O clima dentro de casa, como sempre, não era dos melhores. A mesma falação, a mesma gritaria, as mesmas brigas. Meiko já estava cansada de tudo aquilo, queria sumir. Bem que o Kage poderia a mandar para uma missão bem longe, que durasse vários meses, e que quando voltasse para casa não encontrasse nem pai, nem mãe, nem móveis, nada. Mas, enquanto aquilo não acontecia, era melhor sair para dar uma volta. Pegou um caderno cheio de folhas em branco e foi até a praça da vila fazer alguns origamis, um passatempo que para ela fazia muito bem. A noite estava nublada e até que agradável para os gostos da genin.

“Queria ser capaz de fazê-lo voar.” – Pensava olhando para o pássaro que acabou de dobrar. Neste momento apareceu dois garotos, um de cabelo loiro e outro de cabelo negro, ambos começaram a debochar e rir da kunoichi, que imediatamente perdeu a paciência, se preparando para ir para cima deles. Mas, antes mesmo que pudesse fazer alguma coisa, percebeu que uma nuvem de papel estava rodeando-os, principalmente os garotos, sem causar mal algum a jovem.

– Como isso pode ser feio? – Seus olhos brilhavam e esboçava um leve sorriso ao ver os papéis se transformando em borboletas. Não se importava mais com que os garotos falavam ou faziam, estava encantada. Em meio ao monte de papéis e borboletas conseguiu avistar uma mulher de cabelo negro movimentando a mão direita. – É ela. Ela quem está controlando os papéis.– Correu em direção a jovem, precisava saber como ela estava fazendo aquilo.

INFO:

–  Obrigada de qualquer forma. Se você não aparece, acho que eu acabaria matando-os ali, me impediu de cometer um crime e sou grata por isso. – Sorriu. – Aaah... principalmente, obrigada pelo elogio... Origamis são maravilhosos, principalmente... é... Os seus... Aquelas borboletas foram fantásticas. – Falava em um tom de alegria e com umas travadas de timidez. Após dizer seu nome, estendeu a mão em sinal de comprimento. Meiko não estava acostumada com aquilo, na verdade, provavelmente nunca tinha visto. Demorou um pouco para entender do que se tratava, mas acabou correspondendo ao gesto. – Prazer, meu nome é Meiko.

Ao virar-se, percebeu os garotos conseguindo se livrar dos papeis de Kohara. A expressão deles soava como uma bela piada para a kunoichi. – Tentem a sorte, dá próxima vez eu vou dobrar vocês! – Gritou, respondendo-os.

Sua atenção se voltou para a bela mulher que estava ao seu lado, realmente, bela. Além dos origamis, seu cabelo era lindo.

– Bem, desculpa ser assim tão repentino. Mas, eu realmente amei o que você fez com os papeis. Suponho que seja algum ninjutsu, ou estou errada? – Sua expressão foi se igualando a de um cachorro com fome pedindo um pedaço de carne para o dono. – Se sim, o que eu preciso fazer para você me aceitar como sua aluna e me ensiná-lo?

INFO:

As reações da jovem deixavam bem claro que ela não estava acostumada aquela situação. Meiko a encarava, desviando vez ou outra o olhar para não se cruzar com o dela, e com um leve sorriso tímido no canto da boca. O jeito envergonhado de Kohara ficou de lado ao ouvir o pedido da kunoichi por seus ensinamentos. O ambiente tomou um ar de surpresa, alegria e agitação, que a mais velha mal conseguia se controlar. Rapidamente sacou um pedaço de papel e anotou seu endereço, entregando-o a genin e marcando um horário para encontra-la no dia seguinte. A euforia era tanta que ela nem deu chances de Meiko dizer se poderia ou não ir. Despediram-se e foram ambas para suas casas.


– Onde você estava? Saiu sem nem avisar a essa hora da noite. – Disse o pai da kunoichi, que estava sentado ao lado da mãe no sofá.

