As vezes, quando queremos muito uma coisa, elas caem no nosso colo, simplesmente porque queremos. Mas nunca foi assim comigo, e talvez nunca seja. Todas as coisas que conquistei foi resultado do meu próprio esforço, em vistas as minhas próprias limitações. A vida, de alguma forma, me ensinou a nunca acreditar em meritocracia, mas também me ensinou, de alguma forma, que eu não precisava sujar as minhas mãos com sangue inocente para conseguir o que queria, como o meu pai fazia. Sempre me perguntei quem o ensinou a ser assim, ou se ele tornou-se assim pela própria maneira. “Você é um Kobayashi, garoto! Não ande por aí como uma mocinha!”. Kobayashi Seizen… Nunca entendi porque ele era daquela forma comigo, mas fico me perguntando se faria diferença saber ou não.

Alheio a todos esses pensamentos, por ora, meus passos pelas ruas de Konoha eram calmos, sem pretensões. Queria comer alguma coisa na rua, mas a minha habilidade de procrastinar fazia com que eu passasse por pelo menos cinco restaurantes sem conseguir me decidir em entrar em qualquer um deles. Não sabia se era melhor comer um pratão de lámen ou me arriscar a petiscar uma coisa nova, como hamburguer. Meus passos foram interrompidos por uma morena, da minha altura, que saiu de um beco escuro e parou na minha frente. Ela tinha os olhos da mesma cor que os meus, mas não dei muita importância, apenas tentei passar, mas a garota parecia incisiva.

- Kobayashi Indra, preciso que venha comigo. – me convocou, do nada. Fiquei olhando com os olhos semicerrados, reparando que ela colocava as mãos no bolso assim como eu, mas ela usava um casaco de pele marrom, diferente de mim que usava um terno preto. - Aliás, belo terno. Aparentemente, isso é comum entre os nossos homens. – ela falou com um sorriso, o que não entendi muito bem. - Não sei o que você quer, mas estou ocupado procurando um lugar para comer. Seja o que for, procure outra pessoa. – nem queria saber do que se tratava. Não a conhecia de Konoha, e como conhecia muita gente, julguei que aquela convocação era para algo não muito agradável. Ela então respirou fundo, e eu consegui ouvir a respiração dela, de tão alta que foi. - Preciso que venha comigo, irmão... Pela ordem dos Sheepdogs. – ignorei todo o resto. A palavra “irmão” ficou na minha cabeça por um bom tempo.

Já estava a uns dois metros dela, quando dei meia volta e parei na frente dela, tendo vontade de enforcá-la ali mesmo, mas quando se mora com uma mãe solo que sofreu agressões do marido beberrão, você aprende a não fazer isso com as mulheres… Exceto em batalhas. Mas não estávamos lutando. - Do que você me chamou? – fiquei tão perto da garota que poderia ver as pupilas dela dilatando levemente. - Achou mesmo que era o único filho de Kobayashi Seizen? Você sabe bem da história dele, não é? Acha que ele fugiu sozinho? Se quer saber mais sobre a sua família, venha comigo. Senão… Acredito que pode tomar sorvete com a sua amiga Jinchuuriki. – mesmo comigo encarando ela e quase cortando o seu pescoço, a garota sorria cinicamente. É, ninguém está preparado para as aleatoriedades da vida, nem mesmo eu. Sheepdogs… De onde ouvi esse nome antes? Antes que pudesse perguntar, a garota se afastou, puxando um cigarro do bolso e acendendo.

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Sentia como se tivesse batido a cabeça em algum lugar e ficado zonzo. De repente, alguém chegou do nada e disse que era a minha irmã, e falou sobre um tal de Sheepdogs. De onde eu tinha ouvido aquele nome mesmo? Ah, é… Do meu pai. Aquele filho da puta sempre falava sobre eles, mas a minha mãe sempre cortava ele. Só que lá estava eu, sem ao menos pedir por isso, caminhando pelas ruas escuras de Konoha, seguindo uma garota que mal conhecia e que se dizia ser a minha irmã… Meia-irmã, no caso. Não conseguia entender o que se passava na mente daquela garota, mas coisa boa não parecia ser. Se ela era uma Kobayashi, era óbvio que os seus pensamentos não eram puros. - Posso perguntar qual é o seu nome, irmãzinha? – Perguntei com um tom de acidez, com as mãos no bolso. A garota não parecia muito intimidada com as minhas palavras, pois virou o rosto para trás e me encarou sem nenhum sorriso, tirando o cigarro da boca para responder. - Kobayashi Ilithyia. – sussurrou, voltando a fumar.

