Era manhã, um tom vermelho alaranjado permeava no céu. As nuvens que pairavam no ar possuíam uma tonalidade escura, como se fossem sombras flutuantes. Bem distante, na linha do horizonte, era possível notar um grande luminar se erguendo e aos poucos se mostrando. Todos esses detalhes denunciavam o majestoso raiar do sol que se impusera em Otogakure.

No topo de um prédio qualquer da vila, estava um jovem ninja de cabelos loiros, trajando roupas comuns — com exceção do cachecol em seu pescoço, que embora não fosse o mais apropriado para o clima não tão ameno daquela manhã, não parecia o incomodar —, olhava fixamente para o horizonte, deixando escapar alguns risos discretos, enquanto refletia sobre algo que certamente o animava. Qualquer espectador que contemplasse a feição daquela figura diria que o seu sorriso e seu olhar de admiração estavam direcionados para aquele lindo raiar do sol, mas na verdade o que Akihito Chinoike admirava era o grande futuro à sua frente.

A bandana em seu braço direito com a estampa de uma colcheia o identificava como um ninja da Vila Oculta do Som. E de fato o era. Akihito tinha acabado de se tornar um Gennin. Seus objetivos pessoais, centrados na ânsia de conhecimento e na vontade impulsiva de ajudar o próximo, pareciam estar agora mais próximos. Mas ao pensar nisso, aquele sorriso, porém, cedia lugar para um olhar com um tom notório de seriedade. Tornar-se Gennin era apenas o passo inicial para tudo que Akihito almejava. Se ele quisesse realmente conquistar tudo que mantinha como desejo em seu coração, seria necessário trabalhar cada vez mais duro, com cada vez mais dedicação, a fim de ir conquistando os degraus que teria que subir, bem como os desafios que o aguardavam. Mas isso não o desencorajava  de forma alguma, apenas o excitava mais.

Ainda de frente àquele nascer do sol, Akihito estendeu a sua mão direita de forma a bloquear os raios solares que incandiavam seu rosto. Ao fazer isso, as bandagens que cobriam sua mão, bem como o anel dourado em seu dedo — este último, reluzindo fortemente a luz do sol —, tomavam o protagonismo de sua visão, trazendo à mente diversas lembranças.
— Kaasan, eu superarei cada desafio que surgir e me tornarei um ninja ainda mais forte do que a senhora foi! Assim poderei dar continuidade ao seu desejo de ajudar a todos que precisam! — dizia, enquanto focava sua visão no anel. Cerrando seu punho direito, continuou:
— Eu não posso mais perder tempo. Para isso eu preciso me tornar mais forte!

A dor latejante sentida na cicatriz da palma de sua mão não parecia incomodar Akihito. Na verdade, ele já estava acostumado com aquela dor e com aquela cicatriz, uma vez que ambas sempre fizeram parte de sua vida. Sempre que a cicatriz parecia que iria sarar de vez, Akihito propositalmente reabria o corte. Aquele corte, que carregava tantas lembranças e significados, havia se tornado útil para os ataques e técnicas de Akihito, que como um membro do clã Chinoike, usava o seu sangue como arma.

De súbito, Akihito agarra o seu cachecol com a outra mão e o puxa. Aquele olhar de seriedade e pesar logo foram substituídos pelo anterior sorriso otimista. Akihito saltou do alto daquele prédio em direção à rua logo abaixo. Às pressas, Akihito corre para o Campo de Treinamento de Otogakure enquanto sussurra para ninguém senão ele mesmo:
— A minha história está apenas começando!!