– Como se eu devesse alguma explicação para vocês! – Respondeu, curta e grossa.

– Claro que deve, ainda é nossa filha. – Dessa vez a mãe tomou frente.

[color=#cc0000– Ainda... Falou certo. [/color]

Meiko não estava nem um pouco interessada em prolongar aquela discussão, tivera uma ótima noite para acabar em cinco minutos. Apenas calou-se, depois da última fala, e procurou por algo para comer. No armário havia alguns pacotes de biscoito e teria que ser isso mesmo. Pegou-os e foi para o quarto. Claro que, antes de mais nada, não poderia deixar tomar uma bom e relaxante banho.

“Estou ansiosa. É sempre bom aprender coisa nova. Ainda mais que vai ser a primeira vez que aprendo algo sem ser com meu pai ou na academia. O quão boa será que ela é? Qual seria a extensão daquele jutsu? Será que era muito difícil de aprender?” – A jovem viajava em pensamentos e foi desse jeito que dormiu, sem nem mesmo terminar com os pacotes de biscoito, que ficaram espalhados pela cama.


“Eeeehh!? Acabei dormindo. Meu deus... que horas são?” – Acordou assustada, com medo de ter perdido a hora. Por sorte ainda faltavam alguns bons minutos para as 9:00. Demorou certo tempo para decidir a roupa, não sabia qual seria a ideia, então acabou optando pela roupa de missão, que usava quase sempre. Ao passar pela cozinha para sair, viu sobre a mesa uma fatia de bolo. “Ela disse que tomaríamos café juntas... Mas acho que um pedaço de bolo não faz mal a ninguém.” – Pegou-o e saiu.

O caminho não era muito longo, poderia andar normalmente que chegaria lá até antes do horário. Claro, se ninguém ficasse esbarrando nela pelo caminho como o pequeno garotinho que quase a atropelou logo ao sair de casa. O tanto de xingamento e ameaça que ele ouviu, talvez nunca mais passasse por aquela rua. Coitado. Mas, felizmente, conseguiu chegar ao endereço sem mais problemas.

– KOHARA-SENPAI! – Gritou apenas uma vez, com vontade e ansiosa.

INFO:

Demorou alguns minutos até ser atendida, já estava começando a achar que tinha tomado bolo. Mas foi recebida com a mesma euforia que a noite passada terminou. Ao adentrar a casa de Kohara, não poderia se deparar com um cenário diferente. Já imaginava algo do tipo, mas a beleza daquele interior era invejável, muito mais bonito que qualquer um dos cenários que a garota criasse em sua mente e com várias esculturas de papel que ela nunca tinha visto ou imaginado que seriam possíveis de construir. Realmente, o talento daquela mulher era indiscutível.

Sua atenção àquelas artes só foi interrompida pela arte sobre a mesa da cozinha. Sim, para alguém como Meiko, que adora comer, aquela mesa, sem dúvidas, era uma obra de arte. Estava recheada com comidas que ela nunca tinha visto, nem em livros. Não pode deixar de notar no aroma maravilhoso que aquela combinação espalhava. Sua barriga roncou imediatamente. Riu, sem graça. Se de alguma forma tentou manter sua postura em frente àquela mulher, a partir do momento que sentasse à mesa estaria tudo por água abaixo. Precisava controlar ao máximo sua gula.

–  Nossa, quanta coisa, não precisava caprichar tanto. – Seus olhinhos brilhavam. – Aliás, essas esculturas de papel espalhadas pela casa são divinas. Você é uma verdadeira artista. – Não poupou elogios à Kohara. Se por um lado Meiko era durona e sarcástica, o simples fato daquela mulher se capaz de fazer tais estruturas, despertava uma paz e admiração na jovem kunoichi. – Não pude deixar de notar... você mora sozinha? Devo admitir que tenho inveja da paz dessa casa, onde moro é um clima de guerra a todo momento. – Falava, já se servindo daquele montante de comida.