Nós dois chegamos juntos no bar, entrando em um intervalo de três segundos. Quando entrei, percebi que o local estava vazio, quer dizer… Nem tanto. Haviam quatro homens e duas mulheres ali. Três dos caras pareciam ter entre trinta e quarenta anos, enquanto o mais novo deles parecia ser um adolescente, exatamente como eu era quando tinha me tornado um Gennin. A mulher parecia ser a mais velha de todas, e a mais nova das moças estava ao lado de um dos rapazes, com a barriga grande. Minha mãe sempre me instruiu a nunca perguntar se uma mulher estava grávida, pois isso poderia destruir a autoestima dela. - Quem são essas pessoas? – perguntei. Um deles se levantou, deu a volta na mesa redonda e veio na minha direção. Ele não parecia ser o mais velho, mas revelava ser o cabeça do grupo. O homem esticou a mão direita, querendo me cumprimentar. Era uma forma antiquada de cumprimentar as pessoas, feitas apenas cordialmente. - Olá, Indra. É um prazer conhecermos você, depois de todos esses anos. Teríamos vindo antes, mas estávamos passando por problemas. Meu nome é Kobayashi Izanagi, e estamos aqui para acertar as contas com você. – as palavras dele direcionadas a mim me deixaram confuso. O que tinha para acertar com aquelas pessoas? Todos ali eram Kobayashis? Parecia ser o mais provável, mas ainda assim apertei a sua mão. - O que acha que eu tenho para acertar com você? – perguntei, fitando-o. - A morte do nosso tio, Kobayashi Seizen. Sabemos que foi você que o matou. – respondeu, e foi assim que percebi que todos ali estavam olhando para mim.

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Antes de me sentar na cadeira com aquelas pessoas, tomei uns segundos para respirar mais longamente, em contraste com o clima tenso que pairava sobre aquele restaurante. Não conhecia aquelas pessoas e quais eram as suas habilidades. A acusação que caiam sobre mim era grave, porém verdadeira: eu era o parricida que não dera ao próprio pai um enterro digno. Mas as acusações estavam unicamente em minha cabeça, pois nenhum deles ali disse uma palavra sobre o assunto, além do motivo da reunião. Izanagi apontou uma das cadeiras vazias para que eu me sentasse, e eu fui caminhando ao redor da mesa, olhando para os olhos de todos ali. Não tinha medo deles, muito menos eles de mim, o que significava que a conversa entre nós seria mais… Acirrada. - Então é aqui que vocês me matam? Posso pelo menos saber os nomes de todos vocês antes disso? – perguntei, puxando uma cadeira devagar, podendo ouvir o pé dela arrastando no chão de madeira, até posicioná-la corretamente, me sentando e ajeitando-me. - Você já conheceu o Izanagi e a Ilithyia. O seu primo mais velho é o Seiren, os outros dois são Ren, e sua esposa Ruka, e o mais novo é o Ichiru. Meu nome é Kobayashi Mina, irmã mais velha do seu pai e sua tia, e se quiséssemos te matar, já teríamos feito isso. – falou com tamanha imponência que quase acreditei nas palavras dela. - Duvido muito. Posso? – puxei velozmente um cigarro do bolso, antes mesmo que eles pudessem sacar as suas espadas. De repente Ilithyia sentou do meu lado direito, enquanto Izanagi sentou do meu lado esquerdo. Minha irmã, aquela que acabava de conhecer, puxou um isqueiro e me ajudou a acender o cigarro. Agradeci com um aceno. - Se não vieram me matar, o que querem comigo? – fui direto ao assunto, pois não queria ficar enrolando eles, e nem a mim.

