pela paz é a guerra. Infelizmente, pessoas morrem para que outras possam viver em harmonia. — Sobrou a fumaça mais uma vez, dando uma leve pausa. — Nossa vila, como você deve perceber pelo nome, é uma vila de artesãos. Nós crescemos e prosperamos com nossa arte que é passada de geração em geração. O problema é que uma outra vila, bem próximas a nós, descobriram que essa arte poderia render-lhes um poder econômico. O resto você já sabe. — Suas palavras não eram boas, mas as pausas e a calma do homem, davam a ele um ar de sabedoria.

A viagem prosseguiu por cerca de 2 horas, até Tendou sugerir que dessem uma pausa, suas pernas já não estavam mais aguentando. Sentaram-se em umas pedras, logo abaixo de uma grande árvore. O ar na região já estava mudando e o cheiro de humildade também. Levemente poderiam sentir o cheiro de madeira queimada. O artesão fechou os olhos e começou a fungar o ar.

— Esse cheiro... Estamos próximos da aldeia. — Abriu os olhos. — Cheira a morte. — 30 minutos se passaram desde então. Tendou se levantou. — Bem, vamos?

Mais 1 hora caminhando até chegarem no topo de um morro. Dali podiam observar, a cerca 30 metros, uma pequena aldeia, ou o que sobrou dela. Era composta por 5 fileiras de casas que rodeavam um enorme cercado circular no centro. A primeira fileira da esquerda tinha 4 casas, todas elas destruídas, sendo que as duas últimas ainda soltavam fumaça. Ao lado, mais duas casas, sendo que a mais distante estava intacta. A fileira do meio, mais duas casas, na qual a da frente estava em chamas. Das demais fileiras quase não dava para perceber que tinham casas ali, tamanha destruição. No circulo do centro, alguns animais mortos.

— Chegamos. — Falava com um ar de tristeza.

O caminho à sua frente tinha algumas árvores tombadas e as que ainda estavam de pé estavam bastante danificadas, podendo até mesmo ceder a qualquer momento.

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Saori era esperta. Suas atitudes pareciam de um shinobi com enormes experiencias de batalha. Sabendo que a região acabara de ser palco de uma intensiva guerra, resolveu evitar caminhar pela estrada e ir pelas laterais dela, com um galho em mãos procurando por possíveis armadilhas. O caminho escolhido não apresentou problema algum para ela nem para o artesão, que conseguiriam chegar na entrada da pequena aldeia sem nenhum ferimento.  A jovem manteve sua atenção redobrada, o suficiente para ouvir a voz de um homem conjurando um jutsu.

— Kebari Senbon! — Logo a sua frente, por trás das chamas da casa central, uma chuva de agulhas foi lançada ao céu e caíam em direção a ela e ao artesão. Infelizmente o inimigo havia percebido a presença dela já a muito tempo e ela sequer conseguiu vê-lo.

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A genin não pensou duas vezes, com um rápido Shunshin no Jutsu, escapou do ataque e tirou o artesão da zona de perigo. Deu sequencia ao plano, usando uma bomba fumaça e uma kunai com um pedaço de seu manto como distração, lançou um enorme dragão de terra na direção a qual veio o ataque. O dragão emergiu e em sua boca, poucos segundos depois, o inimigo. O lendário animal se desfez ao tocar o chão em frente a casa, deixando o corpo do shinobi caído.  

Ele tinha a pele negra e cabelos, cortados bem baixos, brancos. Estava morto e com cortes por todo o corpo. Certamente o jutsu de Saori decretou o fim daquele ninja, mas aquelas marcas não foram causadas por ele. Seu ataque em direção a dupla foi meramente uma tentativa desesperada de continuar vivo com seu último pingo de chakra.