Não demorou muito para focar no porque dela estar ali, afinal sua futura sensei já a instigara a perguntar sobre.

– Bem não sei nem por onde começar, nunca tinha visto nada parecido antes. Antes de tudo, acho que esta técnica possui um nome, certo? – Tentava evitar falar de boca cheia. – Parando para pensar, acho que tem algo haver com o fluxo do seu chakra pelos papeis como se fizesse isso com kunais e outras armas, mas diferente? – Fazia uma pergunta, mas com um tom de afirmação. – Onde você carrega todos aqueles papéis, por falar nisso? – Focou seu olhar nela. – Ah, desculpe a falta de educação, nem perguntei sobre você ou o que você faz, sei que é uma kunoichi por conseguir fazer essa técnica e me falou ontem sobre ter acabado de voltar de uma missão... Não estou acostumada com conversas pacíficas, geralmente estou me envolvendo em brigas. - Riu.

INFO:

Era claro o ar de tristeza em volta de Kohara ao falar sobre a época que vivia com seus pais, parecia que ela possuía um amor incondicional por eles, coisa que não estava muito presente na vida de Meiko. Mas, por um momento, pelo menos, a jovem ficou pensativa. – Tragédia? Desculpa perguntar, se não quiser falar não tem problema. – Tentava contornar sua pergunta, não tinha pensado antes de fazê-la.

– Espera... esses papeis são criados com chakra? Isso mesmo? – Fazia cara de interrogação, com um pedaço de pão na boca. Por incrível que pareça, Meiko não parava de comer um minuto. Falando, muitas vezes, de boca cheia. Ao receber o papel da mão de Kohara, a kunoichi ficou encarando-o por um tempo ouvindo o que sua sensei tinha a falar... Deu uma última mordida na porção de pão e tentou se concentrar um pouco.

Respirou fundo e focou o fluxo de seu chakra naquele pedaço de papel, que rapidamente ficou tomado por ele, inclusive rasgando ao meio. – Ops! – Soltou, ao ver aquela situação. Talvez tenha usado chakra demais, talvez sua natureza entrou em ação. Mas, independente disso, precisava se concentrar mais um pouco e controlar melhor o seu chakra. Sabia que com algumas tentativas ela conseguiria, afinal, se a técnica tinha como um dos fundamentos o bom controle de chakra, isso era algo que a kunoichi possuía desde pequenina.

Pegou outro pedaço de papel e começou a repetir o procedimento. Minutos vão, minutos vêm. Papeis vão, papeis vêm. Nada de conseguir forma uma shuriken. O máximo que conseguiu foi uns pedaços de papel torcidos. Além de controlar o chakra, precisava de mais alguma coisa. Parou um pouco para pensar e comer um pouco mais. Enquanto mastigava, pegou um pedaço de papel e começou a dobrá-lo com as mãos mesmo, fazendo uma shuriken perfeita. Desmontou, montou, desmontou, montou e as coisas começaram a ficar mais claras na sua cabeça.

– Eu estava apenas transferindo meu chakra para o papel e imaginando o resultado final da dobradura. Talvez, se eu for tentando modelar passo a passo... Deixa eu tentar assim. – Falava, enquanto pensava e pegou um novo pedaço de papel. Concentrou-se, fechando os olhos na tentativa de lembrar dos movimentos da mão dela fazendo cada passo da shuriken a minutos atrás.

Pouco a pouco, o chakra da jovem corria pelo papel e ele ia se dobrando. Primeiro, dividiu-se em dois. Depois cada pedaço se dobrou formando um “Z”. Por fim, uniu as duas partes. Abriu os olhos, e sobre a mesa estava uma shuriken. Um misto de alegria e surpresa tomou conta de Meiko, não imaginava que daquela forma iria dar certo. Aliás, se pedisse para ela fazer novamente, com certeza não conseguiria de primeira.

