"Filha, ajude-me! Por que você está assim? Não deixem que eles façam isso comigo! Por favor, não me deixe aqui, Saori!"

A Garota então desperta de forma desesperada ao novamente ter pesadelos com aquele maldito dia. Já ofegante, olha ao seu redor com as mãos trêmulas. Com seus longos cabelos negros caindo sobre sua face, a visão de Saori estava impedida, mas ela logo notara que aquilo nada mais era do que um pesadelo. Ainda ofegante, olha para suas próprias mãos e com os olhos arregalados, começa a pensar naquilo. Todo dia, o mesmo sonho. A Culpa no coração de Saori por ter se considerado impotente e fraca demais para salvar sua mãe não se esvairia fácil. A Garota então respira fundo, e após alguns momentos, solta o ar congestionado em seus pulmões, acalmando-se. Saori então lembra-se, e sozinha, diz:

"Eu tenho um trabalho a fazer, não posso deixar que esses sentimentos me dominem!"

Então, levantando-se de sua cama após um período rápido de reflexão sobre sua vida, Saori coloca seus trajes habituais antes feitos pelas mãos de sua própria mãe e também calça seus elegantes sapatos, direcionando-se até o banheiro. Seus olhos inexpressivos eram comuns à ela, mas nesse dia eles pareciam estar um pouco mais radiantes que o normal. Trançando seus cabelos à forma de dupla-longa trança que cai sobre seu torso, Saori agora viria a se encontrar com aquele que requisitava seu trabalho. Era uma mulher, aparentemente de meia-idade e aparência madura, ela era mais baixa que Saori e vira-se de uma vez para a garota quando nota a sua presença. Com um sorriso no rosto, a senhora finalmente direciona as palavras para a Shinobi, que mantém sua inexpressão facial constante.

"Você veio, jovem ninja! Muito bem...Aquele...Aquele vândalo veio aqui de novo! Eu não sei o que está havendo, mas este bandido está agindo principalmente nesse horário. Já é a 4ª vez ele assalta meu estabelecimento e rouba meus produtos alimentícios! Se isso continuar, eu vou acabar fali-"

Saori levanta seu dedo indicador direito enquanto força uma leve expressão sorridente para a senhora, desta vez interrompendo sua fala. Durante um instante permanece em silêncio - Olha para frente, e então solta uma frase em tom baixo e gentil, para confortar o coração daquela pobre mulher.

"Acalme-se, está tudo bem. Eu encontrarei este vândalo e colocarei um fim nesta onda de assaltos, senhora. Você sabe me dizer alguma característica física do mesmo?" - Disse em um tom praticamente morto, porém confortante. Os lábios de Saori começam a tremer levemente graças ao sorriso forçado, mas ela mantém a postura até o último segundo. A Senhora parece reconfortada com a ajuda da ninja, e então, um pouco pensativa, ela coça o queixo e diz parte da descrição física do vândalo.

"Era um homem! Acho que não pude ver o rosto dele, mas com certeza possuía pelo menos 1,70 de altura e uma pele ligeiramente parda. Ele usava uma touca preta, e tem uma tatuagem acima do palmo, em formato de uma shuriken, eu acho. Ele estava quase todo coberto, então não consegui ver direito."

Saori agradece a senhora, e baseando-se no que ela disse, passa a investigar o local ao redor. Após cerca de 30 minutos, por cima de uma casa, a jovem shinobi é capaz de enxergar uma figura suspeita movendo-se entre os becos escuros entre dois estabelecimentos comerciais. Uma figura de roupas cinzentas, era um garoto. Apesar de seu julgamento, Saori espera mais um pouco até ver o que o sujeito faria. Ele então retorna, e com uma faca serrilhada na mão esquerda, é bem possível enxergar que o vândalo estava se preparando para invadir o comércio de um velho homem, que por ali vendia ferramentas ninja. Detectando a ameaça, Saori rapidamente desce dos telhados da casa em silêncio, e escondendo-se entre as sombras naturais e folhagens próxima  a parede de uma das casas, espera o criminoso tomar a primeira ação. Ele não presta atenção ao seu redor e parece focado apenas em seu objetivo de assalto.

"Carneiro, Cobra, Tigre - Bunshin no Jutsu!" - Realizou os selos, criando uma cópia intangível ao seu lado. Após a criação da mesma, Saori utiliza o Shunshin no Jutsu para se locomover rapidamente sem chamar a atenção do criminoso. Após isso, ela pega uma pedra aleatória que encontrou ao chão e joga ao meio da rua, fazendo o homem tomar ciência do clone. Assustando-se, o criminoso instintivamente arremessa sua Kunai contra o clone, porém é inútil por conta de sua intangibilidade. Aproveitando da situação, Saori avança contra as costas do homem, e com uma Kunai, aplica um mata-leão no mesmo, ameaçando perfurá-lo com a arma.

"N-Não! P-P-or favor, não faça isso!" - Exclamou o homem, já quase sem ar.

Saori permaneceu imobilizando o homem e chamou o proprietário do estabelecimento. Após as autoridades chegarem até o vândalo, puderam constatar que não passava de um moleque com 14 anos que roubava apenas para dar algo à sua irmã. Como alguém sem pais, ele não teve muitas opções - Porém o crime é a pior decisão que alguém pode tomar para tentar crescer na vida. Suspirando após a prisão do delinquente, Saori locomove-se até a senhora e despeça-se da mesma, retornando para seu alojamento. Orgulhosa de si mesma, Saori se senta na cama após a chegada ao seu cafofo e segura um porta-retratos com a imagem de seus pais. Acariciando a foto, ela volta a observar a paisagem nebulosa de Amegakure, sorrindo para o céu enquanto segurava o retrato.

"Olhem por mim..."

Após ditar a frase em referência aos seus já falecidos pais, Saori deita-se na cama, abraçada com o retrato das pessoas que mais amava. Mesmo sem ter a chance de nem mesmo ter conhecido seu irmão mais novo, ela sabe que todos eles estão olhando por ela - Seja lá onde estiverem. Pelo menos, ela acredita que seja assim. A força de uma pessoa não vem apenas de seu corpo, afinal de contas. E para Saori - "Ninguém se Vai pra Sempre".

HP: 200 / 200 | CH: 200 / 200 | ST: 00 / 00

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