Os passos cálidos do jovem se alastraram pelas ruas repletas de areia, ao mesmo tempo que o vento das colinas soprava com força e serpenteava como uma brisa gélida. Em plena noite, a escuridão desértica fez iluminar os olhos anis de Akuryō como um fulgor, uma luz calma que emanava a sua corriqueira indiferença. De tempos em tempos, o menino mirava o zênite e perseguia a lua com seu olhar, tentando, por algum milagre, decifrar a sua grandiosa existência. Em outros, ele apenas mantinha sua visão no além, ao mesmo tempo que caminhava continuamente em direção ao seu destino.

O galgar findou nas portas de uma construção. Ela tinha uma varanda grande, repleta de plantas e arbustos, e era totalmente construída com madeira, à exceção do telhado, já que o mesmo era feito de um material transparente, provavelmente vidro ou acrílico. Sem esperar, o jovem ultrapassou a porta e adentrou no recinto, dando de caras com uma grande quantidade de flores e ervas arranjadas em pequenos potes coloridos e em caçambas maiores. No instante em que imergiu no lugar, o mar de cores abalou o pequeno Akuryō, que em resposta, desviou o olhar para mais fundo do salão, avistando uma bela mulher.

A persona de cabelos castanhos e olhos claros aproximou-se do menino e abriu um curto sorriso, apresentando-se em curtas palavras. “Boa noite. Meu nome é Elaine”. Disse ela de início, tirando as luvas grossas de couro que trajava. Akuryō, por sua vez, tombou a cabeça de leve para um dos lados e, involuntariamente, deixou de lado sua apresentação. Anêmico, ele apenas encheu o peito e disse. — Vim cuidar da floricultura. — Nesse instante, os olhos brilharam com um ar de desinteresse. Elaine não percebera o desdém, e seguiu explicando sobre as tarefas que deveriam ser cumpridas na floricultura. Depois, ela saiu, deixando Akuryō à sós com o oceano florido.

Primeiramente, o garoto foi instruído a regar as flores. Então, ele pegou o regador, foi até uma das torneiras laterais e encheu o recipiente até o limite. Com cuidado, começou a despejar a água nas flores, partindo das fileiras da esquerda, passando pelas fileiras centrais e findando nas fileiras da direita. Depois dessa tarefa, Akuryō lembrou-se da outra instrução, na qual ele teria que aparar os espinhos das rosas. Assim, ele tomou posse da tesoura da floricultura e se entranhou na ala de roseiras, começando a cortar os apêndices espinhosos um por um. Por vezes, os espinhos lhe arranhavam um pouco, mas nada que pudesse ser suportado. E, assim que feito o serviço, o garoto saiu do estabelecimento, trancou as portas da floricultura e sentou-se na varanda, fazendo a vigília do lugar ao mesmo tempo que aguardava o retorno de sua contratante.

Quando ela finalmente chegou, Akuryō levantou-se do banco em que se sentava e ouviu os agradecimentos da mulher. Com um sorriso, Elaine agradeceu pelo trabalho e avisou-o que ele poderia recolher a recompensa da missão no quartel pela manhã. Então, sem mais delongas, Akuryō balançou a cabeça com firmeza e despediu-se com algumas poucas palavras, se afastando da floricultura enquanto andava em passos lentos até sua morada.

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