INFO:

Depois de tanto tentar, Meiko finalmente conseguiu fazer uma shuriken. Agora não tinha mais problemas com essas dobras mais simples, nem precisava mais fechar seus olhos para conseguir moldá-las. Mas o desafio só estava começando, o próximo passo era fazer um clone de papel. Arregalou os olhos ao ver sua Sensei aparecer com um caixa de papel e despejá-la sobre a mesa. Como a jovem conseguiria fazer isso? Bem, ela tinha que descobrir, talvez precisasse de mais algumas dicas vindas da garota de cabelos azulados. Mas isso, por um momento ficou em segundo plano. Como prometido, Kohara levantou-se e pegou uma foto de sua família, começando a falar sobre eles.

Pela fotografia parecia uma família perfeita, felizes por estarem juntos, e com alguns momentos de desentendimentos como qualquer outra. Afinal, que filho nunca ficou irritado com algo feito ou dito por seus pais, ou que irmão nunca quis dar uns tapas no outro? Mas, foi em um desses desentendimentos que a jovem perdeu todos. A tristeza nas falas de Kohara e suas poucas lágrimas mostravam o quanto ela se arrependia daquilo e o quanto a presença deles a fazia falta.

Meiko ficou pensativa. Lembranças de sua relação com seus pais vinham em sua mente. Brigas, brigas e mais brigas. Só conseguia se lembrar de dois raros momentos em que esteve com eles sem algum problema. O primeiro, com seu pai, a ensinando a dominar as técnicas do seu clã. O segundo, quando sua mãe fazia torta de morango e pedia a ajuda dela.

– Eu não consigo nem imaginar como você deve se sentir e o quanto deve ter sofrido com a perda deles. – Começou a falar, enquanto dobrava um papel com seu chakra tentando fazer uma flor. – Eu ainda tenho meus pais, mas não temos uma relação muito boa... – Deu uma pequena pausa. – Para falar a verdade, eu acho que nem os conheço. Nem sei direito o que faziam antes do meu nascimento. – O ar de tristeza agora pairava pelas falas de Meiko.

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Mais inesperado e inexplicável que tudo aquilo que estava vivendo e a forma como estava conversando nessas últimas horas foram as atitudes de Kohara. Um carinho e acolhimento como se as duas fossem familiares ou coisa do tipo. Não que fosse algo ruim, Meiko não costumava receber uma demonstração de afeto como esta, talvez nunca recebera.

– Talvez você tenha razão, vou pensar nisso com mais calma depois e quando falar com eles te conto como foi. – Respondeu, tentando retribuir minimamente e com muita dificuldade o carinho de Kohara, acariciando sua mão.

Voltando-se ao treinamento, Meiko colocou sua mão dentro da caixa e começou a transferir seu chakra para os papeis que estavam ali. Esta parte até que estava fácil para ela. O problema é imaginar como formar um clone dela mesmo, as formas das dobraduras eram totalmente diferentes do que estava acostumada. “Como se fosse um clone que aprendi na academia, ein?” – Pensava. Falar era fácil, todas as tentativas da kunoichi de formar um corpo humano por completo estavam sendo falhas. Uma vez, duas vezes, três vezes e nada. Inicialmente estavam parecendo aqueles bonecos de palitos que costumava desenhar em seu caderno na academia para representar uma ação que o sensei ditava.

– Deixa-me tentar fazer isso por partes. – Visualizando o seu corpo inteiro estava praticamente impossível de conseguir, então optou por fazer cada parte do seu corpo por vez e depois tentaria juntar tudo. Primeiro fez os braços e as mãos, sem muita dificuldade. A mesma coisa com as pernas e os pés. O problema estava em fazer o tronco e a cabeça com o rosto. Mais algumas boas tentativas falhas até finalmente conseguir fazer as duas partes que restavam. Olhou brevemente em direção à Kohara, com leves sinais de alegria e uma cara de “olha estou quase conseguindo”.