Escondida sobre uma árvore, a kunoichi pode notar uma figura, a passos lentos, caminhando em direção ao corpo. Ao surgir em meio a breve fumaça, proveniente das casas queimadas, a imagem foi ficando mais clara. Era um homem de pele clara e um olhar gélido, praticamente sem vida. Seus cabelos eram negros e longos, assim como suas vestes. Em sua cintura havia uma espada presa por uma faixa branca. O sujeito, batia palmas, parando logo em frente ao morto.

— E pensar que esse cara tinha um jutsu desses, se tivesse usado contra mim as coisas teriam sido mais interessantes. — Ele pisoteava o corpo com um dos pés. — Apareça, você que lançou aquele dragão de terra, preciso te agradecer formalmente. — Sua tranquilidade transpassava que ele não estava nem um pouco preocupado com com a presença de mais pessoas ali.

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— Hm!? Uma garotinha? — Reclamava, ao ver a figura da garota a sua frente. — Surpreendente, uma criança com um jutsu daqueles. Me diga o seu nome! — Esperou alguns segundos, mas nada da jovem responder. — O gato comeu sua língua, moça? — Esperou mais alguns segundos, sua expressão demonstrava uma leve irritação. — Bom... acho que vou ter que fazê-la falar. — 1 segundo. Na verdade, menos que isso. No mesmo instante que a verdadeira Saori piscou os olhos, o homem já havia atravessado o Bunshin com sua espada. — Um clone? Não teste minha paciência.

O rapaz virou-se em direção as casas, fazendo um selo de mãos que parou na altura de sua boca. Seu peito se encheu e pela boca expediu uma forte corrente de ar, terminando de destruir as casas que estavam logo a sua frente. O fogo que destruía a casa da frente se alastrou por todo o chão atrás dela. As casas que ainda permaneciam de pé, devido a estrutura abalada pelos impactos da guerra, cederam e suas paredes voaram. Yugao, então, deparou-se com a figura de um homem de roupas verdes, totalmente agachado e com as mãos à cabeça, se protegendo dos detritos.

— Mais um? — No momento que exclamou, lançou-se em direção a ele, segurando na bainha de sua espada. Estava decidido a partir o artesão ao meio. Não sabia quem era, seu único desejo era matar.

Ele se encontrava a 5 metros de Tendou. Praticamente a mesma distância que Saori se encontrava.

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Saori confiava demais em seu potencial, não era para menos. A genin é realmente muito boa, contudo, estava esquecendo de dois detalhes: o primeiro é que Tendou é apenas um civil e, segundo, Yugao era um ninja que sobreviveu a uma guerra. Ao puxar o artesão pelos braços, seus movimentos foram drasticamente debilitados. Afinal, era um homem adulto de estatura igual ou superior a sua. Com um rápido movimento, o espadachim apareceu bem à sua frente, acertando-a com um chute em sua barriga, lançando-a à alguns metros de distância, sobre os escombros da casa onde seu protegido estava escondido.

Por sorte, ou azar, o inimigo pouco se importou com a presença de Tendou ali. Ignorando-o e partindo para cima da jovem. Fazendo um breve selo e depois unindo as duas palmas das mãos, sua velocidade aumentou consideravelmente. Logo em seguida, sacou sua espada a fim de deferir um golpe que, certamente, causaria sérios danos a jovem, se nada ela fizesse para bloqueá-lo.

— Acabou, garota! — Exclamou, enquanto ia em direção à ela.

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Yagoa confiava que era superior a garota e isso foi suficiente para decretar o seu fim. Sua investida foi barrada por uma parede de terra e, sem muito campo de visão devido à Kemuridama de Saori, se viu sendo puxado pelas pernas e enterrado no chão. Sem misericórdia, a kunoichi cravou em sua testa uma kunai com papel explosivo. Em poucos segundos a luz do dia não podia ser mais vista pelo rapaz.

Sem mais problemas, após se recuperar e ajudar o artesão a se levantar, seguiram viagem. Chegando algumas horas depois ao destino final. Tendou, impressionado com as habilidades da genin, não poupou elogios e tratou de dizer a todos da pequena vila os seus feitos.

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