- Queremos dizer que não temos nenhuma intenção de fazer mal a você ou a sua mãe, pois não temos nenhum remorso em relação a morte do nosso tio, e o seu pai. – disse Izanagi, puxando um cigarro e fumando também. - O que queremos discutir aqui é dividir o que foi deixado por Seizen, o que, aliás, não foi muita coisa, mas o suficiente para que tenhamos que chamá-lo. – respondeu rapidamente, realizando um selo de mão e fazendo com que uma fumaça branca tomasse conta da mesa. Kuchiyose… Na mesa, alguns livros, um saco de dinheiro e alguns pergaminhos. Cruzei os braços, mantendo o cigarro entre os dedos, desconfiado do que poderia ser aquilo. Tive vontade de dizer que não queria nada do que poderia vir do meu pai, mas fiquei apenas observando para ver onde tudo aquilo iria dar. - Não sabia que o meu pai gostava de ler. – coloquei o cigarro na boca, olhando para Izanagi, que olhou de volta para mim. Apesar dele ter os olhos azulados, parecia que tínhamos o mesmo tipo de olhar frio. - Ele não gostava de ler, mas de roubar conhecimentos, ele gostava… Esses livros são para Ilithyia, como está no testamento dele. – olhei rapidamente para a minha irmã, que pegou os livros e puxou para perto dela. - Pra você, Indra… Ele te deixou a única coisa que ele queria que você tivesse nessa vida. – de repente todos ali olharam para mim. Não podia dizer que estava me sentindo confortável com toda aquela situação, mas pelo menos, de uma forma bem estranha, eu sentia que estava entre familiares. - O que foi que meu pai deixou pra mim? – e foi naquele momento que a Tia Mina olhou para mim com uma seriedade sombria, de fazer gelar a espinha.

- Poder. – e lá foi ela fumar também. Aparentemente, o cigarro era um velho amigo da família Kobayashi.

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- Poder? – perguntei esticando um pouco a minha coluna na cadeira, olhando para a tia que eu tinha acabado de conhecer. - Que tipo de poder um homem como o meu pai poderia me dar? – coloquei o cigarro na boca e puxei a fumaça. O mais velho dos meus primos, Seiren, se levantou bruscamente, me olhando como um animal olha para o seu rival. Todos ficaram olhando para ele, até que o homem se afastou para buscar uma garrafa de whisky. Respirei fundo, olhando para Mina. - Até onde eu sei, o clã Kobayashi não possui nenhuma Kekkei Genkai ou qualquer outro tipo de habilidade. – comentei rapidamente, apagando o cigarro e deixando o palito em cima da mesa.

- Você sabe muito pouco sobre o seu pai, Indra, e muito menos sobre nós. Não somos um clã, somos muito mais do que um clã. Não somos ligados só por uma linhagem sanguínea ou por uma Kekkei Genkai. Não fomos abençoados com essa graça, por isso não temos um bairro só para nós, como os Uchihas e os Hyuugas. Não existe uma pessoa na história de Konoha com o sobrenome Kobayashi. Quer dizer, não existia… Agora eles têm a você, O Salvador. – ela falou a última palavra com tamanha ironia que me fez sentir um pouco mal. Mas por que? Será que era porque ela era a minha tia? Como alguém que eu mal conhecia mexia tanto comigo? - É, ele é o maldito Salvador… O cara que impõe a lei e a ordem, matando os foras da lei e qualquer um que entra no seu caminho. Grande homem, ele é. – Seiren voltou e se sentou bruscamente na sua cadeira, segurando uma garrafa na mão esquerda e o copo de vidro na direita. - Eu mato as escórias da sociedade, apenas isso. Bandidos, assassinos, estupradores… Gente que não merece viver. – respondi de imediato, não deixando que restassem dúvidas sobre a minha caminhada. Estava convicto dos meus atos, e não seriam eles que me diriam o que fazer. - E se você soubesse que os Kobayashis já foram conhecidos como uma das maiores famílias do submundo shinobi? – Izanagi, com o seu jeito calmo, me fez ponderar sobre o assunto.