Agora era a vez de tentar fazer o clone por completo novamente. Deixou os papeis se esparramarem pela caixa, respirou fundo e começou novamente as suas árduas tentativas. Dessa vez tinha em mente como fazer com cada parte do seu corpo, talvez tivesse menos problemas para conseguir.

INFO:

O que? Duas horas? Meiko se surpreendeu com as falas de Kohara, não parecia nenhum pouco que estavam ali todo esse tempo. Parando para respirar, realmente, estava se sentido um tanto quanto cansada. A jovem deu um suspiro de alívio e passou o braço na testa, como se enxugasse qualquer resquício de suor, e sentou-se, ou melhor, jogou-se sobre a cadeira. Até olhou assustada para a garota de cabelo azulado, fazendo uma cara de desculpa, tamanho o barulho que a cadeira fez ao ser arrastada no chão.

Kohara, aproveitando-se de sua sugestão, colocou sobre a mesa um manual dos usuários de Shikigami no Mai e abriu-o em uma página específica. Meiko encarou o livro com tom de curiosidade, afinal, um pouco mais de conhecimento nunca é demais. Tal página discorria claramente sobre o Kami Bunshin, contendo informações que a genin não havia notado em suas primeiras tentativas, mas que agora faziam total sentido. Realmente, como imaginava, a forma de moldar os papeis para formar o clone era um pouco diferente de se fazer uma shuriken. Óbvio, o corpo humano não é uma escultura com pontas ou traçados retos, eram formas bem mais irregulares. Iria focar bastante neste detalhe.

– Etiquetas explosivas... Nossa, essa técnica pode fazer uma bagunça da boa. – Comentou, dando uma breve risada. Pediu um copo de água para a Sensei enquanto continuava a folear o livro.

Pouco tempo depois, já estava satisfeita com os minutos de pausa. Levantou-se e voltou sua atenção à caixa com papéis.

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– Ufa! – Um suspiro mais de cansaço que de alívio. Finalmente conseguira criar o clone de papel e ele ficou realmente lindo. Bem, era um clone dela, afinal. Kohara estendeu sua mão direita e dessa vez Meiko entendeu o que aquilo significava e retribuiu o gesto. No momento que suas mãos se tocaram, Kohara a encarou e começou a proferir algumas palavras como se fosse um ritual de iniciação da Genin naquela técnica. Os papeis da casa rodeavam as duas e formavam uma cena incrivelmente linda. O corpo da jovem se arrepiou todo e, junto com o cansaço do treinamento, acabou desmaiando.

Acordou alguns minutos depois. Ao olhar pro lado, viu Kohara no chão também, desmaiada, com um enorme buraco na sua cabeça. “O que aconteceu aqui?” – Começava a raciocinar. “MEU DEUS, KOHARA!” – Caiu a ficha que a jovem dos cabelos azulados estava ferida ao seu lado. Neste mesmo instante pode ouvir vozes vindas da sala, conseguiu reconhece-los sem muitas dificuldades. “São os garotos de ontem.”.

Uma expressão de ira tomou a face de Meiko. Levantou-se e foi em direção a sala. Sem que os garotos percebessem sua chegada, fez o selo do rato e executou o Kagemane no Jutsu, dividindo a sombra em duas com o objetivo de prender os dois. Com os dois presos, começaria o seu discurso.

– Ora o que temos aqui, o cachorrinho e o carrapato. Exatamente isso que vocês são. – Fazia um tom de deboche na voz. – Se fossem homens, teriam nos chamado para um combate justo... Vocês estão presos no meu jutsu, não vão conseguir escapar. Até para um ninja de alto nível é difícil. – Neste momento, colocaria o mindinho da mão direita no nariz, mostrando como funcionava o seu jutsu, fazendo-os imitá-la. – Você que falou em chamar os ninjas médicos, eu irei te soltar e você fará exatamente isso. Corra e chame um ninja médico para cá com urgência e fala que têm uma garota ferida. É bom você voltar. Mentir é inútil, os ninjas possuem jutsus de leitura de mente, descobrirão a verdade. –  Mudou seu tom de voz, novamente tomada pela raiva. –  Se esta garota morrer, a vida de vocês estará acabada. Primeiro, serão presos por uns bons anos. Quando saírem, não vão mais encontrar nenhum familiar. Eu me certificarei de matar seus pais, irmãos, avós e até seus tios e primas. Depois que vocês sofrerem muito, eu, toda misericordiosa, os matarei. Agora, vai! – Liberaria o primeiro garoto para ir atrás dos médicos.

– Quanto a você... O que eu faço contigo? – Aproximaria-se do garoto, tiraria uma kunai da sua bolsa de armas e a entregaria para ele. – Talvez eu deva fazer você cortar seu pescoço e digo que você surtou com medo de ser preso e preferiu se matar. –   Colocaria sua mão próxima ao seu pescoço, de modo que o garoto repetisse os movimentos, mas com a kunai na mão. – Ou melhor, cortaria seus pulsos e assim você demoraria mais pra morrer e ficaria agonizando por longos minutos. – Posicionaria a kunai como se fosse cortar os pulsos do garoto.

Então, pegaria a kunai de volta e a guardaria novamente na bolsa de armas. Próxima ao garoto, liberaria o jutsu e sem dar tempo dele se mover, o pegaria pelo braço, torcendo-o em suas costas, passando uma rasteira em sua perna para derrubá-lo. Colocaria força o suficiente sobre o braço do garoto para quebra-lo. Sabia que não podia mata-los, precisava se controlar, mas pelo menos um pouco de dor o faria sentir. Se nada disso tivesse dado certo, desde o começo. Apenas iria para cima usando sua velocidade e habilidade. Eram civis, afinal.

Depois da boa surra, correria para ver Kohara e tomaria os primeiros cuidados, tentando fechar o machucado com algum pano ou até mesmo os papeis.

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Ao se aproximar de Kohara, pode perceber que ela começara a acordar. Passou seus braços pelas suas costas e a ajudou a ficar sentada. Ao perceber que ela não estava tão mal, abriu um leve sorriso. A ajuda médica chegou logo em seguida. Após resolverem tudo que precisavam, Meiko foi para casa. Depois de todo aquele treinamento e aquela loucura precisava descansar, estava exausta.

Cruzou a porta de casa com um papel em cada mão, havia pego-os antes de sair da casa de Kohara. Enquanto andava em direção à sala transferiu seu chakra pra eles e os transformou em duas flores. Seus pais estavam sentados no sofá conversando.

– Precisamos conversar, não hoje. Hoje só preciso de umas boas horas de sono. – Entregou uma flor para cada. O casal ficou se encarando tentando entender o que acabou de acontecer. Era a primeira vez em muito tempo que eles não brigaram e, talvez, a primeira vez que a jovem demonstrou alguma forma de carinho para com eles.


No dia seguinte, acordou quase que no mesmo horário da manhã anterior. Tomou um belo banho, colocou uma roupa mais leve e menos chamativa e comeu rapidamente. Estava ligeiramente ansiosa para visitar Kohara e a agradecer por tudo. Antes de sair, voltou ao seu quarto e juntou papeis de várias cores diferentes e, com seu chakra, moldou-os em um lindo buquê de flores.

– Como você está? Parece que bem melhor. – Estendeu a mão, cumprimentando-a. – Trouxe esse buquê para você, juro que fiz com a técnica nova, esta é a única forma que eu tenho para te retribuir pela ajuda. Sou extremamente grata por isso. – A entregou o buquê. – Desculpa por toda a confusão que lhe causei, espero que possamos ser amigas ainda depois disso tudo. Você foi a primeira pessoa que encontrei que eu realmente quero ter uma amizade. Vamos nos encontrar mais vezes e venho aqui de vez em quando para comer um pouco mais. – Se despediu.

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