Dizem que é necessário apenas um segundo para que toda a sua percepção sobre o mundo mudasse. A minha mudou naquela hora. De repente, meu pai não parecia ser a ovelha negra da família, apenas uma ovelha desgarrada. - O poder de qual o seu pai tanto queria lhe dar não tem nada a ver com Kekkei Genkai ou algum outro tipo de Hijutsu. Tem a ver com uma marca… Uma marca que será somente sua, e lhe dará o poder necessário para se tornar ainda mais forte. Não se engane, seu pai não tinha a menor consideração por você ou por sua irmã, ou por qualquer um de nós. Mas ele sabia o que era ser um Kobayashi, e ele o foi até o final da vida, deixando um pedido para mim: passar a você a Chi no Juin para garantir que a nossa linhagem sobreviva através dos tempos, de uma forma ou outra. – Mina estava convicta do que estava falando, como alguém que estava disposta a fazer algo não pela própria vontade, mas pelo bem maior.

- Mas tem uma coisa, Indra. A partir do momento em que receber a Chi no Juin, estará preso ao nosso sangue para sempre. Mesmo que não seja um dos nossos, terá que viver sabendo que é um Kobayashi, até o fim da vida. Sei que quer se tornar mais forte, afinal sabemos tudo sobre você. Sabemos até aquilo que você tenta esconder da sua mãe. – minha educação deveria me impedir de segurar o pescoço de Izanagi e o ordenar nunca mais falar da minha mãe naquele tom, mas haviam pessoas demais ali, e eu não as conhecia. Era como estar no território inimigo sem quaisquer tipos de informações… Era muita coisa para assimilar. Izanagi e eu nos encarávamos por alguns segundos, como dois monstros prontos para atacar um ao outro, até que Mina nos interrompeu.

- Estamos falando aqui de uma arte ninja sombria, chamada Juuinjutsu. Quando receber essa marca, se tornará mais forte, mais rápido, mais temível. – sussurrou para mim, me fazendo encará-la, até que Seiren, do lado dela e de Izanagi, voltou a me encarar. - Aí ele vai sair matando todo fora da lei que ver pela frente. – ele bateu com a garrafa na mesa, me encarando com desprezo. Virei lentamente o rosto enquanto o tombava para a direita, tentando entender as suas atitudes hostis. - O que você tem contra mim, Seiren? Acha que não devo matar os bandidos que atormentam a vida das pessoas de bem dessa vila? – cruzei os braços, semicerrando os olhos, mostrando que não tinha nenhum medo deles. - Não é por isso, Indra… Não é o fato de caçar criminosos que irrita o Seiren. – Ilithyia resolveu que iria esclarecer a situação para mim, então fui só ouvidos. - É porque você caça as pessoas erradas. – mas Seiren preferiu responder ele mesmo, me fazendo olhar para o meu primo novamente.

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Qual era a diferença para eles quem eu matava? Para ele, parecia que havia alguma diferença. Ficava analisando eles todos, não sabendo muito bem o que dizer a eles que pudesse explicar meus sentimentos, muito menos achava que devia qualquer tipo de satisfação a eles. Mas Izanagi, com o seu cigarro na boca, resolveu explicar mais sobre. - Me parece, Indra, que você vê o mundo de forma binária, sendo incapaz de enxergar a causa das coisas. Não julgamos você pelas coisas que você faz. É a sua vida, o seu legado, caçar aqueles que fazem mal as pessoas. Mas quem você acha que são os verdadeiros opressores? Os ladrões que você encontra por aí? Os agiotas que matou outro dia? Eles são o problema, mas existem aqueles que fazem muito mais mal as pessoas e você simplesmente os ignora. – aquelas palavras não faziam muito sentido, mas doíam um pouco em mim. Se tinha algo que não havia sido percebido por mim, era porque eu não tinha enxergado alguma coisa que, para aquelas pessoas, pareciam óbvias. Engoli a seco, como se tivesse pensativo com tudo aquilo, não entendendo como eles conseguiam exercer tanta pressão sobre mim. - Do que estão falando?

- Das nossas vidas sofridas. Não viemos de um clã poderoso, não temos grandes empresas. Nossa linhagem nunca foi reconhecida em nenhuma vila. Tudo que temos é a nossa coragem e a nossa vontade de sobreviver. – Seiren juntou os punhos fechados, parecendo que ia urrar de tanto ódio. Por causa das palavras de Izanagi, acabei deixando que eles continuassem a falar. - O que Seiren quer dizer, da forma dele, é que não tivemos privilégios como um clã. Nem um clã somos, de fato. Somos uma família, ligado pela confiança, pela força e pelo amor que temos uns pelos outros. Mas existem aqueles que não possuem tantas oportunidades. Sabemos que existem pessoas ruins nesse mundo, só que você só enxerga aqueles que vêm de baixo, meu sobrinho. E os que estão acima de você? Os políticos, os empresários, os shinobis de alto escalão? Todos eles também roubam, matam e fazem mal a quem quer que seja, mas eles prejudicam muito mais pessoas do que os pobres ladrões de galinha. Está indo atrás das pessoas erradas, Indra. – era como se eu tivesse levado um soco no estômago. Por mais que não quisesse, acabei entendendo as palavras da tia Mina. Levando em conta os meus motivos para caçar criminosos, nunca pensei que estava buscando aliviar o meu ódio nas pessoas erradas. Ódio, foi o que me motivou todos os dias. - Você anda por aí, todo certinho… Mas sabemos do que você é capa-

- Chega, Seiren. – interrompeu o irmão mais velho com tranquilidade, virando o corpo na cadeira para me encarar. Não sabia o que acontecia comigo e com a minha atenção, mas Izanagi a captava de uma forma intensa, como se eu tivesse a obrigação de escutá-lo. Era como se ele fosse um encantador ou algo do tipo. - Não julgamos você, primo. Foi criado em uma casa simples, bonita, estudou na Academia Ninja, se tornou o melhor aluno da turma, apesar dos problemas sociais… Mas você fez muito progresso desde que se tornou um shinobi. Sabemos das suas histórias. Queremos oferecer a você uma nova perspectiva. – propôs, me fazendo respirar fundo, mais uma vez, e pensar nas palavras dele. - O que vocês fazem da vida mesmo? – toda família tinha uma profissão ou algum negócio no qual se destacavam. - Apostas, transporte de cargas, segurança privada e, as vezes, roubos. – as palavras de Seiren deixaram o clima ainda mais hostil, tanto que Mina olhou para ele de um jeito que não entendi o que era, mas parecia bem repressivo. - Não roubamos de pessoas inocentes ou de trabalhadores. Só daqueles que estão no alto escalão e os criminosos graúdos. – apenas acenei com a cabeça quando ouvi a resposta de Izanagi. - Muito bem: o que isso tem a ver com o fato de eu estar conhecendo vocês exatamente HOJE com a marca que o meu pai deixou para mim e as coisas que eu faço? – não podia deixar de fazer aquela pergunta para eles. Afinal, qual era o motivo daquela reunião.

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- Muito bem! – ele se levantou lentamente, e todos ficaram observando a sua atitude. Izanagi, de todos eles, parecia ser o mais misterioso, até mais do que aqueles que até o momento, não falaram uma palavra. - Não podemos dar um poder tão grande para você sem a certeza do que você fará com ele. A Chi no Juin é um poder antigo, vindo de antes da reconstrução do mundo shinobi, a vários anos atrás. Ela vai deixar você mais forte, mais rápido, com mais chakra, mais poderoso do que você jamais foi. Só daremos este poder a você se for capaz de responder uma pergunta para nós. – fiquei olhando para o meu primo mais velho, passando a mão pelo cabelo, sentindo-os entre os meus dedos. - Qual é a pergunta? – olhei para o cara. - O que você é: uma ovelha, um lobo ou um cão pastor? – arqueei a sobrancelha esquerda, encarando-o com dúvida, virando o meu rosto para os outros que estavam ali, ficando igualmente confuso. Seria alguém ali era capaz de me dizer o motivo daquela pergunta? Parecia que sim, mas ninguém dizia uma palavra. - Não faço a mínima ideia do que esteja falando. – olhei para Izanagi, cruzando os braços curioso.

- Existem três tipos de pessoas no mundo, Indra. Aqueles que vivem por aí achando que o mal não existe, que o mundo é belo e que nada vai acontecer com ele. São pessoas muitas vezes ingênuas, pessoas que pensam que um dia o mundo vai ser belo e justo… Essas são as ovelhas. E tem os lobos, aqueles que são ferozes e ávidos pela opressão. Eles são violentos com os mais fracos, e abocanham as ovelhas sem pestanejar. Eles são cruéis, perversos, assim como os bandidos que um dia você matou. E tem os Cães Pastores... – de repente todos que estavam sentados deram um soco na mesa, me dando um pequeno susto. Olhei para Izanagi, e ele, de pé, apenas acenou com a cabeça. - Eles nasceram com um propósito: confrontarem os lobos. Eles não são criaturas bonitas e de discursos belos. Eles são ferozes, e por isso se isolam das pessoas. Por eles não serem parecidos com as ovelhas, acabam sendo vistas com um certo desprezo, mas quando os lobos aparecem, são os cães pastores que os afugentam. – a explicação de Mina fez mais sentido para mim, o que me fez compreender o porque do nome “Sheepdogs”. Olhei para a garota do meu lado, ainda sem acreditar que ela era a minha irmã, apesar da certeza de que sempre tive de que não era o único herdeiro de Seizen. - Então, garoto, qual vai ser? – Seiren me tomou a atenção, fazendo com que olhasse para ele de um jeito mais compreensivo. Mexi a cabeça algumas vezes. - Acho que já sabem a minha resposta. Agora, quando vão me dar o meu poder? – fui enfático. Não queria ficar mais tempo ali do que já tinha ficado, então se eles que quisessem me passar algum tipo de marca, aquele era o momento. Mas Izanagi parecia ter o seu próprio tempo, o que me deixava numa posição em que acabava não dando as cartas por ali.

- Tudo bem, Indra, levante-se. Tia Mina, pode fazer as honras. – me chamou. Levantei na hora, assim como a minha tia, que colocou um sorriso sem dentes no rosto, levantando-se devagar, pronta para o momento que mudaria a minha vida para sempre.

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Poucos segundos depois, fiquei frente a frente com a “tia Mina”, não conseguindo imaginar porque já a chamava de tia, pelo menos em minha mente. Ela parecia ser uma mulher misteriosa, mas que já tinha sofrido muito naquela vida. Mina me olhou nos olhos e então cuspiu na mão direita, esticando-a para mim. Arqueei as duas sobrancelhas, não entendendo o que era aquilo. - Tradições que você vai aprender com o tempo, Indra. Sugiro que faça o mesmo. Quando faz isso, sela um acordo que não pode ser quebrado. E o nosso acordo é: você terá o poder, mas terá que usá-lo de forma justa. – Izanagi ficou do meu lado esquerdo, enquanto Ilithyia ficava entre mim e Mina. - E qual seria a forma justa? – perguntei, enquanto os outros membros da família Kobayashi ficavam ao meu redor.

- Você vai saber em breve. – disse a minha tia. Ela apontou as sobrancelhas para a mão dela, então fiz o mesmo: cuspi na minha mão e apertei a dela, selando um acordo não só com ela, mas com toda a minha família. - Ilithyia, tire a bandana dele. – não entendi aquela parte, mas deixei que ela tirasse a minha bandana sem nenhum problema. De repente, tia Mina se transformou em uma espécie de demônio na minha frente, avançando contra o lado direito do meu pescoço, mordendo a minha pele com os caninos afiados. Dei um berro de dor, apertando os olhos e não vendo mais nada a partir dali. Tudo o que eu sei é que senti o meu corpo inteiro doer, como se estivesse recebendo uma injeção forte, que atacava todas as minhas células. Quando Mina parou de me morder, cai no chão desorientado, batendo com a cabeça. Não demorou muito para ver todas aquelas pessoas ao meu redor, me encarando com um certo apreço. Foi quando meus olhos fecharam e eu não vi mais nada.

Só fui acordar horas depois, sem saber onde estava. Olhando para os cantos, percebi que estava na minha casa, devidamente vestido com um pijama. Não entendia como havia chegado ali pelas minhas próprias pernas, dando a entender que haviam sido eles... Levei a mão a cabeça, sem entender muito bem o que tinha acontecido. Depois levantei devagar, tirando as minhas vestes e indo para o banheiro, onde me olhei no espelho. Meu rosto já tinha visto dias melhores, mas me surpreendi quando percebi que algo estava tomando conta do lado direito do meu pescoço: uma marca que eu não sabia qual era, mas que havia sido deixada pelo meu pai para mim, e de alguma forma, estava ligado ao sobrenome Kobayashi para sempre. - Tudo pelo poder, não é? – disse para mim mesmo, sendo a única explicação para eu aceitar participar de tal coisa.

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